Autor Tópico: UFRGS adotará regime de cotas racistas  (Lida 3977 vezes)

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Offline Luis Dantas

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Re: UFRGS adotará regime de cotas racistas
« Resposta #25 Online: 30 de Junho de 2007, 20:51:11 »
A gente pode considerar uma coisa que talvez explique esse bom desempenho dos alunos oriundos da rede pública: por mais que eles tenham um déficit de aprendizado com relação aos da privada (assumindo por hipótese que esse déficit exista), na universidade todo mundo volta à estaca zero. O que se ensina na universidade não depende tanto assim dos conteúdos ensinados na escola, e naquilo em que eles dependem os estudantes da rede pública conseguem aprender esses conteúdos lá mesmo dentro da universidade sem grande dificuldade.

Hmm... hein?

Com todo o respeito, Willy, não concordo.  Não acho que seja assim, e principalmente, não acho que se deva aceitar que assim seja.  Você basicamente está dizendo que ensino médio é pura burocracia e teste da paciência, que não tem verdadeira função didática.

Se isso por acaso for verdade, melhor extingui-lo de uma vez; toda essa multidão de professores que se sacrifica para ensinar merece a oportunidade de trabalhar em algo útil (e provavelmente melhor pago).

Minha suspeita é que de fato o ensino médio se enfraqueceu tanto nos últimos vinte ou trinta anos que praticamente não tem mais utilidade, e por isso as faculdades também caíram tanto - na prática a graduação está se tornando ensino técnico profissionalizante com mais pompa e despesas.

Não admira que tantos órgãos de classe (como a OAB) praticamente não reconheçam mais os títulos de graduação...
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline Luis Dantas

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Re: UFRGS adotará regime de cotas racistas
« Resposta #26 Online: 30 de Junho de 2007, 20:52:45 »
falando pelas ciências exatas, eu acho que quando aprendemos Cálculo parece mais que a Matemática está começando de novo do que que estamos seguindo uma seqüência iniciado no colégio.
HUH? Do que você está falando?

Isso eu já entendo, tive a mesma sensação.  Eu adorava matemática no ensino médio, mas parecia que tinham me largado em um país estrangeiro falando outra língua quando tive minhas primeiras aulas de cálculo.
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Offline Guinevere

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Re: UFRGS adotará regime de cotas racistas
« Resposta #27 Online: 30 de Junho de 2007, 21:13:29 »
Uh???

Podem dar exemplos?

Achei aquilo tudo um continuação tão natural da matemática pré-cálculo... Mas talvez porque eu não tenha visto, de fato, matemática no ensino médio. Fiz um profissionalizante - e noturno - que dava mais enfase em matemática financeira - quando o professor ia. Então estudei pro vestibular por conta própria. Sei lá.

Offline Luis Dantas

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Re: UFRGS adotará regime de cotas racistas
« Resposta #28 Online: 30 de Junho de 2007, 21:30:24 »
Deve ser isso mesmo. Além de você simplesmente ser boa autodidata e ter interesse em matemática.

No meu caso eu estupidamente deixei de fazer o terceiro ano para fazer cursinho no lugar (havia esquecido desse "pequeno" detalhe)... me dei MUITO mal.

Também tenho umas teses pessoais sobre o nível de instrução ser parcialmente determinado pelo meio familiar, mas isso eu elaboro outra hora.
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Offline Guinevere

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Re: UFRGS adotará regime de cotas racistas
« Resposta #29 Online: 30 de Junho de 2007, 21:36:09 »
Mas eu era muito ruim, ficava de prova final em todos os períodos...

Offline uiliníli

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Re: UFRGS adotará regime de cotas racistas
« Resposta #30 Online: 30 de Junho de 2007, 21:48:26 »
Com todo o respeito, Willy, não concordo.

E desde quando discordar é faltar com o respeito?  :|

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Não acho que seja assim, e principalmente, não acho que se deva aceitar que assim seja.  Você basicamente está dizendo que ensino médio é pura burocracia e teste da paciência, que não tem verdadeira função didática.

Uma coisa é a discussão sobre se as coisas são ou estão de fato assim. Outra bem diferente é se o jeito como elas são ou estão é o certo ou não.

Para a segunda questão acho que tanto eu quanto você vamos concordar que o modo como a educação deveria ser é o melhor possível. O que podemos discordar é quanto á primeira questão: o ensino médio tem contribuído relevantemente na educação dos estudantes? Acho que uma possível resposta pode ser dada pelo ENEM. Segundo o site do INEP, os estudantes da escola pública tiveram nota média de 34,94 na prova objetiva e 51,23 na redação numa escala de zero a 100. Os estudantes da rede particular obtiveram respectivamente 50,57  e 59,77. Onde eu estudei o ensino médio a média era 6,0 em escala de zero a dez, portanto com essas notas não daria para passar de ano. Fica evidenciado um grande abismo entre a rede pública e a particular, mas mesmo a particular não é satisfatória.

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Se isso por acaso for verdade, melhor extingui-lo de uma vez; toda essa multidão de professores que se sacrifica para ensinar merece a oportunidade de trabalhar em algo útil (e provavelmente melhor pago).

Existem professores bons e ruins. Se o ensino médio é tão fraco boa parte da culpa é dos ruins, dos professores que não preparam suas aulas, que não investem na sua qualificação, que não se interessam pelo aprendizado dos alunos... E infelizmente no Brasil existe a lógica do "quem não sabe fazer ensina", a docência é uma profissão tão desvalorizada que repele os bons profissionais, em vez de atraí-los, portanto acho que sua sugestão de colocar os professores para trabalharem em algo mais útil não serve simplesmente porque muitos desses professores não são úteis para mais nada.

Estudava Engenharia Física na UFSCar (atualmente me transferi para a Engenharia Química) e convivia diretamente com os estudantes de Física. O curso de Física na UFSCar oferece Bacharelado e Licenciatura como ênfases, então o aluno decide no decorrer do curso qual diploma ele quer, o de bacharel, o de licenciado ou ambos. O que acontece é que praticamente todo mundo entra no curso com a ambição de se formar bacharel ou bacharel e licenciado. Acontece que os que começam a reprovar muito (a grande maioria) com o tempo vão desistindo do bacharelado e optam pela licenciatura somente. Moral da história: quem sobra para a licenciatura são os piores alunos.

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Minha suspeita é que de fato o ensino médio se enfraqueceu tanto nos últimos vinte ou trinta anos que praticamente não tem mais utilidade, e por isso as faculdades também caíram tanto - na prática a graduação está se tornando ensino técnico profissionalizante com mais pompa e despesas.

É um ciclo vicioso. O Ensino Médio piora, conseqüentemente o Ensino Superior piora o que torna a próxima geração de professores pior do que a anterior, o que vai piorar o Ensino Médio.

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Não admira que tantos órgãos de classe (como a OAB) praticamente não reconheçam mais os títulos de graduação…

Não admira mesmo...

Offline Herf

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Re: UFRGS adotará regime de cotas racistas
« Resposta #31 Online: 30 de Junho de 2007, 22:02:13 »
Chega de apartheid intelectual! Cotas para burros JÁ!

Mas o que é este sistema de cotas, senão justamente uma reivindicação de pessoas que assumem sua própria incompetência e seu "coitadismo" doentio, e tentam justificá-los com esfarrapadíssimas desculpas tais como "dívida histórica"?

Offline Luis Dantas

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Re: UFRGS adotará regime de cotas racistas
« Resposta #32 Online: 30 de Junho de 2007, 22:06:57 »
A tese que sustenta ideologicamente o sistema de cotas (e que acabo de descobrir para minha própria surpresa que eu apóio pelo menos em parte) é a de que a prosperidade acadêmica e financeira foi prejudicada em gerações passadas devido à discriminação racial e por isso é preciso "empurrar" as oportunidades no sentido oposto para compensar essa injustiça.

É uma idéia muito problemática, mas a intenção não é recompensar incompetência.
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Offline uiliníli

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Re: UFRGS adotará regime de cotas racistas
« Resposta #33 Online: 30 de Junho de 2007, 22:11:34 »
Uh???

Podem dar exemplos?

Achei aquilo tudo um continuação tão natural da matemática pré-cálculo… Mas talvez porque eu não tenha visto, de fato, matemática no ensino médio. Fiz um profissionalizante - e noturno - que dava mais enfase em matemática financeira - quando o professor ia. Então estudei pro vestibular por conta própria. Sei lá.

Este aqui é o conteúdo programático padrão da matemática do ensino médio. Vou negritar o que considero indispensável para a faculdade. Coisas indispensáveis, mas que são absurdamente triviais estarão também em itálico. Claro que isso é minha opinião pessoal, você pode dicordar.

MATEMÁTICA

Probabilidade, Cálculos e Outros

Análise combinatória, Fatoração, Análise combinatória, Binômio de Newton, Probabilidade, Média aritmética, Grandezas proporcionais, Regras de três: simples e composta, Juros, conjuntos numéricos, Números complexos, Função Polinomial, Polinômios, Equações algébricas, Determinantes, Sistemas lineares, Análise Dimensional, Produtos Notáveis, Regra de Três, Porcentagem,

Geometria e Trigonometria

Geometria plana, Relações Angulares em Triângulos, Polígonos e quadriláteros notáveis, Teorema de Tales, Semelhança de Triângulos, Teorema de Pitágoras, Lugares Geométricos, Áreas de figuras planas 7. Relações trigonométricas nos triângulos e retângulos, Funções trigonométricas no ciclo trigonométrico, Funções trigonométricas no ciclo trigonométrico, Arcos, Relações trigonométricas nos triângulos quaisquer, Circunferência, Cônicas, Prismas ecilindros, Pirâmides, Cones e troncos, Esfera e Partes, Geometria Métrica, Relações e Tabela, Adição e Subtração de Arcos, Ângulos, Elementos Notáveis de um Triângulo, Desigualdades Triangulares, Quadriláteros Notávei, Polígonos, aralelas, Transversais e Ângulos, Teorema do Triângulo Retângulo (TTR) e Teorema do Quadrilátero Inscrito (TQI), Triângulos Semelhantes, Potência de Ponto, Relações Trigonométricas no Triângulo Retângulo, Teoria dos Senos, Teorema dos Cosenos e Natureza de um Triângulo, Áreas das Figuras Planas, Geometria Analítica, A Reta no Plano Cartesiano, Paralelismo e Perpendicularismo, Prisma,

Operações, Álgebra e Matrizes

Potenciação, Radiciação, Fatoração, Conjuntos, Funções, Propriedades das Funções, Funções do 1º e 2º Graus, Inequações do 1º e 2º Graus, Vértice da parábola, Função Exponencial e Logaritmos, Função Logarítmica, Módulo em um número real, Progressão Aritmética, Progressão Aritmética, Progressão Geométrica, Progressão Geométrica, Matrizes, Matrizes e determinantes, Funções, Logarítimo, Equação Exponencial, Progressão Aritmética, Análise Combinatória

Fonte: http://www.mundovestibular.com.br/areas/matematica.asp

Eu marquei vinte nove itens como necessários e só nove deles eu não considerei triviais.

Offline Herf

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Re: UFRGS adotará regime de cotas racistas
« Resposta #34 Online: 30 de Junho de 2007, 22:15:41 »
A tese que sustenta ideologicamente o sistema de cotas (e que acabo de descobrir para minha própria surpresa que eu apóio pelo menos em parte) é a de que a prosperidade acadêmica e financeira foi prejudicada em gerações passadas devido à discriminação racial e por isso é preciso "empurrar" as oportunidades no sentido oposto para compensar essa injustiça.

É uma idéia muito problemática, mas a intenção não é recompensar incompetência.

O argumento é o seguinte: pessoas de determinadas etnias, hoje, dizem ser "injusta" a competição com pessoas que não são destas etnias, por causa de uma supota dívida histórica que os segundos têm para com os primeiros. Percebe? A dita "injusta" concorrência justificaria uma facilitada no ingresso na universidade (que deveria ser, antes de tudo, um centro de excelência em estudos, não? Nada de "refletir as proporções étnicas da sociedade…"). O que é isso senão assumir a própria incompetência e passar um atestado de coitadismo?

Offline Luis Dantas

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Re: UFRGS adotará regime de cotas racistas
« Resposta #35 Online: 30 de Junho de 2007, 22:19:06 »
É se recusar a ser vítima dos preconceitos alheios.

Ou, pelo menos, espera-se que seja.  Não concordo completamente, mas entendo a lógica.
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Offline Herf

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Re: UFRGS adotará regime de cotas racistas
« Resposta #36 Online: 30 de Junho de 2007, 22:23:09 »
Preconceitos de quem, exatamente?

Offline Luis Dantas

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Re: UFRGS adotará regime de cotas racistas
« Resposta #37 Online: 30 de Junho de 2007, 22:26:41 »
Das comunidades racistas que, conscientemente ou não, negaram a essas etnias as mesmas oportunidades de estudo e emprego que outros tiveram.

Eu não aceito esse argumento completamente... mas concordo que é muito mais difícil se dedicar ao estudo e trabalho se você vem de um lar que não foi capaz de dar o exemplo.
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Offline Herf

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Re: UFRGS adotará regime de cotas racistas
« Resposta #38 Online: 30 de Junho de 2007, 22:54:08 »
Que de qualquer forma não justifica a reivindicação de maneira alguma.

Aliás, são tremendamente exageradas as declarações sobre preconceito racial no Brasil. Ocasionalmente aparecem na mídia aqueles casos, que por serem tão estarrecedores e demonstrarem a ignorância dos que discriminam por cor, são compreensivelmente tão alardeados que fazem parecer que o Brasil é um país realmente racista. Possuimos a maior diversidade do mundo!

Sem contar os inúmeros exemplos de "discriminófilos", pessoas que querem ver discriminação em tudo.

Offline Luis Dantas

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Re: UFRGS adotará regime de cotas racistas
« Resposta #39 Online: 30 de Junho de 2007, 22:56:29 »
Isso realmente existe, Procedure.  Mas "racismo amigável" também é uma realidade, inclusive e talvez principalmente no Brasil.  E é uma praga abominável que não deve ser desconsiderada.
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Offline Guinevere

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Re: UFRGS adotará regime de cotas racistas
« Resposta #40 Online: 30 de Junho de 2007, 23:52:02 »

Eu marquei vinte nove itens como necessários e só nove deles eu não considerei triviais.
Acho que não entendi nada. O que foi disso que foi um "recomeço"?

Offline Daniboy

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Re: UFRGS adotará regime de cotas racistas
« Resposta #41 Online: 30 de Junho de 2007, 23:58:40 »
A gente pode considerar uma coisa que talvez explique esse bom desempenho dos alunos oriundos da rede pública: por mais que eles tenham um déficit de aprendizado com relação aos da privada (assumindo por hipótese que esse déficit exista), na universidade todo mundo volta à estaca zero. O que se ensina na universidade não depende tanto assim dos conteúdos ensinados na escola, e naquilo em que eles dependem os estudantes da rede pública conseguem aprender esses conteúdos lá mesmo dentro da universidade sem grande dificuldade.

Outra hipótese (menos séria, relaxem :lol:): os cotistas geralmente têm menos recursos do que os não-cotistas, por isso enquanto estes torram a grana que os pais têm sobrando indo a festas, aqueles ficam em casa estudando ::)
Loló e maconha são coisas baratas que você não tem nem noção.
"Afirmar que "Deus fez isso" não é nada mais do que uma admissão de ignorância vestida enganadoramente como uma explicação."
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"Os teístas distorcem seus conhecimentos devido a suas crenças, os ateus distorcem suas crenças devido a seus conhecimentos."

Temma

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Re: UFRGS adotará regime de cotas racistas
« Resposta #42 Online: 30 de Junho de 2007, 23:58:54 »
achei um texto interessante. principalmente pelos números apresentados.


Desigualdade racial e desempenho escolar
Carlos Henrique Araújo e Ubiratan Castro de Araújo *

O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) tem revelado um quadro da qualidade da educacional nada confortador e um aumento das desigualdades no sistema de ensino, especialmente a racial. A primeira constatação é que os alunos negros são excluídos prematuramente da escola. A participação das crianças negras na última série do ensino médio representa a metade da registrada na 4a série do ensino fundamental, enquanto os brancos, que somam 44% dos alunos ao final do primeiro ciclo do fundamental, totalizam 76% na 3a série do ensino médio.

Os alunos negros que sobrevivem na escola são vítimas de uma sistemática queda de desempenho. Entre 1995 e 2001, a diferença no desempenho escolar na prova de leitura dos estudantes negros, em relação aos brancos, aumentou de 20 para 26 pontos. O estudo mostra, ainda, que, em leitura, na 4a série do ensino fundamental, 67% dos estudantes negros apresentam desempenho classificado como “crítico” e “muito crítico” contra 44% de alunos brancos. Seríamos tentados a entender a diferença de desempenho entre brancos e negros como resultado de um fenômeno de longa duração – a inserção desigual e discriminada das populações negras na sociedade nacional, após a abolição da escravidão. Certamente, há uma estreita relação entre a pobreza (econômica e educacional) e a percepção e representações sociais sobre a cor do povo brasileiro.

No entanto, os dados revelam que, mesmo entre estudantes de escolas particulares, portanto com níveis socioeconômicos similares, o desempenho entre brancos e negros não é igual. Na 4a série, em Língua Portuguesa, alunos negros alcançam uma pontuação de 179, na escala de desempenho, e os brancos de 228 pontos.

Ainda que insistíssemos em uma explicação centrada nas desvantagens historicamente acumuladas pelas famílias negras, um certo déficit de “capital cultural” expresso pela baixa escolaridade de bisavós, avós e pais, teríamos grande dificuldade de entender os dados do Saeb relativos à escolaridade da família. Alunos brancos, matriculados na 4a série (rede pública e particular) – filhos de mães com escolaridade até a 8a série do ensino fundamental – obtiveram média de desempenho de 175 pontos em Matemática, contra uma média de 160 de estudantes negros filhos de mães com a mesma escolaridade. Essa diferença de 15 pontos entre as médias de desempenho aumenta para 38 quando comparamos brancos, com mães de escolaridade média ou superior, com alunos negros, com mães de mesma escolaridade.

Não há como reduzir o campo explicativo dessa desigualdade educacional às variáveis socioeconômicas. Certamente que elas são um componente importante do problema mas não o explica totalmente. O que salta à vista é a reprodução de condições hostis aos alunos negros nas escolas brasileiras que atuam permanentemente para o agravamento das diferenças de desempenho escolar desse segmento. É preciso enfrentar, sem hipocrisia, a constatação de que a escola não é tão eficaz para os negros quanto é para os brancos. Essa evidência define os contornos de um problema a ser diagnosticado e resolvido: as desigualdades raciais são especificamente responsáveis pelas desigualdades educacionais.

Muitas são as hipóteses a serem consideradas sem reservas e sem preconceitos. Devemos nos perguntar se os conteúdos e os métodos praticados nas escolas são compatíveis com as especificidades culturais e com os anseios de cidadania da população escolar negra. Os dispositivos legais em vigor indicam que não. A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o Ministério da Educação definiu, nos Parâmetros Curriculares e nos Parâmetros em Ação, o tema transversal da diversidade cultural, pelo qual pretende atuar no sentido de dar um atendimento adequado às escolas para que possam praticar a pluralidade que compõe a cultura brasileira. Sabemos que essa diretriz é largamente ignorada nas práticas cotidianas das escolas no Brasil. É também significativo o reconhecimento governamental de que a história e a cultura negra no Brasil estão ausentes na formação dos cidadãos brasileiros e, por isso mesmo, promulgou a lei que tornou essas matérias obrigatórias em todas as escolas e em todos os níveis de ensino. Implementar essa legislação em vigor é um desafio que está sendo enfrentado pelo Ministério da Educação que conta, para tanto, com o apoio do Ministério da Cultura, por meio da  Fundação Cultural Palmares. A promoção da cultura negra nas escolas brasileiras é uma das ações prioritárias para o combate às desigualdades raciais e educacionais nas escolas, porquanto o conhecimento das diferenças traz consigo a possibilidade de um novo hábito de convívio, mutuamente respeitoso entre alunos de diferentes cores e culturas.

Para além de conteúdos e métodos, não podemos perder de vista as relações sociais dentro da escola e no seu entorno, nas quais se reproduzem práticas discriminatórias contra alunos negros, configurando um ambiente de hostilidade. É preciso investigar as relações entre professores e alunos, entre os alunos, entre as famílias e as escolas. Os estudos indicam que aí se reproduz um racismo difuso, silencioso e habitual, fundamentado na cristalização de representações negativas do estudante negro. Não é mais possível esconder que a expectativa do fracasso pesa como permanente suspeição contra o negro. Conclui-se, pois, que qualquer ação de enfrentamento da desigualdade educacional deve ser acompanhada de políticas eficazes de combate ao racismo.


http://www.inep.gov.br/imprensa/artigos/araujo_ubiratan.htm

Offline uiliníli

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Re: UFRGS adotará regime de cotas racistas
« Resposta #43 Online: 01 de Julho de 2007, 00:25:54 »

Eu marquei vinte nove itens como necessários e só nove deles eu não considerei triviais.
Acho que não entendi nada. O que foi disso que foi um "recomeço"?

É que essas são as coisas que chegam a ser usadas na faculdade - uma minoria do conteúdo total. Mas a maior parte da matemática é tão nova que elas ficam relegadas a um papel bem secundário. Por isso o quanto desses conteúdos foram assimilados no Ensino Médio acaba não fazendo tanta diferença assim, pelo menos não uma diferença insuperável.

Offline Guinevere

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Re: UFRGS adotará regime de cotas racistas
« Resposta #44 Online: 01 de Julho de 2007, 00:28:20 »
ah, tá... bom, que eu me lembre, as coisas que você não negritou eu também vi em outras matérias... fora cosias como juros e porcentagem

Offline uiliníli

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Re: UFRGS adotará regime de cotas racistas
« Resposta #45 Online: 01 de Julho de 2007, 00:32:14 »

Para além de conteúdos e métodos, não podemos perder de vista as relações sociais dentro da escola e no seu entorno, nas quais se reproduzem práticas discriminatórias contra alunos negros, configurando um ambiente de hostilidade. É preciso investigar as relações entre professores e alunos, entre os alunos, entre as famílias e as escolas. Os estudos indicam que aí se reproduz um racismo difuso, silencioso e habitual, fundamentado na cristalização de representações negativas do estudante negro. Não é mais possível esconder que a expectativa do fracasso pesa como permanente suspeição contra o negro. Conclui-se, pois, que qualquer ação de enfrentamento da desigualdade educacional deve ser acompanhada de políticas eficazes de combate ao racismo.


http://www.inep.gov.br/imprensa/artigos/araujo_ubiratan.htm

É um texto interessante realmente. Esse último parágrafo me faz pensar é se a existência de cotas não causaria um aumento nesse racismo, agora dentro da universidade.

Offline uiliníli

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Re: UFRGS adotará regime de cotas racistas
« Resposta #46 Online: 01 de Julho de 2007, 00:33:33 »
ah, tá… bom, que eu me lembre, as coisas que você não negritou eu também vi em outras matérias… fora cosias como juros e porcentagem

Como eu disse, essas são as coisas que eu pessoalmente considerei mais necessárias. Além do mais, nossos cursos são diferentes, você pode ter visto coisas que eu não vi e versa-vice.

Offline Guinevere

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« Resposta #47 Online: 01 de Julho de 2007, 00:37:04 »
Ainda assim acho um exagero a idéia de "recomeço". Muitas coisas estão lá do mesmo jeito, a começar pelos algarismos, símbolos como "=,+,-", a maneira como escrevemos equações, exponenciações, letras x, etc e tudo mais. 

Offline uiliníli

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« Resposta #48 Online: 01 de Julho de 2007, 01:07:50 »
Eu não falei que era um recomeço em tudo, que era aprender grego para quem só estudou latim. Eu disse que parecia mais com um recomeço do que com uma seqüência. Por que? Porque há muita coisa nova, há coisa nova demais e muito do que foi visto no colégio acaba sendo perdido ou tem relativamente pouca importância.

Offline Luis Dantas

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Re: UFRGS adotará regime de cotas racistas
« Resposta #49 Online: 01 de Julho de 2007, 01:08:50 »
achei um texto interessante. principalmente pelos números apresentados.

Interessante sem dúvida, mas não basta para fechar a questão.

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(...) A primeira constatação é que os alunos negros são excluídos prematuramente da escola. A participação das crianças negras na última série do ensino médio representa a metade da registrada na 4a série do ensino fundamental, enquanto os brancos, que somam 44% dos alunos ao final do primeiro ciclo do fundamental, totalizam 76% na 3a série do ensino médio.

Quando estudava estatística eu aprendi a não confiar demais em números.  Neste caso especificamente, eu não estou convencido de que estes números sejam acurados - e, de fato, acho que é um caso em que não é possível ser acurado.  Não sei quais critérios usaram para distinguir os negros dos brancos (aparentemente são as duas únicas categorias consideradas nesse estudo; não há pardos, amarelos, indígenas ou mestiços), não sei se esses critérios foram aplicados de forma consistente ao final do ensino médio e ao final da quarta série, e por fim, não sei se por acaso a diferença de números não seria pelo menos em parte devido a alguma tendência a pressupor que alunos mais avançados devam "na dúvida" ser classificados como brancos (o que pode ser feito vários motivos, conscientes ou não, com má ou boa intenção) e/ou a considerar casos ambíguos na classe mais básica como sendo negros (idem).

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Os alunos negros que sobrevivem na escola são vítimas de uma sistemática queda de desempenho. Entre 1995 e 2001, a diferença no desempenho escolar na prova de leitura dos estudantes negros, em relação aos brancos, aumentou de 20 para 26 pontos. O estudo mostra, ainda, que, em leitura, na 4a série do ensino fundamental, 67% dos estudantes negros apresentam desempenho classificado como “crítico” e “muito crítico” contra 44% de alunos brancos.

Esses números parecem mais confiáveis.  Mas também são um argumento pelo menos tão bom CONTRA as cotas (e a favor de um ensino fundamental melhor) quanto a favor delas.  Afinal de contas, se há alguma desvantagem verdadeira na formação básica dos alunos, a coisa lógica a fazer não é deixar que se preparem mal para então deixar que entrem na faculdade por decreto; é, isso sim, CORRIGIR essas deficiências de formação para que os alunos não passem por dificuldades e constrangimentos evitáveis pelo resto da vida.

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(...) No entanto, os dados revelam que, mesmo entre estudantes de escolas particulares, portanto com níveis socioeconômicos similares, o desempenho entre brancos e negros não é igual. Na 4a série, em Língua Portuguesa, alunos negros alcançam uma pontuação de 179, na escala de desempenho, e os brancos de 228 pontos.

Outro dado interessante, mas de interpretação questionável.  Não há garantias de que os níveis sócioeconômicos dessas populações negra e branca sejam realmente similares, por exemplo; só o que sabemos é que são todos alunos de escolas particulares.  Mas podem ter situações sócio-econômicas bem distintas de uma forma geral.

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Ainda que insistíssemos em uma explicação centrada nas desvantagens historicamente acumuladas pelas famílias negras, um certo déficit de “capital cultural” expresso pela baixa escolaridade de bisavós, avós e pais, teríamos grande dificuldade de entender os dados do Saeb relativos à escolaridade da família. Alunos brancos, matriculados na 4a série (rede pública e particular) – filhos de mães com escolaridade até a 8a série do ensino fundamental – obtiveram média de desempenho de 175 pontos em Matemática, contra uma média de 160 de estudantes negros filhos de mães com a mesma escolaridade. Essa diferença de 15 pontos entre as médias de desempenho aumenta para 38 quando comparamos brancos, com mães de escolaridade média ou superior, com alunos negros, com mães de mesma escolaridade.

Não duvido; mas qual é a margem de erro desses valores (esse é um fator muito importante)?  Foi feito algum esforço para garantir que as condições sócio-econômicas das populações negras e brancas pesquisadas sejam comparáveis?  Qual cuidado foi tomado para que as categorizações em "negros" e "brancos" sejam acuradas e consistentes?

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(...) É preciso enfrentar, sem hipocrisia, a constatação de que a escola não é tão eficaz para os negros quanto é para os brancos. Essa evidência define os contornos de um problema a ser diagnosticado e resolvido: as desigualdades raciais são especificamente responsáveis pelas desigualdades educacionais.

Eu já não acho que isso foi provado (aliás, dificilmente se prova o que quer que seja só com estatísticas); e acho que é preciso ter muita cautela com esse tipo de afirmação, que pode ser usada para negar oportunidades a etnias que "tem comprovadamente" mais dificuldades educacionais.  Basicamente era o que a África do Sul fazia durante o Apartheid.


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(...)

Para além de conteúdos e métodos, não podemos perder de vista as relações sociais dentro da escola e no seu entorno, nas quais se reproduzem práticas discriminatórias contra alunos negros, configurando um ambiente de hostilidade. É preciso investigar as relações entre professores e alunos, entre os alunos, entre as famílias e as escolas. Os estudos indicam que aí se reproduz um racismo difuso, silencioso e habitual, fundamentado na cristalização de representações negativas do estudante negro. Não é mais possível esconder que a expectativa do fracasso pesa como permanente suspeição contra o negro. Conclui-se, pois, que qualquer ação de enfrentamento da desigualdade educacional deve ser acompanhada de políticas eficazes de combate ao racismo.

De acordo.  Mas nesse particular a idéia de cotas em universidades só pode piorar o problema; não se combate o racismo tornando-o obrigatório por lei.
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The stanza uttered by a teacher is reborn in the scholar who repeats the word

Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

 

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