Mas essa é a questão. Em nenhum momento eu falei de genes. Eu falei de instintos. Que são herdados. Que determinam o comportamento. Alguns instintos (não todos) dos homens e das mulheres são diferentes e determinam um comportamento diferente. A mente humana é um processador de informações que transforma os dados em pensamentos ou em emoções. Se uma pessoa sente medo esse instinto foi transmitido; assim é com todos os nosso instintos básicos - raiva, afeto, ódio, amor, tristeza, alegria. Se o cérebro não estiver programado para ter determinado instinto ele não poderá senti-lo. Qual é o absurdo de dizer que as mulheres tem alguns instintos diferentes dos homens que determinam comportamentos diferentes?
Você há uns posts atrás estava falando de gêmeos..... qual o sentido de falar de gêmeos nesse tipo de discussão sem estar implicitamente se referindo a genes?
De qualquer forma, não é uma
hipótese absurda haverem diferenças, instintivas ou outras, entre os sexos. Agora isso é diferente de ser fato consumado. Nos links que eu postei fala de estudos apontando apenas diferenças bem pequenas, enormemente sobrepujadas pelas similaridades, em contraste com os estudos ou enfoque que a mídia costuma dar.
De forma similar, eu poderia propor diversas coisas mecanisticamente plausíveis, como que a maior parte das diferenças em comportamento tem origem viral, em vírus (ou mesmo bactéria) ainda desconhecidos por serem, fora as diferenças comportamentais, assintomáticos. Alguns vírus talvez se expressem diferencialmente em mulheres e homens, ou talvez tenham até a sua reprodução só possível ou em homens ou mulheres, de forma análoga à especialização celular em si; o vírus identifica lá numa célula qualquer o cromossomo X ou Y, e se mantém ou assintomático ou talvez nem se reproduza mais no indivíduo.
Houve quem propusesse, por exemplo, que o comportamento homossexual pudesse ter origem em algum germe. Há vírus que alteram o comportamento, o mais famoso sendo a raiva. A bactéria da toxoplasmose deixa os ratos meio suicidas, sem medo de gatos, e também tem algum efeito comportamental sobre humanos, alguns sugerem ter tido fortes impactos culturais (além de afetarem as capacidades cognitivas, isso já é mais comprovado, os reflexos são reduzidos, pessoas com toxoplasmose sofrem mais acidentes de direção).
Assim, talvez as diferenças de comportamento entre homens e mulheres poderiam ser devido à diferentes "floras" de germes (como as outras "floras", intestinal, estomacal, vaginal, etc, além de uma possível flora sangüínea geral defendida por ao menos um trabalho, e os endossimbiontes como a mitocôndria [que acho que poderiam ter os seus próprios parasitas adicionalmente]) que estão passando despercebidos.
Talvez a revolução feminina ocidental não tenha origem cultural, mas biológica: umas cepas desses organismos que determinam comportamentos e habilidades masculinas talvez tenha evoluído para serem capazes de contaminar ou se expressar também em mulheres; não me espantaria se a "revolução" das mulheres possa ser encontrada em padrões suficientemente compatíveis com os de epidemias, em sua distribuição geográfica.
Ainda mais se considerarmos talvez interações ecológicas entre esses endossimbiontes, tornando a coisa mais complexa (e mais difícil de ser demonstrada falsa).
Inversamente, alguns desses endossimbiontes comportamentais tipicamente femininos talvez estejam agora contaminando homens, e gerando fenômenos como metrossexualismo e os emos.
Deterministas
endogenéticos mais ferrenhos custumam atribuir a raça ou grupos, coisas como tendência a comportamentos mais ou menos morais, criminalidade e violência, disposição para trabalho, taxas reprodutivas. Isso seria ruim se fosse verdade. Talvez não atribuir isso aos genes seja tábula rasa. Mas há uma solução: ppoderia ser atribuido à genes dos parasitas, seriam problemas de saúde, não haveria a "carga" ofensiva que há em se discriminar uma raça ou grupo étnico como tendo em seus próprios genes algo ruim, ou superioridade, ao mesmo tempo que se pode explicar por quaisquer preponderâncias e exceções comportamentais em qualquer grupo.
Assim a história das invenções humanas, da evolução "cultural", talvez seja a história da evolução de endossimbiontes e parasitas ao longo do tempo. Combina com tudo isso, a hipótese explica a história e as diferenças todas.
Só que enquanto não se identifica esses parasitas, não se isola eles e os estuda, comprovando as relações causais (e não mera correlação), a hipótese mais plausível é que eventuais vírus inócuos que sejam detectados não afetam o comportamento. É geralmente o que se faz com relação a afirmar a relação causal de algum tipo de germe e um sintoma... mas com os genes endógenos, ainda mais com relação a especulações mais descompromissadas, não há tanto essa preocupação, as pessoas costumam naturalmente, automaticamente, admitir haver alguma causal por simplesmente encontrar correlações, falácia ad hoc ergo propter hoc.
De modo geral, mais parcimonioso que admitir diferenças de instintos ou determinação genética para comportamentos entre grupos de pessoas, sexos, indivíduos, ou num mesmo indivíduo ao longo da vida, é aceitar essas diferenças como culturais e/ou de vivência pessoal, é a hipótese nula/default, porque cultura/aprendizado são os mecanismos que melhor acomodam, que mais facilmente poderiam causar, esse tipo de coisa na nossa espécie. Evoluem mais rapidamente que instintos/genes ou mesmo que vírus e germes (que tem até vantagem sobre genes endógenos nesse quesito), e podem evoluir pelos mesmíssimos motivos de psicologia evolutiva normalmente usados para embasar o porque de uma característica comportamental qualquer.