Prolongando a crítica de Kant em "Crítica da Razão Pura", vou fazer aqui um pequeno ensaio de analise lógica da razão, onde verifico que a mesma só pode culminar num paradoxo, e sugerir uma nova concepção da razão, agora não mais um objeto absoluto como normalmente, mas como o paradoxo como um todo, como tanto a idéia de que ela - a razão pura - exista, como a idéia de que a razão pura não exista, de forma que apenas com ambas as idéias podemos chegar a uma conclusão, mesmo que uma conclusão que nos remete para outra dúvida, que é justamente a dúvida do mérito do paradoxo, ou a qual das idéias deve se valer superior a outra...
Normalmente na vida cotidiana as pessoas se deixam levar por um dogma, um dogma naquilo que chamamos de razão, onde as pessoas acreditam, sem questionar ou analizar, a própria razão.
A analise lógica que pretendo fazer é muito simples, é provar usando a própria razão, que a razão não existe, ou seja, exclamar, ou propor um paradoxo.
Digamos que fulano use um conjunto de metodos e sistemas, e considere que tal conjunto e metodos represente aquilo que se chama a razão, e considere que aquilo deve ser usado por todos os demais, considere que aquilo ha em comum em todas as pessoas, considere que aquilo É, no sentido absoluto, e não que É sómente para ele.
Esta concepção nos leva para o seguinte caminho lógico, se analizarmos a origem desses metodos e sistemas, veremos que alguem deveria ter de escolher metodos e sistemas, num passado, a partir do momento em que não nascemos com eles, mas o aprendemos.
Então, é razoavel dizer que não ouve, antes desses metodos e sistemas, outros metodos e sistemas que guiassem a escolha e a criação desses metodos e sistemas que conhecemos hoje (ex: a lógica, a matematica, a física, a ontologia, enfim qualquer ciência que tenta compreender fundamentalmente o mundo), portanto podemos dizer que a origem de uma razão baseada nesses metodos "modernos" - (as ciências ja citadas), foi nada mais do que um conjunto sequencial e acumulativo de metodos e sistemas que aconteceu durante a história e evolução do pensamento.
Se pensarmos que, mesmo antes desses novos metodos que nos dão a razão hoje, antes deles ouvesse um outro método, isto não resolve o problema, pois podemos facilmente atribuir então a mesma lógica dessa impossibilidade de uma razão, para este metodo primeiro, e nos perguntar - "Então e esse metodo primeiro, qual metodo o originou ? Ou segundo qual lei ele se desenvolveu ?"
O que nos leva a entender que a razão é nada mais do que uma criação humana, que origina-se num ponto dentro do ser humano, onde não ha ainda uma determinação lógica, pois deste ponto as coisas se criam sem que conheçamos o metodo pelo qual se criam, elas "aparecem" numa forma misteriosa da qual chamamos a criatividade no ser humano.
A simples compreensão deste paradoxo não resolve o problema fundamental, pois justamente é um paradoxo, precisamos usar a razão para concluir que a razão não sabemos o que é.
Este é mais um paradoxo, como encontrado em qualquer area do conhecimento, cuja tese podemos dizer que é toda a complexa razão, e a antítese é justamente a remoção desta complexidade, substituíndo-a por um carater aleatório de origem criativa do ser humano, onde o ser cria coisas, como metodos e sistemas e o usa posteriormente.
Nem a tese e nem a antítese tem maiores motivos de ser, portanto, fazendo uma metáfora com a teoria dos jogos, "a síntese é de soma zero", onde a síntese não resulta num conhecimento sobre alguma coisa, portanto nenhuma proposição ou afirmativa deve ser uma verdade, mas considerada apenas pela ótica de uma tese que tem uma antítese equivalentemente forte, de maneira que uma anula a outra.
Expandir o conhecimento, agora, ja não é mais compreender a verdade, pois não deve haver uma verdade, mas várias, tantas verdades quanto proposições, por exemplo: "Deus existe" é tão verdade quanto "Deus não existe"
Expandir o conhecimento é compreender as coisas, de maneira que se chegue mais longe nas ramificações do conhecimento, mesmo sabendo que voltará a estaca zero, ao se dar conta da idéia contrária, que por ter e apresentar os mesmos motivos de ser, anulará ela, em qualquer longitude que seu conhecimento chegue.