No meio de tanta retórica, Leafar, surgiram algumas "dúvidas".
Então "verdades aquiridas" são imutáveis… questionáveis mais imutáveis… elas não são necessariamente lógicas, só imutáveis… mas questionáveis… 
Verdades são sempre imutáveis. Mas as pessoas muitas vezes não as compreendem ou não as aceitam e, portanto, as questionam. 2+2=4 é uma verdade imutável, a DE a aceita como um dogma. Mas quem não entender e quiser questionar o "porquê", é livre para fazê-lo. E se alguém quiser ainda rejeitar a explicação e não aceitar a proposta como verdadeira é igualmente livre para fazê-lo.
O Espiritismo, assim como todas as outras doutrinas filosóficas, tem as suas bases fundamentais, ou os seus dogmas, como queiram. Não há nada demais em se ter dogmas verdadeiros (como 2 e 2 são 4). O problema é quando se tem dogmas falsos, ou seja, que não correspondem à realidade.
De qualquer forma um espírita que rejeite, por exemplo, a reencarnação, pode continuar, se quiser, se qualificando como espírita. Ninguém o impedirá. Mas isso será visto como um sinal de incoerência. Melhor seria professar um sistema filosófico mais adequado ao modo de pensar, ou quem sabe até fundar um novo sistema filosófico.
Na prática, que diferença há entre dogmas imutáveis e inquestionáveis? Além do masoquismo de questionar algo que não é passível de mudança, não vejo nenhuma. você pode racionalizar o que quiser, se é imutável, não adianta queimar fosfato.
Adianta sim. As verdades são sempre imutáveis. A questão está somente em saber onde elas estão. Nós dizemos que as nossas bases são algumas das verdades adquridas. Ainda que fossem, você acreditaria só por eu lhe dizer? Acho que não, não é? Então tem que queimar fosfato e racionalizar para tentar saber se as "verdades" que eu apresento são verdades de fato.
Vocês podem até afirmar que estas "verdades adquiridas" não são verdade apenas porque Kardec disse que eram estes os dogmas da DE (que são imutáveis). Mas vocês não as consideram verdades imutáveis?
Sim, como 2 e 2 são 4. Mas não é só porque Kardec disse, e sim porque racionalizamos a respeito. Entretanto, nenhuma garantia há de algum "Ser supremo" que o que racionalizamos sejam verdades de fato. A nossa razão também pode se enganar. Mas não se preocupe, pois ninguém será condenado só por isso.
Então, mais uma vez vem a pergunta que não cala: que diferença faz dizer que não é verdade, se vocês a julgam assim e ela é imutável (portanto, absoluta)? Liberdade de aceitação todas as religiões têm. Você aceita os dogmas e fica ou não aceita e procura outra. Há inúmeros produtos nas prateleiras do supermercado da fé… e bastante gente gosta de comprar mais de um de cada vez (talvez por garantia…).
É verdade. Cada um compra o que quer. Mas uma compra errada sempre acabará num resultado inconveniente. E assim aprendemos, às custas dos erros. Alguns são mais espertos e procuram aprender com os erros dos outros. Todas as opiniões são colocadas num caldeirão e é nossa responsabilidade selecionar as certas. Mas não se é condenado por não acertar sempre.
Entretanto, pode-se ser condenado por não tentar acertar. Numa prova de múltipla escolha é eliminado o candidato que escolhe mais de uma opção, pois isso representa fraqueza de convicção e preguiça de buscar o melhor caminho. Vê-se isso aos montes: espíritas acendendo velas para santos, católicos utilizando-se de práticas espíritas enquanto a igreja condena o Espiritismo, etc… Essas pessoas dão péssimos exemplos. Como acertadamente disse O Dr. Boaventura Kloppenburg no seu livro O Espiritismo no Brasil - Orientação para Católicos, Vozes - 1960, Introdução pág. 6:
"Esta situação não pode continuar. Se a causa da confusão é apenas a ignorância, então o remédio estará na instrução, no esclarecimento, na orientação…
…Não queremos destruir o espírita, o umbandista, o esoterista ou o maçon; mas faremos tudo para acabar com o católico-espírita, o católico-umbandista, o católico esoterista, o católico maçon.
"Nosso mal é a indecisão. Nem pró nem contra. Nem frios nem quentes. Mornos! "Oxalá fôsses frio ou quente", diz o Senhor, "mas porque és môrno, nem frio nem quente, estou para te vomitar da minha bôca (Apoc 3,16)."Eu concordo com o autor, apesar de ser um adversário. Quem defende ao mesmo tempo sistemas contraditórios entre si é morno. Isso causa problemas tanto do lado de lá como do lado de cá.
Não disse que todos os dogmas do espiritismo oscilam com o vento. Disse que aqueles que usam para dar roupagem moderna e atual à doutrina costumam ser trocados, sempre que não são mais úteis ou que a ciência os prova mentirosos.
Que eu saiba usamos ainda a mesma literatura codificada por Kardec no século XIX.
Faz o seguinte, pega o Livro dos espíritos e dá uma lidinha, por exemplo. Você diria que tudo que está escrito lá é válido?
Não me lembro de algo que já tenha sido finalmente refutado. Se foi, não é com certeza em algum ponto fundamental que inviabilize a doutrina espírita.
Não é nele que constam as verdades contadas pelos espíritos ao próprio Kardec?
Sim. Mas não se esqueça que a codificação espírita teve a colaboração humana. Kardec recebia várias comunicações e cabia a ele selecionar as que considerava verdadeiras e identificar as falsas. Quem é espírita, implicitamente afirma que concorda com suas escolhas e conclusões.
E Leafar, neste mundo que existe de fato, ciência atual é a restrita pelo método científico sim. Qualquer coisa que não cubra as predições do método e da filosofia científica atual podem ser qualquer coisa (pseudociência, ciência patológica e charlatanismo), mas não é ciência. Se vocês não são capazes de repetir experimentos é porque o acaso está em pé de igualdade com sua "teoria".
Pode ser. Mas o acaso, que é outra teoria, não exclui a nossa teoria. Como você mesma disse, estamos até agora, pelo menos em pé de igualdade.
E infelizmente não é você que arbitra o que pode ou o que não pode ser considerado ciência.
Detalhe:
Mas eu entendo ciência como tudo aquilo que trata do estudo e da pesquisa de conhecimentos verdadeiros, ou que pelo menos podem ser verdadeiros. Ora, a existência dos espíritos é um fato, mas ainda que não fosse, é no mínimo hipotético, haja vista a quantidade de pessoas que afirmam manter contatos com espíritos.
Infelizmente você tem uma definição particular de ciência que se adequa a suas limitações, e é por isso que espíritas não são levados a sério, justamente pela falta de critério.
Quanto à falácia ad numerum, só um lembrete daquela respostinha que todos gostamos de ver de vez em quando: "coma merda, afinal, milhões de moscas não podem estar enganadas". 
Palavras fortes para uma moça que parece bem educada!
Eu não usei a falácia ad numerum. Usaria se eu dissesse que "o Espiritismo é verdade porque muitas pessoas acreditam nele". Mas não foi isso que eu disse. Eu disse que o fato de muitas pessoas afirmarem já ter tido contatos com espíritos, torna a sua existência uma hipótese válida.
"Hipótese" é diferente de "Verdade". E como a existência dos espíritos ainda é hipoteticamente válida, o seu estudo e investigação (que é o que o Espiritismo faz) pode ser considerado ciência. Para descartar o Espiritismo como ciência, é preciso antes desqualificar o objeto do seu estudo como hipótese.
Quem discorda, é só provar que espíritos não existem e nem jamais poderiam existir. Aí o estudo deixa de fazer sentido e o Espiritismo deixa imediatamente de ser uma ciência.
Não mesmo… Provem vocês que existem espíritos, e aí, quem sabe, o espiritismo pode passar a ser visto como ciência.

Infelizmente, como já disse antes, não é você que arbitra isso.
Um abraço.