Autor Tópico: A relação de poder entre astrologia e ciência  (Lida 8647 vezes)

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Offline Adriano

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A relação de poder entre astrologia e ciência
« Online: 05 de Julho de 2007, 00:06:38 »
Na comunidade de filosofia da ciência do orkut indicaram esse texto, e Feyerabend é muito conhecido pela sua crítica contundente a ciência enquanto instituição rígida, e embora tenha a sua utopia a sua crítica é muito válida.

E só podia estar num site de astrologia esse texto, pois eles querem assim legitimar a astronomia, pela crítica de Feyerabend.


A relação de poder entre Astrologia e Ciência
A condenação da Astrologia por muitos cientistas não é fruto da aplicação rigorosa de métodos de investigação, mas sim da imposição autoritária de um único sistema de pensamento. Quem afirma isso é o filósofo Paul Feyerabend, um dos arautos da nova filosofia da ciência.
Resumo

Paul Feyerabend colaborou para a falência dos modelos normativos, desmistificando o método científico. Extremamente polêmico, principalmente por tratar de assuntos pouco usuais - como a astrologia -, para ele, a ciência não é o único e nem o melhor sistema de pensamento desenvolvido pelo homem, tendo sido alavancada a um estatuto de superioridade por forças históricas que decretaram o que deveria ser o padrão de conhecimento. Dessa maneira, o problema da demarcação entre ciência e não-ciência - como é o caso da discussão sobre a cientificidade da astrologia - tende a se tornar obsoleto, pelo menos do ponto de vista "puramente" epistemológico, passando a ser entendido como uma questão ético-política.
Introdução

Paul Karl Feyerabend (Viena, 13 de janeiro de 1924 — Genolier, 11 de fevereiro de 1994) foi um filósofo austríaco que viveu em diversos países como Reino Unido, Estados Unidos, Nova Zelândia, Itália e Suíça. Seus maiores trabalhos são Against Method (publicado em 1975), Science in a Free Society (publicado em 1978) e Farewell to Reason (uma coleção de artigos publicados em 1987). Feyerabend tornou-se famoso pela sua suposta visão anarquista da ciência e por sua rejeição da existência de regras metodológicas universais. É uma figura influente na filosofia da ciência, e também na sociologia do conhecimento científico. (fonte: Wikipedia)

A partir de 1962, com a publicação de A estrutura das revoluções científicas, de Thomas Kuhn, começa a surgir um híbrido que reúne a função normativa [1] da filosofia da ciência e a função descritiva da história da ciência. Entretanto, a insuficiência disciplinar da filosofia da ciência já fora detectada por Kuhn, que, para entender como a ciência progride, substituiu a preocupação com a estrutura lógica pela histórica. A partir de então, torna-se muito difícil sustentar o limitado modelo normativo-demarcacionista, pois ele não dá conta de responder a priori o que é ciência, como indica a análise dos critérios de demarcação entre ciência e não-ciência propostos ao longo do século XX [2]. E se não é a priori que se define o que é ciência, não se trata, então, de um modelo normativo. Afinal, como ser normativo a posteriori? Cabe, portanto, uma abordagem histórica, descritiva, a posteriori, para se demarcarem os domínios científicos.

Paul Feyerabend, um dos arautos da nova filosofia da ciência, colaborou para a falência dos modelos normativos, desmistificando o método científico. Para ele, não há critérios absolutos de cientificidade e nem um método único para a ciência, mas sim pluralismo metodológico. Podemos entender o pluralismo como a possibilidade de se tomar cada coisa como aparece, tentando tratá-la em seus próprios termos. No caso da ciência, ela não se limita a modelos metodológicos, epistemológicos e ontológicos dados de antemão, e as apostas do pluralismo de Feyerabend são na liberdade e na criatividade humanas. Além disso, uma de suas principais reflexões diz respeito ao estatuto da ciência: o que ela tem de tão especial? Para Feyerabend, a ciência não é o único e nem o melhor sistema de pensamento desenvolvido pelo homem, tendo sido alavancada a um estatuto de superioridade por forças históricas, violentas, que usurparam o poder e decretaram o que deveria e o que não deveria ser o padrão de conhecimento. Dessa maneira, o problema da demarcação entre ciência e não-ciência tende a se tornar obsoleto, pelo menos do ponto de vista "puramente" epistemológico, passando a ser entendido como uma questão ético-política.

No contexto da querela normativo-demarcatória, o caso da astrologia é citado diversas vezes, de maneira geral como exemplo de pseudociência. Feyerabend, como veremos, é a voz dissonante, especialmente no texto "O estranho caso da astrologia". Taxado de relativista, assim como Kuhn e outros, talvez possamos entender Feyerabend e toda a nova filosofia da ciência como proponentes de uma nova forma de racionalidade científica: uma racionalidade contextualizada, quer seja associada a paradigmas (Kuhn), programas de pesquisa (Lakatos) ou tradições de pesquisa (Laudan). Num sentido mais amplo, uma racionalidade associada a uma cultura. Assim, em vez de um contraditório "tudo é relativo" (se tudo é relativo, então esta afirmação também é relativa), pois "o homem é a medida de todas as coisas", podemos pensar em algo assim: a comunidade é a medida de todas as coisas que lhe dizem respeito, pois é no seu interior que se definem os conceitos e que se tecem as redes semânticas que emprestarão significado ao mundo. Critérios, métodos, padrões e regras só fazem sentido, portanto, num dado contexto, pois só se constituem e também se modificam com o uso, não sendo estabelecidos a priori (Feyerabend, 2001, pp.56-57).

O problema do relativismo científico, ou seja, da não-existência de critérios intrínsecos à ciência que nos conduzam a uma escolha racional, universal e atemporal, leva-nos à seguinte questão: como justificar a ciência da maneira usual, com pretensões de verdade, universalidade e neutralidade, numa sociedade plural em que tanto verdade quanto falsidade podem ser explicadas racionalmente? Ou seja, se as verdades são datadas - o que é verdade aqui e agora pode não sê-lo amanhã ou em qualquer outro tempo/espaço -, então não há mais como justificar a ciência dessa maneira, pois os modelos normativos de filosofia da ciência, bem como quaisquer outros sistemas de pensamento totalizantes, foram colocados em xeque pelo pluralismo, que é fruto das noções modernas de liberdade e democracia. Nesse sentido, podemos, nos termos de Feyerabend, pensar num relativismo democrático (Feyerabend, 1981, pp.28-33) ou num pluralismo cultural, em vez de uma admirável monotonia nova (Feyerabend, 1987, p.273), na qual se impõem abstrações e estereótipos - numa palavra, uniformização -, em detrimento da criatividade humana, da diferença cultural e da abundância do ser [3].

Partindo do princípio de que a ciência se instituiu pela força, assim como a própria cultura ocidental [4], e não por sua pretensa superioridade epistemológica, metodológica ou ontológica, é possível entender, junto com Feyerabend, o exercício de poder da ciência sobre todos os outros sistemas de pensamento. E é disso que trataremos aqui, da arrogância do poder estabelecido em relação à astrologia, que, com o advento da ciência moderna, passou a uma condição de marginalidade, porque todas as apostas se viraram contra ela. Só para citar alguns fatos que ilustram essa postura impositiva: 1) a criação da Academia de Ciências por Colbert, em 1666, sem incluir a astrologia [5]; 2) o decreto de Luís XIV, em 1682, condenando a difusão dos almanaques astrológicos; 3) a proibição, a partir de 1710, da impressão das Efemérides e das tábuas de casas; e 4) o manifesto de 186 cientistas contra a astrologia, em 1975, que analisaremos mais adiante.

Dessa maneira, é possível esclarecer finalmente que a relação entre astrologia e ciência é uma relação de poder - uma força política -, bem como o problema da demarcação entre ciência e não-ciência, nada tendo a ver com critérios epistemológicos.

[1] Entenda-se função normativa como a perspectiva disciplinar da filosofia da ciência, com sua pretensão demarcacionista de delimitar o domínio da ciência e de definir como esta deve proceder para ser ciência.

[2] Grosso modo, os critérios propostos são: verificabilidade (positivismo lógico), refutabilidade (Popper), ciência normal (Kuhn) e ciência madura (Lakatos). Para mais informações, remeto o leitor à minha dissertação de mestrado Sobre a falência dos modelos normativos de filosofia da ciência - a astrologia como um estudo de caso (PUC-Rio, 2006), onde faço uma análise detalhada dos critérios de demarcação.

[3] Em seu último livro, recentemente lançado no Brasil, A conquista da abundância, Feyerabend se detém no que ele chama de "conto da abstração versus a riqueza do ser", ou seja, a tendência crescente, no desenvolvimento da cultura ocidental, de usar abstrações e estereótipos, desconsiderando o particular e o detalhe.

[4] Podemos pensar em forças mais violentas, como as Cruzadas, a catequização do Novo Mundo e a recente moda de impor a democracia, o modelo econômico e as suas respectivas formas de vida a outros povos, mas também em forças mais dissimuladas, como a difusão de uma visão de mundo uniforme e as práticas cada vez mais definidas por uma elite tecnocientífica que determina quem tem prestígio e poder na sociedade.

[5] Essa decisão política compõe o cenário de um "projeto" de modernidade, cujo ideal de reflexão autônoma do sujeito, é iniciado por Descartes. As formas de pensamento baseadas na semelhança - como é o caso de, pelo menos, parte da astrologia - não estavam incluídas nesse projeto (Foucault, 2000, p.10).

http://www.constelar.com.br/constelar/109_julho07/feyerabend1.php

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Offline Stéfano

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Re: A relação de poder entre astrologia e ciência
« Resposta #1 Online: 05 de Julho de 2007, 09:55:21 »
Agora estão fazendo pose de minoria oprimida...
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Offline BetinhOzinhO

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Re: A relação de poder entre astrologia e ciência
« Resposta #2 Online: 05 de Julho de 2007, 22:35:03 »
Interessante, como leigo não sabia que havia filósofos da ciência que esculhambavam a própria ciência. O que ele fala se escreve ou ele é FASHION só porque é do contra? (ISSO eu sei que há por aí.)
« Última modificação: 05 de Julho de 2007, 22:41:04 por BetinhO »
O GOOGLE NÃO É SEU AMIGO! HAHAHAHHOHOHOHO! http://www.google-watch.org/

Offline Stéfano

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Re: A relação de poder entre astrologia e ciência
« Resposta #3 Online: 05 de Julho de 2007, 22:41:19 »
Interessante, como leigo não sabia que havia filósofos da ciência que esculhambavam a própria ciência.
Tem gente que gosta de criticar para aparecer. Os argumentos contra a Ciência não passam de uma prestidigitação literária para esconder as falácias no discurso.
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Offline Adriano

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Re: A relação de poder entre astrologia e ciência
« Resposta #4 Online: 05 de Julho de 2007, 23:04:31 »
Interessante, como leigo não sabia que havia filósofos da ciência que esculhambavam a própria ciência. O que ele fala se escreve ou ele é FASHION só porque é do contra? (ISSO eu sei que há por aí.)
Toda crítica esculhamba a teoria anterior, Popper, por exemplo, disse em seus escritos que matou o positivismo. Na filosofia da ciência atual, Lakatos, kuhn e Feyerabend criticam a ciência e a falseabilidade, sendo que o próprio Popper expande seus conceitos de ciência mais recentemente.

O que acontece no meu entendimento é que muitos citam o método científico de Popper, a falseabilidade e o seu consequente critério de demarcação de ciências de forma muito rígida, e como se fosse a descrição exata de ciência, mas é apenas a visão de um filósofo e de uma fase de sua teoria.
« Última modificação: 05 de Julho de 2007, 23:07:39 por Adriano »
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APODman

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Re: A relação de poder entre astrologia e ciência
« Resposta #5 Online: 06 de Julho de 2007, 08:17:50 »
Quanta lamentação, bastaria que os astrólogos apresentassem UMA demonstração de algum resultado astrológico que estivesse acima da mera validação subjetiva ou correlação espúria ou algum mecanismo que explicasse de alguma forma como a posição dos astros no céu podem de alguma maneira influenciar ou ter relação com eventos na Terra para que ela passasse de pseudociência algo mais.

Mas é claro que na impossibilidade de demonstrar qualquer coisa que a valide resta atacar o método científico ( falácia do espantalho ) como se este tivesse culpa do fracasso inerente a astrologia .

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APODman

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Re: A relação de poder entre astrologia e ciência
« Resposta #6 Online: 06 de Julho de 2007, 08:21:18 »
Citar
e como se fosse a descrição exata de ciência, mas é apenas a visão de um filósofo e de uma fase de sua teoria

Seja através de qualquer visão legitimamente científica as alegações astrológicas são inválidas.

Até mesmo dentro da astrologia existem contradições que enfraquecessem suas explicações.

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Offline Luis Dantas

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Re: A relação de poder entre astrologia e ciência
« Resposta #7 Online: 06 de Julho de 2007, 09:55:51 »
Se a astrologia tivesse valor prático, seria irrelevante considerá-la ciência ou não.
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Offline Adriano

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Re: A relação de poder entre astrologia e ciência
« Resposta #8 Online: 06 de Julho de 2007, 11:18:31 »
Quanta lamentação, bastaria que os astrólogos apresentassem UMA demonstração de algum resultado astrológico que estivesse acima da mera validação subjetiva ou correlação espúria ou algum mecanismo que explicasse de alguma forma como a posição dos astros no céu podem de alguma maneira influenciar ou ter relação com eventos na Terra para que ela passasse de pseudociência algo mais.

Mas é claro que na impossibilidade de demonstrar qualquer coisa que a valide resta atacar o método científico ( falácia do espantalho ) como se este tivesse culpa do fracasso inerente a astrologia .

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O método científico que presumo que você se refere, a falseabilidade, é criticada por diversos filósofos da ciência, como Thomas Kuhn, Lakatos e o próprio Feyerabend que o faz de forma mais contundente, a exemplo de Sokal, que para criticar o relativismo cognitivo da ciência fez uma "paródia", Feyerabend também pelo que eu li não é nenhum ingênuo em relação a astrologia e sua críticas são pertinentes. Nem mesmo Popper, o criador do "método científico", é foi tão apegado assim a falseabilidade, e progrediu com a análise situacional.

Dizer que alguem não entende o método científico (que serve muito bem para as ciências naturais) para desqualificar argumentos sobre a ciência é muito comum, pois os textos de Popper se tornam como se fosse uma bíblia, com cada um fazendo a sua interpretação e a julgando correta, e quem faz o contrário está enganado. Muito bem diz Dennett, não há tal coisa como ciência livre de filosofia; há apenas ciência cuja bagagem filosófica é tomada a bordos sem examinação.

Citar
e como se fosse a descrição exata de ciência, mas é apenas a visão de um filósofo e de uma fase de sua teoria

Seja através de qualquer visão legitimamente científica as alegações astrológicas são inválidas.
Quem denifine o que é visão legítima de ciência? É a questão principal debatida em filosofia da ciência, com a questão de paradgima e as revoluções em Kuhn, e os programas de pesquisa em Lakatos e reiterando a análise situacional de Popper para as ciências humanas.

Na visão de Feyerabend a astrologia pode ser válida. Ela não seria uma visão legítima por qual motivo?


Até mesmo dentro da astrologia existem contradições que enfraquecessem suas explicações.

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Contradições é o que não faltam em qualquer ciência, essa crítica Feyerabend comenta, e é óbvio as contradições em todas as ciências, como na astronomia, na biologia e na física. Não é um argumento consistente.


Se a astrologia tivesse valor prático, seria irrelevante considerá-la ciência ou não.
A crítica é justamente com relação ao valor prático, que para Feyerabend é uma classificação etno-política e não epistemológica, como o exemplo de Sagan que não participou de um abaixo assinado de cientístas contra a astrologia, mesmo a considerando pseudo ciência. Quem define o que é prático? A comunidade científica? Muitas vezes cientístas das ciências naturais que nem mesmo consideram a validade dos demais ciêntístas de ciências humanas. E quanto as exposições teóricas sobre ciência, me valendo do exemplo do Apodman, não há consenso algum sobre o que seja ciência, pois discutir isso é teorizar acerca da ciência, é fazer filosofia da ciência, e não apenas por nomes que são famosos e sim que seus argumentos são válidos e pertinentes, esses sim tem um valor prático na discussão.

Vale salientar, que eu não considero a astrologia como ciência, mas o texto de Feyerabend em que ele também coloca as suas ressalvas, é mais na verdade uma crítica as ciências, e no meu entendimento as ciências naturais, que pousam como sendo as detentoras do conhecimento, um cientificismo, e proclamam a superioridade das ciências naturais sobre as ciências humanas por exemplo, do qual sou um defensor e cito a economia (ciências econômicas), como exemplo de sua força.
« Última modificação: 06 de Julho de 2007, 13:02:22 por Adriano »
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Offline uiliníli

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Re: A relação de poder entre astrologia e ciência
« Resposta #9 Online: 06 de Julho de 2007, 12:22:08 »
Adriano, suas observações estão praticamente impecáveis, eu mesmo já estava com vontade de abrir um tópico para discutir as filosofias de Kuhn e Feyerabend há algum tempo, mas acreditava que precisava estudar um pouco mais antes disso. Só eu acho que você cometeu um erro quanto a Lakatos. Ele não era crítico de Popper (quer dizer, até era, mas não tanto), pelo contrário, foi ele quem deu uma recauchutada no falsificacionismo para enfrentar as críticas de Kuhn.

Offline Adriano

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Re: A relação de poder entre astrologia e ciência
« Resposta #10 Online: 06 de Julho de 2007, 12:30:41 »
Li pouco sobre Lakatos ainda, mas descobri que ele era amigo de Feyerabend e trocavam correspondência. Estou com um texto que fala sobre a metodologia dos programas de pesquisa de Lakatos, e realmente ele é assim como Popper um racionalista crítico, mais um bom incentivo para essa leitura.

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APODman

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Re: A relação de poder entre astrologia e ciência
« Resposta #11 Online: 06 de Julho de 2007, 12:48:35 »
Citar
"Na visão de Lakatos a astrologia pode ser válida. Ela não seria uma visão legítima por qual motivo? "

Pq não funciona, simples.

Entendo, ms tudo que é escrito em crítica ao método ou a epistemologia da ciência simplesmente serve pra tentar esconder o fato de que ela…não funciona, mesmo internamente suas bases são contraditórias.

Hoje os astrólogos mais espertos já legam que não se trata de uma influência direta ( uma emanação sobrenatural de algum típo ) mas de uma representação de arquétipos que nada tem a ver com influência ou posição dos planetas em sí. Sob esta condição  astrologia não se revela superior por exemplo a chicletomancia que visa analisar a influência ou o arquetipo que é determinado pela distribuição de chicletes em um calçada. Ou mesmo a bundomancia.

Tal alegação dos arquétipos tb é bobeira pois simplesmente a astrologia não funciona sob qualquer instância. Não tem valor prático algum a não ser ao astrólogo que enche o bolso com a fé alheia.

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Offline uiliníli

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Re: A relação de poder entre astrologia e ciência
« Resposta #12 Online: 06 de Julho de 2007, 16:01:39 »
E isso é verdade, APODman. O problema é que para a filosofia não é satisfatório dizer que algo é verdadeiro simplesmente porque até aqui tem dado certo (a recíproca, felizmente, não é verdadeira). O problema com a filosofia da ciência, em particular, é que até hoje todas as tentativas de se estabelecer bases totalmente racionais para a ciência falharam. Inclusive a popular filosofia de Popper, que é a que serve de base para o Método Científico. Filósofos como Kuhn questionam a possibilidade de se estabelecer um método normativo que defina como se faz ciência. Filósofos como Feyerabend questionam até mesmo a possibilidade de se definir o que é ciência. O fato é que ciência e filosofia hoje estão divorciadas, não existe nenhuma definição satisfatória sobre o que é ciência e se existe um método sobre como fazê-la.

Eu gostaria de discutir esse tema mais à fundo, mas, como disse anteriormente para o Adriano, eu ainda não tenho um conhecimento menos superficial sobre isso que me permita participar de uma discussão mais séria.
« Última modificação: 06 de Julho de 2007, 16:03:48 por Willy Nilly »

Offline Luis Dantas

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Re: A relação de poder entre astrologia e ciência
« Resposta #13 Online: 06 de Julho de 2007, 17:02:51 »
É claro que muita coisa é verdadeira mas não atende ao critério epistemológico de Popper; no entanto, o desafio é saber como confiar nas afirmações feitas fora desse escopo.   Por isso é um critério epistemológico tão popular, mesmo depois das críticas de Lakatos, Kuhn e Feyerabend. 

As observações dos três são excelente assunto de reflexão, mas não são particularmente convenientes como critério prático alternativo para delimitar o que é cientificamente confiável e o que não é. 

Salvo engano meu, de fato são critérios que tornam a definição de ciência mais arbitrária e mais política do que ela é atualmente.  Por isso não vejo muito sentido nas ocasionais "acusações" de que a Academia está "politicamente mancomunada" para não reconhecer disciplinas como a Astrologia, o Direito e a Psicanálise.
« Última modificação: 06 de Julho de 2007, 17:17:55 por Luis Dantas »
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Re: A relação de poder entre astrologia e ciência
« Resposta #14 Online: 06 de Julho de 2007, 18:39:57 »
Através do critério de falseabilidade, pegando os textos de Popper, é possível fazer muita coisa, o critério do que é falseável e refutável não tem nada de prático, pois quem determina isso são os cientistas, por isso a crítica primeiramente da sociologia da ciência e depois da filosofia da ciência, através dessa influência. O critério de demarcação repousa nada mais que na falácia de autoridade, com um lado apenas proclamando o que é falseável, no caso da crítica a comunidade científica, mais específicamente, no meu entendimendo, os cientistas das ciências naturais, que acabam tendo um comportamento de cientifismo, pois o valor prático é definido de forma arbitrária.
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Re: A relação de poder entre astrologia e ciência
« Resposta #15 Online: 06 de Julho de 2007, 21:36:32 »
Adriano, não sei como você pode confundir argumento de autoridade com critério de falseabilidade.

Com certeza é uma história muito criativa.
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Re: A relação de poder entre astrologia e ciência
« Resposta #16 Online: 06 de Julho de 2007, 21:48:18 »
Claro a confusão fica por minha conta, você detem a autoridade de saber o que é falseabilidade. Nada criativo, algo muito sério e objetivo.  ::)

E além disso muito prático.
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Offline Luis Dantas

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Re: A relação de poder entre astrologia e ciência
« Resposta #17 Online: 06 de Julho de 2007, 22:57:14 »
Eu não sinto falta da sua verdade, simples assim.  Deveria?
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Re: A relação de poder entre astrologia e ciência
« Resposta #18 Online: 06 de Julho de 2007, 23:10:01 »
Mesmo eu me dando ao trabalho de embasar todos os meus argumentos.  <_<

O que eu disse com as minhas palavras eu posso reorganizar com muitos textos acadêmicos que eu já pesquisei pela internet, ou seja que é de fácil verificação. Entendo que o tema é complexo e que não tenho credibilidade, mas penso que posso reverter essa situação com uma boa argumentação e embasamento de qualidade nas discussões, com as referências detalhadas, e junto com as citações.

E não é que eu esteja me colocando como vítima, é que o assunto é de meu interesse, e além disso de muita importância, pois filosofia da ciência é sobre ciência, algo muito sério.

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Re: A relação de poder entre astrologia e ciência
« Resposta #19 Online: 06 de Julho de 2007, 23:20:34 »
Mesmo eu me dando ao trabalho de embasar todos os meus argumentos.  <_<

São argumentos puramente ideológicos, com um embasamento que pode ser tão arbitrariamente aceito quanto recusado. 

Não acho que você deva esperar convencer mais do que alguns poucos com esse tipo de argumentação.

Citar
O que eu disse com as minhas palavras eu posso reorganizar com muitos textos acadêmicos que eu já pesquisei pela internet, ou seja que é de fácil verificação.

Verificar que muitos outros dizem a mesma coisa?  Se é por aí, a existência de Deus poderia ser "cientificamente" provada, não?  E de forma bem mais "definitiva", só para completar...

Citar
Entendo que o tema é complexo e que não tenho credibilidade, mas penso que posso reverter essa situação com uma boa argumentação e embasamento de qualidade nas discussões, com as referências detalhadas, e junto com as citações.

Pode sim, mas no processo vai precisar renunciar a algumas de suas certezas.  Por outro lado, poderá aprender algumas lições de muito valor prático.

Citar
E não é que eu esteja me colocando como vítima, é que o assunto é de meu interesse, e além disso de muita importância, pois filosofia da ciência é sobre ciência, algo muito sério.

É também um assunto muito mal compreendido, mesmo dentro do meio acadêmico.  É a realidade.  Assustadora, decepcionante, mas real.

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Re: A relação de poder entre astrologia e ciência
« Resposta #20 Online: 06 de Julho de 2007, 23:47:35 »
Mesmo eu me dando ao trabalho de embasar todos os meus argumentos.  <_<

São argumentos puramente ideológicos, com um embasamento que pode ser tão arbitrariamente aceito quanto recusado. 

Não acho que você deva esperar convencer mais do que alguns poucos com esse tipo de argumentação.
Muito fácil classificar alguém como "puramente ideológico", não precisa nem refutar os argumentos dessa maneira. E muito menos justificar o motivo de tal classificação.

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O que eu disse com as minhas palavras eu posso reorganizar com muitos textos acadêmicos que eu já pesquisei pela internet, ou seja que é de fácil verificação.

Verificar que muitos outros dizem a mesma coisa?  Se é por aí, a existência de Deus poderia ser "cientificamente" provada, não?  E de forma bem mais "definitiva", só para completar…
A filosofia é muito importante, é o que de melhor temos para nos embasar, são os grandes pensadores e os mais destacados intelectuais, todos com importantes contribuições. Não é perfeita, mas é o melhor que temos, caso contrário cada um fica com a sua filosofia particular e evita a discussão de temas importantes, como no caso da própria ciência.

Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline BetinhOzinhO

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Re: A relação de poder entre astrologia e ciência
« Resposta #21 Online: 06 de Julho de 2007, 23:58:47 »
No grupo de emails do site Ceticismo Aberto me disseram que o que restou dos devaneios de Feyeraband, após décadas de suas críticas, foi somente uma forma das pseudociências se justificarem. Que a parte útil do discurso de Feyeraband foi absorvida e metabolizada, enquanto que a parte inútil e desprovida de utilidade foi refutada e detonada. Que, ao se seguir a proposição anárquica dele pra produção de conhecimento, não saiu merda nenhuma que prestasse, o que causou seu abandono. Que todas as pesquisas científicas que tentaram seguir as idéias de Feyeraband nunca resultaram em nada. Que ele PENSAVA e que seus seguidores PENSAM que ele revolucionou alguma coisa com suas maluquices. Que a ciência continua usando e aperfeiçoando o método rigoroso, simplesmente. Que o que um filósofo diz, o outro disdiz, e que no final das contas não se pode depender dos filósofos e ficar eternamente debatendo o nada. Que enquanto isso a ciência prossegue nos ajudando a entender o universo. Que Feyeraband só tem valor pras ciências sociais, porque legitima o pós-modernismo no contexto delas, a exemplo das máximas que dizem que "o paradigma científico é um instrumento da direita econômica e do imperialismo americano". E que eu devia ler Imposturas Intelectuais de Alan Sokal e este texto.

Eu acreditei em tudo isso, fiz merda? Porque antipatizei de imediato com esse Feyeraband.

Por isso não vejo muito sentido nas ocasionais "acusações" de que a Academia está "politicamente mancomunada" para não reconhecer disciplinas como a Astrologia, o Direito e a Psicanálise.

Eu sou formado em Direito e não entendo como é que tanta gente por aí afirma que é!!!!!!!! Como é que PODERIA ser ciência???? Que maluquice!!!
« Última modificação: 07 de Julho de 2007, 00:09:57 por BetinhO »
O GOOGLE NÃO É SEU AMIGO! HAHAHAHHOHOHOHO! http://www.google-watch.org/

Offline Luis Dantas

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Re: A relação de poder entre astrologia e ciência
« Resposta #22 Online: 07 de Julho de 2007, 00:04:37 »
Muito fácil classificar alguém como "puramente ideológico", não precisa nem refutar os argumentos dessa maneira. E muito menos justificar o motivo de tal classificação.

Sim, realmente É muito fácil.  Deveria ser difícil?  Por que?

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A filosofia é muito importante, é o que de melhor temos para nos embasar,

Depende do que você entende por melhor; epistemologicamente, o melhor que temos é Popper.  Por um motivo ele é tão valorizado apesar das reais desvantagens de seus critérios e de tantos outros que vieram depois terem tentado apresentar algo melhor.  Na minha opinião Kuhn focalizou mais a relação entre o cientista e a ciência do que a ciência em si, e não creio que sequer tentou apresentar um critério epistemológico melhor do que o de Popper.  Lakatos teve o grande mérito de explicar (com sucesso, na minha opinião) a falsa oposição entre Kuhn e Popper.

Popper demarcou o que pode ser considerado científico, propondo um critério epistemológico (o da falseabilidade).  É possível propor outros, mas o fato é que todas as alternativas tem se mostrado menos objetivas e mais político-ideológicas do que a proposta de demarcação de limites da ciência de Popper.

Feyerabend, pelo que vejo, é basicamente um "anarquista epistemológico", o que o torna particularmente político/ideológico em suas propostas, e portanto deixa quem quer que seja livre para simplesmente ignorá-lo sem receio de prejudicar a ciência.  Ou indo no popular: não há por que dar bola para ele.  A única coisa que ele consegue é chamar atenção sobre si ao propor, basicamente, que se esvazie o significado da palavra "ciência".

Deve haver uma história interessante por trás do alcance que ele conseguiu; com certeza outros antes dele propuseram algo parecido.  Por que ele foi tão ouvido?  Tinha um bom currículo, ou algo similar?

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são os grandes pensadores e os mais destacados intelectuais, todos com importantes contribuições. Não é perfeita, mas é o melhor que temos, caso contrário cada um fica com a sua filosofia particular e evita a discussão de temas importantes, como no caso da própria ciência.

Aí é que está.  Você está querendo me impor sua filosofia particular, e eu não estou interessado.  Conforme-se, pois não é algo que você tenha o poder de mudar.
Wiki experimental | http://luisdantas.zip.net
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline BetinhOzinhO

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Re: A relação de poder entre astrologia e ciência
« Resposta #23 Online: 07 de Julho de 2007, 00:34:28 »
Na verdade, gente, TIPO ASSIM: como é mesmo que faço pra explicar resumida e claramente PORQUE Direito não é ciência? É que eu gostaria de ter uma resposta-padrão sempre à mão em comunidades, fóruns e grupos sobre Direito pra essa questão.
O GOOGLE NÃO É SEU AMIGO! HAHAHAHHOHOHOHO! http://www.google-watch.org/

Offline Adriano

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Re: A relação de poder entre astrologia e ciência
« Resposta #24 Online: 07 de Julho de 2007, 00:43:30 »
No grupo de emails do site Ceticismo Aberto me disseram que o que restou dos devaneios de Feyeraband, após décadas de suas críticas, foi somente uma forma das pseudociências se justificarem. Que a parte útil do discurso de Feyeraband foi absorvida e metabolizada, enquanto que a parte inútil e desprovida de utilidade foi refutada e detonada. Que, ao se seguir a proposição anárquica dele pra produção de conhecimento, não saiu merda nenhuma que prestasse, o que causou seu abandono. Que todas as pesquisas científicas que tentaram seguir as idéias de Feyeraband nunca resultaram em nada. Que ele PENSAVA e que seus seguidores PENSAM que ele revolucionou alguma coisa com suas maluquices. Que a ciência continua usando e aperfeiçoando o método rigoroso, simplesmente. Que o que um filósofo diz, o outro disdiz, e que no final das contas não se pode depender dos filósofos e ficar eternamente debatendo o nada. Que enquanto isso a ciência prossegue nos ajudando a entender o universo. Que Feyeraband só tem valor pras ciências sociais, porque legitima o pós-modernismo no contexto delas, a exemplo das máximas que dizem que "o paradigma científico é um instrumento da direita econômica e do imperialismo americano". E que eu devia ler Imposturas Intelectuais de Alan Sokal e este texto.

Eu acreditei em tudo isso, fiz merda? Porque antipatizei de imediato com esse Feyeraband.

Por isso não vejo muito sentido nas ocasionais "acusações" de que a Academia está "politicamente mancomunada" para não reconhecer disciplinas como a Astrologia, o Direito e a Psicanálise.

Eu sou formado em Direito e não entendo como é que tanta gente por aí afirma que é!!!!!!!! Como é que PODERIA ser ciência???? Que maluquice!!!
Me parece que a crítica de Feyeraband foi absorvida por Lakatos. E a filosofia da ciência é a discussão da ciência por intelectuais acadêmicos que divulgam deus trabalhos e se torna acessível ao público. Jogar fora as discussões já ocorridas sobre ciência e querer começar do zero é um contra senso, uma maneira de não querer discutir o tema para fazer prevalecer uma opinião pessoal, pois o que acontece na filosofia é o questionamento e a argumentação de temas pertinentes e que são repetitivos em conversar informais. É por isso que cada argumento dado sobre o tema pode ser associado a algum filósofo, quer dizer, já foi pensado antes.

Eu acho curioso que Sokal e Thomas Kuhn, foram físicos que partiram para a filosofia da ciência, embora com motivações diferentes.

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