Constituição boliviana veio "diretamente" da Venezuela, diz governador de Santa Cruz da Folha Online
A Carta Magna aprovada pela Assembléia Constituinte foi uma imposição do governo com um texto que vem diretamente da Venezuela e é ilegal, afirma o governador de Santa Cruz, Rubén Costas, que lidera a oposição ao presidente Evo Morales.
Os quatro departamentos mais ricos da Bolívia colocaram em andamento no sábado (15), com manifestações de rua, seu processo de autonomia. A medida foi rejeitada pelo governo central, que já disse que não tolerará uma secessão e liderou atos na capital em apoio a seu projeto de Constituição.
Em entrevista publicada neste domingo pelo jornal "El Deber", de Santa Cruz, Costas defendeu a iniciativa aprovada em seu departamento e em outros três --Tarija, Pando e Beni-- para adotar autonomias em relação ao governo, que os acusa de separatistas.
O governador do departamento mais rico da Bolívia acredita que o projeto de Constituição aprovado pelo governo central "é nula de pleno direito porque a Constituição foi aprovada com mortos e atropelando a lei".
"Não houve espírito nem ânimo de fazer um grande pacto pela Bolívia. Se tivesse havido, todos nós teríamos concordado com a Constituição. O texto foi imposto e o modelo implantado veio diretamente do presidente [venezuelano Hugo] Chávez", afirmou.
Dependência
Questionado sobre se os estatutos de autonomia autoproclamados pelos quatro departamentos são separatistas --como acusa Morales--, Costas respondeu: "Não se pode haver separatismo aqui porque 40% da população vem de outros departamentos".
Depois de aprovar seu estatuto de autonomia na véspera, neste domingo Santa Cruz voltou paulatinamente à rotina.
Depois da aprovação do documento, os líderes civis anunciaram que o próximo passo será o recolhimento de assinaturas para convocar o referendo departamental que colocará em vigor o estatuto regional.
Em seu discurso no comício de sábado, Costas pediu à população que assine os livros que foram abertos na celebração para chegar a 500 mil ou um milhão de adeptos do projeto.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u355394.shtml