Mas a teoria crítica vai no mesmo sentido no qual você aponta. Mas ela percebe que os formuladores das teorias não estão isentos, não estão analisando uma realidade da qual não fazem parte.
Esse é o erro da teoria política de Hayek, Mises e Popper. Colocam como o capitalismo sento algo natural e não fruto do liberalismo clássico. Da mesma maneira o estado é entendido como algo artificial e não como algo construído pela sociedade e que pode se desenvolver tanto quanto as outras instituições. É um maniqueísmo com o mercado sendo o bem e o estado sendo o mal. Disso surge o conceito de estado mínimo que é uma visão parcial de um grupo que se propõe imparcial como muitos outros utópicos.
Não é o Estado que é mau, é quem se usa da força pra conseguir certo fim (ato que vai contra a propriedade privada e a liberdade). Natural não é o capitalismo, mas a propriedade privada e a liberdade (autonomia), que derivam necessariamente da propriedade sobre o próprio corpo, do direito à vida, da existência da incerteza e da escassez de recursos. O resto se deduz disso. Mises usa a praxeologia, por exemplo, algo que eu considero insofismável.
Mesmo que você não considere reais tais coisas, não acho recomendável adotar uma visão utilitarista para críticá-la (algo que ocorre muitas vezes), pois são coisas díspares. E se eu tomar partido de Hoppe, direi que se você não aceitar o que eu disse acima, ou você prefere correr o risco de ser um escravo, ou de cometer suicídio. Não só: comete uma contradição performativa, visto que para argumentar contra tais coisas, é necessário que você aceite que exista algum tipo de controle independente sobre certos recursos em algum momento, senão você não estaria vivo pra poder argumentar contra isso[1]. Em outras palavras, é da própria natureza da vida e racionalidade humanas a aquisição de bens no mundo,
ergo um direito natural, existindo
a priori em qualquer ser capaz de proferir um argumento. De todo modo, eu não gosto muito de discutir sobre isso, pois nunca leva a lugar algum.
Se você tem interesse por Habermas e leu sobre a Teoria do Agir Comunicativo[2] (que é interessante, recomendo), deveria ler algo de Hoppe. Ele estudou com Habermas e usou essa teoria para justificar a propriedade privada de maneira muito convincente.
[1] Ver
http://en.wikipedia.org/wiki/Discourse_ethics#Libertarian_approacheshttp://www.hanshoppe.com/publications/econ-ethics-10.pdf 
(eu tenho vontade de traduzir esse texto, qualquer dia farei isso

)
http://www.hanshoppe.com/publications/econ-ethics-appx.pdf[2] Pode encontrar mais a esse respeito em "Consciência Moral e Agir Comunicativo", Habermas, Instituto Piaget, capítulo 3 - Notas programáticas para a fundamentação de uma Ética do Discurso.
PS: não que essa seja a única defesa possível do capitalismo, existem muitas; mas a do Hoppe é a que conheço melhor.
PS2: estamos no papo furado?
