Acho isso tudo muito vago, Luiz. Aliás, qual a sua definição de cidadania?
Senso de participação na comunidade e de responsabilidade pelos rumos da mesma.
E de que forma o fato de os sulistas fazerem parte do país impede sua prática?
Atrelados às autoridades federais brasileiras, os sulistas se vêem subpresentados em comparação com o nordeste (pelo menos); tem de lidar com as demoras e dificuldades de entendimento de um grupo político maior e menos motivado do que eles próprios; e também se vêem obrigados a participar da política clientelista e retrógrada do Brasil como um todo.
Não vejo por que eles - ou quem quer que seja - deveria se sentir obrigado a ser parte dessa realidade.
Quanto à questão do separatismo, fica a pergunta: isso seria realmente benéfico para os estados
do sul, do ponto de vista econômico?
É quase certo que sim. Provavelmente seria benéfico para os demais Estados do atual Brasil também, pois a existência de uma maior autonomia política levaria a maior competitividade e mais incentivo para o intercâmbio comercial.
Sei que muitos dos que defendem a separação, no fundo, acreditam que a pobreza do norte e do nordeste seria um estorvo [1] ao seu desenvolvimento, e que a economia desses estados estaria melhor se eles fossem autônomos, ou soberanos. Mas será isso verdade?
Na minha opinião é um tanto relativo falar em pobreza desta ou daquela região; o que torna as regiões prósperas são os recursos naturais (e nisso não acho que região alguma do Brasil está particularmente deficiente), mas também e principalmente as atitudes e atos de suas populações.
Veja quanta energia se gasta na política atual simplesmente para tentar alternar políticos do sul/sudeste com políticos do norte/nordeste em cargos estratégicos, ou para chegar a acordos entre regiões distantes que nem sempre tem verdadeiros motivos para buscar as mesmas políticas nacionais. Ou o exemplo do Super Simples, que está sendo discutido em outro tópico.
Se tivéssemos mais Estados soberanos no que atualmente é o Brasil, teríamos mais estratégias políticas e econômicas sendo experimentadas ao mesmo tempo. Além de maior agilidade, isso nos proporcionaria mais condição de aprender uns com os outros.
Não é uma pergunta retórica. Alguem saberia responder? E, no caso de separação: o que impediria SP, por exemplo, de elevar os impostos de exportação para o sul? Ou Pernambuco aumentasse as taxas para o álcool?
Em princípio nada; mas essa é uma negociação de oferta e procura como qualquer outra. Se as taxas e impostos estiverem altas demais, haverá dificuldade em realizar negócios e incentivo a que outros Estados se ofereçam como fornecedores alternativos.
Além do que, pode-se argumentar que se há condição de aumentar significativamente esses impostos sem atingir a demanda, então esses impostos
devem ser aumentados para que (usando seus exemplos) São Paulo e Pernambuco deixem de ser explorados (não estou afirmando nem negando que haja tal condição).
[1] Sei que existe um elemento de racismo também, mas acho melhor evitar falar disso.
Não acho que separação política faça muita diferença nesse particular.