Leitores comentam artigo ‘Unifesp abre as portas ao Criacionismo’, de Daniel Sottomaior Defendo criteriosamente a opinião de que a ciência, quando utilizada com sabedoria, é a ferramenta humana mais capaz de fornecer a compreensão do mundo no qual vivemosMensagem de Alexandre Carlos Aguiar, biólogo de Florianópolis:A crença é nada mais do que uma forma de nos mantermos seguros quanto aos fenômenos que nos rodeiam e numa sociedade onde as mudanças são rápidas e acentuadas, os medos se disseminam.
É no fundamentalismo religioso e em suas vertentes que se aliviam o medo, acredita a maioria da população. É nos dogmas dos crentes que se dá o sentido da vida, como se propaga por aí.
Esse debate entre as proposições da Ciência e os dogmas religiosos se perpetuará "by a long long time", enquanto o homem possuir a capacidade de tentar entender o mundo que o rodeia.
Isso não começou hoje, não foi na semana passada, nem no último milênio, mas desde que começamos a possuir a aptidão de ver e compreender os fenômenos. E isso, o debate, me parece, continuará para sempre.
Sou evolucionista e ateu até meu último peptídeo, até o mais escondido dos nucleotídeos do DNA em minhas células e não me aborreço com isso! Estou convencido de minhas preferências.
Defendo criteriosamente a opinião de que a ciência, quando utilizada com sabedoria, é a ferramenta humana mais capaz de fornecer a compreensão do mundo no qual vivemos.
Os que preferem a arte, a religião, a filosofia, ou se atém ao senso comum, tem todo o direito de manter suas convicções, mas é pela ciência que temos, ao menos, o nosso conforto material.
Contudo, como educador, sigo a linha de raciocínio amplo.
Embora até possa conduzir um debate em sala de aula para o lado do pensamento científico, através de problematizações e "diálogos impertinentes", ainda assim, o espaço da educação, pretendo que seja o mais democrático possível.
Permito sim, que temas como o da religião possam ser debatidos nesse ambiente, desde que não haja catecismos.
Prefiro o método hegeliano, dos prós e contras, e tenho certeza de que, ao final, prevalecerá a razão. É bom lembrar que as pessoas, quando chegam a uma sala de aula, trazem uma bagagem de suas experiências próprias e isso não pode (nem deve!) ser quebrado por uma opinião do professor.
Porém, do ponto de vista prático, não me importo nem um pouco se a fumaça que sai do Vaticano é branca, preta, rosa ou amarela.
Se o presidente se confessou antes de tomar uma hóstia, ou se o Papa é nazista, pederasta ou conservador. Quero, honestamente, que façam aquilo que é melhor para eles.
Mas, da mesma forma que um biólogo não poderia ir a um culto religioso defender as pesquisas com células-tronco, não aceito que esses de batina invadam os laboratórios e decidam o que pesquisar ou não.
O debate sim, a intervenção jamais. Para isso existem os conselhos de ética, que já são bons o suficiente.
- Mensagem de Alexandre Nowosad, tecnologista do Inpe:Quero parabenizar Daniel Sottomaior pelo seu respeito aos religiosos.
"Isso não é censura nem obscurantismo, somente aplicação dos critérios mais básicos de avaliação de mérito. Não haveria problema algum se o criacionista fosse palestrar em uma igreja, mas o que ele faz em uma Universidade séria?".
Sendo a Unifesp uma Universidade publica, a palestra se trata de um caso de ensino religioso em escola publica, portanto uma mistura estado-religião. Erra a Unifesp.
- Mensagem de Marcos David Muhlpointner, Biólogo:É profundamente lamentável que um cientista se posicione de forma tão fundamentalista a favor da ciência. Pelo que se lê no texto, receio que o Sr Daniel Sottomaior nunca leu um texto criacionista.
Ou, se o fez, o fez de modo muito preconceituoso.
Se evolução é boa ciência, é ciência de qualidade, mostre-me o que aconteceu em algo inanimado (como os coacervados) para que adquirisse vida!!! Como eles adquiriram capacidade reprodutiva?
Se a evolução é ciência de boa qualidade, como se explica o fato das mutações serem, na maioria silenciosas, as responsáveis pelo surgimento de novas espécies?
Com mecanismos de reparo para correção das mutações, como elas seriam a explicação para mudanças tão radicais no código genético?
Sou biólogo e estou farto dessa onipotência arrogante dos cientistas evolucionistas. Anos e anos de pesquisa não fizeram a mente dos evolucionistas “evoluir” para o debate aberto sobre as falhas inexplicáveis dessa teoria.
Ora, se a evolução é um fato, mostre-me a sua ocorrência casual em laboratório. Mostre para a sociedade provas e evidências, não indícios, de que a evolução realmente aconteceu.
Onde já se viu, um número tão limitado de fósseis ser utilizado para a explicação da transição entre indivíduos, ou filos....
Se eu usar um número limitado de informações e resultados em minhas pesquisas, jamais serei aceito em alguma revista científica. Mas a evolução pode.
Presunçosa, arrogante e estúpida a posição de um cientista ao se fechar para o diálogo. Justo um cientista, que deve sempre estar aberto ao diálogo.
Pior ainda, conclamar outros pra que se fechem em seus mundinhos laboratoriais. Mais arrogante ainda é desqualificar um palestrante sem ouvi-lo antes (pelo menos é o que se infere do texto escrito).
É realmente muito lamentável.
- Mensagem de Enézio E. de Almeida Filho, coordenador do NBDI:O NBDI - Núcleo Brasileiro de Design Inteligente vem a público rejeitar as ilações infundadas de Daniel Sottomaior (filósofo agnóstico) no artigo "Unifesp abre as portas ao Criacionismo" sobre a palestra "Criacionismo Científico" a ser proferida por Adauto J. B. Lourenço na Unifesp no próximo dia 7.
Sottomaior no seu artigo, que a História da Ciência vai registrar como um exemplo de 'cancela epistemológica' e de patrulhamento do livre debate de idéias na Universidade, associou aleivosa e intencionalmente a Teoria do Design Inteligente [TDI] com o criacionismo científico e o palestrante com o Movimento de Design Inteligente no Brasil.
Não somos criacionistas e nem o prof. Adauto faz parte do NBDI.
Nós teríamos o maior prazer de apresentar a suficiência epistêmica da TDI e livremente questionar a Darwin nas Universidades brasileiras, mas isso já nos foi negado em importante Universidade pública e o bom senso recomenda: é melhor que o NBDI fique à margem mas salvo dessa nova inquisição sem fogueiras.
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=28754