Quanto a cencia precisar de provas eh o que menos acontece hoje.
Compare a fisica de hoje com a fisica em seu inicio( esta podemos chamar de ciencia mae),virou um catatau de teorias e expeculacoes.
Quanto ao criacionismo este se propoe a estudar a criacao(ciencia) nao o criador(religiao).
Nossa Edson, pensa antes de falar, cara...
A ciência (até na area da física), está mais do que nunca precisando de provas para ser aceita, quanto tempo você acha que o nosso amiguinho Andrew Willes demorou para provar o último teorema de Femart?
E na ciência, tudo que até agora está sendo ainda expeculação, está ainda na chamada "hipóteses" do método científico... ainda é apenas teorias em um papel e não ciência...
Para ser ciência precisa estar beeeem provado... como você me diz que a ciência de hoje em dia não está sendo provada? Pra ser ciência precisa de provas, é como se você falasse que poderia ter uma caneta sem tinta... ou seja, sem sentido algum...
Quanto ao criacionismo, ele estuda a criação com base em quem? Numa teoria plausível? Não, num criador... e assim, é religião...
Pior, eu posso *provar* que o criacionismo está errado, então ele num vai passar nem perto da ciência...
Dá uma lida em artigos sobre metodologia científica...
Dá uma lidinha aqui e veja o que verdadeiros cientistas pensam a respeito do que estão fazendo com a física:
Os físicos e a Bíblia:
Uma conversa sobre a origem do universo com o emérito Cesar
Lattes, que considera Einstein um plagiador, e Marcos Danhoni,
outro físico divergente que também ataca a dogmatização da ciência
TATIANA FÁVARO
– No princípio, Deus criou os céus e a terra.
– Os céus e a terra, está bem? E depois criou as águas. Continue lendo...
– A terra era informe e vazia. As trevas cobriam o abismo e o espírito
de Deus movia-se sobre a superfície das águas.
– Tinha o céu, a terra e as águas. Então, o que Ele disse?
– Deus disse: ‘Faça-se a luz’.
– Ele estava no escuro...
– E a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa e separou a luz das
trevas. Deus chamou ‘dia’ a luz e às trevas, ‘noite’. Assim surgiu a
tarde e em seguida a manhã. Foi o primeiro dia.
– Está bom? Então você queria saber sobre a origem do Universo? Está
aqui a origem do Universo. Você conhece, já ouviu falar desse livro?
oi assim que começou o diálogo entre a repórter e o físico Cesar Lattes, professor emérito da Unicamp, na manhã de 19 de julho. O peso do livro do Gênesis foi maior que o dos livros todos reunidos na Bíblia pousada sobre o sofá, lida pela jornalista a pedido do cientista. Dia agradável, ensolarado, na casa simples e acolhedora do distrito de Barão Geraldo, em Campinas, onde se abriga a família de um maiores cientistas do mundo.
Em 1947 o professor descobriu o méson-pi, depois de expor chapas fotográficas muito sensíveis, conhecidas como emulsões nucleares, à altitude de 5,6 mil metros do Monte Chacaltaya, na Bolívia, onde a detecção dessas partículas seria presumivelmente mais favorável. “Mas mais emocionante foi detectar os mésons produzidos artificialmente, com Eugene Gardner, em Berkeley”, relembra o mestre.
Aposentado desde 1986, Lattes diz aceitar a Bíblia como a origem da matéria. “Sou judeu, católico apostólico romano, stalinista, cristão, ortodoxo, animista e maometano”, brinca, ao ser questionado sobre religião. Os óculos acima da testa, as pausas na fala e o cigarro sempre à mão – aos 77 anos fuma um maço e meio por dia, sempre com o cuidado de tirar o filtro –, dão ao cientista, que virou verbete da Enciclopédia Britânica, um ar compenetrado.
Bobagem, como diria ele. Lattes, apesar de ótimo observador, é uma criança. Brincalhão, irreverente, mostra as fotografias pregadas nas paredes de sua biblioteca maravilhado, como se também as visse primeira vez. “O patrão aqui sou eu. O manda-chuva é aquele com o cigarrinho na boca”, diz, apontando para a fotografia do pai, Giuseppe, num pequeno quadro pendurado. “O patrono maior é esse aqui embaixo”, acrescenta, indicando outra fotografia, a do físico dinamarquês Niels Bohr, prêmio Nobel em 1922 por apresentar a teoria sobre a estrutura atômica e espectros atômicos. “Ele (Bohr) foi um filósofo natural. E lá em cima está o maior do século, sabe quem é?”, pergunta. “Ernst Rutherford”, ensina, sobre o físico inglês que em 1911 revelava, por meio de sua experiência, a existência de um núcleo atômico. “Dois monstros. O Rutherford, mais pé no chão. O Bohr, um pouco visionário: fim da vida dele foi tentando convencer os norte-americanos a não fazerem a bomba atômica”.
Curitibano, Cesar Lattes foi um dos criadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e tornou-se professor da Unicamp em 1967. Não vai mais à Universidade. “Às vezes ela vem a mim”, afirma, desacreditado quanto aos moldes da educação atual. “Digo hoje para os estudantes de Física: assistam às aulas teóricas, mas façam a parte de laboratório e, se possível, construam sua aparelhagem”. E para os físicos: “Ah, se eles são físicos mesmo, não tenho nada a dizer, eles sabem o que estão fazendo. Agora, para os que estão na pós-graduação, digo: não façam, porque ciência se aprende fazendo; não deixem que modelem sua cabeça”.
Lattes é apenas bacharel. “Acho que, como bacharel, fiz bastante coisa”. À sua frente, contudo, o professor Marcos Cesar Danhoni Neves, mestre em Física e doutor em Educação pela Unicamp, lamentga: “Não é mais possível deixar de se submeter a uma pós-graduação, porque infelizmente toda a estrutura está montada para te ver doutor”. Danhoni, apesar de escolado, defende o pensamento intuitivo e prega a popularização da ciência por meio da literatura, temas de seu livro Memórias do Invisível – Uma Reflexão Sobre a História no Ensino da Física e a Ética na Ciência.
Danhoni esteve em Campinas para participar do 13º Congresso de Leitura do Brasil (Cole) e da 4ª Feira de Leitura, realizados na Unicamp. Aproveitou a passagem para enriquecer a conversa da manhã do dia 19. Abaixo, trechos do bate-papo do Jornal da Unicamp com Cesar Lattes e Marcos Danhoni Neves:
Jornal da Unicamp – O que o senhor acredita ser aceitável para explicar a origem do Universo.
Cesar Lattes – A realidade objetiva, a realidade no duro, é a resultante da superposição de todas as vontades: animais, vegetais, minerais e objetos manufaturados. Tudo tem alma. Até esse fósforo que acabei de acender. Vamos falar de Universo: cada ser é um Universo. Dizem que existem infinitos Universos. Eu não consigo conceber o conceito de infinito. Então, da origem de qual deles vamos falar? Das galáxias? Olha, eu acredito nesse livro aqui (bate na capa da Bíblia). Professo acreditar no que o cientista fala – porque é assim que ganho dinheiro como professor –, mas eu não acredito, acredito na Bíblia. As galáxias, dizem eles, está na moda, e o Big Bang, o traque enorme há 18 bilhões de anos, originou o Universo. Mas apareceu onde? No espaço e no tempo. Deus criou a matéria. Então, a origem do Universo, de acordo com os bobocas dos astrônomos, foi há 18 bilhões de anos. Só que o Sol existe apenas há 5 bilhões de anos... Eles dizem também que o Universo está em expansão. É o que dizem.
JU – E o senhor, o que diz?
Lattes – (Bate cinco, seis vezes sobre a Bíblia)
JU – Se a teoria do Big Bang ainda é aceita, não em sua essência, mas em algumas nuances, podemos questionar de onde veio a matéria antes da grande explosão...
Lattes– Deus criou. E eu não brigo com astrônomos por isso, porque eu não os levo a sério.
JU – Se formos falar nas teorias atuais...
Lattes – Quais? Temos a budista, a da Santa Igreja Católica e as que ensinam nas universidades ocidentais...
JU – Qual a avaliação que o senhor faz da discussão de teorias recentes sobre a origem do universo nas universidades?
Lattes – Charlatanice! Porque falam de coisas sobre as quais não se pode fazer experiência. O conhecimento vem da observação. E, mediante a observação, a gente faz medidas em geral para chegar às leis. O que se pratica nas universidades é muito limitado. Para se abrir a observação é preciso trabalhar.
JU – Quais as principais diferenças entre a Física de hoje e a praticada há 50 anos?
Lattes – Muito mais charlatanesca, porque o pessoal fica falando bobagens... Big Bang, materialização da energia... Energia não se materializa, energia é energia. Eu estou escrevendo um tratado, cujo título é “Tempo, Espaço, Matéria e Velocidade Limite”, ou “Energia, Momento, Massa e Velocidade Limite”. Você não pode materializar energia. Estudar a expansão do Universo é difícil. A gente pode tentar observar o Universo. Mas o estudo só é válido se houver observação. Só teoria é conversa. Tem expansão contínua, pré-expansão... Posso falar uma palavra chula? Teoria é masturbação. As mulheres não conseguem mais domar os homens e eles vão para os laboratórios e ficam se masturbando.
(Chega o professor Marcos Danhoni)
JU - Apesar de ser um físico da nova geração, a avaliação do professor Marcos também é crítica em relação ao que se ensina nas universidades...
Danhoni – Primeiro, apesar de eu ser físico, formado, graduado...
Lattes– Pós-graduado...
Danhoni – Pós-graduado na Unicamp, também tenho uma pós-graduação em Educação. Ou seja, tenho um pé nas ciências ditas exatas, que de exatas não têm nada, e um pé nas ciências humanas, o que já é considerado para a academia uma coisa complicada, apesar de se falar em interdisciplinaridade.
Lattes – Espera, espera! Você é órfão?
Danhoni – Não.
Lattes – Então, pós-graduação em Educação, não. Quem educou você foram seus pais. O que a pós ensina é bobagem. (Risos)
Danhoni – É. Digo que sou um contestador, educador, divulgador da ciência. Porque quando se diz “você é físico”, parece que a gente tem de comungar da grande “igreja acadêmica”. Muitas teorias querem indexar o real à realidade objetiva e dizer que isso é a fotografia do real. É quando muitos deixam de fazer ciência para fazer sacerdócio. E nisso eu me aproximo do que o professor Lattes diz, que esse ensino visto hoje é muito dogmático. É uma educação que não estimula a criatividade, o pensamento divergente e não sabe trabalhar com esse tipo de atitude. Você é condicionado – e não educado – a ser um solucionador de problemas.
JU – Qual sua avaliação sobre o Big Bang?
Danhoni – É uma questão atual e complicada, porque uniu várias físicas, desde a cosmologia até a relatividade e criou uma estrutura que não pode ser testada. Tem sido um paradigma que está se tornando um dogma quase religioso da criação: “Existiu, há 15 ou 20 bilhões de anos, um momento onde só havia trevas e tudo virou luz...”.
Lattes – Isso é frescura do George Gamow (físico norte-americano, 1904-1968, a quem se atribui a teoria do Big Bang). O que possui o Gamow, além do Big Bang? A penetração das barreiras de potencial. Isso acontece em qualquer noite de núpcias. Esse é o George Gamow...
Danhoni – Ele ficou até chateado com Penzias e Wilson (Arno Penzias e Robert Wilson), que ganharam o Nobel (em 1978) pela descoberta da radiação fóssil, por não terem lembrado dele.
Lattes – Mas a radiação fóssil é uma descoberta experimental, não precisa se encaixar numa teoria...
Danhoni – Gamow, numa carta que enviou ao Penzias, fala: “Eu perdi uma moeda e vocês a encontraram”.
Lattes – Modesto...
Danhoni – Mas a história do Big Bang tem essa questão da bola de fogo, do Gamow, que ganhou força.
JU – Lemaître (Georges-Henri Lemaître, padre e cosmólogo belga, 1894-1966) foi o primeiro a propor um modelo específico para o Big Bang, a estudar modelos teóricos que deram origem à teoria de Gamow...
Lattes – Espera, vamos com calma. Lemaître escreveu “O átomo primitivo”. O abade era respeitável.
Danhoni – Tinha o Friedmann (matemático e meteorologista russo Alexander Friedmann, 1888-1925, que descobriu soluções das equações da teoria da relatividade geral, a teoria de gravitação que suplantou a de Isaac Newton, 1643-1726)...
Lattes – O Friedmann era bom também.
Danhoni – A história do Big Bang, de que foi Gamow quem propôs esse modelo, utilizando até os estudos do Friedmann e do Lemaître, é tida como oficial. Mas a predição da temperatura da radiação fóssil é uma coisa do final do século retrasado, de quando havia gente que acreditava em um modelo estático de Universo. Como o Guillaume (C. Guillaume), que ganhou o Nobel (em 1920).
Lattes – Você também está aderindo a essa história de predição? No meu tempo era previsão. Sabe por que eu não ganhei o prêmio Nobel? Em Chacaltaya, quando descobrimos o méson-pi, se publicou: Lattes, Occhialini (Giuseppe Occhialini) e Powell (Cecil Powell, físico britânico que ganhou o Nobel em 1950 por fotografar os núcleos atômicos e pela descoberta do méson). E o Powell, malandro, pegou o prêmio Nobel pra ele. Occhialini e eu entramos pelo cano. Ele era mais conhecido, tinha o trabalho da produção de pósitrons em 1933. Depois fui para a Universidade da Califórnia, onde foi inaugurado o sincrociclotron em 1946. Já era 1948 e estava produzindo mésons desde que entrou em funcionamento em 46, tinha energia mais que suficiente. Então, detectamos, Garden (Eugene Garden) e eu, o méson artificial, alimentando a presunção de retirar do empirismo todas as pesquisas que se relacionassem com a libertação da energia nuclear. Sabe por que não nos deram o Nobel? Garden estava com beriliose, por ter trabalhado na bomba atômica durante a Guerra, e o berílio tira a elasticidade dos pulmões. Morreu pouco depois e não se dá o prêmio Nobel para morto. Me tungaram duas vezes.
JU – Professor Marcos, qual a teoria defende para a origem do Universo?
Danhoni – Não acredito num Universo que nasce. Acredito, diferentemente do professor Lattes, num Universo infinito, que não tem origem, que sempre existiu.
Lattes – Concordo com você, mas não chamo de infinito, chamo de indefinido.
Danhoni – Pode ser. Minha idéia é quase uma idéia Bruniana.
Lattes – Sabe o que Giordano Bruno disse quando estava ardendo, morrendo queimado pela Inquisição (acusado de conspiração contra a Igreja)? “O Sol é uma estrela como as outras!”.
Danhoni – Giordano é mesmo um monstro universal, mas ainda pesa sobre ele essa censura. Ele falava em pluralidade dos mundos infinitos: que o Universo é infinito e Deus está em todas as coisas, portanto, em lugar algum. É um Universo aninimista. A estrela tem origem, desenvolvimento e morte. Ela vira uma fábrica atômica, produzindo elementos pesados como hélio, oxigênio, ferro e aí implode, explode e lança isso, que vai semear vida ou destruir vidas em outros sistemas. Assim talvez o Universo fosse contínuo, perpétuo dentro de sua infinidade. Agora, toda essa história do Big Bang explica a interpretação de uma coisa única: você tira o espectro de uma galáxia, o Universo está se expandindo e um dia ele esteve num ponto singular. E eu faço uma pergunta: todos nós sabemos que, pela Teoria da Relatividade, nada pode escapar de um buraco negro...
Lattes – Isso é uma bobagem. O buraco negro do Gamow (risos), uma bobagem, só tem o dele.
Danhoni – Mas a pergunta: se nada pode escapar de um buraco negro, como pôde o Universo nesse ponto singular se expandir? Ou seja, é uma coisa muito fantasiosa.
JU – Pois é. Mas permanece a dúvida: de onde teria vindo a matéria para explodir e originar o Universo, no caso do Big Bang? E que vale também para a teoria de um Universo infinito. De onde veio a matéria?
Danhoni – Eu acho que jamais conseguiremos uma resposta para isso. E isso dará emprego aos físicos (risos).
Lattes – Deus pode ter criado a matéria, pode até ter criado o espaço, mas o tempo, não. O tempo é uma variável termodinâmica, que cria a si mesmo, pelo fato de tender para a desordem. (Pára, pensativo). Mas ainda estou aprimorando isso no meu tratado. Fica para a próxima sessão. Vai haver próxima sessão?... Acho que ainda leva tempo.
JU – O senhor é um crítico ferrenho da Teoria da Relatividade e do próprio Einstein (Albert Einstein, físico alemão, 1878-1955).
Lattes – Coitadinho, a culpa não é sua, foi assim que te ensinaram. Mas você sabe de quem é o princípio de relatividade?
Danhoni – Não nasce com o Poincaré (Jules Henri Pincaré, físico, matemático e astrônomo francês, 1854-1912)?
Lattes – Mesmo antes, mesmo o Galileu (Galileu Galilei, físico, matemático, astrônomo, filósofo, literato italiano, 1564-1642), o próprio Newton (Isaac Newton, físico, matemático e astrônomo inglês, 1642-1727) certamente falaram em relatividade. Mas quem anunciou corretamente e colocou em ordem foi o Poincaré, em 1900. Lá já aparece que o movimento retilíneo uniforme não pode ser detectado num laboratório. Admitindo como postulado (algo que não pode ser demonstrado) que o movimento retilíneo uniforme não altera os fenômenos de um laboratório fechado, e chamando a isso de princípio da relatividade – como eles falam –, mesmo que mais tarde viesse a ser provado o contrário pela experiência, Poincaré queria ver quais seriam as conseqüências lógicas. É assim que ele começa seu trabalho. Tudo o que Einstein diz, sobre dilatação do período dos relógios em movimento, variação da massa com a velocidade, isso é Lorentz (Hendrik Antoon Lorentz, físico holandês, 1853-1928). Einstein é uma bobagem. Eu não acredito na relatividade. Mas se ela fosse verdadeira, numa espaçonave que está em repouso em relação às galáxias ou em movimento retilíneo uniforme – o que não é possível porque o espaço está cheio de radiação –, você observaria os mesmos fenômenos, tanto num laboratório parado quanto num em movimento. O princípio do movimento retilíneo uniforme é do Poincaré. Einstein confundiu medida de grandeza física com grandeza física, que é uma coisa objetiva. O metro dele encolhe dependendo da velocidade. Depois, ele fez uma teoria da gravitação fajuta, que chamou de relatividade geral. Não tem relatividade geral. A teoria é furada. O movimento de aceleração é absoluto. Einstein é um palhaço, plagiador! Um século de tapeação e ninguém desmascarou.
Danhoni – É essa adesão ao modelo tido como real. Quem fez a fama do Einstein foi o Arthur Eddington (astrônomo e físico inglês, 1882-1944).
Lattes – Esse é um palhaço puro.
JU – O Eddington é o inglês...
Danhoni – O Eddington mandou uma equipe para o Brasil em 1919, em Sobral, e outra acompanhou na Guiné os melhores pontos para se observar um eclipse. É só durante um eclipse que você vê as estrelas de fundo e pode comparar se elas estão no mesmo ponto ou se a luz delas está defletida ou não. Só que ele pegou as chapas com desvio acima ou abaixo do previsto por Einstein e desconsiderou. Fez uma análise estatística de erros observacionais e experimentais e aquilo se encaixava dentro do previsto por Einstein. Isso fez a fama de Einstein.
JU – Como vocês avaliam a física no Brasil?
Danhoni – A ciência brasileira está muito condicionada pela Califórnia, que tem um indexador de revistas científicas, o ISI, “Institute for Scientific Information” (Web of Cience), um grande truste que indexa revistas do mundo inteiro – oito mil dentre cerca de 150 mil publicações, pouquíssimas no Brasil. E se você não publica nessas revistas, não faz ciência séria. A ciência séria, portanto, está atrelada à ciência que é feita no primeiro mundo.
JU – Danhoni, você é doutor em Educação e se mostra didático ao falar dos fenômenos astronômicos em “O Mago que veio do Céu”, um livro para crianças...
Danhoni – No livro de criança quero algo de ciência informal e tento recuperar o sistema referencial geocêntrico. Não por crença, mas porque é o que a gente vive inicialmente.
JU – O “Memórias do Invisível” enfoca um pouco dessa sua postura contra a doutrina educacional seguida atualmente...
Danhoni – O “Memórias...” tem vários livros dentro dele. É uma reunião de minha produção em 15 anos, sempre enfocando essa questão da não dogmatização da ciência, para estimular de alguma forma o pensamento divergente. Só que infelizmente a academia, no mundo, trata mal os divergentes, ela está interessada em comércio. E se você começa a questionar a física do estado sólido, a cromodinâmica quântica, fica meio de lado porque não vai produzir tecnologia. Você começa a incomodar.
JU – O que resta ser descoberto?
Danhoni – Tudo. E tudo o que for descoberto será reinterpretado no futuro.
Lattes – O que era aceito já não é mais.
Danhoni – A maioria das vezes a gente vê o que o nosso esquema teórico pede para a gente ver.
Lattes – Eu não vou nessa, não.
© 1994-2000 Universidade Estadual de Campinas
Cidade Universitária "Zeferino Vaz" Barão Geraldo - Campinas - SP
E-mail: webmaster@unicamp.br
EM:
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=28205 Notícias Sexta-Feira, 27 de maio de 2005
Dia Mundial da Física: Remando contar a maré do Big Bang
Hoje, a tese defendida por Novello, a do Universo eterno, prevalece
Ana Lucia Azevedo escreve para ‘O Globo’:
O físico Mário Novello sabe muito bem como é duro remar contra a maré. Principalmente, se a maré em questão é a do Big Bang, o famoso modelo sobre a origem do Universo.
Hoje, a tese defendida por Novello, a do Universo eterno, prevalece. Porém, ele mais uma vez aposta na mudança e vê uma nova revolução em curso na física. A Humanidade poderá mudar, uma vez mais, a forma como vê a si mesma e ao mundo.
No ano passado, Novello ganhou o título de doutor honoris causa da Universidade Claude Bernard de Lyon — o último físico agraciado com o título foi o russo Andrei Sakharov (1921-1989), prêmio Nobel em 1975 e o mais famoso dissidente da ex-União Soviética.
Ele divide seu tempo entre as pesquisas no Instituto de Cosmologia, Relatividade e Astrofísica do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e os livros que escreve para não cientistas, como ‘Máquina do tempo’ (Jorge Zahar Editor) e ‘Os jogos da natureza’ (Campus/Elsevier).
Por muito tempo seu trabalho foi visto como herético. Você desafiava o conceito do Big Bang, a explicação mais difundida sobre a origem do Universo. O que mudou?
Mário Novello: Muitos estudos mostraram que a hipótese do Universo eterno é muito mais factível do que a de um Cosmo como o do Big Bang, com um início estabelecido há uns poucos bilhões de anos. Durante a década de 90 ficou claro que o Big Bang foi um começo, mas apenas dessa fase de expansão do Universo. O Big Bang não foi o início de tudo.
Por quê o Big Bang se tornou tão difundido?
Novello: Porque é um conceito poderoso. Ele virou uma espécie de mito científico da criação. Substituiu o Paraíso, Adão e Eva por átomos e moléculas. A física trouxe a cosmogonia para a ciência.
Se o Big Bang não foi o início de tudo, o que havia antes?
Novello: Há numerosos modelos. Mas eles concordam que antes do Big Bang havia o vazio. Mas esse vazio é o vazio de matéria, de tudo que chamamos indistintamente de coisas. Mas isso não vale para estrutura espaço-tempo. Por isso, pelas leis da gravitação, esse vazio primordial era instável e sujeito a colapsar. A matéria e a energia surgiram devido à interação gravitacional que fez o vazio colapsar. Foi o colapso do nada. Com a gravitação, o nada gerou tudo-o-que-existe.
Esses conceitos são muito complexos, distantes dos fatos cotidianos...
Novello: Sim, é verdade. Uma parte da física está cada vez mais voltada para coisas que não fazem parte do cotidiano. Mas a física também nos impõe novos desafios. À medida que nosso conhecimento sobre o Universo e as leis que o regem aumenta, somos desafiados a mudar nossa visão de mundo. Nosso cérebro está treinado para pensar em matéria/energia e espaço/tempo. Mas a explicação sobre a origem do Cosmo que começa a emergir não se encaixa na nossa forma de pensar e à nossa linguagem.
Nos últimos anos temos visto a ciência se aproximar como nunca da ficção. Um dia seremos capazes de viajar no tempo?
Novello: Teoricamente, é possível. Precisamos encontrar atalhos no espaço-tempo que os físicos apelidaram de buracos de minhoca. Hoje, não conseguimos nem chegar a alfa-centauro, a estrela mais próxima de nosso Sol. É uma distância praticamente impossível de percorrer. Mas se entrássemos num buraco de minhoca poderíamos chegar à alfa-centauro em segundos. Os atalhos viabilizariam não só viagens no tempo quanto a exploração do Universo. Parece ficção, mas hoje faz parte da ciência.
Como descobrir buracos de minhoca no Universo?
Novello: Os buracos de minhoca são como máquinas do tempo capazes de nos transportar em viagens que levariam dezenas de milhares de anos, para o passado ou para o futuro, em segundos. Para achá-los, precisamos modificar certas conseqüências de algumas leis da física.
A física passa por uma nova revolução?
Novello: A cosmologia está reformando nossa forma de ver o Universo. Temos dificuldade para perceber esta revolução porque estamos imersos nela. Precisamos aprender a pensar de maneira diferente, mas não sabemos ainda muito bem como.
Como é essa nova visão?
Novello: É uma revolução que começou no final do século XX. Chegamos a fenômenos que não podem ser explicados pelas leis que conhecemos, que desafiam princípios básicos como os do eletromagnetismo tradicional. Talvez vá surgir um novo Einstein que nos ajude a entender melhor a nova estrutura que está em marcha.
--------------------------------------------------------------------------------
Índice de Noticías
- imprimir
- enviar
- comentário
Expediente • Contato • Site da SBPC Navegue por aqui
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SBPC©2002
Todos os direitos reservados / All rights reserved
EM :
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=28204VNotícias Sexta-Feira, 27 de maio de 2005
JC e-mail 2771, de 19 de Maio de 2005.
Dia Mundial da Física: O desafio monumental de decifrar o Universo
Esse conhecimento mais profundo que, em tese, permitiria até mesmo as viagens no tempo, só será possível com novas teorias ou, quem sabe, um novo Einstein
Roberta Jansen escreve para ‘O Globo’:
Conciliar dois dos principais legados de Albert Einstein, a física quântica e a relatividade geral, criando uma teoria unificada e mais consistente para explicar os fenômenos da natureza, é um dos maiores desafios da física atualmente, concordam especialistas.
Segundo cientistas, entretanto, teorias tão ou mais revolucionárias que as de Einstein, que apresentassem novas concepções sobre o espaço-tempo, precisariam advir para a solução do impasse.
À medida que novos fenômenos, escalas, domínios da natureza e tecnologias surgirem, teorias mais amplas serão necessárias para explicá-los, acreditam.
‘Quando se considera a idéia de Einstein, da gravidade ligada à geometria do espaço-tempo, é preciso olhar o que acontece com o espaço-tempo numa escala muito abaixo da microscópica, tão distante da nossa quanto a do Universo’, sustenta o físico Moysés Nussenzveig, explicando por que é difícil unificar a teoria quântica à da relatividade geral.
‘Estamos falando de distâncias e tempos tão curtos, tão pequenos, que é difícil conceber acesso a essas escalas em laboratório. E nessas escalas, o conceito de espaço-tempo precisa ser revisto.’
Por enquanto, aponta Nussenzveig, não há teoria consistente para se chegar a essas escalas. A Teoria das Cordas, que tenta fazer isso, é a mais conhecida e mais aceita atualmente, mas, segundo os especialistas, ainda é embrionária.
‘Estamos caminhando para uma tecnologia que envolve sistemas cada vez mais microscópicos’, constata o físico Luiz Davidovitch.
‘Disso resulta que começamos a lidar com aplicações da física quântica no nível microscópico, aplicações que lidam com propriedades quânticas que intrigaram Einstein durante muitos anos.’
A solução de tal problema é considerada fundamental a médio prazo, sobretudo num momento em que a nanotecnologia desponta como uma das mais promissoras áreas da física, em áreas que vão da eletrônica à biologia. A nanotecnologia lida com escalas atômicas e moleculares, ainda assim, mais de 30 ordens de grandeza acima da gravidade quântica.
Outro importante desafio da física, na análise dos especialistas, diz respeito justamente a sua relação com a biologia.
‘Cada vez mais constatamos que mecanismos moleculares biológicos básicos são diretamente influenciados pela física’, aponta Davidovich.
‘Por isso, acredito que a física terá um papel cada vez mais importante na biologia, ajudando a explicar características de moléculas e sistemas biológicos.’
Outro grande problema em aberto a intrigar os cientistas diz respeito ao ínfimo conhecimento que se tem do Universo.
‘Se por um lado a física nos permitiu explicar desde fenômenos em escala subnuclear até do Universo, por outro, descobertas recentes mostram que tudo aquilo que tratamos na física seria apenas 4% do que está contido no Universo’, diz Nussenzveig.
‘Há a matéria escura e a energia escura sobre as quais há conjecturas.’
Esse conhecimento mais profundo que, em tese, permitiria até mesmo as viagens no tempo, só será possível com novas teorias ou, quem sabe, um novo Einstein.
(O Globo, 18/5)
Índice de Noticías
- imprimir
- enviar
- comentário
Expediente • Contato • Site da SBPC Navegue por aqui
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SBPC©2002
Todos os direitos reservados / All rights reserved