Autor Tópico: Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado?  (Lida 3830 vezes)

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Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado?
« Online: 21 de Março de 2008, 16:57:17 »
O guardião do Liberalismo Econômico se rende ao intervencionismo (de novo!).  :wink:

O secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano dos Estados Unidos, Alphonse Jackson, propôs ao presidente do país, George W. Bush, uma "intervenção radical" para aliviar a crise vivida por proprietários de imóveis que não conseguem pagar suas hipotecas, segundo edição do diário "The Washington Times".

"Propus que asseguremos de 80% a 85% do empréstimo dos proprietários que estão em dificuldades", disse Jackson, ao referir-se aos imóveis cujo preço de mercado ficou abaixo do montante nominal do empréstimo hipotecário.

Desde o início de 2007 os preços das casas caíram em média 10% nos Estados Unidos, com prejuízos ainda maiores nas cidades como Miami (Flórida) e Las Vegas (Nevada).

Em geral, as hipotecas não podem ser refinanciadas quando o preço da propriedade no mercado fica abaixo do montante nominal do empréstimo, e esta é a razão principal pela qual milhares de pessoas decidiram deixar de lado as casas que estavam comprando.

Esta semana, o governo Bush, em outro passo intervencionista na crise dos mercados financeiros causada pelas hipotecas de alto risco ("subprime"), autorizou injeções de até US$ 200 bilhões no mercado.


Gostaria de ver eles deixarem a crise seguir seu curso para ver até onde iria!!!  :wink:
« Última modificação: 21 de Março de 2008, 19:33:24 por HSette »
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Offline Nightstalker

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Re: Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado
« Resposta #1 Online: 21 de Março de 2008, 17:15:34 »
A pior recessão dos últimos 25 anos?

Por Robert P. Murphy
 

No dia 18 de setembro de 2007, o Fed (o Banco Central americano) reduziu a meta da taxa de fundos federais[1] em 50 pontos percentuais, de 5,25% para 4,75%. Esse lance surpreendeu muitos analistas que esperavam um corte mais modesto, de 25 pontos percentuais.[2]

Aqueles que são versados na teoria austríaca dos ciclos econômicos, desenvolvida por Ludwig von Mises e aperfeiçoada por Friedrich Hayek, consideraram esse agressivo "estímulo" do Fed verdadeiramente preocupante. Ele não apenas poderá pavimentar o caminho para a maior inflação de preços que os americanos já viram em décadas, mas também poderá exacerbar aquela que pode se tornar a pior recessão dos últimos vinte e cinco anos.

Como o Fed "determina" as taxas de juros

Antes de discutirmos a história das manipulações das taxas de juros feitas pelo Fed, algumas considerações se fazem necessárias. Quando os analistas dizem que o Fed fez isso e aquilo com as "taxas de juros", eles estão se referindo especificamente à meta determinada pelo Fed para a taxa de fundos federais (ver novamente a observação [1]). O Federal Reserve (o Banco Central) em si não é nem um emprestador nem um tomador de empréstimo neste mercado; a taxa de fundos federais é a taxa de juros que os bancos cobram entre si pelo empréstimo de reservas durante o overnight (de um dia para o outro). Lembre-se de que no nosso sistema bancário de reservas fracionárias, o Fed obriga que os bancos mantenham uma certa quantidade de reservas (tanto na forma de dinheiro no cofre do banco como na de depósitos feitos junto ao Fed, os chamados "compulsórios") com o intuito de "assegurar" a totalidade de todos os seus depósitos pendentes (lembrando que depósitos bancários nada mais são do que títulos que dão ao portador - o cliente do banco - o direito de reivindicar suas posses - neste caso, seu dinheiro). Em um momento qualquer, alguns bancos têm mais reservas do que necessitam, enquanto outros têm menos. Os bancos com excesso de reservas podem então emprestá-las àqueles bancos com reservas insuficientes; e a taxa (anualizada) de juros utilizada nessa operação é a taxa de fundos federais.

Mas agora vem um fator de complicação adicional: o Fed pode sim emprestar reservas aos bancos, mas ele o faz através da chamada "janela de redesconto", e a taxa de juros relevante neste caso é a taxa de redesconto. Em anos recentes, o Fed tem tradicionalmente mantido uma margem entre a meta de fundos federais (a taxa básica de juros) e a taxa de redesconto, com o objetivo de encorajar os bancos a emprestarem entre si ao invés de irem com o chapéu na mão pedir empréstimos (mais caros) ao Fed. Alguns leitores irão se lembrar de que em meados de agosto de 2007 o Fed reduziu fortemente a taxa de redesconto (não a taxa de fundos federais) e estimulou os bancos a irem tomar empréstimos do próprio Fed, em um esforço de devolver liquidez e calma aos mercados de crédito.

Assim, já está bem claro como o Fed pode determinar a taxa de redesconto: dado que o Fed é o único que está emprestando essas reservas, ele pode aplicar as taxas que quiser. (É claro que, se as taxas forem muito altas, o Fed não conseguirá nenhum tomador). Mas como o Fed influencia a taxa de fundos federais, se ele não participa diretamente deste mercado? Seria a taxa impingida da mesma maneira que, digamos, o governo controla o salário mínimo ou, em algumas regiões, os aluguéis de apartamento?

O processo é muito mais complicado. De maneira resumida: o Fed pode controlar a quantidade de reservas mantida pelos bancos, e assim pode controlar indiretamente o preço que os bancos cobram entre si por emprestar essas reservas. Se o Fed achar que os bancos estão cobrando muito caro para emprestar essas reservas uns aos outros - em outras palavras, se a taxa de fundos federais efetiva for maior do que a meta -, então o Fed irá incorrer em "operações de mercado aberto" (ou operações de open market), comprando ativos dos bancos - ativos como títulos do Tesouro dos EUA. O Fed paga por essas compras simplesmente adicionando números nas contas que os bancos vendedores têm com o Fed.

E este é exatamente o ponto de entrada desse novo dinheiro criado literalmente do nada pelo Fed. Repetindo: quando o Fed compra (digamos) $1 milhão em títulos do Banco XYZ, o Banco XYZ abre mão da posse destes títulos, porém vê que seu depósito de reservas no Fed sobe $1 milhão. Mas o Fed não transferiu este dinheiro de nenhuma outra conta. Não, ele simplesmente adicionou o valor de $1 milhão no registro eletrônico que representa o total de reservas que o Banco XYZ tem em seus depósitos junto ao Fed. Não há qualquer débito compensatório em qualquer lugar do sistema bancário. O Banco XYZ agora está livre para emprestar mais de suas reservas a outros bancos, ou fazer mais empréstimos para seus clientes. (Na verdade, devido à natureza do sistema de reservas fracionárias, o Banco XYZ poderia fazer novos empréstimos de até $10 milhões a seus clientes). Assim, a oferta monetária aumentou, colocando mais pressão sobre os preços medidos em dólares.

Mas voltando ao nosso tema original, essa injeção de reservas obviamente aumenta a oferta de dinheiro do Banco XYZ e, portanto, (tudo o mais constante) diminui a taxa que este banco irá cobrar de outros bancos que possam vir a querer pedir reservas emprestadas. Assim, a operação de mercado aberto atingiu o objetivo do Fed: diminuir as taxas básicas de juros (a taxa de fundos federais) para a meta desejada. Obviamente, se o Fed fizer o oposto, se a taxa de fundos federais efetiva estivesse muito baixa, o Fed iria vender ativos aos bancos, esterilizando assim parte do total de reservas do sistema.

A teoria austríaca dos ciclos econômicos

De acordo com Ludwig von Mises e seus seguidores, o ciclo de expansão e recessão (boom-bust cycle) não é algo inerente ao livre mercado; ao contrário, é causado pela interferência do governo nos mercados de crédito, mais especificamente por sua manipulação das taxas de juros. O governo causa o período de expansão econômica (boom period) injetando crédito novo no sistema (diminuindo as taxas de juros), o que estimula inúmeros projetos de investimentos que não seriam feitos caso uma taxa de juros realista estivesse em vigor. Por causa disso, esses investimentos inevitavelmente se revelarão insustentáveis e economicamente débeis no longo prazo, e entrarão em colapso (bust period) em alguma data futura. Esse colapso é necessário para que as condições econômicas sadias sejam restabelecidas e todos os maus investimentos sejam depurados (Aqui vai um plano de leitura para este tópico).

O gráfico a seguir ilustra a explicação de Mises. Observe que o gráfico não inclui os cortes ocorridos desde setembro de 2007.



Falando no geral, o gráfico indica uma relação inversa entre as duas séries. Isso vai de acordo com o senso comum que diz que um corte na taxa de juros fornece um estímulo ao crescimento, ao passo que um aumento dela é algo contracionista. Entretanto, o que a abordagem austríaca fornece é a compreensão das forças reais por detrás do ciclo de expansão e recessão. Em outras palavras, a maioria dos comentaristas financeiros acredita que as taxas de juros atuais afetam o crescimento econômico atual e fim de papo. Mas se um período prévio de crescimento levou a inúmeros maus investimentos, é necessário haver um período de contração econômica para liquidar esses vários projetos (que contam com uma inadequada estrutura de capital para completá-los).

Colocando de outra maneira, muitos comentaristas parecem acreditar que se o Fed mantiver as taxas de juros lá embaixo por tempo indefinido, nunca teríamos alto desemprego, apenas uma desenfreada inflação de preços. E no entanto, a experiência recente mostra que isso está completamente equivocado. O Fed não causou a atual crise por ter "irresponsavelmente" aumentado as taxas de juros. Não, as taxas estiveram estáveis em 5,25% por um bom tempo, e então a bolha imobiliária estourou e o mercado hipotecário titubeou, o que "forçou" o Fed a tomar uma atitude.[3]

Olhando novamente para o gráfico acima, podemos ver por que o pior ainda pode estar por vir. Em níveis ajustados pela inflação (de preços), as taxas de juros reais do início dos anos 2000 foram as menores desde os anos Carter. E muitos leitores se lembram das severas recessões de 1980 e 1982 que se seguiram àquele período.

Conclusão

Na visão austríaca, o ciclo de expansão e recessão é causado por taxas de juros mantidas artificialmente baixas pelo Fed. São essas baixas taxas de juros que provocam a expansão dos negócios, que contratam mais mão-de-obra, que compram outros recursos, e assim por diante, ainda que esses projetos não sejam justificáveis pelo nível real de poupança da economia. Quanto maior for o "estímulo", piores serão os investimentos.

De 2001 a 2004, o Fed manteve as taxas (reais) de juros em seus menores níveis desde o final dos anos 1970. Uma das conseqüências que já se manifestou é a bolha imobiliária. Mas uma liquidação mais severa parece inevitável. O recente corte de juros pelo Fed pode adiar o dia do ajuste de contas, mas ele apenas fará com que o ajuste seja muito mais severo.


[1] A taxa de fundos federais é a taxa à qual os bancos americanos que pertencem ao sistema da Reserva Federal (daí o nome em inglês de Federal Reserve System) fazem empréstimos entre si no overnight com a intenção de manter os níveis de reservas bancárias determinadas pelo Federal Reserve (o Banco Central americano). A taxa de fundos federais pode simplesmente ser traduzida como a taxa básica de juros da economia, equivalente à nossa SELIC. Aliás, a taxa SELIC também é determinada da mesma maneira, com o Banco Central brasileiro intervindo nas taxas de juros dos empréstimos interbancários. Mais informações sobre esse processo estão no decorrer do texto acima [N. do T.]

[2] E atualmente, março de 2007, esse valor já está em 3%! (Clique aqui para ver um gráfico da evolução da taxa básica de juros). [N. do T.]

[3] A taxa básica de juros permaneceu em 5,25% de 29 de junho de 2006 até 18 de setembro de 2007. Daí em diante houve sucessivos cortes, a saber: [N. do T.]

2007:
18 de setembro: 4,75%
31 de outubro: 4,50%
11 de dezembro: 4,25%

2008:
22 de janeiro: 3,50%
30 de janeiro: 3,00%

Fonte
« Última modificação: 21 de Março de 2008, 17:17:51 por Nightstalker »
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Offline Adriano

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Re: Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado
« Resposta #2 Online: 21 de Março de 2008, 17:18:56 »
É que a mão invisível já não é mais tão invisível, depois que já foi diagnosticada como paralítica por Stiglitz, estão buscando curá-la, ou seja, mantendo as instituições financeiras firmes e fortes para patrocinanar o crescimento econômico, a começar com os bancos centrais, que sustentam o sistema de crédico macroeconômico com precisão milimétrica.

A problemática maior são os pesos dos agentes internacionais, os países e as multinacionais, que se degladiam no mercado internacional de ações e cambial. Por isso que o mundo se volta para o verdadeiro mercado livre, da mão invisível, com regras conhecidas por todos. Somente a informação ainda não é acessível a todos, sempre tem as especulações através de informações privilegiadas.
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Re: Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado
« Resposta #3 Online: 21 de Março de 2008, 17:21:26 »
Conclusão

Na visão austríaca, o ciclo de expansão e recessão é causado por taxas de juros mantidas artificialmente baixas pelo Fed. São essas baixas taxas de juros que provocam a expansão dos negócios, que contratam mais mão-de-obra, que compram outros recursos, e assim por diante, ainda que esses projetos não sejam justificáveis pelo nível real de poupança da economia. Quanto maior for o "estímulo", piores serão os investimentos.

De 2001 a 2004, o Fed manteve as taxas (reais) de juros em seus menores níveis desde o final dos anos 1970. Uma das conseqüências que já se manifestou é a bolha imobiliária. Mas uma liquidação mais severa parece inevitável. O recente corte de juros pelo Fed pode adiar o dia do ajuste de contas, mas ele apenas fará com que o ajuste seja muito mais severo.
Totalmente na contramão do desenvolvimento da metodologia econômica, que já consagrou o ferramental de análise que possibilita a intervenção governamental de maneira cirúrgica. Vide nóbel de economia.
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Offline HSette

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Re: Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado
« Resposta #4 Online: 21 de Março de 2008, 17:42:33 »
Trecho da matéria “Ganância e Progresso”, na revista Época Negócios, que pode ser lida na íntegra aqui:
http://epocanegocios.globo.com/Revista/Epocanegocios/0,,EDR78950-8386,00.html

Atualíssima, a discussão sobre o papel das autoridades nas farras financeiras é, na verdade, velha de 300 anos. Em 1720, quando explodiu em Londres a bolha da South Sea Company - um esquema fraudulento criado pela privatização de 10 milhões de libras em dívidas da coroa -, o ministro das Finanças e um punhado de diretores da companhia foram encarcerados na Torre de Londres.

O parlamento, cercado por uma multidão furiosa de falidos, teve de dar uma resposta rápida à indignação pública. Suspeitava-se na época o que hoje se tem por certo: que a complacência das autoridades fora obtida com a doação secreta de papéis da empresa ao rei Jorge I, às suas amantes alemãs e ao secretário do Tesouro, Charles Stanhope. Mesmo funcionários honestos da Coroa, como o físico Isaac Newton, então superintendente da Casa da Moeda, compraram milhares de libras em ações da South Sea, o que turvou a visão das autoridades sobre o negócio.

Quando se olha de perto essa primeira bolha - antes de 1720, os surtos especulativos eram chamados de "manias" - percebe-se que estavam lá todos os elementos das crises modernas: a Inglaterra vivia um momento de otimismo político e abundância de capital, os financistas da South Sea inovaram ao privatizar a dívida pública e convertê-la em ações e, finalmente, as autoridades, fascinadas pela popularidade e pelos ganhos do negócio, foram incapazes de botar-lhe freio.

Outro elemento importante das crises futuras também já estava presente na Londres de 1720: a ganância e a ingenuidade dos investidores, seguida de furiosa indignação quando as coisas vão mal. Isaac Newton, embora brilhante e afeito ao cálculo econômico, perdeu 8 mil libras na South Sea. Já vendera suas ações com enorme lucro, mas resolveu voltar ao mercado, uma semana antes da quebra, achando que faria mais dinheiro. Quase faliu. Conta-se que até o fim da vida o formulador da lei da gravidade empalidecia à simples menção da palavra bolha.

"Os ciclos econômicos sempre vão existir porque, de alguma forma, correspondem à natureza humana", diz o historiador inglês Edward Chancellor, autor de Salve-se Quem Puder - Uma História da Especulação Financeira (o livro foi escolhido como "obra notável" de 1999 pelo jornal The New York Times e entrou na lista da revista Money como um dos seis clássicos indispensáveis sobre investimentos.

"Quando as coisas vão bem, as pessoas enlouquecem de ambição. Quando o pêndulo volta e castiga, como cedo ou tarde acontece no capitalismo, elas reclamam das autoridades e da complacência diante das oscilações econômicas. É estúpido, mas parece inevitável".
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Re: Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado
« Resposta #5 Online: 21 de Março de 2008, 17:54:03 »
Ótimo texto. Realmente não tem como falar em intervencionismo e não lembrar de Keynes e sua obra Teoria Geral do Emprego, Juro e Moeda. Ele já ditava as regras do intervencionismo sadio naquela época, para salvar a economia do colapso das externalidades negativas do mercado.

O que ocorreu foi apenas uma atualização, por isso essa corrente atual é chamada de neodesenvolvimentismo.

Outra reportagem falando do intervencionismo, agora uma reflexão sobre a era Vargas. Embora de 2004 é muito atual em sua mensagem:

Citar
O presidente da Votorantim, Antônio Ermírio de Moraes, cobra do governo federal um plano de metas. “O país tem de ter uma meta, e essa meta tem que ser sagrada. Todos têm que ficar sabendo quais são essas metas e é assim que se cresce de maneira organizada”. Duas frases de entrevista à Folha de S.Paulo (19/09/04, p. B3), na qual reclamou que o governo sequer pergunta aos empresários o que eles estão fazendo. Que desconhece os planos das empresas. Que não incentiva os que querem investir. Que está tudo descoordenado, pois cada um faz o que quer e ninguém quer saber. Que falta, em suma, “governança”.

Antonio Ermírio quer plano de metas como na era JK, Folha de S. Paulo (19/09/04)
http://www.e-agora.org.br/conteudo.php?cont=clipping&id=392_0_29_0_M

Essa entrevista ao editor do Painel S/A, Guilherme de Barros, serviu de gancho para o jornal abrir um crucial debate sobre “neodesenvolvimentismo”, tema que deverá pautar a agenda segunda etapa do mandato Lula, após o feriadão de Finados. Oportunidade ímpar, portanto, para uma reflexão coletiva sobre o sentido da própria noção de desenvolvimento. Pois, por incrível que pareça, são muitos os empresários e economistas que consagram suas vidas ao desenvolvimento desta nação supondo que ele seja uma simples decorrência natural e infalível do crescimento econômico. Os mais tacanhos chegam até a escrever que “é bobagem” diferenciar crescimento de desenvolvimento.

Diante de dois jovens que apresentem os mesmos indicadores de crescimento, um médico não se deixaria enganar se um deles aumentasse mais massa muscular e o outro mais gordura. Pressentiria no segundo um adulto de alto risco. Mas diante de dois países que neste início de milênio estiverem crescendo a taxas anuais superiores a 5%, muitos economistas nem pensarão naquilo que Oswaldo Sunkel vem chamando há décadas de “estilo”, e os economistas do Banco Mundial agora chamam de A Qualidade do Crescimento, título de um livro que deveria ser estudado por todo adepto do neodesenvolvimentismo (Editora Unesp, 2002).

Se o Brasil hoje apresenta chocantes desigualdades de gênero, raça, região, e riqueza, além de medonhos níveis de pobreza de renda, de saúde e de educação, isto se deve ao estilo, ou qualidade, de seu estupendo crescimento no período 1930-60, mais o do surto que passou para a história como milagre (1967-73). Quando os frutos do crescimento são utilizados para reforçar a matriz institucional herdada de uma sociedade oligárquica e escravocrata, em vez de servir para transformá-la, seus benefícios não chegam sequer a melhorar o acesso das populações mais vulneráveis àquilo que foi estabelecido na velha Declaração dos Direitos do Homem. Pior, a permanência de instituições patrimonialistas faz com que o progresso material de algumas elites seja obtido às expensas da qualidade de vida, não apenas de multidões de desvalidos amontoados nos purgatórios que rodeiam meia dúzia de metrópoles e dezenas de aglomerações urbanas, mas, sobretudo, das gerações futuras, com as quais costuma ser nula a preocupação da maioria dos empresários e economistas.

Tudo isso foi intensamente debatido por expoentes da economia do desenvolvimento durante a segunda metade do século passado: Albert Hirschman, Amartya Sen, Angus Madison, Ignacy Sachs, Irma Adelman, Joan Robinson, Lance Taylor, Michael Lipton, Paul Streeten, e W. Arthur Lewis, para citar apenas dez. O resultado foi o infeliz IDH – Índice de Desenvolvimento Humano - lançado pela ONU em 1990. Apesar de ter sido legitimado nos últimos 14 anos, o IDH padece de óbvias limitações. Nem tanto por subestimar o papel das desigualdades, mas principalmente por se concentrar numa absurda média aritmética dos desempenhos da renda per capita, da saúde, e da educação, como critério de classificação dos países, como se eles participassem de torneios mundiais de desenvolvimentismo.

No Brasil, assim que foi municipalizado, o IDH evidenciou toda a sua precariedade, dando origem a índices chamados de “terceira geração”, entre os quais se destacam dois: o paulista IPRS, (concebido pela SEADE), e o gaúcho ISMA (pela FEE). Todavia, são termômetros municipais que permanecem vítimas da ilusória vontade de monitorar desempenhos desenvolvimentistas através de algum indicador sintético que seria capaz de representar a essência do fenômeno. Justamente o problema que pretende ser superado pelo “DNA-Brasil”.

Mesmo com boa cobertura de mídia, é quase certo que poucos tenham percebido a importância dessa inovação proposta pelo Núcleo de Estudos de Políticas Públicas (NEPP), da Unicamp. Apesar de estar sendo chamado de “índice”, o DNA é uma estrela cujas pontas e ângulos internos mostram as distâncias que separam o Brasil da Espanha. Usa 21 indicadores referentes a 7 dimensões: bem-estar econômico, competitividade econômica, condições sócio-ambientais, educação, saúde, proteção social básica, e coesão social. Uma estrela que mostra o país próximo da Espanha na participação dos setores de média e alta intensidade tecnológica na pauta de exportação, ou na cobertura previdenciária para maiores de 65 anos. Mas que também evidencia que o Brasil está a léguas daquele país em adolescentes com filhos, em participação nas exportações mundiais, em mortalidade infantil, ou em desempenho dos alunos no PISA (Programa internacional de avaliação de estudantes).

Basta uma espiada nas onze pontas e dez ângulos internos dessa estrela para perceber que desenvolvimentismo - seja ele qual for - não pode ser amesquinhado a “crescimentismo”. A maior parte desses 21 indicadores depende mais do uso que se faz dos frutos do crescimento econômico do que dele próprio. E isso obriga a discutir o estilo, ou a qualidade, do crescimento brasileiro. Por exemplo: será que benefícios do crescimento puxado por exportações de commodities agropecuárias resultam mesmo em desenvolvimento?

São perguntas como essa que poderão ser feitas aos principais autores do “DNA-Brasil” na sessão especial que o departamento de economia da FEA/USP promoverá na quarta-feira 13 de outubro às 19h30 (na Sala da Congregação, com inscrições livres). Estão desde já convidados todos os neodesenvolvimentistas, a começar pelo patriótico líder empresarial Antonio Ermírio de Moraes.

http://www.e-agora.org.br/conteudo.php?id=391_0_3_0_C24
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Re: Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado
« Resposta #6 Online: 21 de Março de 2008, 17:56:16 »
Conclusão

Na visão austríaca, o ciclo de expansão e recessão é causado por taxas de juros mantidas artificialmente baixas pelo Fed. São essas baixas taxas de juros que provocam a expansão dos negócios, que contratam mais mão-de-obra, que compram outros recursos, e assim por diante, ainda que esses projetos não sejam justificáveis pelo nível real de poupança da economia. Quanto maior for o "estímulo", piores serão os investimentos.

De 2001 a 2004, o Fed manteve as taxas (reais) de juros em seus menores níveis desde o final dos anos 1970. Uma das conseqüências que já se manifestou é a bolha imobiliária. Mas uma liquidação mais severa parece inevitável. O recente corte de juros pelo Fed pode adiar o dia do ajuste de contas, mas ele apenas fará com que o ajuste seja muito mais severo.
Totalmente na contramão do desenvolvimento da metodologia econômica, que já consagrou o ferramental de análise que possibilita a intervenção governamental de maneira cirúrgica. Vide nóbel de economia.

A idéia ganhou o Nobel e após isso se transmuta em uma verdade absoluta?
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Re: Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado
« Resposta #7 Online: 21 de Março de 2008, 18:00:46 »
Conclusão

Na visão austríaca, o ciclo de expansão e recessão é causado por taxas de juros mantidas artificialmente baixas pelo Fed. São essas baixas taxas de juros que provocam a expansão dos negócios, que contratam mais mão-de-obra, que compram outros recursos, e assim por diante, ainda que esses projetos não sejam justificáveis pelo nível real de poupança da economia. Quanto maior for o "estímulo", piores serão os investimentos.

De 2001 a 2004, o Fed manteve as taxas (reais) de juros em seus menores níveis desde o final dos anos 1970. Uma das conseqüências que já se manifestou é a bolha imobiliária. Mas uma liquidação mais severa parece inevitável. O recente corte de juros pelo Fed pode adiar o dia do ajuste de contas, mas ele apenas fará com que o ajuste seja muito mais severo.
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A idéia ganhou o Nobel e após isso se transmuta em uma verdade absoluta?
Claro que não. Não existe idéias absolutas, principalmente na economia. Mas é uma boa evidência da aceitação dessa teoria, contando com as evidências de intervenções dos bancos centrais na última crise, elogiada por toda a imprensa especializada. Foi algo que evitou o pior.
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Re: Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado
« Resposta #8 Online: 21 de Março de 2008, 19:04:24 »
Eu particularmente acho que é inevitável a intervenção para solucionar uma crise, mas as causas da crise advém da intervenção, é um ciclo vicioso.
Conselheiro do Fórum Realidade.

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Re: Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado
« Resposta #9 Online: 21 de Março de 2008, 19:08:06 »
Eu particularmente acho que é inevitável a intervenção para solucionar uma crise, mas as causas da crise advém da intervenção, é um ciclo vicioso.

Então que não se intervenha agora e vejamos onde vai dar. :-)
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« Resposta #10 Online: 21 de Março de 2008, 19:10:12 »
Eu particularmente acho que é inevitável a intervenção para solucionar uma crise, mas as causas da crise advém da intervenção, é um ciclo vicioso.

Então que não se intervenha agora e vejamos onde vai dar. :-)

Que se intervenha agora, mas evite intervenções futuras.
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Re: Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado
« Resposta #11 Online: 21 de Março de 2008, 19:15:49 »
Eu particularmente acho que é inevitável a intervenção para solucionar uma crise, mas as causas da crise advém da intervenção, é um ciclo vicioso.

Então que não se intervenha agora e vejamos onde vai dar. :-)

Que se intervenha agora, mas evite intervenções futuras.

E o que seria então essa não-intervenção futura?

O fim do FED, por exemplo???
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Offline Nightstalker

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Re: Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado
« Resposta #12 Online: 21 de Março de 2008, 19:20:29 »
Eu particularmente acho que é inevitável a intervenção para solucionar uma crise, mas as causas da crise advém da intervenção, é um ciclo vicioso.

Então que não se intervenha agora e vejamos onde vai dar. :-)

Que se intervenha agora, mas evite intervenções futuras.

E o que seria então essa não-intervenção futura?

O fim do FED, por exemplo???

Não advogo pelo fim do Federal Reserve, mas sim por uma menor atuação dele, intervenções ao meu ver só são justificáveis em casos de crises.
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Offline HSette

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Re: Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado
« Resposta #13 Online: 21 de Março de 2008, 19:25:36 »
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Não advogo pelo fim do Federal Reserve, mas sim por uma menor atuação dele, intervenções ao meu ver só são justificáveis em casos de crises.

Sintomático você falar agora em "menor" atuação, quando anteriormente dizia não-intervenção.

E outra: você disse que seria a intervenção a causa das crises.
Não compreendo sua linha de raciocínio.  :o :o :o
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Offline Nightstalker

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Re: Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado
« Resposta #14 Online: 21 de Março de 2008, 19:28:29 »
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Não advogo pelo fim do Federal Reserve, mas sim por uma menor atuação dele, intervenções ao meu ver só são justificáveis em casos de crises.

Sintomático você falar agora em "menor" atuação, quando anteriormente dizia não-intervenção.

E outra: você disse que seria a intervenção a causa das crises.
Não compreendo sua linha de raciocínio.  :o :o :o

O excesso de intervenção causa crises, tentativas de modificar a ordem natural do mercado tendem a trazer efeitos colaterais na economia, por isso digo que a causa das crises advém das intervenções, quanto menos o Estado regular a economia mais saudável ela será.
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Re: Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado
« Resposta #15 Online: 21 de Março de 2008, 19:30:46 »
E caso não intervenha nunca, você acha que o sistema se auto-corrigirá. ou então até mesmo se torne imune a crises???
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Offline Nightstalker

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Re: Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado
« Resposta #16 Online: 21 de Março de 2008, 19:34:00 »
E caso não intervenha nunca, você acha que o sistema se auto-corrigirá. ou então até mesmo se torne imune a crises???

Não sou um anarco-capitalista, acho que o Estado deve se limitar a intervir em poucos aspectos, aspectos vitais para o bom funcionamento da economia, não creio que o mercado consiga funcionar bem totalmente desregulamentado, o Estado deve ao menos garantir o cumprimento dos contratos e estabelecer sanções às partes que não os cumprirem.
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Offline Rodion

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Re: Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado?
« Resposta #17 Online: 21 de Março de 2008, 21:04:42 »
ué, hsette. o governo bush nunca foi exemplo de ortodoxia econômica desde o começo, o que desapontou setores tradicionais do partido republicano. de fato, dos presidenciáveis, o único mais old school era o mccain, que foi aliás o único que manteve a retórica de que a intervenção do estado tem de ser mínima na crise.
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Offline HSette

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Re: Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado?
« Resposta #18 Online: 21 de Março de 2008, 21:14:32 »
ué, hsette. o governo bush nunca foi exemplo de ortodoxia econômica desde o começo,

Por isso o "de novo" no meu post inicial.

Apesar da cantilena sobre liberalismo e blá, blá, blá, o que se vê é a máquina estatal sendo usada constantemente para socorrer os mercados em polvorosa.

Quando tudo vai bem, deve-se à "liberdade" do mercado.
Quando as coisas vão mal, o público é chamado a pagar a conta.

Maravilha.  :x
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Offline Barata Tenno

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Re: Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado?
« Resposta #19 Online: 21 de Março de 2008, 21:43:15 »
He he he..... Quando eu li o titulo, minha primeira reação foi:"Ta invisível, ué".....
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Offline HSette

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Re: Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado?
« Resposta #20 Online: 21 de Março de 2008, 21:52:01 »
He he he..... Quando eu li o titulo, minha primeira reação foi:"Ta invisível, ué".....

Tá certo.

 :biglol:
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Offline Luiz Souto

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Re: Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado?
« Resposta #21 Online: 23 de Março de 2008, 00:57:40 »
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      El triple pecado de la gran banca privada

      Éric Toussaint, Damien Millet

      Desde agosto de 2007, los bancos estadounidenses y europeos se encuentran bajo los focos de la actualidad debido a la grave crisis que padecen, y que hacen padecer a todo el sistema neoliberal en bloque. El monto actual de la devaluación de activos que se vieron obligados a efectuar supera los 200.000 millones de dólares. Diversos servicios de estudio de los bancos y experimentados economistas consideran que la factura superará el billón de dólares (1.000.000.000.000 USD)[1]

      ¿Cómo han podido los bancos construir tal montaje de deudas tan irracional? Los organismos de créditos hipotecarios concedieron préstamos a un sector de la población ya fuertemente endeudado. Las condiciones de estos préstamos, de alto rendimiento (para el prestamista), constituyen una auténtica engañifa: el tipo es fijo y razonable durante los primeros dos años, pero luego sufre un fuerte aumento. Los prestamistas afirmaban a los clientes que el bien que adquirían con el préstamo se valorizaría en poco tiempo dado el aumento de los precios en el sector inmobiliario. El quid de la cuestión es que la burbuja inmobiliaria finalmente estalló en el 2007, y los precios comenzaron inexorablemente a bajar. Como el número de impagos tuvo un considerable crecimiento, los organismos de crédito hipotecario comenzaron a verse en dificultades para reembolsar sus deudas. Para protegerse, los grandes bancos se niegan a conceder nuevos préstamos o prestan a un interés mucho más alto. Pero la espiral no se detiene allí, porque los bancos habían comprado un gran volumen de acreencias hipotecarias, y en gran parte fuera de balance, creando unas sociedades específicas llamadas Structured Investment Vehicles (SIV), las que financiaban la compra de deuda hipotecaria de alto rendimiento, transformadas en títulos (CDO, Collateralized Debt Obligations).

      A partir de agosto de 2007, los inversores dejaron de comprar los commercial papers emitidos sin garantía por las SIV, la salud y la credibilidad de los cuales estaban muy deterioradas. En consecuencia, las SIV se quedaron sin liquidez para comprar los créditos hipotecarios titularizados, con lo que se amplificó la crisis. Los grandes bancos que habían creado las SIV tuvieron que asumir los compromisos de éstas para evitar que quebraran. Mientras que hasta entonces las operaciones de las SIV no figuraban en su contabilidad (lo que les permitía disimular los riesgos asumidos), tienen ahora que incluir en sus balances las deudas de las SIV.

      Resultado: ¡Pánico a bordo! En Estados Unidos, 84 sociedades de crédito hipotecario han quebrado o cesado parcialmente su actividad entre el 1º de enero y el 17 de agosto de 2007, mientras que en todo el año 2006 fueron sólo 17. En Alemania, el banco IKB y la institución pública SachsenLB fueron salvados a último momento. Recientemente, Inglaterra tuvo que nacionalizar el banco Northern Rock, en bancarrota. El 13 de marzo de 2008, la Carlyle Capital Corporation (CCC), cuya proximidad declarada al clan Bush es bien conocida, se desmoronó: sus deudas representaban 32 veces sus fondos propios. Al día siguiente, el prestigioso banco estadounidense Bear Stearns (5º banco de negocios de Estados Unidos), falto de liquidez, pidió ayuda a la Reserva Federal de Estados Unidos (la Fed) para obtener una financiación de urgencia. Será comprada por el banco JP Morgan Chase a precio de ganga.

      Varios segmentos del mercado de la deuda constituyen construcciones endebles en vías de derrumbarse. Arrastran en su fracaso a los poderosos bancos, a los hedge funds, a los fondos de inversión que las habían creado. El salvamento de las instituciones financieras privadas se lleva a cabo gracias a la intervención masiva de los poderes públicos. La privatización de los beneficios, la socialización de las pérdidas son una vez más la solución del problema.

      Pero se impone una pregunta: ¿Por qué los bancos, que ahora no vacilen en anular unas deudas dudosas de decenas de miles de millones de dólares, siempre se han negado a anular las deudas de los países en desarrollo? Están demostrando que esto es perfectamente posible y absolutamente necesario. Recordemos que en el origen de las deudas actuales, cuyo pago reclaman los bancos a estos países, se encuentran unas dictaduras criminales, unos regímenes corruptos, unos dirigentes fieles a las grandes potencias y a los acreedores. Los grandes bancos han prestado sin miramientos a regímenes tan poco recomendables como los de Mobutu en el Zaire, de Suharto en Indonesia, a las dictaduras latinoamericanas de los años 1970-1980, amén del régimen del apartheid de Sudáfrica. ¿Cómo pueden continuar infligiendo el yugo de la deuda a unos pueblos que han sufrido unos regímenes dictatoriales que ellos mismos financiaron? En el plano jurídico, son numerosas las deudas odiosas que figuran en sus libros de contabilidad y que no deben ser pagadas. Pero los bancos continúan exigiendo su reembolso.

      Así mismo, recordemos que en 1982 la crisis de la deuda del Tercer Mundo fue provocada por el alza desmedida y unilateral de las tasas de interés decidida por la Fed. Antes de esto, los bancos privados habían impuesto préstamos a tasa variable a unos países ya sobreendeudados, que finalmente fueron incapaces de afrontar. En estos momentos, la historia se repite, pero esta vez en el Norte y de una manera específica: los hogares sobreendeudados de Estados Unidos se encuentran en la incapacidad de devolver su deuda a plazo variable porque la burbuja ha estallado.

      Las anulaciones de deuda que realizan los bancos dan la razón a todos los que, como el CADTM, reivindican la anulación de la deuda de los países en desarrollo. ¿Por qué? Porque la deuda a largo término de los poderes públicos del Tercer Mundo con los bancos internacionales llegaba a los 181.900 millones de dólares en el 2006.[2] Desde agosto de 2007, han tenido que anular una suma muy superior, y esto no ha acabado...

      Los grandes bancos privados han pecado tres veces:

      — construyeron unos montajes desastrosos de deuda privada que han llevado a la actual catástrofe;

      — prestaron a las dictaduras y obligaron a los gobiernos democráticos que las sucedieron a reembolsar con creces hasta el último céntimo de una deuda odiosa;

      — se niegan a anular la deuda de unos países en desarrollo, a pesar de que su reembolso implica el deterioro de las condiciones de vida de las poblaciones.

      Por todas estas razones, es necesario exigir que rindan cuentas de sus maniobras en el curso de las últimas décadas. Los gobiernos de los países del Sur tienen que llevar a cabo auditorías de su deuda, como hace actualmente Ecuador, y repudiar todas sus deudas odiosas e ilegítimas. Los banqueros demuestran que esto es perfectamente posible. Se trataría del primer paso para hacer que las finanzas desempeñen el papel que les corresponde, el de una herramienta al servicio del ser humano. De todos los seres humanos.

      Damien Millet, portavoz del CADTM Francia (Comité para la Anulación de la Deuda Pública del Tercer Mundo, www.cadtm.org, autor de Africa sin deuda, Icaria, Barcelona, 2008.

      Eric Toussaint, presidente del CADTM Bélgica, autor de Banco del Sur y nueva crisis internacional, El Viejo Topo, Barcelona, 2008 y Abya Yala, Quito, 2008

      Traducción: Griselda Pinero y Raul Quiroz
      19 de marzo de 2008

Fonte: Punto de VIsta Internacionalhttp://www.puntodevistainternacional.org/spip.php?article150

A discussão está mais centrada na intervenção norte-americana na crise da bolha imobiliária , mas esta crise já se internacionalizou desde o início.
Socializar o prejuízo depois de deixar a "lei de mercado" atuar solta enquanto se podia privatizar os lucros é uma prática antiga e repetitiva.
Posto o texto acima para animar a discussão com um enfoque sobre outros possíveis desdobramentos políticos  da crise.



   


Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

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Offline Eu

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Re: Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado?
« Resposta #22 Online: 23 de Março de 2008, 17:36:16 »
Nobel dá uma canelada em Adam Smith
por Marcos Guterman, Seção: Estados Unidos, Todo mundo s 11:48:47.

Se o Prêmio Nobel da Paz para Al Gore foi uma evidente crítica ao presidente dos EUA, George W. Bush, o Prêmio Nobel de Economia mostra que é Adam Smith quem está em baixa. Os americanos Leonid Hurwicz, Eric Maskin e Roger Myerson foram laureados por explicar como os agentes ou mecanismos econômicos (públicos e privados) atuam quando os mercados não funcionam como deveriam – isto é, quando a competição não é totalmente livre, os consumidores não têm todas as informações necessárias e há consumo desenfreado. “O trabalho dos ganhadores ajuda a determinar se a regulação governamental do mercado é, às vezes, necessária”, sobretudo para evitar prejuízos sociais, explica o New York Times.

Segundo o anúncio do prêmio, a teoria da trinca americana mostra que a tese de Adam Smith sobre a “mão invisível” do mercado, aquela que garantiria a distribuição adequada de recursos escassos, já não se aplica mais, porque se baseia em condições ideais – e o mercado não funciona assim.

Offline Fabi

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Re: Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado?
« Resposta #23 Online: 23 de Março de 2008, 17:38:09 »
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Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado?
Aqui ó:
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

Offline Dbohr

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Re: Uai! Cadê a "Mão Invisível! do Mercado?
« Resposta #24 Online: 24 de Março de 2008, 09:43:39 »
Schadenfreude é um sentimento tão baixo... e tão engraçado!

:histeria:

 

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