Autor Tópico: Falseabilidade  (Lida 6834 vezes)

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Offline Luis Dantas

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Re: Falseabilidade
« Resposta #25 Online: 02 de Junho de 2007, 16:02:35 »
Mas está é a questão do tópico, o que existe de relevante mas que não é falseável?

O que é subjetivo, pelo menos.  Certas coisas são definidas pela vontade do sujeito.  Imagino que também haja outras coisas que por algum motivo não podem ser testadas de forma suficiente para falsear.
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Offline Adriano

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Re: Falseabilidade
« Resposta #26 Online: 02 de Junho de 2007, 20:06:25 »
A Ciência HOJE trabalha APENAS com aquilo que é observável, mensurável, quantitativo, portanto existem sim, diversas coisas que não são falseáveis e já se cometeram erros que poderiam ter sido evitados. A ética é uma dessas coisas não falseáveis, assim como a moral, as teorias de Freud, a acumputura, a homeopatia, a beleza, a existência de deus etc porque são antes qualitativas. Geralmente, o que não é falseável é qualitativo, ou seja, é tudo aquilo que pode ser observado apenas pela qualidade e não pela quantidade.
A ética e a estética (beleza) são estudadas pela filosofia, mas já existem nas ciências, por exemplo o direito (ciências jurídicas), a busca pelo ideal de justiça e tem bases morais. A falseabilidade exclui as pseudociências que citou, o que caracteriza a falta de qualidade.

A qualidade já é medida, temos indicadores de qualidade dos mais diversos tipos, e a qualidade de vida é um dos temas atuais. A psicologia contribui para a qualidade de vida subjetiva e é superior as religiões pois lida com o método científico (ao menos o hipotético dedutivo, que foi defendido por Popper) para obtenção de seu conhecimento.


O método indutivista provou-se falho e abre margem para que quaisquer hipóteses, inclusive as mais absurdas, possam ser consideradas científicas, sugerindo-lhes um valor que não possuem. Por valor, estou falando de números mesmo - quantidade e não qualidade. Porque esse é um método tendencioso, que busca verificar TÃO e SOMENTE aquilo que corrobora a afirmação proposta, descartando aquilo que vai contra. E além disso, pergunta-se: quantas observações são necessárias para que uma hipótese possa ser considerada teoria: dez, mil, dez mil?

Diante disso, Popper propõe a falseabilidade, um método de fato interessante, pois além de, ao contrário do indutivismo, voltar o olhar para o outro lado, ou seja, para tudo aquilo que possa mostrar que estamos errados, ainda seleciona o que é ou não objeto de estudo da Ciência. Isso, diferente do que muitos parecem acreditar, não serve para dar status aos objetos de estudo científico, serve ao contrário, para limitar a Ciência apenas aos objetos que lhes pertencem. E claro, existe vida além da Ciência.
É uma parte apenas do pensamento de Popper, que travou um debate com Adorno sobre as ciências sociais, e ressaltou a importância do método hipotético dedutivo e interação da comunidade científica como preponderantes.


A hipótese “duendes existem” pode ser minimamente falseada. Duendes, conta a lenda, são sujeitos verdes e baixinhos que habitam nossas florestas e escondem potes de ouro no final do arco-íris. Podemos vasculhar todas as nossas florestas a procura desses sujeitos e não os encontrando deduzir que é provável que não existam. Mas veja, isso é uma dedução feita em cima da observação e não uma verdade absoluta. É APENAS uma aproximação, porque, é claro, pode ser que o duende seja tímido e se esconda no meio das folhagens, aparecendo no lugar que observamos, um minuto depois de desviarmos o olhar, mas é pouco provável que possam se esconder sempre de todos os olhares.

Já a hipótese “deus existe” é mais complicada, porque o Universo é um tantinho maior que nossas florestas e se nem as florestas todas conhecemos completamente, imagine o Universo, não é verdade? E como bem disse Sagan, deus pode ser relegado para tempos e lugares distantes ou para causas finais – teríamos que saber bastante mais do que sabemos para ter certeza que deus não existe.
Já vasculhamos bastante o universo, e é feito pelos instrumentos da astronomia, os telescóspios e satélites.

Imagine que eu fosse uma excelente física, renomada, mas muito crédula, a ponto de ver deus em tudo e cada coisa e que a falseabilidade nunca tivesse sido proposta. Imagine ainda que eu propusesse que deus surgiu, num instante singular, dando origem ao Universo e que permanece no centro desse, emitindo energia para tudo o que existe e que algumas pessoas, através a combinação de seus sentidos e inteligência, sintam essa energia, e percebam sua existência, mas que por sua limitação não possam compreender completamente.
Os físicos podem acreditar em deus, embora pense ser difísil acontecer, mas não adianta ver deus em tudo, pois deus é um erro lógico ao atribuir tal conceito como causa e não trazer informação alguma sobre este conceito e sua relação com o universo. Seu argumento de deus é panteista, de considerar deus como sendo o universo, ou parte dele no caso. Uma energia que possa ser sentida pelo ser humano também pode ser medida pelo seu instrumental científico. Não há embasamento para tal argumento.

Agora imagine que eu tente comprovar minha hipótese pelo método indutivista. Primeiro, milhares de pessoas no mundo inteiro sentem a existência de deus, mas como são limitadas, não compreendem completamente, por isso existem diversas religiões – é uma prova. Segundo, o Universo está em expansão, isso significa que já foi menor e então realmente teve origem em algum momento – é outra prova. Mas a prova cabal da minha hipótese é que os próprios cientistas confirmam que há de fato uma energia que permeia o Universo, onde quer que se verifique e provinda, provavelmente, do instante inicial que deu origem ao Universo.
Teriamos que descrever o que seja o "sentir deus", e o mundo inteiro já ouviu as descrições das pessoas que dizem sentir deus, e a ciência já estuda as reliões através do pensamento crítico e métodos descritivos e interdicisplinates.

É muito simples provar qualquer coisa pelo método indutivista, você observa o que corrobora sua hipótese e pela lógica explica tudo aquilo que a ponha em dúvida. Só pelo indutivismo podemos provar que deus existe e que deus não existe, até o momento. O que, aliás, prova que o indutivismo não prova muita coisa, embora, tivesse acertado muitas vezes, mas errado outras.

Aliás, foi pelo método indutivista que a Ciência cogitou, com uma forte inclinação, própria do indutivismo, a existência de uma substância imperceptível, não mensurável, através da qual a luz viajasse – o éter luminífero. A falseabilidade como filosofia científica nasceu com Popper, mas foi Einstein quem a demonstrou pela primeira vez, falseando a hipótese do éter liminífero, ao propor que o tempo variava. Ele disse – não com essas palavras – não acredito na existência do éter, porque os testes comprovam que o éter não existe e não são os testes que estão errados, mas a crença na existência do éter. Só que temos um problema, se o éter não existe, para que a luz se propague a uma velocidade constante, cheguei a estranha conclusão que o tempo precisa ser variável. Podemos verificar isso? Bom, então, a partir daí, ao contrário de tentar provar que a hipótese da existência do éter estava correta, a Ciência passou a tentar provar que estava errada – medindo o tempo.
Realmente a proposição de uma hipótese ou teoria que descarte outra, é entendido como negação da hipótese/teoria descarta, pois esta já não serve mais para explicar os fenômenos propostos.

Dizem que não é possível provar uma negação. Como não? Einstein provou. Ele conseguiu demonstrar que algo que se acreditava existir, mas não era possível verificar de nenhuma forma, por nenhum dos sentidos ou tecnologia existente, não existia, propondo um teste, fantástico demais para a época, mas que foi possível verificar.

Então, eu proponho para aqueles que como Einstein, teimam em não acreditar na existência de algo que muitos acreditam existir, mas não pode ser verificado de nenhuma forma conhecida, que proponham um teste qualquer que possa ser verificado. Digo, assim provamos que deus não existe e encerramos a discussão ou deixamos a Ciência fora disso.
Temos a origem do universo provada e testada através das radiciações de fundo cósmico. Este é um ponto pacífico na ciência. Mas o que está sendo observado é uma possível multidimensionalidade do univeso, tendo esse 11 dimensões com base na teoria M.
A ciência avança e surgem novas lacunas no conhecimento, o prato preferido do meme deus.

Eu que não sou nenhum Einstein, tenho cá minhas dúvidas sobre a existência de deus, porque, afinal, ainda é uma hipótese não falseável, diferente do éter… mas confesso, que se tivesse nascido no século XlX também teria minhas dúvidas quanto a existência do éter. Isso não significa que se precise ser um Einstein para provar algo em que se acredita, significa apenas que é preciso propor uma forma de verificar o que se acredita. Parece simples visto dessa forma e na verdade, é simples, só não foi proposto ainda. Alguém se arrisca?
Eu tenho a minha opinião de que a ciência nega deus. O conceito de deus é infalseável por não corresponder a um ser real. Mas é um conceito cultural e passível de estudo e sendo que já é muito estudado.

Mas eu pergunto, ainda: será que Einstein estava pronto para a possibilidade do tempo ser uma grandeza constante, como se acreditava e corroborar com isso, ao contrário, do que acreditava, com a hipótese da existência do éter?
O tempo é uma dimensão do nosso universo  :P

Foi só uma brincadeira tudo isso, é claro, Einstein não disse nada disso, que eu saiba… mas bem… acho que ajuda a compreender melhor a falseabilidade. E para que fique claro, o fato de Einstein ter provado que o éter não existe, diferente do que a maioria acreditava, não significa que deus não exista, diferente do que a maioria acredita, embora sejam idéias incrivelmente semelhantes.
Deus como criador do universo não existe pois a origem do universo é o Big Bang. Agora o "deus" buscado vai ser o criador dos universos paralelos. E novamente sem embasamento contrariando um pensamento crítico.
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Offline Adriano

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Re: Falseabilidade
« Resposta #27 Online: 02 de Junho de 2007, 20:08:51 »
Mas está é a questão do tópico, o que existe de relevante mas que não é falseável?

O que é subjetivo, pelo menos.  Certas coisas são definidas pela vontade do sujeito.  Imagino que também haja outras coisas que por algum motivo não podem ser testadas de forma suficiente para falsear.

Mas a psicologia e a psiquiatria, já lidam com a subjetividade, sendo a psiquiatria em casos mais graves quando uma intervenção psicologica não é satisfatória.
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Offline Luis Dantas

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Re: Falseabilidade
« Resposta #28 Online: 02 de Junho de 2007, 21:45:50 »
(mas) a
 psicologia e a psiquiatria, já lidam com a subjetividade, sendo a psiquiatria em casos mais graves quando uma intervenção psicologica não é satisfatória.

Não é bem assim.  Quando lida com a subjetividade a psicologia deixa de ser ciência e de ser falseável - é o caso principalmente da psicanálise.

E psiquiatria é simplesmente medicina.  Deixa no ar essa complica questão: "satisfatória segundo qual critério?"
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Offline Adriano

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Re: Falseabilidade
« Resposta #29 Online: 02 de Junho de 2007, 22:10:38 »
(mas) a
 psicologia e a psiquiatria, já lidam com a subjetividade, sendo a psiquiatria em casos mais graves quando uma intervenção psicologica não é satisfatória.

Não é bem assim.  Quando lida com a subjetividade a psicologia deixa de ser ciência e de ser falseável - é o caso principalmente da psicanálise.
A psicanálise falha ao se basear na análise do inconsciente. Para Dennett não há insconsciente e consciente, não existe essa dialética. A consciencia é o conjunto das ações cognitivas do cérebro.

Já a psicologia tem estruturada todas as fases de desenvolvimento humano desde a mais tenra idade até os momentos finais da vida. São estudos importantes e que dão base ao ferramental teórico da psicologia clínica. E o estudo da psicologia são os processos mentais como pensamento, sentimento, razão e intuição, ou seja todos processos subjetivos.

E psiquiatria é simplesmente medicina.  Deixa no ar essa complica questão: "satisfatória segundo qual critério?"

A psiquiatria é a medicina mental, que lida com as doenças de carater cerebral em que tais disfunções fazem com que ocorra uma distrepancia da subjetividade do indivídio com a realidade. Existem padrões de normalidade para os diagnósticos, mas normalmente o intuito (o critério) é de diminuir ou eliminar o sofrimento psíquico.
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Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: Falseabilidade
« Resposta #30 Online: 02 de Junho de 2007, 23:11:29 »
Será que tudo que é infalseável é inexistente?
A metafísica para Popper não tem base em observações empíricas, por isso é negada no racionalismo crítico.

Existe algo existente e que não pode ser falseável?


"Existe um único número Natural que é par e primo".
"Existe uma única peça no Xadrez que pode ameaçar a rainha sem ser ameaçada por ela".

Estas sentenças são verdadeiras e infalseáveis.



Offline Fabi

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Re: Falseabilidade
« Resposta #31 Online: 02 de Junho de 2007, 23:16:36 »
E esse número é o 2. Acertei?
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

Offline Luis Dantas

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Re: Falseabilidade
« Resposta #32 Online: 03 de Junho de 2007, 08:17:54 »
A psicanálise falha ao se basear na análise do inconsciente. Para Dennett não há insconsciente e consciente, não existe essa dialética. A consciencia é o conjunto das ações cognitivas do cérebro.

A psicanálise falha sim, e por sinal bastante.  Só que essa é outra questão, Adriano.  Você está apresentando a falibilidade do conhecimento não-falseável, mas esse já é um fato bem conhecido e não muda em nada a realidade de que o conhecimento falseável é limitado. 

Portanto, qual é o ponto que você quer apresentar?

Citar
Já a psicologia tem estruturada todas as fases de desenvolvimento humano desde a mais tenra idade até os momentos finais da vida. São estudos importantes e que dão base ao ferramental teórico da psicologia clínica.

A psicologia tem essa meta, e realizou grandes avanços nesse sentido, mas não estamos saindo do assunto?  Se a psicologia fosse uma área "completa e fechada" talvez essa colocação coubesse, mas como não é, você está apresentando um conhecimento incompleto quando sua meta é mostrar que esse conhecimento seria completo, não?

Citar
E o estudo da psicologia são os processos mentais como pensamento, sentimento, razão e intuição, ou seja todos processos subjetivos.

Você quer dizer que o objeto de estudo da psicologia é esse, certo?  É verdade, mas foge à questão.  Estamos analisando se esse conhecimento é completo e falseável, não se há a intenção de explicar e entender processos subjetivos.

Citar
E psiquiatria é simplesmente medicina.  Deixa no ar essa complica questão: "satisfatória segundo qual critério?"

A psiquiatria é a medicina mental, que lida com as doenças de caráter cerebral em que tais disfunções fazem com que ocorra uma discrepância da subjetividade do indivíduo com a realidade. Existem padrões de normalidade para os diagnósticos, mas normalmente o intuito (o critério) é de diminuir ou eliminar o sofrimento psíquico.

Sim, mas você não respondeu minha pergunta.
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Offline Adriano

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Re: Falseabilidade
« Resposta #33 Online: 03 de Junho de 2007, 11:01:55 »
A psicanálise falha sim, e por sinal bastante.  Só que essa é outra questão, Adriano.  Você está apresentando a falibilidade do conhecimento não-falseável, mas esse já é um fato bem conhecido e não muda em nada a realidade de que o conhecimento falseável é limitado. 

Portanto, qual é o ponto que você quer apresentar?
Aqui foi diferenciar a psicanálise da psicologia. E como todo conhecimento científico é limitado.

A psicologia tem essa meta, e realizou grandes avanços nesse sentido, mas não estamos saindo do assunto?  Se a psicologia fosse uma área "completa e fechada" talvez essa colocação coubesse, mas como não é, você está apresentando um conhecimento incompleto quando sua meta é mostrar que esse conhecimento seria completo, não?
De modo algum eu digo algo sobre conhecimento completo de qualquer área da ciência, apenas digo que tem temas que já estão bem resolvidos. Nem mesmo a matemática é completa e fechada. Mas me parece que há uma valorização das ciências naturais, e se deixa de lado o uso das ciências humanas e sociais, apesar da incompletude fazer parte de ambas. 

Você quer dizer que o objeto de estudo da psicologia é esse, certo?  É verdade, mas foge à questão.  Estamos analisando se esse conhecimento é completo e falseável, não se há a intenção de explicar e entender processos subjetivos.
Completo e falseável não estão necessariamente ligados, o que quero demonstrar da psicologia é que devido ao carater científico dessa, ocorre também a falseabilidade, mesmo que seja através do método hipotético dedutivo, em que a comunidade científica um papel importante. É um tema discutido, mas voltado as ciências sociais, entre Popper e Adorno, e depois entre Popper e a escola de Frankfurt.

Citar
E psiquiatria é simplesmente medicina.  Deixa no ar essa complica questão: "satisfatória segundo qual critério?"

A psiquiatria é a medicina mental, que lida com as doenças de caráter cerebral em que tais disfunções fazem com que ocorra uma discrepância da subjetividade do indivíduo com a realidade. Existem padrões de normalidade para os diagnósticos, mas normalmente o intuito (o critério) é de diminuir ou eliminar o sofrimento psíquico.

Sim, mas você não respondeu minha pergunta.
Os critérios são estatísticos, valorativos e intuitivos, assim como as diversas ciências, embora Focaut tenha apontado a utilização política e de dominação das instituições psiquiátricas. A reforma psiquiátrica seria uma maneira de reversão desse quadro e uma reinvindicação dos profissionais da área.

E o interessante foi que Foucaut fez essa análise justatente para expor a relação entre ciência e poder.
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Offline Luis Dantas

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Re: Falseabilidade
« Resposta #34 Online: 03 de Junho de 2007, 11:27:44 »
Você começou o tópico perguntando se tudo que não é falseável é inexistente, não foi?
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Offline Adriano

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Re: Falseabilidade
« Resposta #35 Online: 03 de Junho de 2007, 11:59:52 »
Exatamente, e o Dante respondeu bem citanto um exemplo da matemática. E a matemática é objetiva. Você falou sobre a subjetividade, mas penso que a psicologia estuda a subjetividade. E a arte também lida com a subjetividade de forma diferente, essa sim pode são ser falseável.
« Última modificação: 03 de Junho de 2007, 12:03:37 por Adriano »
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Offline Luis Dantas

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Re: Falseabilidade
« Resposta #36 Online: 03 de Junho de 2007, 13:31:07 »
Matemática é objetiva, mas não lida com o que existe concretamente...

E subjetividade continua sendo não-falseável, não?
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Re: Falseabilidade
« Resposta #37 Online: 03 de Junho de 2007, 13:58:29 »
Subjetividade é muito complexa, pois corresponte ao raciocínio, que pode ser válido ou inválido, de acordo com a lógica. Corresponde a emoção, que pode ser inadequada em caso de relacionamentos interpessoais, onde a psicologia atua. A imaginação, que está relacionada ao senso estético e a arte. E a intuição que tem papel fundamental na produção do conhecimento desde que criteriosamente utilizada, como é feito nas ciências.
Tem também o senso moral, a ética, que faz parte da subjetividade, mas é concebido das mais diversas maneiras, como na religião e na filosofia e também no dia a dia, através do senso comum, da cultura popular.
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Offline Luis Dantas

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Re: Falseabilidade
« Resposta #38 Online: 03 de Junho de 2007, 15:56:06 »
Não está muito claro qual é seu ponto.  Seria talvez que o que é considerado subjetivo será algum dia cientificamente previsível e mensurável?
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Offline Adriano

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Re: Falseabilidade
« Resposta #39 Online: 03 de Junho de 2007, 16:54:47 »
Popper utilizou a falseabilidade com a condição de testes empíricos. Seria uma maneira de separar a objetividade da subjetividade. Mas depois ele também formulou o método  hipotético dedutivo para as ciências sociais.

O empirísmo se a testes práticos e a percepção, e me parece uma linha tênue entre subjetividade e objetividade. Tem algo a ver entre as relações das ciências naturais e as humanas.
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Re: Falseabilidade
« Resposta #40 Online: 04 de Junho de 2007, 10:19:30 »
A pergunta é se o que é infalseável não existe. Ué, se é infalseável já está claro que nunca saberemos se existe ou não, portanto de acordo com o racionalismo critico é uma pergunta meio boba.

Então vamos considerar este critério, de que o que é infalseável não podemos saber se existe ou não (que eu discordo).

O que poderiamos dizer que é infalseável? O que podemos dizer que não sabemos se existe ou não?



O que não pode ser observado como um fenômeno científico.

Mas uma coisa é o fenômeno, o fato, outra é como podemos explicar o fato. O método científico se refere a como explicar o fato e implica que as hipóteses devem ser falseáveis. Isso é completamente diferente de dizer que um fato existe ou não por ter ou não uma hipótese falseável para explicá-lo.

Offline uiliníli

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Re: Falseabilidade
« Resposta #41 Online: 04 de Junho de 2007, 17:52:51 »
Concerteza, mas o racionalismo crítico parece imbatível, e não é a toa que dá embasamento a ciência através do conceito de falseabilidade.

Imbatível? E o eterno clássico tríplice da Filosofia da Ciência: Popper x Kuhn x Feyerabend? Não existe consenso sobre qual é a melhor definição de ciência.

Offline Adriano

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Re: Falseabilidade
« Resposta #42 Online: 04 de Junho de 2007, 18:06:41 »
Concerteza, mas o racionalismo crítico parece imbatível, e não é a toa que dá embasamento a ciência através do conceito de falseabilidade.

Imbatível? E o eterno clássico tríplice da Filosofia da Ciência: Popper x Kuhn x Feyerabend? Não existe consenso sobre qual é a melhor definição de ciência.

Mas no contexto do ceticismo científico, quem manda é Popper  :P

A questão de exigência de provas é típica da falseabilidade, da objetividade através de testes.

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Offline Adriano

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Re: Falseabilidade
« Resposta #43 Online: 04 de Junho de 2007, 19:43:06 »
Citação de: Wikipédia
Feyerabend criticou também o que chamou de falsificacionismo. Ele argumenta que nenhuma teoria interessante é completamente consistente com todos os fatos relevantes. Isso eqüivaleria a se deixar levar por uma ingênua regra falsificacionista que afirma que teorias científicas devam ser rejeitadas se elas não estão de acordo com os fatos conhecidos.

 :o

 :?
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Offline uiliníli

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Re: Falseabilidade
« Resposta #44 Online: 05 de Junho de 2007, 18:09:30 »
Mas no contexto do ceticismo científico, quem manda é Popper  :P

A questão de exigência de provas é típica da falseabilidade, da objetividade através de testes.



Ah, sim, nesse contexto tudo bem. Popper é o queridinho dos céticos e racionalistas. A crítica que Kuhn e Feyerabend (em maior escala) fazem, entretanto, é que sua visão de ciência é meio idealizada e tem pouco a ver com o dia-a-dia dos laboratórios mesmo.

Citação de: Wikipédia
Feyerabend criticou também o que chamou de falsificacionismo. Ele argumenta que nenhuma teoria interessante é completamente consistente com todos os fatos relevantes. Isso eqüivaleria a se deixar levar por uma ingênua regra falsificacionista que afirma que teorias científicas devam ser rejeitadas se elas não estão de acordo com os fatos conhecidos.

 :o

 :?


Esse texto é uma tradução da versão em inglês, mas o tradutor tropeçou nessa frase aí, compare com o original em inglês:

Citar
Feyerabend was also critical of falsificationism. He argued that no interesting theory is ever consistent with all the relevant facts. This would rule out using a naïve falsificationist rule which says that scientific theories should be rejected if they do not agree with known facts. Feyerabend uses several examples, but 'renormalization' in quantum mechanics provides an example of his intentionally provocative style: "This procedure consists in crossing out the results of certain calculations and replacing them by a description of what is actually observed. Thus one admits, implicitly, that the theory is in trouble while formulating it in a manner suggesting that a new principle has been discovered" (AM p. 61). Such jokes are not intended as a criticism of the practice of scientists. Feyerabend is not advocating that scientists do not make use of renormalization or other ad hoc methods. Instead, he is arguing that such methods are essential to the progress of science for several reasons. One of these reasons is that progress in science is uneven. For instance, in the time of Galileo, optical theory could not account for phenomena that were observed by means of telescopes. So, astronomers who used telescopic observation had to use 'ad hoc' rules until they could justify their assumptions by means of optical theory.

A melhor tradução não é "com os fatos conhecidos", mas "com fatos conhecidos". O exemplo sobre renormalização explica um pouco isso.

Atheist

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Re: Falseabilidade
« Resposta #45 Online: 05 de Junho de 2007, 20:37:03 »
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Ah, sim, nesse contexto tudo bem. Popper é o queridinho dos céticos e racionalistas. A crítica que Kuhn e Feyerabend (em maior escala) fazem, entretanto, é que sua visão de ciência é meio idealizada e tem pouco a ver com o dia-a-dia dos laboratórios mesmo.

Não só isso, mas também uma forma de dizer que ciências humanas são ciência.

Quanto ao dia-a-dia do laboratório, realmente é difícil seguir rigorosamente o método popperiano, embora ele esteja intrínseco. Com um pouco de observação é possível identificá-lo subjacente ao que se faz diariamente. Acho Feyerabend um pouco exagerado, mas preciso ler mais sobre ele.

Offline uiliníli

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Re: Falseabilidade
« Resposta #46 Online: 07 de Junho de 2007, 18:51:13 »
O Popper tentou formalizar racionalmente o conceito de ciência de forma precisa e universal, o custo dessa abordagem é impor limites mais restritivos do que os cientistas estão dispostos a respeitar, afinal, o progresso da ciência não deve ser interrompido por meros formalismos filosóficos.

Offline Luis Dantas

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Re: Falseabilidade
« Resposta #47 Online: 08 de Junho de 2007, 02:48:44 »
Por falar nisso, algum de vocês teria uma informação sobre as bases da alegação que ocasionalmente encontro de que havia um tratamento científico da psicanálise?

Pelo critério popperiano não vejo como sequer começar a alegar que psicanálise tenha valor científico.
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline Tash

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Re: Falseabilidade
« Resposta #48 Online: 08 de Junho de 2007, 02:54:05 »
Por falar nisso, algum de vocês teria uma informação sobre as bases da alegação que ocasionalmente encontro de que havia um tratamento científico da psicanálise?

Pelo critério popperiano não vejo como sequer começar a alegar que psicanálise tenha valor científico.

Popper afirmou que não, segundo a wikipedia.

http://en.wikipedia.org/wiki/Falsifiability

"Popper himself argued that neither Marxism nor psychoanalysis were science,"

blue pill

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Re: Falseabilidade
« Resposta #49 Online: 13 de Junho de 2007, 20:34:01 »

"Cerca de 96,8% dos céticos nunca se perguntaram: Será possível falsear a falseabilidade?"

 

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