Mas agora disse outra coisa que me deixou confuso (e ainda se conecta com a minha dúvida anterior). Um objeto em órbita não é algo que, não fosse a força no sentido de "tangenciar" o planeta, estaria necessariamente caindo? Como é possível essa "órbita com uma tendência a sair de órbita"/"cair para o espaço", sem haver uma razoável força nesse sentido?
Não sei se entendi bem sua dúvida, mas o fato é que um objeto em órbita está sempre caindo sim! Só que a superfície da Terra sempre "acaba" antes que ele chegue à superfície
. Isso fica mais fácil de visualizar no caso de uma órbita elíptica. No caso de uma órbita circular, a força que atua sobre o satélite nunca tem componente tangencial, mas apenas radial. Só que isso tudo que escrevi só vale para um objeto pontual.
No caso de um objeto extenso a coisa é um pouco mais complicada: imagine uma barra em órbita, orientada de forma a que seu comprimento maior aponte na direção radial. Nesse caso, uma das pontas (a mais próxima da superfície) está orbitando com uma velocidade ligeiramente menor [1] do que a suficiente para ficar em órbita. Daí que essa ponta tenderia a entrar numa órbita elíptica ou, dependendo do comprimento da barra, espiralar na direção da Terra, se estivesse solta. Já a outra ponta (a mais afastada da superfície) está orbitando com uma velocidade ligeiramente maior do que a suficiente para ficar em órbita. Daí ela poderia espiralar para longe da superfície [2]. O resultado é que a barra vai ficar tracionada: as duas pontas querendo se afastar.
A coisa é diferente se a barra estiver orientada tangencialmente à trajetória. Nesse caso, ela vai ser comprimida [3]. Em ambos os casos, a força vai depender aproximadamente linearmente do comprimento da barra (se não me falha a memória) e do inverso do cubo do raio da órbita. Essas são as chamadas forças de maré.
[1]
onde
é o raio da órbita.
[2] A trajetória real não seria tão simples de calcular. E a trajetória
tal como observada por alguém em órbita pode ser mais complicada ainda. Dinâmica orbital é um negócio complexo. Se você está em órbita é teoricamente possível atirar com uma arma numa direção, para mais tarde ser atingido nas costas pela sua própria bala!
[3] Deixo pra vocês explicarem.