Este negócio de afirmar que o capitalismo é nada mais nada menos que trocas voluntárias é muito ruim. Os homens primitivos das cavernas certamente também faziam trocas entre eles, então quer dizer que o capitalismo foi inventado na pré-história? Acho que isto é forçar demais.
O SISTEMA DE PRODUÇÃO Capitalista exige muito mais do que simples trocas “livres” pra funcionar. Se o lucro for impossibilitado pela produção de abundância ou simples força, ou mesmo o Estado for retirado, como querem os ancaps, ele deixa de ser possível na prática. Ou realmente acreditam que sociedades tecnológicas com bilhões de pessoas poderiam simplesmente voltar a viver de trocas, escambo? Bobagem!
E outra, não se trata de achar que o capitalismo ou o capitalista seja malvado, mas de se entender o fato de que qualquer sistema que seja baseado em disputa por recursos escassos, seja de direita ou de esquerda, levará a algo semelhante ao que temos ou que já tivemos na história. Sistemas assim sempre produzirão em massa pessoas que tentarão dominar umas às outras (não que todas o farão de forma consciente ou mesmo se tornarão cruéis ou psicopatas) , além dos meios materiais para fazê-lo, visto que a possibilidade de controle de recursos escassos, seja em menor ou em maior grau, dará poder sobre outros humanos, que podem inclusive seguir ordens para matar em guerras sangrentas etc.
Não se trata meramente de uma questão moral ou particular, como muitos aqui creem, mas de uma questão prática e objetiva que envolve a realidade material agindo de forma sistêmica. Resumindo: não tem jeito de plantar xuxu (competição por recursos) e querer colher morango (mundo mais pacífico e com recursos eficientemente alocados). É aqui que eu percebo a falta da leitura em vocês, de pensadores como Marx e Engels, para que entendam como mudanças quantitativas levam a mudanças qualitativas dentro do sistema, seja químico (ex: quantidade de calor chegando a um nível onde transforma qualitativamente as moléculas levando a água de liquida para gasosa ou sólida), biológica (acumulo de mudanças geracionais nos genes que levam a uma mudança qualitativa do organismo ao se transformar em outra espécie), ou mesmo sistemais sociais (onde mudanças quantitativas na tecnologia e na ciência levam à transformação qualitativa da sociedade).