Tópico: Mudanças no sistema de cotas

[Adriano]

Já a outra reportagem sobre o Prouni aponta que além do resultado positivo do próprio Prouni, a renda também teve grande influência.

Entendi sim. Meu argumento é: sou contra A, e a favor de B. Não importa se A foi implantado
em algum lugar ou não, o argumento é contra o princípio em que A está baseado, além de que
tenho sérias dúvidas se A vai ser útil para o que se propõe (como já discutimos em outros
tópicos). Como prova de que A é desnecessário, veja o caso de B, que tem demonstrado ser eficaz para
lidar com o problema para o qual A tem sido proposto.

Está certo. O argumento é de que o problema racial não é preponderante e sim o da desigualdade social. E que bons resultados do Prouni beneficiam os afrodescendentes. Até aí tudo bem. Entendi o ponto.

São políticas distintas uma racial e outra socio-econômica. Embora muitas universidades ofereçam as vagas para negros pobres, é condicionado a isso.

Para mim (e para outros aqui) dá no mesmo, pois considero que o fator econômico seja o mais
preponderante para a desigualdade racial. É você quem faz essa distinção.

Eu faço a distinção juntamente com as universidades brasileiras e mais o relatório de desenvolvimento humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNDU) de 2005 com o tema Racismo, pobreza e violência. No capítulo 2, a dimensão política da pobreza.

 

A nossa sociedade é racista, não existe o mérito puro, ele é condicionado por questões sociais e históricas. A discriminação positiva é um contraponto a esse racismo.

O fato de a sociedade ser racista ou não é irrelevante no que se refere aos critérios de entrada
na universidade. Como já foi dito várias vezes aqui, não existe (ainda) a exigência de declaração
de cor no formulário de inscrição do vestibular.

E o racismo não acontece de forma explícita, esse o direito negativo (penal), consegue combater.  Tem um tópico falando sobre isso: Da ineficácia de leis anti preconceito

A razão para o fracasso é muito simples. Grande parte dos artigos da 7.716 pretende regular sentimentos, muitas vezes inconfessáveis até para seu autor. É perfeitamente correto que exista uma norma jurídica proibindo o Estado de discriminar negros, homossexuais, judeus ou qualquer outro grupo em empregos públicos preenchidos por sistemas de seleção, vá lá, objetivos. É evidente, porém, que a coisa não funciona em escala privada. Se um negro é preterido após uma entrevista, é impossível provar que o foi por ser negro. O empregador sempre poderá alegar, para o juiz e para sua consciência, que preferiu o candidato branco por considerá-lo mais capacitado ou apenas mais "simpático" --no que estaria em seu direito. O racismo é um fenômeno muito mais fácil de perceber nas estatísticas --o pequeno número de negros em postos qualificados ou de comando-- do que na esfera das relações interpessoais.

Mas cabe diferenciar o direito negativo, que é o penal, do direito positivo, as ações afirmativas.

[Nightstalker]

O sistema de cotas é racista por natureza. Me admira que não tenha sido banido ainda por ser ilegal.

Pô, se vai dar cotas, dê às pessoas de baixa renda e não aos negros. Todo mundo sabe que o problema não está nos negros mas sim no fato da maioria dos negros serem pobres.

Exato.

[Buckaroo Banzai]

Plenamente Alenônimo, sou a favor de cotas sociais (com ressalvas), mas radicalmente contra as raciais.

De acordo com o único critério possível é a auto-identificação: negro é aquele que assim diz ser. A idéia de uma comissão ou entrevista determinando etcnicidade é ridícula.

Discordo em ordem, número e grau desta idéia de que basta a auto definição para determinar a raça de alguém, se fosse para escolher um critério eu acho que o mais justo seria este novo mesmo: negro é quem é visto pelos outros como negro. Mas como eu disse, sou contra cotas raciais sob qualquer circunstância, pelos mesmos motivos que o Alenônimo.

E eu duvido e D Ó dó que esses moleques da foto aí em baixo tenham se identificado como negros em qualquer outra situação. Duvido que em algum momento alguém tenha se referido a eles como negros ou que alguém com idéias racistas os tenha descriminado sob qualquer circustãncia por conta de traços étnicos. As cotas raciais são uma estupidez, certo; mas esses aí em baixo exemplificam bem claramente a definição da famosa Lei de Gérson. Por mim iam os dois iam pra cadeia por cara-de-pau qualificada.

Eu até que sou um tanto mais complacente com esse tipo de coisa, apesar de ser contra as cotas...

Eu não sei bem como está a situação de cotas sociais, parece que existem elas também... enfim.... talvez esses aí não estivessem lá nas melhores condições de estudar por si próprios ou pagar cursinho e trabalhar, e sei lá o que mais, mas por qualquer motivo não pudessem ser enquadrados dentro de cotas sócio-econômicas (talvez por não existir, ou pelas vagas (?) já terem sido preenchidas, não sei) aí é até um uso "compreensível" (ou, nem tão repreensível) da lei de Gérson.

[Rodion]

Eu não sei bem como está a situação de cotas sociais, parece que existem elas também... enfim.... talvez esses aí não estivessem lá nas melhores condições de estudar por si próprios ou pagar cursinho e trabalhar, e sei lá o que mais, mas por qualquer motivo não pudessem ser enquadrados dentro de cotas sócio-econômicas (talvez por não existir, ou pelas vagas (?) já terem sido preenchidas, não sei) aí é até um uso "compreensível" (ou, nem tão repreensível) da lei de Gérson.

que eu saiba, não existem. o mais próximo disso são os 3 ou 4% que a fuvest bota na nota de candidato oriundo de escola pública.

[Nightstalker]

Tsc... Vai ser tão fácil desmontar esse sistema de cotas racistas. É só todas as escolas e todos os
cursinhos orientarem os candidatos, não importa se negros ou louros de olhos azuis a se declararem
negros. Quero ver se essa comissão de pureza racial vai se dispor mesmo a examinar 5000 +
candidatos!

Ah, e aqueles gêmeos certamente seriam considerados negros, hispânicos ou árabes... nos EUA.

Essas comissões de pureza racial me remetem aos exames que a SS faziam nos cidadãos alemães há um tempo atrás...

[Nightstalker]

Cotas socio-econômicas são toleráveis na minha opinião, mas mesmo assim discordo delas. Colocar na universidade indivíduos com baixo nível de conhecimento não é sensato. Como que o cara conseguirá seguir bem no curso se tem uma base fraca? O ideal seria que o ensino fosse melhorado para que todos pudessem competir em pé de igualdade. Ao meu ver o sistema básico de ensino não funciona aqui no Brasil sendo estatal, sou favorável à privatização, os que não puderem pagar seriam financiados pelo Estado por meio de vouchers.

[Buckaroo Banzai]

Eu acho que uma das vantagens do ensino público com relação a vouchers é possivelmente um pouco menos discriminação de classe. Na escola pública, apesar de haver variação de renda, todos estão lá sem pagar nada, não tem ninguém lá "de favor".

Acho que seria melhor aplicado ao sistema de saúde, de qualquer forma, porque não há essa mesma freqüência, esse tempo todo de convívio para ameaçar um o desempenho escolar/psicologia da mesma forma que poderia ser nas escolas.


Em vez de cotas raciais ou sociais no vestibular, acho que deveriam haver cursinhos de reforço pré-vestibular para baixa renda, e competiriam de igual para igual daí por diante, sem "desconto" de avaliação, como se fossem naturalmente incapazes, sejam classes* ou raças.


* O racismo "científico", atualmente (e talvez nem só atualmente), também tem enveredado para um classismo científico, defendendo que as linhagens de pobres são meio que "geneticamente pobres" e/ou mais burras, mesmo dentro dos brancos, ou de qualquer raça não considerada inferior.

[Nightstalker]

Em vez de cotas raciais ou sociais no vestibular, acho que deveriam haver cursinhos de reforço pré-vestibular para baixa renda, e competiriam de igual para igual daí por diante, sem "desconto" de avaliação, como se fossem naturalmente incapazes, sejam classes* ou raças.

É uma boa iniciativa.

[Herf]

Em vez de cotas raciais ou sociais no vestibular, acho que deveriam haver cursinhos de reforço pré-vestibular para baixa renda, e competiriam de igual para igual daí por diante, sem "desconto" de avaliação, como se fossem naturalmente incapazes, sejam classes* ou raças.

É uma boa iniciativa.

Eu insisto em achar que não.

Seria apenas mais uma forma de remendar a situação. De mirar no alvo errado.

Cursinho pré-vestibular não faz a pessoa aprender. Apenas faz uma grande revisão do que foi passado no ensino médio além de ensinar táticas de decorar fórmulas, datas, etc. Se mais ricos têm mais chances do que mais pobres de passar no vestibular isso se deve muito mais à qualidade do ensino fundamental e médio que tiveram. Não exagerem o peso de um curso pré-vestibular.

Se cursinhos que apenas ensinam a decorar dão às pessoas algumas chances a mais de passar no vestibular, então me parece lógico que está na hora de mudar o vestibular, para que filtre não os que mais decoram, mas os que mais sabem.

Além do que, passados alguns anos da implantação deste sistema de cursinhos pré-vestibular para pobres, começariam a reclamar que "os cursinhos pré-vestibular dos pobres não possuem a mesma qualidade dos cursinhos dos ricos, a competição é desigual e queremos cotas, blá blá blá...". Pessoas querendo tudo de mão beijada existirão sempre!

Não adianta! Não há como escapar! Só há uma solução para o problema: melhorar o ensino básico. É claro que não é algo que vá resolver o problema do dia para noite. Mas fazer qualquer outra coisa é jogar dinheiro fora.

[Herf]

Ao meu ver o sistema básico de ensino não funciona aqui no Brasil sendo estatal, sou favorável à privatização, os que não puderem pagar seriam financiados pelo Estado por meio de vouchers.

Nosso sistema público de ensino básico é vergonhoso. Pessoas saem do ensino médio sem dominar os conceitos mais básicos de química, física, biologia... Uma montanha de recursos sendo desperdiçada.

Penso que se o estado concentrasse toda sua força apenas na garantia de um ensino fundamental decente, e privatizasse todo o resto (médio e superior), estaríamos infinitamente melhor.

[Nightstalker]

Ao meu ver o sistema básico de ensino não funciona aqui no Brasil sendo estatal, sou favorável à privatização, os que não puderem pagar seriam financiados pelo Estado por meio de vouchers.

Nosso sistema público de ensino básico é vergonhoso. Pessoas saem do ensino médio sem dominar os conceitos mais básicos de química, física, biologia... Uma montanha de recursos sendo desperdiçada.

Penso que se o estado concentrasse toda sua força apenas na garantia de um ensino fundamental decente, e privatizasse todo o resto (médio e superior), estaríamos infinitamente melhor.

É uma alternativa, mas que infelizmente não será adotada devido a mentalidade pseudo-ufanista-esquerdista nacional.