Ao criticar o ateísmo militante o Pe. Zezinho se escuda em um discurso aparentemente democrático e não-reducionista: todos temos direito às nossas opiniões e a expressá-las , não se pode julgar a moral de um indivíduo baseado apenas na suas crença ou descrença em uma divindade. Assim os ateus militantes seriam tão intolerantes quanto os crentes que criticam.
A questão é que a religião não é uma opinião ,um gosto, ela é uma forma de ver e interpretar a realidade,é uma das principais formas de alienação humana ( no sentido em que Marx utiliza o termo hegeliano). O ser humano cria seus deuses e com eles a religião e a partir daí esta criação o domina e funciona como um véu na sua percepção da realidade , moldando a forma como interage com o mundo.
Criticar a religião é uma das principais tarefas de quem considera que o mundo atual deve ser modiificado para melhor porque a religião é um espelho deformante que perpetua a divisão entre os seres humanos , tanto quanto o racismo ,a xenofobia , o sexismo. Todas as religiões estabelecem uma separação entre os seus seguidores e os demais , todas partem do princípio que têm as verdadeiras ordenações da sua(s) divindade(s) , todas moldam a relação entre os seres humanos por critérios a priori que elas estabelecem como oriundas da divindade.
A Igreja Católica a que pertence o Pe. Zezinho é um dos exemplos mais claros na história humana dos malefícios da religião ,na sua participação e justificação da xenofobia ( o anti-semirismo cristão), da escravidão, do sexismo.
Por outro lado os assim chamados "ateus militantes" , como Richard Dawkins, embora tenham um papel importante no questionamento da religião e do teísmo, a meu ver erram o alvo ao considerar que pode-se combater a alienação religiosa (ou qualquer outra forma de alienação) apenas com argumentos racionais. Para efetivamente eliminar o teísmo e as religiões é necessário que as ilusões não sejam mais necessárias , que a sociedade humana possa ser organizada de forma que a relação entre os seres humanos e destes com o mundo possa se dar sem mediadores fictícios