Autor Tópico: A coitatização do professor  (Lida 4033 vezes)

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Re: A coitatização do professor
« Resposta #25 Online: 14 de Fevereiro de 2008, 13:28:25 »
Nos cursos de licenciatura não há aulas sobre como funciona a memória, quais as diferenças na resolução de problemas quando comparamos experts e leigos, os efeitos da motivação no desempenho.... praticamente todos os aspectos cientificamente relevantes para o ensino eu conheci fora do curso de licenciatura.
E não só isso. Pelo menos na licenciatura em física, reina a idéia de que não é preciso ou não se deve exigir tanto dos alunos de licenciatura quanto do bacharelado... o que faz com que a física de alguns cursos de licenciatura em física seja bem deficiente (onde eu faço, nem estrutura da matéria o cara precisa fazer pra se licenciar... é uma vergonha).

Este aspecto não parece ser tão relevante assim. É bastante claro o mestre deve saber mais que o aprendiz, mas a relação entre a sapiência do mestre e o desempenho do aluno não é linear. Tem algumas pesquisas feitas sobre pespecializações do professor do aluno e tem mostrado que elas são muito pouco efetivas. Depois eu tento achar algumas delas, ano passado foi divulgada uma do INEP neste sentido.
O Dbohr já colocou muito bem.

Só pra complementar, o que quis dizer é que tem muita gente saindo com o diploma de licenciado em física que não sabe patavinas de física. E o fato é que o professor de física tem que saber fisica.

Em nenhum momento defendi que o professor de Física deve ignorar Física, só estou afirmando que se você verificar pesquisas que correlacionam a titulação do professor e o aprendizado dos alunos verá que para titulações maiores não existem ganhos equivalentes no aprendizado do aluno.
 
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Re: A coitatização do professor
« Resposta #26 Online: 14 de Fevereiro de 2008, 13:32:49 »
Definitivamente eu farei Licenciatura, e tratarei de ser impopular por ali. Oh, sim...  :twisted:

Pelo que sei na UERJ não existe diferença significativa no currículo de Física para o bacharelado.
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Offline Thufir Hawat

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Re: A coitatização do professor
« Resposta #27 Online: 14 de Fevereiro de 2008, 13:38:48 »
Você ainda não me entendeu, Res. Não falei que você defendeu coisa alguma, estava apenas explicando o que escrevi antes.

Concordo inteiramente com o resultado da pesquisa, vivencio-o na prática, tenho alunos que sabem mais física que muito professor licenciado por aí. A questão é que, por isso mesmo, os cursos de licenciatura deveriam cobrar mais de seus alunos. Muita gente sai de lá, com diploma, e portanto autorizado a dar aulas, sem saber do que fala.

Agora me interessei pelo seguinte: há alguma pesquisa semelhante envolvendo a disciplina de física em particular?
Archimedes will be remembered when Aeschylus is forgotten, because languages die and mathematical ideas do not. "Immortality" may be a silly word, but probably a mathematician has the best chance of whatever it may mean.
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Re: A coitatização do professor
« Resposta #28 Online: 14 de Fevereiro de 2008, 14:05:38 »
Você ainda não me entendeu, Res. Não falei que você defendeu coisa alguma, estava apenas explicando o que escrevi antes.

Concordo inteiramente com o resultado da pesquisa, vivencio-o na prática, tenho alunos que sabem mais física que muito professor licenciado por aí. A questão é que, por isso mesmo, os cursos de licenciatura deveriam cobrar mais de seus alunos. Muita gente sai de lá, com diploma, e portanto autorizado a dar aulas, sem saber do que fala.

Agora me interessei pelo seguinte: há alguma pesquisa semelhante envolvendo a disciplina de física em particular?

Se tem, não conheço. Que mal lhe pergunte vc faz física onde?
A propopósito eu faço licenciatura em Física na UFRJ, eu comecei no bacharelado mas era impossível de conciliar com o cargo público para o qual passei. Hoje ganho NX mais do ganharia como professor, embora ainda queira exercer a profissão eu NÃO vou trocar meu salário por algo muito menor.
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Re: A coitatização do professor
« Resposta #29 Online: 14 de Fevereiro de 2008, 14:33:57 »
Agora que já teve bastante participação vou comentar os pontos de dicordância que tenho com o economista.
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Offline Thufir Hawat

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Re: A coitatização do professor
« Resposta #30 Online: 14 de Fevereiro de 2008, 14:34:10 »
Fiz o primeiro ano na USP, mas não consegui bancar o custo de vida em são Paulo. Agora, estou na UNESP.

Terminei o bacharel no ano passado ( :vergonha:na verdade, ainda falta uma optativa :hihi:) e até o fim do ano devo completar a licenciatura, isso é, se meu emprego permitir.

Bom ver que um aluno de licenciatura em física tem essa postura, Res :ok:. Espero que não tenha se sentido ofendido pelo que falei antes, nem pelo que vou dizer agora, mas entre os que conheço pessoalmente ela é muito rara.
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Re: A coitatização do professor
« Resposta #31 Online: 14 de Fevereiro de 2008, 17:03:33 »
Citar
Digo "na melhor das hipóteses" porque efetivamente não acredito que a profissão de professor seja vítima de preconceito. Pelo contrário, aliás. Onde quer que eu vá, vejo manifestações de apreço e encorajamento aos professores. Há uma série de prêmios, regionais e nacionais, destinados à categoria. Seguidamente jornais, revistas e programas de TV se referem aos professores como heróis. Quando acontece alguma agressão a professores ela logo vira destaque e é vista com espanto e reprovação. Acredito que a sociedade brasileira entende o papel fundamental do professor na formação de seus filhos. Pesquisa realizada pelo Inep (acesse a pesquisa) com os pais de alunos revelou que 83% dos entrevistados acreditam que os professores estão preocupados em ensinar e dar boas aulas, 77% diz que o professor tem paciência para tirar dúvidas dos alunos, 89% declaram que o professor é atencioso com os pais. Quando os pais são instados a dar notas para os professores de seus filhos, estes recebem uma avaliação exemplar: 8,6 para a qualidade do ensino e 8,4 para o conteúdo ensinado.

Essa já seria uma avaliação lisonjeira para qualquer profissão, mas no caso da educação brasileira, que é um fracasso indiscutível, ela é verdadeiramente miraculosa. Os professores brasileiros têm uma situação privilegiada: mesmo sendo os principais responsáveis pelo ensino, não recebem praticamente nenhuma condenação pelo seu fracasso, que recai todo sobre os próprios filhos (os alunos) e os governantes. Deve ser um caso único em que o pai vitima o filho, já vitimado pelo péssimo ensino que recebe.

Aqui cabem dois comentários:

(1)   A desvalorização social dos professores não é decorrente da idéia positiva que a sociedade faz dos professores, mas sim do pouco status social que a carreira traz para si. A idéia de professor e salário baixo estão muito íntimas. Quanto a “refutação” do salário baixo dada pelo economista eu trabalharei mais tarde.

(2)   Realmente a avaliação é bastante lisonjeira. É importante enfatizar que se admitimos que “os professores precisam de salários maiores para se motivarem”, então significa que eles estão dando aulas muito aquém do desejado. Os professores estão oferecendo um serviço ruim e não sofrem retaliação social por isso. Dentre os policiais militares, por exemplo, temos salários baixos, níveis significativos de corrupção e TEMOS retaliação social por isso!

Citar
Quando estudos econométricos comparam o salário dos professores com o das outras carreiras, levando em consideração a jornada laboral e as características pessoais dos trabalhadores, não há diferença para a categoria dos docentes. Ou seja, os professores ganham aquilo que é compatível com a sua formação e o seu trabalho, e ganhariam valor semelhante se optassem por outra carreira. Quando se leva em conta a diferença de férias e aposentadoria, o salário do professor é mais alto do que o do restante.

Embora os professores possam gozar de algumas vantagens, são os valores absolutos que podem ser gastos não os relativos. Se eu trabalhasse 10h por semana e ganhasse 500, seria um salário relativamente muito alto (horas/reais), mas em termos absolutos continua baixo.

Citar
Quando se escreve em uma publicação nacional, traçamos um panorama do país todo, o que necessariamente implica a utilização de totalizações, médias, etc. Me parecia desnecessário dizer, mas vá lá: quando se fala em salário médio, por exemplo, não quer dizer que todos os professores recebem aquele valor. Mais especificamente ainda, quando se diz que a maioria trabalha um certo número de horas, não se está dizendo que todos os professores trabalham um certo número de horas. Portanto, a experiência pessoal de um professor pode ser interessante como ilustração de um grupo (seja ele minoritário ou majoritário, o elemento que se conforma à regra ou a exceção que a comprova), mas jamais confirmará ou invalidará um contexto nacional. Um professor pode ter 50 alunos em sua sala de aula, e mesmo assim a média nacional pode continuar sendo 25. Cinco, dez, vinte, cem, mil professores podem ter o mesmo problema: a média continua válida, continua verdadeira.

Correto, mas vale lembrar que a média não oferece uma boa informação se os valores são muito discrepantes. Você querer saber qual é o peso médio de um elefante adulto faz sentido, mas querer saber qual o peso médio de um ser vivo não faz sentido nenhum pois você vai colocar no mesmo cálculo bactérias, fungos, jubartes, plâncton, coalas etc...  
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Re: A coitatização do professor
« Resposta #32 Online: 14 de Fevereiro de 2008, 17:17:22 »
Fiz o primeiro ano na USP, mas não consegui bancar o custo de vida em são Paulo. Agora, estou na UNESP.

Terminei o bacharel no ano passado ( :vergonha:na verdade, ainda falta uma optativa :hihi:) e até o fim do ano devo completar a licenciatura, isso é, se meu emprego permitir.

Bom ver que um aluno de licenciatura em física tem essa postura, Res :ok:. Espero que não tenha se sentido ofendido pelo que falei antes, nem pelo que vou dizer agora, mas entre os que conheço pessoalmente ela é muito rara.

Minha principal postura quanto a educação é fomentar A EDUCAÇÃO BASEADA EM EVIDÊNCIAS. Eu estou cansado de professores considerarem pressupostos individuais, tradicionais e ideológicos para validarem sua metodologia de ensino.
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Re: A coitatização do professor
« Resposta #33 Online: 14 de Fevereiro de 2008, 17:18:42 »
Dbohr :'( ... boa parte dos meus colegas na licenciatura se embananam com equações do segundo grau :chorao: Imagina tentar aprender eletromag assim. Não dá!

E ainda se orgulham disso! De, como eles dizem, não serem "escravos dos números" e se concentrarem na "essência da física" :hmph:
Coisa que ouviram de pedabobo, sem dúvida.

E é uma universidade pública!
Puxa... Eu já dei aulas de Física Básica para o pessoal da Licenciatura e, embora o nível dos alunos fosse em média realmente menor
do que  no bacharelado, a maioria sabia se virar com as contas. Aliás, a aula que eu dava era a mesma do bacharelado. Eu só pegava mais leve (a pedido do depto.) nas provas.


Lembrei agora: um dos meus antigos alunos da Licenciatura resolveu mudar para o bacharelado. Ano passado ele defendeu sua
dissertação de mestrado e hoje faz doutorado. Futuramente vai lá pra Bélgica com bolsa sanduiche. Cabra bom.
You and I are all as much continuous with the physical universe as a wave is continuous with the ocean.

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Offline Thufir Hawat

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Re: A coitatização do professor
« Resposta #34 Online: 14 de Fevereiro de 2008, 17:21:01 »
Minha principal postura quanto a educação é fomentar A EDUCAÇÃO BASEADA EM EVIDÊNCIAS. Eu estou cansado de professores considerarem pressupostos individuais, tradicionais e ideológicos para validarem sua metodologia de ensino.
:ok:
Faço algo semelhante, em menor escala e na medida do possível em minhas aulas.
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Re: A coitatização do professor
« Resposta #35 Online: 14 de Fevereiro de 2008, 17:26:31 »
Puxa... Eu já dei aulas de Física Básica para o pessoal da Licenciatura e, embora o nível dos alunos fosse em média realmente menor do que  no bacharelado, a maioria sabia se virar com as contas. Aliás, a aula que eu dava era a mesma do bacharelado. Eu só pegava mais leve (a pedido do depto.) nas provas.
Posso até estar generalizando ao levar em conta mais o povo da turma daqui. Mas, opnião minha, não vejo por que se deveria pegar mais leve com as provas, principalmente de Física Geral.

Lembrei agora: um dos meus antigos alunos da Licenciatura resolveu mudar para o bacharelado. Ano passado ele defendeu sua dissertação de mestrado e hoje faz doutorado. Futuramente vai lá pra Bélgica com bolsa sanduiche. Cabra bom.
Pra você ver... o pessoal da licenciatura tem condições de ser tão cobrado quanto os do bacharel, não tem razão de ser essa coisa de pegar mais leve com eles.
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Re: A coitatização do professor
« Resposta #36 Online: 14 de Fevereiro de 2008, 17:37:43 »
Minha principal postura quanto a educação é fomentar A EDUCAÇÃO BASEADA EM EVIDÊNCIAS. Eu estou cansado de professores considerarem pressupostos individuais, tradicionais e ideológicos para validarem sua metodologia de ensino.
:ok:
Faço algo semelhante, em menor escala e na medida do possível em minhas aulas.

Eu gostaria de fazer pesquisa no ensino da Física (a UFRJ tem mestrado em Ensino da Física), mas agora não dá. Eu comprei alguns livros para DOAR À biblioteca de Física da UFRJ por que os professores (principalmente os professores da UFRJ) que não tem a menor idéia do que seja educação baseada em evidências. Você aprende com o cérebro e deve procurar lá como é o processo ensino-aprendizado eficaz. Caso você tenha interesse tem um livro ótimo na web (eu tenho a versão em português e o preço é um tanto salgado R$75,00):
http://www.nap.edu/html/howpeople1/

Um capítulo particularmente interessante é o que diferencia experts de amadores:
http://www.nap.edu/html/howpeople1/ch2.html


« Última modificação: 14 de Fevereiro de 2008, 21:13:55 por Res Cogitans »
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Offline Thufir Hawat

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Re: A coitatização do professor
« Resposta #37 Online: 14 de Fevereiro de 2008, 17:44:00 »
Valeu, Res :). Dei uma olhada por cima, muito interessante mesmo. Depois leio com mais calma e comento por aqui.

Espero que consiga seguir sua carreira de pesquisa em ensino. Com essa história de PCN+ e tal, é fundamental que tenha gente compromissada com  o que realmente funciona ao invés de o que está na moda.
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Offline Dbohr

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Re: A coitatização do professor
« Resposta #38 Online: 14 de Fevereiro de 2008, 19:38:52 »
Definitivamente eu farei Licenciatura, e tratarei de ser impopular por ali. Oh, sim...  :twisted:

Pelo que sei na UERJ não existe diferença significativa no currículo de Física para o bacharelado.

No papel não tem mesmo, não. Mas é bem mais fraco, a cobrança costuma ser bem menor. E nas últimas matérias sempre se dá uma abertura básica das pernas.

E parabéns de verdade pela postura, Res! Precisamos de mais professores assim!

Offline Eu

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Re: A coitatização do professor
« Resposta #39 Online: 15 de Fevereiro de 2008, 16:58:42 »
Nada disso justifica um professor receber R$ 600,00 iniciais.

Um guardinha municipal (cargo que  chega a receber o dobro disso tendo como pré-requisito Ensino Fundamental em muitos municípios) recebe quase o dobro disso.

Difícil achar um cargo público que requer ensino médio ou fundamental e paga menos que isso.

É patético.

Antes de observar e escrever que professores reclamam por ganhar pouco, deviam observar e escrever sobre os salários supervalorizados do Judiciário, por exemplo. Lá um Escrevente (com Ensino Médio apenas), que está praticamente no piso do Judiciário, recebe mais que o topo da carreira de um professor, que é o cargo de Supervisor de Ensino.



Vira professor quem quer, mas o salário depende do lugar, em Brasília ouví falar que o piso é de 1300 reais.

Offline Eu

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Re: A coitatização do professor
« Resposta #40 Online: 17 de Fevereiro de 2008, 10:34:25 »
Errata e honestidade intelectual


No artigo “Professor Não é Coitado”, cometi um erro. Na parte onde se lê “Questionário respondido pelos professores quando da aplicação do Saeb, o teste do ensino básico, revela que apenas 3% deles haviam visto, em toda a sua carreira, alunos com armas de fogo (...)” os dados em realidade são referentes apenas a aquele ano, não a toda a carreira do profissional. No caso, o ano em questão era de 2003.

Como descobri o equívoco por meio de correspondência de leitora que citava este engano como exemplo da minha suposta má-fé de distorcer dados para chegar a conclusões falsas, vale explicar um pouco a sua origem. Colhi os dados deste informativo (clique aqui para acessar) do Inep, órgão oficial do país sobre estatísticas educacionais. O texto declara que o professor “já flagrou”, “já sofreu agressão” etc. Termos que, na minha leitura, se referem a todo o espaço de tempo precedente à pergunta, e não apenas ao ano em questão (sendo essa intenção, o texto deveria ser: “flagrou, nesse ano”) etc. Esta é a mesma leitura da assessoria de imprensa do Inep que, consultada sobre a questão, manifestou intenção de corrigir o texto do informe. Não que isso me isente da responsabilidade do erro, que é toda minha.

Antes que alguém imagine que estou usando os dados de 2003 porque eles seriam especialmente benéficos à minha “causa”, me adianto em dizer: são os mais recentes disponíveis. Os resultados referentes aos anos de 2005 e 2007 ainda não foram tabulados, nem os microdados estão disponíveis para pesquisadores. Tampouco há, que eu saiba, qualquer informe que tabule os resultados de exposição à violência ao longo da carreira dos professores.

Aproveito o ensejo para ir adiante. O meu interesse pela educação deriva da minha percepção de que ela é a ferramenta fundamental para a possibilidade de desenvolvimento futuro do Brasil, bem como do entendimento de que seu fracasso é um fator explicativo importante para a explicação das nossas mazelas atuais. É por isso, e apenas por isso, que me especializei na área de economia da educação. Não tenho ONG, não vendo produtos educacionais, não recebo dinheiro de nenhuma entidade governamental ou privada. A empresa da minha família tem uma fundação que lida com arte-educação e ensino técnico. Não trabalho nem jamais trabalhei para a Fundação, mas mesmo assim evito escrever sobre esses temas porque, para além do meu desconhecimento a seu respeito, sigo a injunção romana de que a mulher de César não precisa apenas ser séria, mas também parecer séria.

É frustrante ter de falar sobre aspectos que deveriam ser condição sine qua non de qualquer profissional que lida com o pensamento, especialmente em veículo público. Mas no atual clima turvado em que o país se encontra, o cinismo ocupou todos os espaços e a integridade passou de necessidade a virtude.

Minha única bandeira é a da honestidade intelectual. A missão do intelectual é falar o que pensa e pensar o que fala, sem se curvar não apenas a interesses espúrios, mas também às suas paixões e vieses pessoais. O primeiro intelectual com o qual tive contato foi Noam Chomsky. Hoje pensamos diferente na maioria das questões, mas o respeito à absoluta necessidade da honestidade intelectual pregada por Chomsky (e por tantos outros, claro) permaneceu.

Sei que muitos dos dados que trago a este espaço e às páginas da Veja são contra-intuitivos. Sei que muitos são revoltantes para o status quo. Sei que muitos magoam e ofendem alguns leitores. Mas são os dados que, depois de muitos anos de pesquisa, me parecem verdadeiros. Se mudar de idéia, não terei o menor problema de mudar meu posicionamento público a respeito do que quer que seja. E quando cometer erros – quem não os comete? – não hesitarei em corrigi-los, como faço agora. Não posso garantir que tudo que escrevi e escreverei está e estará livre de erro, mas posso garantir que os erros eventualmente cometidos são erros de desinformação ou fruto de limitações cognitivas, jamais de manipulação ou descompromisso com a verdade.

Offline Dbohr

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Re: A coitatização do professor
« Resposta #41 Online: 18 de Fevereiro de 2008, 12:04:28 »
Vira professor quem quer, mas o salário depende do lugar, em Brasília ouví falar que o piso é de 1300 reais.

O que não justifica o piso baixíssimo de outros lugares, não concorda?

O problema com médias nacionais é esse, especialmente em países grandes como o nosso.

Suyndara

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Re: A coitatização do professor
« Resposta #42 Online: 18 de Fevereiro de 2008, 12:42:40 »
Quem dera o problema fosse só o salário  ::)

A verdade é que professor deveria "vender" aula, e não "dar" aulas  :lol: (ao menos é assim que o estado entende: que todos fazem o trabalho por caridade e não precisam de um bom salário)

Os cursos de pedagogia são extremamente fracos, isso qdo as professoras de ensino fundamental realmente tem curso  :vergonha: (em escolas particulares é comum a prima da diretora, que adora crianças mas não tem formação alguma, ser a professora da 1° série).

Os cursos de licenciatura, idem. E para piorar, a maiorias dos professores contratados nas escolas hoje não tem licenciatura  :ok: (já vi gente que fazia curso de química, dando aula de geografia  ::))

É tanto problema na educação, as vezes até desisto de pensar nisso  :vergonha:

Offline Orbe

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Re: A coitatização do professor
« Resposta #43 Online: 18 de Fevereiro de 2008, 14:48:05 »
(...)Os cursos de pedagogia são extremamente fracos,(...)

O meu até que foi muito bom. Além dos 3 estágios obrigatórios do currículo do curso, fiz mais 4 em pesquisa. Apresentei trabalhos em vários congressos. Li muitos livros, inclusive os que eram criticados pelos professores. Tive contato direto com políticos do MEC (graças aos estágios), com vários teóricos de outras universidades, com vários públicos diferentes (crianças, jovens, adultos, deficientes físicos e mentais, idosos...). Não acho que meu curso tenha sido fraco não.

Agora para os alunos que perdiam tempo em chopadas durante o horário das aulas, para as alunas que passavam boa parte do tempo se oferecendo para os alunos de outros curso e para aqueles que só assistiam as aulas e nem sabiam onde ficava a biblioteca, realmente o curso deve ter sido fraco.
Se você se importasse não estaria discutindo e sim agindo...

Suyndara

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Re: A coitatização do professor
« Resposta #44 Online: 18 de Fevereiro de 2008, 14:50:38 »
(...)Os cursos de pedagogia são extremamente fracos,(...)

O meu até que foi muito bom. Além dos 3 estágios obrigatórios do currículo do curso, fiz mais 4 em pesquisa. Apresentei trabalhos em vários congressos. Li muitos livros, inclusive os que eram criticados pelos professores. Tive contato direto com políticos do MEC (graças aos estágios), com vários teóricos de outras universidades, com vários públicos diferentes (crianças, jovens, adultos, deficientes físicos e mentais, idosos...). Não acho que meu curso tenha sido fraco não.

Agora para os alunos que perdiam tempo em chopadas durante o horário das aulas, para as alunas que passavam boa parte do tempo se oferecendo para os alunos de outros curso e para aqueles que só assistiam as aulas e nem sabiam onde ficava a biblioteca, realmente o curso deve ter sido fraco.

Ainda bem que "salva" algumas excessões :hihi:

Isso dá alguma esperança :ok:

Danieli

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Re: A coitatização do professor
« Resposta #45 Online: 18 de Fevereiro de 2008, 14:56:00 »
Sorte sua pelo aproveitamento Orbe, mas a maioria dos cursos de pedagogia são fracos sim. Ainda mais com essa flexibilidade para o ensino superior hoje, degradou este curso, assim como outras licenciaturas.
Na minha opinião o que pega menos é que, pelo menos aqui na minha cidade (Joinville-SC) muita faculdade particular se condiciona a aprovar o cabra porque, bom porque ele é cliente, e assim ignoram que ele é um discente também. E dessa maneira vêm acontecendo há alguns anos, e acredito que aqui não é caso isolado.

Offline Orbe

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Re: A coitatização do professor
« Resposta #46 Online: 18 de Fevereiro de 2008, 14:57:41 »
Aqui no RJ, as particulares aprovam qualquer um que esteja com as mensalidades em dia...
Se você se importasse não estaria discutindo e sim agindo...

Suyndara

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Re: A coitatização do professor
« Resposta #47 Online: 18 de Fevereiro de 2008, 15:36:37 »
Aqui no RJ, as particulares aprovam qualquer um que esteja com as mensalidades em dia...

Na maioria dos locais é assim :'(

O ruim é que psicologia e pedagogia tem em pouquíssimas universidades públicas e sobra ficar a mercê das particulares e sua falta de compromisso com a qualidade :vergonha:

Em todo caso, você é um bom exemplo do que eu sempre digo: "quem faz a escola é o aluno" :ok:

[]s

Offline Orbe

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Re: A coitatização do professor
« Resposta #48 Online: 18 de Fevereiro de 2008, 15:46:28 »
"quem faz a escola é o aluno" :ok:

Mas os professores e diretores também são culpados por uma escola ruim. Nem todos os alunos são independentes. Muitos precisam de bons profissionais ajudando e motivando.
Se você se importasse não estaria discutindo e sim agindo...

Offline Res Cogitans

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Re: A coitatização do professor
« Resposta #49 Online: 19 de Fevereiro de 2008, 16:21:54 »
(...)Os cursos de pedagogia são extremamente fracos,(...)

O meu até que foi muito bom. Além dos 3 estágios obrigatórios do currículo do curso, fiz mais 4 em pesquisa. Apresentei trabalhos em vários congressos. Li muitos livros, inclusive os que eram criticados pelos professores. Tive contato direto com políticos do MEC (graças aos estágios), com vários teóricos de outras universidades, com vários públicos diferentes (crianças, jovens, adultos, deficientes físicos e mentais, idosos...). Não acho que meu curso tenha sido fraco não.

Agora para os alunos que perdiam tempo em chopadas durante o horário das aulas, para as alunas que passavam boa parte do tempo se oferecendo para os alunos de outros curso e para aqueles que só assistiam as aulas e nem sabiam onde ficava a biblioteca, realmente o curso deve ter sido fraco.

Não sei se você se refere exatamente o que ela quer dizer. O próprio foco do curso de Pedagogia está equivocado, se ao invés de panfletagem ideológica tivéssemos mais compromisso com o estatuto científico das hipóteses levantadas pelos pedagogos, certamente estaríamos melhores.
 
"Conhecer a verdade não é o mesmo que amá-la, e amar a verdade não equivale a deleitar-se com ela" Confúcio

 

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