Todo mundo que conheço com minha idade ou mais, sempre fala que não gostaria de voltar aos vinte anos; bom, se eu tivesse escolha, voltaria com prazer a essa idade. Não porque foi uma fase maravilhosa, mas porque eu poderia mudar o que deu errado. Com sei que isso é impossível, não nutro muitas expectativas nesse sentido.

Hoje com quase quarenta anos me sinto muito frustrado com algumas coisas e, tenho plena consciência disso, mais duas décadas pela frente não serão o suficiente para mudá-las.
Esse ano é um ano decisivo para mim, porque com tanto tempo em casa sem poder trabalhar, tive a chance de analisar as coisas de uma outro perspectiva. Ou seja, pela segunda vez em menos de uma década encarei de frente a realidade nua e crua.
A primeira vez, quando consegui me curar da depressão, eu tinha trinta anos e, devido a cura, veio a possibilidade de eu poder fazer tudo o que não tinha feito até então. (construir uma carreira acadêmica e uma sólida carreira profissional)
Bom, já se foram sete anos (o tempo passa e você nem ve) e eu fiquei na mesma. Sem carreira acadêmica e sem carreira profissional.

Constatar os estragos da depressão foram muito piores do que a própria depressão. Mas só tive plena consciência disso agora. Não é que não existem mais possibilidades para mim, elas existem, mas não é só da minha força de vontade que elas dependem para dar certo. Essa consciêcia eu não tinha com vinte anos, agora que tenho, quero fazer o que estiver a meu alcance para mudar um pouco o placar para o meu lado.
A vida ganhou de goleada até agora, mas consegui fazer uns gols.
Quem sabe eu não faça mais alguns?