Não só a maioria dos grandes cientistas e grandes inventores são homens. Também a maioria entre os maiores empresários, escritores, pintores, escultores, cineastas, atletas, intelectuais, filósofos, políticos, estadistas, líderes religiosos, genocidas, criminosos, etc. É difícil encontrar alguma área em que os homens de destaque não estejam em vantagem numérica. Acho que isso se deve em grande parte ao fato de a emancipação feminina ser recente, mas não sei se esse é o único fator.
Vou até arriscar um chute: a natureza programou o macho para seduzir a fêmea, e não o contrário. Os pássaros que cantam são os machos, e não as fêmeas. Os pavões com caldas vistosas são os machos, e não as fêmeas. Os bodes que batem cabeça são os machos, e não as fêmeas. Em quase todas as espécies, quem precisa de alguma forma provar que é melhor do que os outros é o macho. Enquanto para o macho a tarefa de fazer um filho pode durar uns poucos minutos, para a fêmea as coisas não são tão simples, pois é ela quem vai enfrentar uma gestação longa, podendo até ter que cuidar de sua cria sozinha depois. É um investimento muito grande, e naturalmente que uma fêmea esperta vai preferir passar por esse sacrifício carregando uma prole com genes de boa qualidade. Por que ter um filho de um perdedor qualquer e tê-lo devorado por um predador ou rejeitado por outras fêmeas no futuro, quando você pode ter um filhote premiado, com boas chances de sobreviver e lhe render um mnonte de netinhos? Claro que as fêmeas não pensam assim literalmente. Elas não precisam pensar, não precisam traçar estratégias - Darwin faz isso por elas. Durante toda a história da reprodução sexuada, as fêmeas que foram selecionadas são aquelas que escolhem os melhores machos. E naturalmente, os machos que são selecionados são os melhores machos. E quando ele procura mostrar que o melhor macho da parada é ele mesmo, ele provavelmente nem tem uma intenção direta de se exibir porque urge por se reproduzir, a própria natureza já lhe equipou com um prazer inato em participar dessas demonstrações de superioridade.
Em nossa espécie, e particularmente em nossa cultura, há muitas maneiras de um macho mostrar que ele é o melhor macho. A mais tradicional é ser bonito, e isso também vale para elas. Mas beleza tem mais a ver com apresentar uma aparência saudável, de alguma forma indireta uma pessoa ser bonita deve nos indicar que ela tem menos chances de cair morta no chão amanhã. Beleza, portanto, é um requisito mínimo e indispensável, ela ajuda muito, mas sozinha não vai servir para provar que você é o solteiro mais valioso do mercado. Dinheiro, por outro lado... E prestígio, erudição, educação, bondade... Todas essas qualidades são grandezas comparativas, o importante não é ter dinheiro - é ter mais dinheiro do que os outros. O importante não é ser inteligente - é ser mais inteligente do que os outros.
Ter virtudes, na verdade, nada mais é do que um modo de um homem mostrar a uma mulher que ele é melhor do que os outros homens, que o seu esperma tem mais qualidade, que vale mais a pena ter um filho seu do que de outro qualquer. Sendo assim, aos homens, talvez instintivamente, interessa muito subir a posições de destaque na sociedade, por isso é o homem quem tem mais interesse em alcançar status e prestígio no meio científico, artístico, cultural, político, religioso, etc. Não porque conscientemente queremos pegar mulher, mas porque já contamos com uma necessidade natural de status e prestígio. A vaidade já é uma fonte de prazer por si só, mesmo sem estar acompanhada pela luxúria.
As mulheres que estão se intrometendo recentemente nas posições de destaque da sociedade, antes exclusividade dos homens, o fazem talvez porque na espécie humana a cultura tem um papel importantíssimo, mais do que em qualquer outra espécie. Aqui, o imperativo cultural de a mulher, ela também, alcançar sucesso, status, prestígio, faz com que ela também busque tudo isso e acho que é uma tendência que de hoje em diante as mulheres tendam a equilibar a balança. A não ser que o binário biologia/cultura nos homens seja bem mais forte do que as demandas da cultura apenas, sobre as mulheres.