Tópico: Causas e consequências da renovação das religiões (era Re: Menino de 11 anos se suicida por não ter dinheiro para fazer 1ª comunhão)

[Fernando Silva]

Eu não entendo essa sua dúvida.  O Espiritismo já está ruindo por si próprio.  Sumiu no resto do mundo e inevitavelmente sumirá aqui também.  O que, é claro, é bom para todos, inclusive os espíritas.

O espiritismo "ortodoxo" talvez, mas a impressão que eu tenho é que formas de espiritismo diluído estão se espalhando por aí ou, pelo menos, a crença na reencarnação e na comunicação com os espíritos.

[FxF]

Espiritismo é uma moda agora.

[Fred]

Eu não entendo essa sua dúvida.  O Espiritismo já está ruindo por si próprio.  Sumiu no resto do mundo e inevitavelmente sumirá aqui também.  O que, é claro, é bom para todos, inclusive os espíritas.

O espiritismo "ortodoxo" talvez, mas a impressão que eu tenho é que formas de espiritismo diluído estão se espalhando por aí ou, pelo menos, a crença na reencarnação e na comunicação com os espíritos.

Evidentemente baseado em "achismo", também não vejo a crença nos espíritos diminuindo. Eu tenho a mesma impressão do Fernando e do Tails...cada vez mais encontro católicos-espíritas-pós-modernos.
Talvez o espiritismo puro esteja mesmo se diluindo, principalmente aqui no Brasil onde cada um monta sua própria religião...200gr de cristianismo, duas colheres de espiritismo, uma pitada de umbanda, meia xícara de esoterismo em geral e uma leve simpatia pelo budismo...este é o Brasil brasileiro que o Gilberto Gil adora !!

[Luis Dantas]

Aí é outra coisa.  Crença animista é algo universal, faz parte do desenvolvimento emocional de cada criança, da fase em que se acredita em amigos imaginários e feitiçaria (como o "bezorro" de outro tópico).

Até mesmo em comunidades em que a religião tradicional não comporta crença em espíritos acabamos encontrando formas de reinterpretação que forçam essa crença na doutrina.  O melhor exemplo talvez seja as formas que o Budismo assumiu entre as massas mais humildes na Ásia, que não fazem a menor idéia das consequências filosóficas da doutrina de Anatta e por isso acabam crendo sim em reencarnação e espíritos protetores.

Isso é menos uma tendência religiosa do que um sintoma da fragilidade emocional e espiritual do povo brasileiro.

[Luz]

Aí é outra coisa.  Crença animista é algo universal, faz parte do desenvolvimento emocional de cada criança, da fase em que se acredita em amigos imaginários e feitiçaria (como o "bezorro" de outro tópico).

Até mesmo em comunidades em que a religião tradicional não comporta crença em espíritos acabamos encontrando formas de reinterpretação que forçam essa crença na doutrina.  O melhor exemplo talvez seja as formas que o Budismo assumiu entre as massas mais humildes na Ásia, que não fazem a menor idéia das consequências filosóficas da doutrina de Anatta e por isso acabam crendo sim em reencarnação e espíritos protetores.

Isso é menos uma tendência religiosa do que um sintoma da fragilidade emocional e espiritual do povo brasileiro.

Por causa da sua aparente afetação estou cheia de dedos para lidar com o assunto, e principalmente pelas suas impressões a meu respito, que gostaria de desfazer, mas veja bem - numa impressão imparcial:

A Doutrina Espírita não inventou a "crença animista". O que ela fez foi compilar essa "crença universal" num conjunto de dogmas. As pessoas em geral parecem não buscar um conhecimento profundo sobre a origem das crenças, mas o espiritismo é amplamente divulgado.

E a impressão geral é que é essa "versão espírita" da crença animista que prevalesce hoje, entre aqueles que acreditam em espíritos, reencarnação e tal.

[Luis Dantas]

Por causa da sua aparente afetação estou cheia de dedos para lidar com o assunto, e principalmente pelas suas impressões a meu respeito, que gostaria de desfazer, mas veja bem - numa impressão imparcial:

Afetação?  Puxa vida, estou vendo que a discriminação contra os berserkers chegou até você...

No duro, Luz, eu só não entendo como é que uma crença particularmente nociva e sem substância como a Espírita é engolida com tanta facilidade por tanta gente.  E por motivos tanto filosóficos quanto pessoais me recurso a ficar completamente calado a respeito.

A Doutrina Espírita não inventou a "crença animista". O que ela fez foi compilar essa "crença universal" num conjunto de dogmas. As pessoas em geral parecem não buscar um conhecimento profundo sobre a origem das crenças, mas o espiritismo é amplamente divulgado.

Eu não poderia concordar mais.  O Espiritismo realmente é uma tentativa de apresentar uma roupagem pseudocristã (o que, na época, seria uma legitimação) para crenças animistas muito mais antigas e difundidas.

E a impressão geral é que é essa "versão espírita" da crença animista que prevalesce hoje, entre aqueles que acreditam em espíritos, reencarnação e tal.

Sim, não deixa de ser verdade. 

Mas uma das forças da doutrina espírita, paradoxalmente, é a sua própria falta de solidez. 

Não há uma única versão espírita de doutrina, não por causa da normal variedade de interpretações de uma religião verdadeira, mas porque a doutrina se fundamenta em contradições óbvias e no condicionamento que tira a sensibilidade para essas contradições.  A Codificação espírita é tão absurda que quem tem estômago para lê-la toda aprende necessariamente a não se importar muito com lógica ou coerência.

A doutrina contradiz a si própria, então os espíritas passam a achar muito natural dizer coisas que não fazem sentido mas tem impacto emocional, e não tem grande problema em se considerar afinados com outras visões contraditórias desde que as palavras-chave certas ("reencarnação", "a morte não existe", "nada é por acaso", ...) estejam sendo usadas.

Mas confundir essa mentira consensual com unidade de doutrina é um grande erro.  O Espiritismo é um movimento de desintegração religiosa, e não de formação.

[Luz]

Afetação?  Puxa vida, estou vendo que a discriminação contra os berserkers chegou até você…

 

No duro, Luz, eu só não entendo como é que uma crença particularmente nociva e sem substância como a Espírita é engolida com tanta facilidade por tanta gente.  E por motivos tanto filosóficos quanto pessoais me recurso a ficar completamente calado a respeito.

Ah! Mas entender é outra questão. Aqui, estou apenas analisando os fatos e tirando as impressões. Embora eu não compreenda, o que vejo diariamente à minha volta, nas livrarias, nos fóruns, nos noticiários, documentários e tal é uma grande aceitação pelas "crenças animistas espíritas".

Eu não poderia concordar mais.  O Espiritismo realmente é uma tentativa de apresentar uma roupagem pseudocristã (o que, na época, seria uma legitimação) para crenças animistas muito mais antigas e difundidas.

Veja que não estou entando no mérito do que é o espiritismo, mas apenas tentando entender como ele se difunde.

Sim, não deixa de ser verdade. 

Mas uma das forças da doutrina espírita, paradoxalmente, é a sua própria falta de solidez. 

Não há uma única versão espírita de doutrina, não por causa da normal variedade de interpretações de uma religião verdadeira, mas porque a doutrina se fundamenta em contradições óbvias e no condicionamento que tira a sensibilidade para essas contradições.  A Codificação espírita é tão absurda que quem tem estômago para lê-la toda aprende necessariamente a não se importar muito com lógica ou coerência.

A doutrina contradiz a si própria, então os espíritas passam a achar muito natural dizer coisas que não fazem sentido mas tem impacto emocional, e não tem grande problema em se considerar afinados com outras visões contraditórias desde que as palavras-chave certas ("reencarnação", "a morte não existe", "nada é por acaso", …) estejam sendo usadas.

Mas confundir essa mentira consensual com unidade de doutrina é um grande erro.  O Espiritismo é um movimento de desintegração religiosa, e não de formação.

Mas não estou questionando a contradição do teor dogmático do espiritismo. Nisso, concordo com você. O que eu questiono é se a influência da doutrina espírita não é maior do que você gostaria.