07/03/2008 - 18h41
Companheira de Carlos Marighella recebe indenização do governoClaudia Andrade
Em BrasíliaAtualizado às 20h58A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça decidiu nesta sexta (7) que Clara Charf, companheira de Carlos Marighella, fundador da ALN (Ação Libertadora Nacional), tem direito a uma indenização mensal vitalícia de R$ 2.520.
Clara enfrentou repressão desde 1946, quando começou a militar politicamente, e o risco de ser presa a fez abandonar a carreira de aeromoça, situação que implicou o valor determinado pela comissão. As contas foram feitas levando-se em consideração o rendimento que a anistiada teria tido caso tivesse continuado a trabalhar.
Clara pode recorrer do valor determinado em um período de 30 dias. Ela tomou a palavra para solicitar que ninguém entrasse com recurso e deixar claro que não o faria. "O Estado jamais vai poder pagar as vidas das pessoas. O que a gente tem que pedir é que isso não se repita no Brasil. O mais importante não é o dinheiro, mas o valor dessa comissão para tornar público o que aconteceu", disse a anistiada, aplaudida de pé pelo público que acompanhou a sessão aberta.
Também receberam indenização outras seis anistiadas. Ana Wilma Moraes, que trabalhava como secretária no jornal Folha da Manhã, receberá uma prestação mensal vitalícia de R$ 2.000, também por ter sido obrigada a abandonar a profissão. Já Estrella Dalva Bursztyn, que era estudante, recebeu uma indenização única equivalente a 270 salários míninos (cerca de R$ 110 mil; como o teto na indenização única é de R$ 100 mil, ela receberá este último valor) por 9 anos de perseguição.
Maria do Socorro de Magalhães, que era professora, além de Nancy Mangabeira Unger, Beatriz Arruda e Halue Yamaguti de Melo -todas estudantes quando foram perseguidas pela ditadura- também receberão indenização do governo. Os votos foram unânimes em todos os processos.
Os sete casos analisados nesta sexta representam uma homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado no sábado, e fazem parte de um universo de 60 mil requerimentos que estão na comissão.
A metade deles já foi analisada, e 50% foram deferidos. A previsão é que todos sejam julgados até 2010, ainda durante o mandato do presidente Lula.
Fonte:
http://noticias.uol.com.br/ultnot/2008/03/07/ult23u1413.jhtm