Elevador espacial poderá ter problemas de estabilidadeSubstituir os foguetes por um elevador espacial é uma idéia fundamentalmente simples: estique um cabo suficientemente longo para que ele atinja o espaço, além da atmosfera terrestre, e a força centrífuga se encarregará de mantê-lo tensionado. A seguir é só construir as cabines, que utilizarão o cabo para levar cargas e passageiros para o espaço.
Possível, mas impraticável hojeEntre a idéia e a prática, contudo, há mais dificuldades e desafios do que soluções à vista. Agora, um pesquisador tcheco publicou um artigo que afirma que as vibrações a que o cabo estaria sujeito seriam tão grandes que, para que ele se mantenha firme no lugar, será necessário colocar foguetes em vários pontos de sua extensão para estabilizá-lo.
A se confirmarem os cálculos do professor Lubos Perek, este seria o primeiro entrave realmente sério à idéia, capaz mesmo de inviabilizá-la. Os engenheiros acreditam que a melhor forma de propulsão do elevador seria por meio de feixes de raios laser disparados da superfície. Esta idéia parte do princípio de que o cabo estará livre e tensionado.
A instalação dos foguetes e de suas estruturas de suporte seria extremamente difícil, além do que eles representariam uma carga adicional para o cabo. Isto sem contar os problemas logísticos de manutenção e reabastecimento dos foguetes. Mas o maior problema seria como fazer com que o elevador passe por estas estruturas com foguetes ao longo do cabo.
Avaliação da NASAA NASA promoveu um estudo detalhado da idéia do elevador espacial em 2003, incorporando os últimos avanços tecnológicos e as melhores simulações computadorizadas para avaliar a viabilidade de sua construção. Os pesquisadores são unânimes em afirmar que ainda não dispomos das diversas tecnologias necessárias para sua construção, mas não foi encontrada nenhuma dificuldade que condenasse a idéia como inviável para o futuro.
Nanotubos não são a soluçãoA descoberta dos nanotubos de carbono pelo cientista japonês Sumio Iijima, em 1991, agitou a comunidade de cientistas que sonham com a construção do elevador espacial, em razão da extrema resistência desses minúsculos canos de carbono. Contudo, a força dos nanotubos só vale para nanotubos individuais e sem defeitos.
Os maiores nanotubos de carbono hoje construídos não passam de alguns milímetros de comprimento e estão longe de estarem livres de defeitos estruturais. Tecê-los na forma de fibras e cabos não é a solução, porque então a resistência do cabo dependeria das forças eletrostáticas que mantêm os fios unidos e não mais equivaleria à resistência estrutural nativa dos nanotubos.
Força para os idososO recentemente falecido Arthur Clarke, cientista e autor de ficção científica, utilizou o elevador espacial em algumas de suas obras. No futuro que ele vislumbrava, o elevador não era apenas um cabo por onde subia uma cabine. Ao longo do cabo havia estruturas parecidas com andares de edifícios, onde pessoas recebiam tratamentos de saúde e até residiam de forma definitiva.
A população da Terra, com um número crescente de idosos, encontrava nos andares espaciais formas de enfrentar problemas como a debilidade física ou dificuldades de saúde bem atuais, como a osteoporose e a artrite, e ainda continuar a desfrutar de uma vida saudável e desempenhar papéis úteis para a sociedade. A gravidade cada vez menor, à medida em que se subia pelo elevador, representaria uma menor carga para a estrutura física das pessoas, permitindo-as contrabalançar os anos simplesmente subindo alguns andares.
QuestionamentosA dificuldade imposta pelos cálculos do Dr. Perek ainda não é definitiva. Vários outros cientistas se manifestaram em desacordo com sua teoria e deverão publicar artigos discutindo o assunto. Ao final, tudo o que estará decidido será se poderemos continuar ou não sonhando com um dia em que ir ao espaço será tão simples quanto apertar o botão do elevador.
Bibliografia:Space Elevator: StabilityAstronomical Institute - Czech Academy of Sciences
Acta Astronautica
6 March 2008
Vol.: 62, Issues 8-9, April-May 2008, Pages 514-520
DOI: 10.1016/j.actaastro.2008.01.020
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