Uma observação: o que escrevo abaixo não possui o intento de defender o Foro de São Paulo e nem afagar o ego dos que descobriram essa "conspiração" (Olavão). Acreditem mas, para nós que estavamos envolvidos no combate à "praga neoliberal" , poupar o Foro de um embate ideológico desgastante, parecia muito apropriado.
Eu sou funcionário público e estive atuante no movimento sindical muitos anos. Tudo se iniciou em 1995 quando fui eleito para representar o sindicato na minha cidade, era o início do governo FHC e começamos a sofrer os efeitos de sua política de controle de gastos públicos*. Claro que bastou um passo para se envolver emocional e ideologicamente na luta contra o seu governo. A partir daí, comecei a atuar no movimento como um dos que analisavam a conjuntura política e econômica mundial, inclusive a popularidade de medidas neoliberais, para prever o seu impacto nas relações trabalhistas*.
Após a queda do Muro de Berlim, o Comunismo ficou desacreditado; a grosso modo, estava "provado"* que ele não era viável como regime de governo. Dentro do movimento sindical, isso ainda era considerado uma tragédia, afinal os ideais socialistas eram os mesmo ideais dos que tiveram a coragem de enfrentar a ditadura, e também serviram de matriz ideológica para a formação da a CUT e do PT.
Bom, onde entra o Foro nisso tudo?
Eram raros os questionamentos sobre o que acontecia em Cuba ou sobre as ações de grupos socialistas (MIR, FARC), porém quando surgiam essas indagações, era muito comum a guerra entre informações. De um lado, a explicação de tais atos como sendo efeito dos ataques das elites e do mercado mundial, de outro os sacrifícios que eram necessários para se implantar um regime perfeito.
Aqui uma pequena coisinha que o Olavo não contou para vocês: o Foro de São Paulo é uma mistura de Forum Economico Mundial com Internacional Socialista.
Continuando, o mundo ainda estava eufórico, o fim do Comunismo e da Guerra Fria era comemorado como o fim da história e tudo caminhava, ou parecia caminhar, para a consolidação de um mundo onde prevalecessem os ideais do Livre Mercado, que visavam apenas o "lucro".
Nesse ponto que surge (se bem que nunca usávamos esse nome) o Foro de São Paulo e seus compromissos com os trabalhadores e os ideais socialistas. Para nós, do movimento sindical, encampar os mesmo ideais era motivo de orgulho, e também serviam como demonstração de força, afinal estávamos unidos para um propósito maior.
Porém, não podíamos nos dar ao luxo de enfrentar um mundo enfeitiçado pelas belezas da globalização e da livre concorrência., sem que parecessemos viúvas chorosas de Lênin.
Os primeiros ataques sofridos pelo Foro de São Paulo não foram feitos por Olavo de Carvalho, agora me foge o nome do jornalista que fez essas denúnicas, mas foi o OC que assumiu para si o (sic)dever cívico e moral de denunciar o fórum.
Os ataques, a opinião pública desfavorável ao "comunismo" e a pouca importância dada pela imprensa a uma reunião de partidos e entidades de esquerda (uma reunião de carpideiras a chorarem o cadáver de Lênin), fizeram com que o Foro desaparecesse do noticiário, sendo considerado por alguns até como Lenda Urbana.
Observação: os diversos asteriscos e aspas que coloco no texto, bem como alguns destaques, são para demonstrar exatamente como pensava uma parte do movimento sindical.
Não quero com esse texto me colocar como especialista no assunto e nem fazer dele a minha opinião, evitando também justificar as açoes de membros do Foro de São Paulo.
Lembrando que, da queda do Muro de Berlim até eu entrar no sindicato, se passaram seis anos, minhas opiniões sobre fatos que antecederam a minha entrada no movimento sindical são devido a ter participado das discussões sobre formação sindical e a conjuntura político-econômica.