Consegui chegar ao fim da terceira parte. O post ficou longo, mas o tamanho é proporcional ao número de besteiras proferidas.
Obs: nas caixas de quote, o que quer que esteja entre colchetes é uma observação total e intencionalmente jocosa da minha parte.
Começou… mais algumas anedotas…
PÁRA TUDO!
"…por que se você não consegue determinar com precisão a posição do elétron num determinado tempo então você nunca pode dizer
se ele está parado ou não, você nunca pode afirmar, e também não pode afirmar que ele está em movimento […] então esse é o chamado princípio da incerteza, quando você tira uma medida você tem um imprecisão na medida que na física quântica é o princípio da incerteza de Heisenberg que é o deltaX deltaT é maior igual a h sobre dois pi, lá."
PELAMOR de Planck, que que é isso? Um erro crasso na descrição do princípio da incerteza, nem vou comentar o absurdo conceitual,
mas errar a expressão é dose, afinal o cara é físico. Supondo que ele quisesse se referir à incerteza entre posição e momento, a expressão correta seria deltaX.deltaP>=h/2pi, onde X é posição e P é momento.
Eu deveria parar por aqui, mas vamos continuar…
Um pouco mais sobre a interpretação estatística, até que…
"…então significou o seguinte pros físicos clássicos: a física não era mais uma realidade objetiva, ou seja o universo não era mais uma realidade objetiva que eu podia medir, confirmar, provar e demonstrar."
"Qual que é a solidez então, a realidade, aonde está o elétron, quero ver ele [sic]. Não, não tem essa realidade, existe uma probabilidade…"
PELAMOR de Sokal! Puro relativismo científico irresponsável, desonesto mesmo.
Agora ele volta à interpretação estatística e menciona que a teoria só funciona bem para átomos de um elétron.
"…se esse elétron aqui que está numa órbita muito precisa ao redor do átomo [esquecendo sua exposição sobre a interpretação estatística?] se ele ganhar energia ou perder energia, por que que ele só pode ganhar em quantidades e perder em quantidades?
Vamos ver se vocês conseguem entender essa resposta, eu sei é muito difícil…"
"…é muito fácil [uai, não era muito difícil?] se você encarar que o elétron É uma onda…"
"Mas, este desenho que eu fiz [um átomo e suas órbitas que podem ser ocupadas pelo elétron] ele está errado tecnicamente, por que na verdade ele fala de nível de energia […] isso aqui não tem nada a ver com nível, isso aqui eu estou desenhando órbitas, reais."
"…a idéia do salto quântico é assim, como aqui é uma probabilidade e aqui também é uma outra probabilidade [aponta para o desenho das órbitas] você não está localizando elétrons com precisão. Então Niels Bohr diz o seguinte que quando ele está neste nível e salta pro outro nível
o negócio pode acontecer assim ó ele some aqui e pode aparecer em qualquer lugar aqui… [aponta passando de uma das órbitas do desenho para outra]"
"Mas olha outra tese dele, aí você vai questionar […] 'mas como que o elétron faz isso?'[…] o que que acontece com o elétron nesse intervalo desse espaço, quanto tempo ele demora pra fazer isso […] instantâneo significa deltaT igual à… zero. Aí o Einstein vem, não não tem nada a ver…"
"É eu estou atravessando um espaço, ele atravessou um espaço…, se você dizer [sic] que o deltaT é zero você destrói a teoria de Einstein,
por que você diz que um objeto viajou com velocidade superior à da luz…"
E assim ele joga no lixo todo o trabalho de Dirac e outros sobre mecânica quântica relativística.
"…que é aí que eu vou pegar a chave pra fazer as interpretações espirituais […] tá tudo embasado em idéias sólidas da física quântica.
Que essa aqui eram coisas inexplicáveis na física quântica, tá em aberto até hoje isso… [mas e a a solidez?]"
Será que agora vai? Não, ele desvia do assunto novamente
.
"Isto é um salto quântico, no salto quântico você tem que afirmar o seguinte: entre este nível e este nível o elétron não existe […] ele some aqui e reaparece instantaneamente aqui, logo nesse intervalo ele não tem realidade. Então você pode afirmar, Pra mim [pelo menos teve o bom senso de destacar] ele afirma que o elétron desmaterializa e materializa […] instantaneamente…"
"Isso vai dar uma demonstração de como os ETs se deslocam no espaço. Eles fazem deslocamentos quânticos, pega a nave inteira dele e dá esse tipo de salto, pah!, ele não viaja pelo espaço convencional, aí você pode explicar por que que o disco voador pode estar aqui."
Ai :'(… essa doeu.
"Isso é uma tese que os cientistas nunca aceitaram até hoje né… 'ah, mas você tem que explicar como é que ele vai viajar com velocidade superior da luz…"
Por que será hein? Mas o Laercio prefere apelar o argumento da perseguição intelectual.
"…como é que ele vai chegar até aqui?'Claro, com a física nossa ele não vai chegar nunca, mas com uma outra física muito mais avançada você vai perceber que é possível fazer isso."
Só por que VOCÊ falou né, lindinho? Argumento da autoridade. E a física "deles", é diferente da "nossa"?
"Por que eles estão aqui né? quem fazer [sic] uma pesquisa sobre ufologia e disco voador vai ver que eles estão."
Apriorismo.
Então ele volta a falar um pouquinho de quântica básica.
"…estão entendendo? Eu estou embasando vocês pra gente discutir aonde que nós vamos discutir a espiritualidade aí."
Embasando=enviesando?
Agora começa a falar de EPR, sem mencionar em momento algum a questão da observação… mais anedotas Einstein X Bohr.
"…e foi o Einstein que abriu um negócio muito louco que eu vou tentr explicar razoavelmente pra vocês […]
uma coisa chamada interação, dois tipos, local e não-local; que vai ser a chave pra gente entender como os espíritos se comunicam,
e como que a paranormalidade pode funcionar, cura à distância…"
PELAMOR de Bell! Acho que vou parar por aqui, estou começando a ficar enjoado… ainda bem que essa parte acabou.
Resumão: Entre erros técnicos crassos, que nunca deveriam ser cometidos por um físico que tenha passado pela disciplina de mecânica quântica, e falácias mil, Laercio vai (finalmente!) jogando as tais "demonstrações" (nem entre aspas dá pra engolir) às suas mais que extraordinárias alegações. Em momento algum ele chega a ter a cautela de dizer algo como "é possível, pode ser que" ou algo semelhante. Antes ainda estava inclinado a acreditar que a palestra serviria pelo menos como material de divulgação razoável, agora nem isso.
Aproveitando a deixa também, vou contar a minha anedota Einstein x Bohr favorita: em uma conferência os dois discutem quando Einstein repete, mais uma vez, que "deus não joga dados", ao que Bohr replica: "Ora, pare de dizer a deus o que fazer com seus dados!"