Buckaroo, concordo que as pessoas não tenham necessariamente em riquezas o proporcional ao seu esforço. Mas você está dizendo que essa situação seria igual se o estado não fosse tão inchado? Se for, é um engano.
Tenho ciência de que mesmo em uma sociedade não-estatista haveria estas diferenças: pessoas que não trabalham e possuem muito, e outras que trabalham bastante e possuem menos. Mas elas seriam, sem dúvida, muito menores sem a interferência estatal.
Se é possível apontar vários casos de pessoas que nunca fizeram nada da vida e possuem muito (e o inverso), tente imaginar a infinidade de casos de pesoas que só têm bastante por que trabalharam muito e de pessoas que perderam tudo o que tinham por falta de "mérito". Apesar das exceções, verá que não faz o menor sentido dizer que "simplesmente não há meritocracia". Isso seria ver na exceção a regra.
De forma alguma acho que necessariamente um estado mais enxuto pioraria as coisas, a questão nunca foi essa...
Provavelmente ao contrário, mas também não acho que liberalismo "deixe o mercado correr solto" fosse garantir uma meritocracia como um resultado natural. Apenas meritocracia num sentido bem mais estrito, quase que apenas de mérito simplesmente legal (não tanto moral, no sentido de ter como requerimento alguma igualdade de oportunidades), um sentido em que acho que a palavra "mérito" perde muito do seu significado... pois é meio como se você tivesse uma corrida de 100m na qual as regras permitissem que diferentes atletas largassem até 50, 70m à frente dos outros, graças aos resultados dos seus pais ou qualquer coisa do tipo, enquanto outros, por qualquer outra razão largam 200 metros atrás da linha de partida "0". Se "mérito" é simplesmente mérito legal, desde que as regras fossem essas, por qualquer motivo que fossem - como por exemplo, que filhos de corredores vencedores, largam dez metros adiante, cumulativamente, geração após geração - o resultado dessa corrida então teria um "mérito" que merece muito essas aspas.
Nada que seja corrigido simplesmente com estado, ou com "quanto mais estado, melhor", até porque pode gerar resultados não muito diferentes, meio como regras em que, além de largarem em posições diferentes, quase todos corredores têm bolas de ferro acorrentadas nas canelas, e no final os juízes é que ficam com boa parte dos prêmios, sem nem ter corrido...
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Também não digo que "não há" mérito, da mesma forma que não se pode organizar as pessoas por renda e mérito automaticamente, também não dá para apontar o dedo para alguém e dizer, "tudo que você tem, tem sem mérito algum".