Ops

Acho que minha intenção se deslocou do texto...
Eu não quis dizer (embora esteja admitindo que possa perfeitamente ter sido entendido) que discriminados mesmos são os negros. Só me parece que tanto um quanto o outro percentual não são verossímeis, alto demais prum lado, baixo demais para o outro.
Você lembrou o Pitta, é bom lembrar que tanto ele quanto a Benedita (que foi governadora do Rio alguns meses) eram vices de chapa, não foi neles que a maioria votou. E não me lembro de nenhum outro negro eleito em cargo majoritário no Brasil. Celso Pitta não foi vice, Daniel, seu burro!

Quanto à imagem pública do Gabeira ou do FHC, eu fiz esta ressalva lá no segundo parágrafo do post anterior.
Mas enquanto em ambos os casos não há nada de "errado" na visão popular em se ser de uma raça ou outra, ser ateu já é praticamente uma falha de caráter. Imagino que um protestante ou católico, ainda que só mais ou menos praticante escolhendo hipoteticamente ter como genro entre um negro/"pardo" protestante ou católico e um ateu que parecesse o "principe encantado" do "Shrek 2", acho que na maior parte do tempo prefeririam a primeira opção, de longe...
Eu acho que esta é a regra entre religiosos praticantes, mas religiosos praticantes não devem chegar a 30% dos brasileiros. Entre religiosos não praticantes (a grande maioria dos eleitores e dos pais) a religiosidade do candidato ou do genro não
me parecem ser levadas muito em conta.
Só para citar, sem querer provar nada com isso (até porque eu acho que casos berrantes como este que vou relatar realmente são excessão no Brasil real e atual): eu sou genro de uma católica fervorosa, que sempre fez objeção ao meu relacionamento com a filha dela, a ponto de as duas não se falarem há dois anos por causa disso. A Renata me conta que desde pequena, quando fazia alguma bagunça e era repreendida, ouvia coisas como: "olha Renata, se você continuar assim você vai acabar casando com um preto". O ex-namorado da Renata também era mulato e também foi rejeitado pela minha sogra, embora fosse evangélico.
Enfim, o mais interessante é que poucas vezes a Regina me ofendia por ser ateu (dando a entender que embora ela fosse das católicas mais fanáticas, professora de catecismo e tudo, a minha falta de fé não incomodava tanto). Geralmente os chingamentos que ela me dirigia eram "preto safado", "negrinho horrível"... ou me dizia coisas como "você já nasceu com cara de traficante"

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De qualquer forma eu concordo que o racismo por aqui seja bem abaixo do que se publica e do que se quer fazer crer, criei até (há alguns anos) um tópico no qual questionava a intenção e a utilidade de personagens como estas do Lázaro Ramos x Débora Falabela serem inventadas. Mas não acho que o racismo seja inexistente e nem menor do que a intolerância contra ateus.
Só discordo diametralmente desta insistência em comparar a condição dos negros com a dos orientais, no Brasil. Se a comparação fosse entre negros e nordestinos, negros e nortistas eu não faria objeção nenhuma. Agora, querer dizer que a condição de um aluno negro que estude numa escola particular é igual a do japonesinho porque quando o japonesinho entra em sala pela primeira vez todo mundo se reúne em torno dele para mostrar que sabe pelo menos uma palavra em japonês (koninchuá, arigatô...), para fazer perguntas sobre anime, para saber se ele é japonês mesmo ou é só nissei?
Mas também considero como perfeitamente possível que eu tenha uma percepção distorcida de como é a discriminação contra ateus, da mesma forma que já mencionei várias vezes que a percepção de racismo por pessoas fora das raças "majoritárias" pode ser exagerada... pessoas dentro de grupos "discriminalizáveis" devem ter tendências meio "conspiracionistas", de talvez ver padrões onde não tem e generalizar para além do que seria encontrado no mundo real....
So do I

. Embora eu pertença aos dois grupos; e isto faz com que pareça mais provável que eu conspirasse pros dois lados ou pra nenhum dos dois.