Autor Tópico: Ética no ateísmo (e cristianismo)  (Lida 5844 vezes)

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Offline PedroAC

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Re: Ética no ateísmo (e cristianismo)
« Resposta #25 Online: 15 de Novembro de 2006, 14:09:50 »
Um mujahedin que explode a si mesmo matando civis deve ter seu conceito de ética e justiça bem particular, assim como o soldado cristão, judeu ou um ateu. A Jihad não é uma causa justa ( e consequentemente os atos decorrentes dela éticos ) para ele ?

http://www.canadianislamiccongress.com/ar/ar_jihad.php :
Citar
Jihad in Islam is waging peace and justice. Jihad is a war against unjust, oppression, exploitation, tyranny, fear, corruption and denying the masses basic human rights (4:75-76) and to establish justice, peace, freedom, especially freedom of religion, security, equity and social justice (2:193).

Como determinamos o que é ético ou não ? Onde está escrito o manual universal da Ética ?

http://ocanto.webcindario.com/lexicon/etica.htm :
Citar
O tema nuclear da Ética são os actos do ser humano, enquanto ser possuidor de razão. Os actos que são livres e, enquanto tais, "correctos" ou "incorrectos", "justos" ou "injustos" -- de um modo mais simples, "bons" ou "maus".

Portanto, a Ética estuda o Bem e, assim, o seu objectivo é a virtude na condução da vida, facilitando a realização das pessoas: que o ser humano consiga a perfeição, isto é, a realização de si próprio como tal, como pessoa.

  Quando falamos em ética, penso que perguntamos: "como devemos comportarmo-nos bem em determinada situação?" O problema está em definir o termo "bem". É muito fácil saber o que é bom e o que é mal é muitas situações, como fazer bem um cálculo, construir bem uma casa... mas o que significa isso concretamente na ética? Eu não tenho uma resposta, mas penso que a o bem passa pelo bem-estar... mas por outro lado, o que significa "bem-estar"? Temos respostas muito incompletas, mas penso que vão ser sempre imperfeitas.

Algo justo é o mesmo que algo ético ?
  Acho que não são o mesmo. A justiça tem mais haver com equidade, imparcialidade e direito. A ética tem mais haver com os costumes e regras.

Se supostamente existisse um soldado racional e ético, como ele poderia justificar para si mesmo o fato de ter que tirar a vida de outro ser humano ?
  Se "ter" significa que é a melhor escolha, então justifica-se -- é isso que significa ser bom. Se "ter" significa uma obrigação de autoridade, então depende dos valores morais do soldado -- Kant defendia o dever impessoal, na sua filosofia ética, ao contrário da filosofia ética de David Hume.

  Imaginemos o seguinte caso: um polícia vê um suspeito a sacar uma arma para matar. O que o polícia deve fazer? Se disparar contra o suspeito arriscando a sua morte, acho que é a atitude mais acertada, senão só haveria duas escolhas, fugir ou deixar-se morrer, e essas dariam poder aos assassinos.

   O objectivo é impedir que alguém seja assassinado -- e isso é o bom. Não é necessário matar o assassino se for possível imobilizá-lo, que é um resultado melhor (se matar havendo este meio, é mau), e a opção de matar é cada vez menos necessária. Recentemente em Portugal, um padre foi usado como refém com uma faca apontada ao pescoço e a polícia usou armas não letais que imobilizaram os sequestradores.
http://jn.sapo.pt/2006/11/06/primeiro_plano/a_liberdade_pela_vida_padre_julio_le.html
Pedro Amaral Couto
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"Tudo o que podemos fazer é pesquisar a falsidade do conteúdo da nossa melhor teoria" -- Karl Popper
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Offline Quereu

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Re: Ética no ateísmo (e cristianismo)
« Resposta #26 Online: 15 de Novembro de 2006, 16:36:43 »
Muito interessantes as diversas opiniões dos participantes, mas vou tentar concentrar o foco no exemplo que dei inicialmente para a nálise do Pedro.
A questão não é se a guerra é ética ou não. Ela é um fato desde que o homem existe sobre a face da Terra.
Um soldado não questiona se determinada guerra é ou não ética...ele apenas luta e cumpre ordens. Pode, no máximo, questionar seus próprios atos.
A religião foi ( e continua sendo ) uma das principais causas de guerras no mundo. Em cima disto, farei novas perguntas :
Um mujahedin que explode a si mesmo matando civis deve ter seu conceito de ética e justiça bem particular, assim como o soldado cristão, judeu ou um ateu. A Jihad não é uma causa justa ( e consequentemente os atos decorrentes dela éticos ) para ele ? Como determinamos o que é ético ou não ? Onde está escrito o manual universal da Ética ? Algo justo é o mesmo que algo ético ? Se supostamente existisse um soldado racional e ético, como ele poderia justificar para si mesmo o fato de ter que tirar a vida de outro ser humano ?


O sentido filosófico da ética foi brilhantemente desenvolvido pelo Pedro.

Vou apenas acrescentar o que diz a teoria da evolução sobre a moral. A moral é um complexo de emoções derivada do altruísmo recíproco, teoria desenvolvida por Robert Trivers.

Citar
(...) Se aparecer um gene que casualmente leva o seu veículo agir de maneira que aumenta as perspectivas de salvamento ou de reprodução de outros veículos propensos a possuir uma cópia desse mesmo gene, então ele pode prosperar, mesmo se as perspectivas de seu veículo se reduzam durante o processo. Isto é seleção de parentesco.

A mesma lógica se aplica, como neste caso, a um gene que leva o mamífero a emitir um grito de alerta quando percebe uma ameaça às portas de sua toca, onde residem outros parentes. A lógica também poderia se aplicar a um gene que leva a um inseto a ser estéril, desde que ele passe a vida ajudando parentes férteis (que contém o gene de forma não-manifesta) a sobreviver e reproduzir. E a lógica poderia se aplicar aos genes que inclinam os seres humanos a perceberem desde cedo quem são seus irmãos e, daí, a dividir a comida com eles, a orientá-los, a defendê-los e assim por diante -- genes que levam, em outras palavras, à simpatia, à empatia, à compaixão: genes do amor. (O animal moral -- Robert Wright)
               

Os sentimentos envolvidos na moral são muitos, entre eles a culpa, a vergonha, o arrependimento. Todos são adaptações bem sucedidas num animal social. Os genes desenham o cérebro, os genes da moralidade desenharam o cérebro humano para que a moral norteasse sua conduta. Apesar de toda variedade cultural, os antropólogos encontraram características comuns a todas as sociedades: ciúmes, desejo de status, divisão de trabalho entre homens e mulheres, casamento, preferência sexual dos homens por mulheres jovens, rivalidade entre irmãos, entre outras. A cultura é a adaptação do comportamento às condições geográficas. O cérebro humano faz a cultura, não a cultura faz o cérebro. Este último foi desenhado pela seleção natural.
                                                                                                   
A Irlanda é uma porca gorda que come toda a sua cria - James Joyce em O Retrato do Artista Quando Jovem

Offline PedroAC

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Re: Ética no ateísmo (e cristianismo)
« Resposta #27 Online: 15 de Novembro de 2006, 17:59:29 »
  "quereu", enumeraste vários sentimentos mas todos eles são negativos para a pessoa comum; acrescento um sentimento: a simpatia, um sentimento muito importante para o bem-estar num grupo social.



  Muitas vezes aquilo que é bom não é tão óbvio.
  Perguntei-me uma vez: "se fosse um homossexual, devo ter um filho se for o meu desejo?" Se precipitarmo-nos, podemos responder simplesmente "sim" ou "não". Mas eu acho que depende.
  Se estiver num local onde há muito preconceito em relação à homossexualidade, ou que é mal visto adopção de uma criança por homossexuais, acho que deve-se pensar primeiro na criança. Ela poderia ser ridicularizada, sofrer represálias ou sentir essas atitudes em relação aos pais adoptivos. Antes de um homossexual adoptar uma criança, deve lutar por remover o preconceito em relação à homossexualidade e garantir que os casos são previstos na Lei, para não ocorrer situações embaraçosas com a criança, principalmente na escola.
  Nos locais onde não houver esse preconceito, não encontro problemas. Já vi no "60 minutes" uma reportagem sobre uma família de lésbicas que teve um filho usando um banco de esperma, e conheceu outras famílias que, acidentalmente, descobriram ter usado o mesmo dador (que era identificado por um número). Essas famílias ajudam-se umas às outras, como se tivessem os mesmos laços familiares, o que (acho eu) foi benéfico.

  Por outro lado, muitos religiosos são contra a homossexualidade como um mal ético, mas isso tem haver com um tipo de ética que não concordo, e que já expliquei no tópico.
« Última modificação: 15 de Novembro de 2006, 18:01:49 por pedroac »
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Offline Fred

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Re: Ética no ateísmo (e cristianismo)
« Resposta #28 Online: 16 de Novembro de 2006, 20:15:52 »
Citar
Jihad in Islam is waging peace and justice. Jihad is a war against unjust, oppression, exploitation, tyranny, fear, corruption and denying the masses basic human rights (4:75-76) and to establish justice, peace, freedom, especially freedom of religion, security, equity and social justice (2:193).

Não quero desviar mais do assunto e abrir mais a discussão, mas só para ilustrar o dilema da Ética. Será que por acaso Israel é a favor da injustiça, da opressão e contra os direitos humanos ? Se ambos têm o mesmo conceito sobre o que é certo...por que não se chega a um consenso ? Um Tomahawk é mais "ético" do que um Katiucha ?

Como determinamos o que é ético ou não ? Onde está escrito o manual universal da Ética ?

http://ocanto.webcindario.com/lexicon/etica.htm :

Pedro, não consegui acessar este link, infelizmente...

Citar


 Quando falamos em ética, penso que perguntamos: "como devemos comportarmo-nos bem em determinada situação?" O problema está em definir o termo "bem". É muito fácil saber o que é bom e o que é mal é muitas situações, como fazer bem um cálculo, construir bem uma casa... mas o que significa isso concretamente na ética? Eu não tenho uma resposta, mas penso que a o bem passa pelo bem-estar... mas por outro lado, o que significa "bem-estar"? Temos respostas muito incompletas, mas penso que vão ser sempre imperfeitas.


Esta é justamente a minha dúvida, Pedro. Onde está o Manual Universal da Ética para as Nações Unidas da Terra ?
Como você muito bem disse, não é possível sermos conclusivos neste tema tão intangível, mas agradeço muito seus comentários como sempre
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Offline PedroAC

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Re: Ética no ateísmo (e cristianismo)
« Resposta #29 Online: 17 de Novembro de 2006, 10:31:17 »
Não quero desviar mais do assunto e abrir mais a discussão, mas só para ilustrar o dilema da Ética. Será que por acaso Israel é a favor da injustiça, da opressão e contra os direitos humanos ? Se ambos têm o mesmo conceito sobre o que é certo...por que não se chega a um consenso ? Um Tomahawk é mais "ético" do que um Katiucha ?
  O problema é que "ética" é um conceito abstracto, e como muitos termos do género, muita gente tem uma ideia muito vaga e imprópria para racionalizar. Há muita literatura, nomeadamente religiosa, que usa termos como "raciocionar", "perspicaz", "verdade". Também há muitos termos que popularmente são vistos como positivos ou negativos por si mesmos, e que são redefinidos por determinadas pessoas por interesses circunstanciais. Dou um exemplo com uma citação do livro "Riquezas", sobre a mentira (página 170):
Citar
Mentira é a  declaração falsa que alguém faz a  outrem  que tem o direito de ouvir e conhecer da verdade; tal declaração falsa tem o objetivo de prejudicar a outrem. Qualquer declaração falsa, que é feita com o propósito de enganar e prejudicar a outrem, é mentira deliberada e maligna.
  Esta definição de mentira serve apenas para os interesses de uma organização religiosa, que permite justificar os actos dos crentes e esconder certas situações dentro da comunidade. Para os crentes é uma atitude ética, que para eles significa defender a religião numa guerra teocrática.
 
  Acho que a maioria das pessoas é contra a injustiça, a opressão e é a favor dos direitos humanos, mas o problema é que cada um tem o seu próprio conceito desses termos para defender os seus interesses ou ideais. Uma pessoa pode pensar que a justiça é feita pelas suas próprias mãos, ou pode ser autista em relação à justiça. Pode ter uma ideia antagónica sobre a opressão e direitos humanos -- já foram feitas caricaturas sobre a nova definição de tortura defendida por George W. Bush. "O que é a justiça?"

  Numa guerra, aqueles que matam indiscriminadamente, que torturam, que seguem cegamente um líder ou ideal como absoluto são considerados maus na nossa sociedade. Mas para eles são actos de justiça, que são justificadas por um ideal qualquer, desumanizando aquele que é considerado inimigo para levar a cabo atrocidades.

  Li num livro chamado "Democracia" (neste momento não o encontro...) que diz que houve uma situação onde um general inglês não obedeceu a ordens de Churchill, quando achou que eram impróprias ao ter conhecimentos de mais dados, e deu vitória numa batalha, sendo elogiado e recebeu medalhas pela sua intervenção. Um general alemão deparou-se numa situação semelhante, mas se desobedecesse a Hitler, mesmo ganhando uma batalha crucial na guerra, seria demitido e talvez morto -- as ordens de Hitler não podiam ser questionadas; conclusão: os alemães perderam a batalha que determinou o fim da guerra.

http://ocanto.webcindario.com/lexicon/etica.htm :
Pedro, não consegui acessar este link, infelizmente...
  Eu estou a conseguir aceder à página (estou a usar "Firefox 2.0" no Sistema Operativo "Ubuntu 6.10 - Edgy Eft" -- talvez algum problema com Internet Explorer?).
  E encontrei um artigo que parece interessante: Citação de: Fred em 16 de Novembro de 2006, 20:15:52
Esta é justamente a minha dúvida, Pedro. Onde está o Manual Universal da Ética para as Nações Unidas da Terra ?
Como você muito bem disse, não é possível sermos conclusivos neste tema tão intangível, mas agradeço muito seus comentários como sempre
  Obrigado, mas sei que também digo muitas baboseiras sem me aperceber, e por isso também agradeço que me corrijam o mais cedo possível.
  Quanto à pergunta, na verdade existem vários códigos éticos:
 - http://www.gineco.com.br/codigo.htm
 - http://homepages.dcc.ufmg.br/~bigonha/Sbc/plsbc.html
 - http://www.inovacaotecnologica.com.br/gestao/etica_c_e_t.html
 - http://www.publico.clix.pt/servico/notinuse/bioetica/vol2vi.html
 - http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/dh/volume%20i/artigo%20montoro.htm

  Mas nem todos desejam seguir esses códigos, talvez por interesses.
« Última modificação: 17 de Novembro de 2006, 10:44:52 por pedroac »
Pedro Amaral Couto
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Offline Fred

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Re: Ética no ateísmo (e cristianismo)
« Resposta #30 Online: 18 de Novembro de 2006, 00:40:07 »
Pedro, obrigado pelas dicas. Como é muita informação, vou ler mais um pouco a respeito do assunto nestes links que você enviou e depois retomo a conversa. :ok:
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Offline PedroAC

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Re: Ética no ateísmo (e cristianismo)
« Resposta #31 Online: 19 de Novembro de 2006, 10:37:44 »
  Ontem vi um documentário no "Discovery Channel" que se chamava "Perfil de um terrorista". Um psicólogo tentou encontrar um padrão psicológico entre 400 terroristas, mas não encontrou -- parece que qualquer pessoa normal pode tornar-se um radical, chegando mesmo a terrorista.
  Foram mostradas imagens de um experiência psicológica -- que é um clássico (a primeira vez que li sobre ela foi no manual de psicologia do liceu): o investigador mostra uma folha com uma linha, e ao lado dela três linhas numeradas, e uma delas tem o mesmo comprimento que a primeira. Os sujeitos têm como objectivo dizer qual das linhas numerada tem o mesmo comprimento que a primeira linha. Os supostos sujeitos da experiência são actores, que dão respostas erradas, e todos o actores escolhem a mesma resposta. Só um indivíduo é realmente um sujeito da experiência, que não sabe que os outros são actores. O interessante é que ele escolhe as mesmas respostas que os actores, mesmo que pareça óbvio que essas respostas estejam erradas. É uma evidência de conformidade do grupo.
  Há uma outra experiência que é mais chocante. Um sujeito a uma experiência psicológica é instruido a pressionar um botão quando uma pessoa dá uma resposta errada, recebendo uma descarga de 60 volts. A pessoa, que supostamente está a ser avaliada, é um actor e dá, propositadamente, respostas erradas e finge estar em agonia. Em geral, os sujeitos da experiência ignoram a aflição representada pelo actor, sem questionar as instruções dadas, correndo o risco de matar o avaliando (se não fosse um actor). Essas pessoas não são psicóticas: são pessoas normais.
  No documentário, também foi dito que nas organizações terroristas costumam chamar irmãos, ou algo do género, aos aderentes de modo a sentirem-se como estando num grupo familiar, chegando a abandonar a família biológica. Fez-me lembrar muitos adolescentes, que se achegam a certos grupos e afastam-se da família.

Citar
Cuidais vós que vim trazer paz à terra? Não, vos digo, mas antes dissensão; Porque daqui em diante estarão cinco divididos numa casa: três contra dois, e dois contra três. O pai estará dividido contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra sua nora, e a nora contra sua sogra.
-- Lc 12:51-53
Citar
Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; E assim os inimigos do homem serão os seus familiares. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim.
-- Mt 10:34-37
Citar
Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.
-- Lc 14:26
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Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; E assim os inimigos do homem serão os seus familiares.
-- Mt 10:34-36

  Há grupos religiosos que pensam não serem conformistas (ao contrário do mundo), que pensam livremente (diferentes do mundo), que abraçaram a fé por conclusões racionais... mas estão dependentes de um grupo, devendo seguir as suas ideias, e as suas conclusões são ditadas pelo grupo; são tão conformistas como os terroristas do IRA e da ETA. É por isso que penso que cada um deve seguir uma moral que não exija uma autoridade absoluta, que seja racional e independente (contrário à conformidade), mas, claro, que tenha em conta que estamos num grupo social.

Citar
E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; Para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniqüidade. Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade;
-- 2 Tessalonicenses 2:11-13
Citar
Ora o Senhor encaminhe os vossos corações no amor de Deus, e na paciência de Cristo. Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu. Porque vós mesmos sabeis como convém imitar-nos, pois que não nos houvemos desordenadamente entre vós,
-- 2 Tessalonicenses 3:5-7
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Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo; E estando prontos para vingar toda a desobediência, quando for cumprida a vossa obediência.
-- 2 Coríntios 10:5-6
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E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles.
-- Romanos 16:17
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Suyndara

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Re: Ética no ateísmo (e cristianismo)
« Resposta #32 Online: 20 de Novembro de 2006, 15:44:23 »
 :stunned:

Too much information :wink:

Offline PedroAC

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Re: Ética no ateísmo (e cristianismo)
« Resposta #33 Online: 21 de Novembro de 2006, 11:59:39 »
  É verdade, há demasiada informação. É defeito meu ao escrever...
Pedro Amaral Couto
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Luz

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Re: Ética no ateísmo (e cristianismo)
« Resposta #34 Online: 21 de Novembro de 2006, 13:01:15 »
É verdade, há demasiada informação. É defeito meu ao escrever...

Depende do ponto de vista, na minha opinião é uma qualidade "sua".  :ok:
« Última modificação: 21 de Novembro de 2006, 13:17:24 por Luz »

Offline PedroAC

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Re: Ética no ateísmo (e cristianismo)
« Resposta #35 Online: 22 de Novembro de 2006, 13:24:40 »
  Obrigado.  :) Mas há o risco de textos longos e com muita informação não serem populares.

  Ah, sobre a racionalização na ética lembrei-me de uma fábula. Um urso era muito amigo de um homem, e tentava sempre agradá-lo. Certa vez o homem sentia-se incomodado por causa de uma mosca, e,  enquanto dormia, a mosca pousou sobre a cabeça. Para ajudá-lo, o urso agiu: bateu na cabeça do homem, matando a mosca e o próprio homem. As intenções podem ser as melhores, mas sem racionalidade, podem acabar mal.
Pedro Amaral Couto
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Offline Fred

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Re: Ética no ateísmo (e cristianismo)
« Resposta #36 Online: 22 de Novembro de 2006, 16:42:48 »
Obrigado. :) Mas há o risco de textos longos e com muita informação não serem populares.

 Ah, sobre a racionalização na ética lembrei-me de uma fábula. Um urso era muito amigo de um homem, e tentava sempre agradá-lo. Certa vez o homem sentia-se incomodado por causa de uma mosca, e, enquanto dormia, a mosca pousou sobre a cabeça. Para ajudá-lo, o urso agiu: bateu na cabeça do homem, matando a mosca e o próprio homem. As intenções podem ser as melhores, mas sem racionalidade, podem acabar mal.


Boa !
Pedro, nem sempre teus textos são de fácil compreensão para mim, mas acredito que seja mais pela minha falta de preparo diante de temas tão complexos do que propriamente um defeito teu ao escrever.
Os temas tratados por aqui são geralmente muito profundos e abstratos, árduos de serem abordados até por pessoas mais preparadas como você. Eu ficaria surpreso se ouvisse alguém falar de futebol desta meneira...rs...
Pode continuar com seus post deste jeito mesmo. Cada um que faça o seu filtro. Quando eu tiver alguma dúvida, pode estar certo de que não terei vergonha em perguntar, ok ?
Obrigado mais uma vez. :ok:
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Suyndara

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Re: Ética no ateísmo (e cristianismo)
« Resposta #37 Online: 23 de Novembro de 2006, 10:51:36 »
É verdade, há demasiada informação. É defeito meu ao escrever...

Ops!

Entenda como um elogio, ok?

Disse que havia muita informação a ser apreciada...e eu de fato adorei!

Offline PedroAC

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Re: Ética no ateísmo (e cristianismo)
« Resposta #38 Online: 23 de Novembro de 2006, 14:31:01 »
 :D
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Re: Ética no ateísmo (e cristianismo)
« Resposta #39 Online: 13 de Dezembro de 2006, 17:21:56 »
Pedro Amaral Couto
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Re: Ética no ateísmo (e cristianismo)
« Resposta #40 Online: 09 de Janeiro de 2007, 17:09:16 »
Falando sobre cristianismo como citado no topico
A biblia é homofóbica e machista sim, segregativa ao extremo
Esse modelo moral é tão aceitado hoje..como foi a 2000 anos
a questão é q esse modelo é individualista e requer atitude sobre cada um
ex: O cristianismo diz que a homosexualidade é errado, nao q ninguem possar ser e sim isto é proibido pra um cristão não para os outros..é isso que normalmente gera o erro, é uma coisa pessoal

O resultado amoral do ateismo pode gerar resultados tão "nefastos" quanto do teismo
e vc acha que algum plano que reprima as vontades individuais do ser humano, será melhor que o modo de vida de hoje??

e só citando o Constantino, ele nunca foi cristão
A questão é que viu a desforra que estava acontecendo e uniu o util ao agradavel
Mesclou o Cristianismo com o paganismo romano da epoca e criou a Igreja Catolica, tanto que simbolos como a Virgem e um filho nas maos, aurela(é assim q escreve?)..vem muito antes do paganismo

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Re: Ética no ateísmo (e cristianismo)
« Resposta #41 Online: 09 de Janeiro de 2007, 17:24:23 »
Não concordo que ele tenha mesclado com o paganismo. Apenas adotaram alguns simbolos e datas típicas do paganismo para facilitar a expansão desse novo cristianismo. O paganismo é baseado no ciclo natural das estações do ano aliada a idéia de nascimento, reprodução e morte, como um ciclo interminável à imagem das estações do ano. Da mesma forma as inúmeras divindades que sempre refletem a idéia do envelhecimento em etapas, até o novo renascimento e novamente o envelhecimento. Eu não vejo este tipo de coisa no cristianismo. O sexo, por exemplo, algo natural e até sagrado no paganismo é algo muito diferente no cristianismo. Da mesma forma, ao paganismo a idéia de um Deus, masculino, um pai, único, como no cristianismo soa como totalmente absurda. O paganismo poderia até aceitar um único Deus, mas ele teria, necessariamente, que carregar o aspecto feminino e o masculino, nunca um só.

Daí é que surge a questão de Maria Madalena. O cristianismo baseado em um Jesus que não tenha ressucitado, ou seja em um homem mortal e tendo como a principal apóstala e fundadora da Igreja de Cristo na Terra uma mulher, como companheira de Cristo, aí sim, seria muito semelhante ao paganismo.
« Última modificação: 09 de Janeiro de 2007, 17:26:42 por Amon »
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

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Re: Ética no ateísmo (e cristianismo)
« Resposta #42 Online: 09 de Janeiro de 2007, 20:07:50 »
Com a fato da expansão em pleno acordo
Era praticamente impossivel a Roma daquela epoca..aceitar o cristianismo como foi pregado por Jesus e apostolos
Precisava de alguma coisa que os "pagões romanos" da epoca aceitassem
Logo entrou a "Rainha dos Céus" adoração a virgem Maria (Zero-ashta) Semíramis e Ninrode em ação e conforme o tempo foram entrando muito mais coisas
Como a hostia, Confissão Auricular, imagens, escapularios, missas
E está ai a Igreja Catolica


Não concordo que ele tenha mesclado com o paganismo. Apenas adotaram alguns simbolos e datas típicas do paganismo para facilitar a expansão desse novo cristianismo. O paganismo é baseado no ciclo natural das estações do ano aliada a idéia de nascimento, reprodução e morte, como um ciclo interminável à imagem das estações do ano. Da mesma forma as inúmeras divindades que sempre refletem a idéia do envelhecimento em etapas, até o novo renascimento e novamente o envelhecimento. Eu não vejo este tipo de coisa no cristianismo. O sexo, por exemplo, algo natural e até sagrado no paganismo é algo muito diferente no cristianismo. Da mesma forma, ao paganismo a idéia de um Deus, masculino, um pai, único, como no cristianismo soa como totalmente absurda. O paganismo poderia até aceitar um único Deus, mas ele teria, necessariamente, que carregar o aspecto feminino e o masculino, nunca um só.

Daí é que surge a questão de Maria Madalena. O cristianismo baseado em um Jesus que não tenha ressucitado, ou seja em um homem mortal e tendo como a principal apóstala e fundadora da Igreja de Cristo na Terra uma mulher, como companheira de Cristo, aí sim, seria muito semelhante ao paganismo.

Offline PedroAC

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Re: Ética no ateísmo (e cristianismo)
« Resposta #43 Online: 09 de Janeiro de 2007, 21:49:42 »
O resultado amoral do ateismo pode gerar resultados tão "nefastos" quanto do teismo
O ateísmo por si só é amoral (não confundir com imoral), mas os ateus são morais (como qualquer pessoa).

Citar
e vc acha que algum plano que reprima as vontades individuais do ser humano, será melhor que o modo de vida de hoje??
:? Referes-te a quê? Ao utilitarismo? Isso é apenas uma teoria ética para definir o que é bom e o que é mau.

Citar
e só citando o Constantino, ele nunca foi cristão
Isso já é polémica de semântica. No texto não digo que foi cristão mas que "mostrou-se tão interessado no Cristianismo". Mas, segundo ele, teve uma visão no Sol ("Com este sinal vencerás"), impôs que fosse escolhida uma igreja universal (isso é, Católica) e que fossem seleccionados livros canónicos, introduziu as imagens de cruzes, lutou em nome de Jesus como Cristo, foi baptizado e foi o primeiro imperador a declarar-se cristão.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Constantino_I
http://personal5.iddeo.es/magolmo/constantino.htm
http://es.wikipedia.org/wiki/Constantino_I_el_Grande
http://pt.wikipedia.org/wiki/Catolicismo
http://br.geocities.com/luizahpbr/Frases-Nticker/nic.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Primeiro_Conc%C3%ADlio_de_Niceia
http://www.cristianismo-primitivo.org/siglo_IV/constantino.htm
http://www.urantia.org/portuguese/o_livro/02por098.htm

A questão é que viu a desforra que estava acontecendo e uniu o util ao agradavel
Mesclou o Cristianismo com o paganismo romano da epoca e criou a Igreja Catolica, tanto que simbolos como a Virgem e um filho nas maos, aurela(é assim q escreve?)…vem muito antes do paganismo
Lê o Novo Testamento e vais encontrar vários elementos de paganismo. O Amon deu exemplos no seu "post". Um filho do deus Pai que nasce de uma virgem, mostra-se dotado em milagres, cai na mão do inimigo, morre e o seu espírito é resgatado pelo seu Pai, para viver como um deus no mundo dos deuses... A ceia onde o pão é carne e o vinho é sangue é a mesma ideia do mitraísmo e do ritual que venerava Apolo. E a recusa do mundo é também representada num ritual do mitraísmo. Parece mais que foi Paulo, que introduziu o paganismo. Ele nasceu em Tarso (penso que seja na actual Turquia) onde se praticava o culto a Mitra.
 Ah, o mitraísmo existiu antes do cristianismo.

 O que aconteceu foi uma adaptação para a veneração ao Sol, por isso o dia sagrado dos judeus foi transferido para o Domingo (dia do Sol; "dia dedicado a adoração ao Sol, na tradução do inglês, holandês, japonês, sueco, dinamarquês e alemão", no Wickiquote).

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mitra_(mitologia)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mitra%C3%ADsmo
http://www.thecauldronbrasil.com.br/article/articleview/452/1/13/

Com a fato da expansão em pleno acordo
Era praticamente impossivel a Roma daquela epoca…aceitar o cristianismo como foi pregado por Jesus e apostolos

Precisava de alguma coisa que os "pagões romanos" da epoca aceitassem
O cristianismo era uma religião leve e aceitava a autoridade romana (as autoridades superiores). Falei sobre isso na secção "desobediência", com citações e suas fontes.

 Essa ideia de introdução de ideias "pagãs romanas" é demasiado simplista. Para já, havia imensas religiões no Império Romano, e os romanos adoptavam religiões dos estrangeiros como um cardápio. Por exemplo, no caso da Virgem Mãe, deriva do culto a Ísis (deusa Egícia), com o seu filho Hórus, cujo pai é Osíris.
 
 O que Constantino pretendia era unificação do Império Romano, e usou a religião cristã para efeito (que era muito ramificada, sem um padrão definido). Parece que Helena de Constantinopla, primeira esposa de Constantino, era uma crente do cristianismo e era próxima do bispo Eusébio (pelo que é dito na Wikipedia). Como é de conhecimento geral, ela fez peregrinações à Palestina, trazendo relíquias, como a cruz de Jesus (Vera Cruz). A religião ao longo da História foi usada como ferramenta para dar autoridade as certas pessoas, como fez Carlos Magno com a sua lança que supostamente tinha perfurado Jesus.

http://www.tafalado.com.br/isis/anteriores/egito2.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Helena_de_Constantinopla
http://www.geocities.com/lord_dri/b2/reliquias.htm
http://www.dominiosfantasticos.hpg.ig.com.br/id358.htm
http://www.medmalexperts.com/POCM/pagan_ideas_getting_started.html
Pedro Amaral Couto
 http://del.icio.us/pedroac/pedroac
 http://pedroac.deviantart.com
 http://crerparaver.blogspot.com

"Tudo o que podemos fazer é pesquisar a falsidade do conteúdo da nossa melhor teoria" -- Karl Popper
"Se um ser humano discorda de vós, deixem-no viver" -- Carl Sagan
"O problema com este mundo é que os estúpidos estão seguros de si e os inteligentes cheios de dúvidas" -- Bertrand Russell

Offline FxF

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Re: Ética no ateísmo (e cristianismo)
« Resposta #44 Online: 09 de Janeiro de 2007, 23:08:57 »
Citar
O resultado amoral do ateismo pode gerar resultados tão "nefastos" quanto do teismo
O teísmo não possui um plano moral e sim imoral, pois declara verdades absolutas sobre certo e errado, o qual na realidade variam com o tempo.

Offline Pregador

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Re: Ética no ateísmo (e cristianismo)
« Resposta #45 Online: 10 de Janeiro de 2007, 09:32:07 »
Com a fato da expansão em pleno acordo
Era praticamente impossivel a Roma daquela epoca…aceitar o cristianismo como foi pregado por Jesus e apostolos
Precisava de alguma coisa que os "pagões romanos" da epoca aceitassem
Logo entrou a "Rainha dos Céus" adoração a virgem Maria (Zero-ashta) Semíramis e Ninrode em ação e conforme o tempo foram entrando muito mais coisas
Como a hostia, Confissão Auricular, imagens, escapularios, missas
E está ai a Igreja Catolica


Não concordo que ele tenha mesclado com o paganismo. Apenas adotaram alguns simbolos e datas típicas do paganismo para facilitar a expansão desse novo cristianismo. O paganismo é baseado no ciclo natural das estações do ano aliada a idéia de nascimento, reprodução e morte, como um ciclo interminável à imagem das estações do ano. Da mesma forma as inúmeras divindades que sempre refletem a idéia do envelhecimento em etapas, até o novo renascimento e novamente o envelhecimento. Eu não vejo este tipo de coisa no cristianismo. O sexo, por exemplo, algo natural e até sagrado no paganismo é algo muito diferente no cristianismo. Da mesma forma, ao paganismo a idéia de um Deus, masculino, um pai, único, como no cristianismo soa como totalmente absurda. O paganismo poderia até aceitar um único Deus, mas ele teria, necessariamente, que carregar o aspecto feminino e o masculino, nunca um só.

Daí é que surge a questão de Maria Madalena. O cristianismo baseado em um Jesus que não tenha ressucitado, ou seja em um homem mortal e tendo como a principal apóstala e fundadora da Igreja de Cristo na Terra uma mulher, como companheira de Cristo, aí sim, seria muito semelhante ao paganismo.

Tudo bem, mas convenhamos, o culto de Maria nunca foi forte, é mais intenso em nosso tempo atual. Por séculos de reinado da Igreja Católica a mulher foi segregada a segundo plano, e Maria ou até mesmo Madalena sempre foram renegadas a entidades secundárias. Pela simples palavra, eu duvido que esta nova religião que criaram, baseada nas idéias de Jesus, se espalhasse pela Europa pagã. Por mais que vários símbolos pagãos tenham sido adotadas, as pessoas somente se converteram pela força da espada e por imposição de Roma. Estes elementos pagãos apenas vieram a facilitar essa "aceitação".

O que eu acho curioso, é o fato de o cristianismo ter vingado sobre o paganismo. Me parece que seria mais facil terem dizimado os cristãos. Mas a questão é que as idéias de Jesus eram atraentes à época, principalmente em relação ao suposto Reino dos Céus e da eternidade plena, além do fato de tornar todo fiel senhor de sí mesmo, pois caberia a cada um trabalhar pela salvação tão somente, e não ficar a mercê da vontade dos deuses inconstantes do paganismo.
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