Fiquei sabendo de uma história muito triste vivida por uma amiga do meu avô. Num encontro ele e alguns amigos me questionaram se haveria algo a ser feito sobre isso. Vou comentar com vocês um resumo dos fatos e gostaria de saber sua opinião, principalmente a dos que têm alguma experiência jurídica nesta área para que eu não me mantenha omissa. Talvez alguns fatos estejam fora da ordem cronológica, visto que eu ouvi a história de outros... claro, não tenho 70 anos!
Mais ou menos em 1960 uma moça muito ingênua do interior do Paraná veio para São Paulo em busca de trabalho em casas de amigos da família. Ela era maior de idade (22 anos), filha de imigrantes europeus, mas nunca tinha namorado e não conhecia mais do que os parentes e vizinhos da área rural onde morava. Ela começou a trabalhar como babá, após como empregada doméstica, governanta, cozinheira, etc. Logo quando aqui chegou, entrou em contato com uma médium que passou a exigir pagamentos dos "trabalhos" que, segundo ela, seriam feitos para manter a vida feliz (sua e dos familiares no sul).
Ela contava em detalhes tudo o que ficava sabendo da família para a médium e inclusive passou a pagar pela salvação dos parentes que já haviam morrido. Como a charlatã sabia de tudo, dos eventos ruins e bons, ela cobrava para consertar os ruins e para manter as coisas boas.
A jovem era uma moça educada mas não culta, de boa família, falava duas línguas (o português e o alemão) e bonita. Logo começaram a aparecer pretendentes e de alguns ela fala com suspiros, ainda agora, mostrando sentir falta ou lamentar sua ausência. Um fato interessante é que ela afirma com certeza que ainda se casará, pois a charlatã, certamente lhe promete isso.
Depois de algum tempo de namoro (pegar na mão), vinham os pedidos de casamento. Ela então consultava a médium para saber se era uma boa idéia... e a médium sempre lhe dizia que o seu amor ainda viria, e que ainda não era a hora (claro, a fonte de renda acabaria, pois um marido não se sujeitaria àquilo). Ela não se casou nunca, e sempre ansiou por isso... e pela maternidade.
Então foi trabalhar na casa de seu tio, um industrial de sucesso, numa bela mansão num bairro nobre da cidade. Durante muitos anos ela trabalhou com seus tios, como governanta. A intervenção da médium era tamanha que ela sabia toda a rotina da casa, como horário de chegada dos empregados, de saída do tio e primo para o trabalho, e claro, que a família tinha muito dinheiro.
Numa altura dos acontecimentos (acho que nos anos 80) o tio foi sequestrado. O resgate foi pago e ele foi entregue são, mas não foram presos os sequestradores. A polícia, depois de alguma investigação descobriu da influência da médium e do conhecimento da mulher e conseguiu relacionar a médium com o sequestro. A pedido da família, a investigação não continuou, pois os delegados disseram que a governanta seria presa como cúmplice. Os familiares acharam por bem não processar a mulher, pois a sobrinha ingênua, não merecia ser penalizada. Além disso, eles têm receio que a médium lhes faça mal, sentem-se oprimidos.
O tempo foi passando e a idade veio... durante 50 anos ela sustentou a família da médium, que embora tivesse morrido há algum tempo, havia passado seu "dom" para a nora, sua sucessora. Agora, a nora era a médium. Esta tomou o lugar da sogra e continuou a extorsão.
Com a idade vieram o reumatismo, a artrite e problemas de coluna... e embora tenha conseguido se aposentar, a protagonista, hoje uma senhora de 71 anos, continua trabalhando, cuidando sozinha da casa e necessidades da tia (viúva), uma idosa de 90 anos. Para tal, percebe dois salários e abrigo, além da aposentadoria. Mas
o dinheiro vai todo para a charlatã, pois com uma família tão grande (ao longo de 50 anos seus irmãos casaram, tiveram filhos, netos - estes ficam doentes, passam revezes e às vezes óbitos e a conta fica cara...). A coluna foi se arqueando, as articulações dos dedos das mãos e pés dela foram ficando inchadas e estes se entortaram, impossibilitanto alguns movimentos. Mãos e pés ficaram deformados. Hoje ela está com problemas de colesterol, pressão alta, miocardiopatia hipertrófica, reumatismo, artrite e alguns, como eu, acham que é meio psicótica também (por que acreditar numa mentira por 50 anos e acabar com sua vida é quase inacreditável). Além disso, ela não toma remédios, apenas os que ganha do SUS ou amigos, já que são onerosos.
Não é difícil imaginar que a tia idosa também caiu na rede. Agora, ambas desviam seus ganhos para a médium. Recentemente, ela e a tia estavam tentando vender a casa onde moram, para poderem "doar" o dinheiro para a sua salvadora.
Desde que ficaram sabendo, familiares passaram a pressioná-la, na esperança de livrá-la do jugo da charlatã, mas sem sucesso. Ela está doutrinada a negar veementemente que qualquer iniciativa da família seja para ajudá-la e que a charlatã a prejudica. Está completamente convencida de que precisa da médium para viver.
Ela é infeliz, amargurada, depressiva e niilista. Ela não aceita ajuda da família, usa de práticas "religiosas" para induzir e "amaciar" os demais (nem me perguntem... tem uns lances de coar café na meia e lavar as pernas e braços com leite e depois fazer bolos, etc.

). Ela tenta influenciar os parentes e amigos mais distantes (que ainda não brigaram por causa da sua "fé"). Os falecidos estão ótimos, em lugar seguro. Ela já comprou o bilhete deles.
Eu estou com nojo disso e não posso mais me omitir, já que me contaram a palhaçada. Tem como conseguirmos um flagrante da extorsão? Eu quero ver essa charlatã de

na cadeia. Essa senhora não é a única, claro! O alto padrão de vida da sangue-suga é caro, uma empregada não o manteria. São vários os logrados na história.
O que vocês fariam?????? Amigos advogados, o que fazer????
