Religião é um fenomeno de grupo. Uma coesão social baseada em hierarquias de onde as linhas chaves de condução provêm dos picos e são mais ou menos "digeridas" pelas camadas inferiores. Não é um fenomeno individual, pelo que a considerar individualidade de pensamento e liberdade de moldagem à mente de cada um teriamos espiritualidade e não religião.
Não, a doutrina imposta por uma hierarquia não é um atributo necessário em uma definição de religião.
Se fosse, teríamos de inventar outro termo para (por exemplo) a prática individual da Wicca, o que me parece sem propósito.
Além do que, por essa lógica renovadores como Francisco de assis não seriam religiosos e sim alguma outra coisa (talvez "espiritualizados"?) Sinceramente, isso não me parece mais do que afetação. Quase parece construção de um espantalho para criticar no lugar da religião propriamente dita.
Sem clericalismo, sem livros supostos de conterem as palavras de deus, e sem linhas condutoras de ideais de massas não fará grande sentido falar de religião, especialmente se estivermos a falar de religiões totalitárias como o Catolicismo.
Aí é que está, o Catolicismo (principalmente em suas formas mais autoritárias) não é mesmo um bom exemplo de religião.
Se pegarmos em algo como o Budismo podemos encontrar algo deveras diferente, mas mesmo assim acente no mesmo pressuposto de massificação. Mas sendo o Budismo uma religião ateísta e não totalitária, é comum que casos de individualidade critica e de experiência própria sejam definidos pelas linhas de espiritualidade e não mais pelas linhas religiosas.
Distinção muito artificial essa; o espaço para pensamento individual é o que caracteriza essa diferença entre "espiritualidade" e "religião" então?
Realmente, me parece que você está (conscientemente ou não) querendo construir um espantalho para criticar.
Não vejo qualquer tipo de sentido de denominar Catolicismo individual, quando o Catolicismo é tudo menos um conjunto de individualidades.
Em tese, seria. Na prática, existe uma multidão de católicos "não-praticantes" e de praticantes mais liberais que, por mais contraditório que possa parecer no papel, são bastante críticos em relação à doutrina e ao Papa.
Relativamente às diferencas entre espiritualidade e religião a situação que frisei entre mentalidade individual e mentalidade de massas não é mais que uma ideia de apenas um aspecto que me parece ser o que mais antagoniza os dois.
Relativamente ao conceito de espantalho, este não existe. É tomado como base as doutrinas essenciais do Catolicismo com as quais os católicos seculares não se sentem minimamente à vontade. Não faz disso um espantalho, apenas os conceitos definidos como alicerces de uma doutrina e algumas ramificações dessa mesma árvore católica.
Pegando no assunto inicial, a castidade. Aqui podemos ver tanto que essa tentativa de de se fazer crer numa maioria de católicos seculares e criticos cai por terra. Morrem 6000 africanos por dia de SIDA, em muito ajudados a atingir essa morte pela doutrina católica. O uso do preservativo é um pecado. É isto que corre pelas sociedades africanas, pela boca dos pregadores católicos. Pecado é punido com as torturas eternas no Inferno. É isto que é constatável, e são estes genocídios ridículos que nos demonstram que o Catolicismo não é uma escolha individual, é uma manipulação de massas a favor de ideais lunáticas que no caso exposto acarretam milhões de mortes inocentes.