– Resolvendo problemas1) introdução Recebi um puzzle de 1000 peças no Natal, e nesta semana decidi começar a resolvê-lo. Ao tirar as peças, pude notar a imensidão de peças pequenas com cerca de 2cm
2, cada uma. É a primeira vez que tento resolver um puzzle tão grande, mas por vezes brinco com alguns problemas em livros de Matemática e tenho de resolver problemas informáticos, por isso usei a minha experiência nesse problema com uma metodologia para resolver o puzzle.
2) termos usados em argumentação Como já tinha referido num "post", muitas vezes são usados termos com vagueza, sem pensar no significado dos mesmos ou deturpando-os. Em artigos de Informática na Web costuma haver uma organização do texto, dividindo em secções, indicando o objectivo, o público alvo, a terminologia, as recomendações, as conclusões, etc. Por exemplo:
http://www.w3.org/TR/xhtml1/ . Vou começar por apresentar alguns termos no contexto do "post".
As peças do puzzle são os símbolos. Posso representá-los por um código, e ainda representar as suas relações com outros códigos. A representação mental desses códigos são pensamentos.
Para concluir o puzzle preciso de relacionar as peças entre si. O encadeamento dos passos (isto é, relação das peças) para chegar ao resultado final é uma solução do problema. O estabelecimento de regras para definir os passos, é
lógica.
O
raciocínio é a progressão dos passos, combinando um conjunto de peças com ou outro conjunto, dando resultado a um novo conjunto que pode ser avaliado como verdadeiro, falso ou provável. A progressão, por natureza, só faz sentido se houver um objectivo (como nas derivadas das emoções), um fim (como nos jogos) ou tendência (como nas progressões geométricas).
A
perspicácia é o talento de compreender a relação entre as peças, especialmente quando é engenhoso ao encontrar relações e quando essas são súbtis, tornado-as evidentes.
Não podemos tentar até ao infinito provar algo para considerar como verdadeira. Precisamos de situações aceites para estabelecer relações entre as peças, ou seja,
evidências. A evidência não se limita na esfera de um indivíduo, é facilmente compreendida a sua veracidade e aceite. Se duas peças não se encaixam, é evidente que a relação é inválida. Se várias peças encaixam-se e seguem um padrão consistente e reconhecido, as suas relações são evidentes.
3) dividir para conquistar Existe uma técnica de projecção de algoritmos chamada "divisão e conquista", que consiste em dividir um problema em sub-problemas, resolvendo cada um, e combiná-los.
Antes de combinar as peças do puzzle, cataloguei cada peça consoante o padrão das imagens que pareciam pertencer a uma secção da imagem final, colocando dentro de sacos de plástico. Algumas peças tinham transições de padrões e decidia com alguma arbitrariedade por uma classificação (isso também sucede na taxonomia, atendendo as transições evolucionárias).
Comecei por resolver o sub-problema da imagem central, que é uma cópia do Homem Vitruniano. Aproveitei as linhas à volta do corpo para distinguir os braços (que estão quase paralelos) das pernas (que estão quase perpendiculares), e separei as peças. Também separei as peças do contorno circular, do tronco, de espaços vazios, dos pé, imagens mais escuras, etc. Comecei por fazer os membros, depois a cabeça, em seguida o tronco, e assim sucessivamente. Depois fui juntando as várias combinações.
Com o retrato de Leonardo Da Vinci foi mais difícil, por não associar imediatamente as peças ao modelo. Separei as peças consoante as cores e padrões, e fui fazendo tentativas com esses conjuntos.
Não posso combinar as peças de qualquer maneira; preciso de justificar cada combinação. Escolho as peças pela crença de que vão combinar (são hipóteses), mas muitas vezes as experiências mostram a sua falsidade, rejeitando-a e tentando outra maneira. Também ocorreu ter uma pequena combinação de várias peças, e não conseguir encaixar um peça ou uma outra combinação que parece servir em várias partes excepto numa. Nesse caso, em vez de insistir numa peça que admitia estar no lugar certo, uso o meu
cepticismo para examinar melhor a combinação com espírito crítico e alterar, geralmente rejeitando uma peça que, apesar de parecer encaixar, não tem um padrão tão evidente. Evitando o
dogmatismo, faço concessões, considerando estar errado, permitindo a progressão para a resolução do problema.
Quando consegui resolver as partes, juntei-as até formar a imagem do retrato e juntei-a à imagem do Homem Vitruniano.
A primeira imagem que enviei no "post" mostra como foi resolvido a imagem do retrato da mulher do lado esquerdo do Homem Vitruniano. É mostrado a sequência:
1) classificar peças;
2) combinar peças de cada classificação;
3) juntar as combinações de peças;
4) exemplos no mundo real O processo é simples e eficaz. A ideia também aplica-se em várias áreas, como no desenho (enviei uma imagem que mostra sequências ao fazer um desenho em aguarelas).
O sucesso da Ciência deve-se, entre várias coisas, à divisão em ramos, preocupando-se em problemas específicos, como Biologia, Física e Química, e relacionando entre si, com em Bio-Química.
Os médicos têm especializações, e aquele que for mais abrangente é o mediador dos ramos mais abaixo e encaminha os pacientes para o especialista indicado, e para os técnicos e enfermeiros.
No desenvolvimento de software, o gestor de projectos é o mediador de vários especialistas, por exemplo, de programadores de determinadas linguagens de programação, artistas, editores, etc. Existe até um "pattern" em programação chamado
"Mediator".
Para recuperar pergaminhos antigos, são feitas cópias numeradas para fazer experiências e permitir repetir a solução no original. Não há qualquer modelo para guiar e por isso é necessário um método para simplificar o trabalho, com mais facilidade, mais rapidez e segurança na avaliação dos passos. Se for apenas procedido por crença e arbitrariedade, o problema torna-se muito complexo, difícil e moroso.
Um exemplo conhecido é a Pedra de Roseta. Foi descoberta em Alexandria, e vários videntes fizeram as suas interpretações arbitrárias, afirmando que era apenas necessária a intuição e que o raciocínio lógico e tentativas de fundamentar com evidências eram um obstáculo. Jean François Champollion, estudioso de várias línguas asiáticas, relacionou certas combinações símbolos com algumas palavras de traduções do grego, e lentamente foi solucionado o enigma da Pedra de Roseta.
5) pragmatismo Apesar de resolver algo com elegância e progredindo obtendo resultados, haverá sempre alguém que critica desprezando os resultados, dando muita importância "per si" a uma
metodologia particular, regras ou ideal. Ou, apesar dos resultados, é sugerida uma
complexidade qualquer que não mostrou qualquer vantagem. "Keep It Simple, Stupid!"
"A peça não encaixa, por isso arranjam-se justificações sem fim sem resolver o problema. Não dá resultados, é porque não aplica bem o método. Se não segue as regras, não está certo, apesar dos resultados e das vantagens. Se mostrar resultados por um caminho diferente, é arrogante e sofre do pecado da soberba intelectual." Essas situações são, como é dito em desenho de padrões, mau cheiros.
Se não dá resultados, está errado!
Se alguém disser que temos vaidade na nossa inteligência e que tentamos mostrar o nosso conhecimento, isso em geral significa que
mostramos resultados e que o outro não consegue fazer o mesmo, acusando-nos de arrogantes ou de perseguidores, o que, no contexto, é um elogio.
Deve-se incentivar a sabedoria e resultados, não a ignorância e futilidades. Se estamos a resolver com sucesso o puzzle, e o outro não consegue encaixar as peças e está mais atrasado, que motivo tem para dizer que estamos errados? Se concluímos o puzzle, e ele está num empasse sem conseguir passar de poucas peças, como pode dizer que tem razão? Quem é então o arrogante? Piu!