Além de concordar com as observações anteriores sobre um certo "dogmatismo ateu" na formulação do tópico acho que a crítica ao Niemeyer não levou em consideração a atitude do arquiteto para com o seu cliente.
A Arquitetura é uma profissão com enfoque eminentemente social no sentido que ela tenta adequar o espaço ao homem levando em conta não só o contexto físico ( terreno,clima, luminosidade) mas também o social ( estilo , objetivo de uso , relação com o entorno) , mesmo no projeto de uma casa unifamiliar leva-se em consideração as particularidades dos membros em relação ao seu "modo de vida", porque o uso da construção é sempre coletivo.
Isto é tanto mais verdadeiro em um espaço coletivo , como um templo. Em uma entrevista foi perguntado ao Niemeyer exatamente a questão do tópico: como ele sendo ateu projetou a catedral de Brasília? A resposta foi que ele procurou criar um espaço para a religiosidade e para isso ele teve que se colocar na posição do fiel e imaginar, sendo incrédulo , a emoção do sentimento religioso , foi um desafio profissional ( como ele colocou) criar um espaço harmônico e que transmitisse aos usuários uma sensação que ele, enquanto indivíduo, não sente mas como artista procurou recriar .
Certamente para ele foi mais significativo profissionalmente (não falo em remuneração) projetar a Catedral do que a sede do Partido Comunista Francês.