Autor Tópico: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexualismo  (Lida 5615 vezes)

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Evangélicos “invadem” Congresso e reivindicam direito de criticar homossexualismo

BRASÍLIA - Cerca de mil evangélicos realizaram, na tarde desta quarta-feira, um grande protesto em frente ao Congresso Nacional contra o projeto de lei (PL) 122/2006, que entre outros pontos prevê prisão para quem praticar a homofobia. Uma parte dos manifestantes, inclusive pastores e parlamentares, forçou a entrada no Parlamento e distribuiu um documento a parlamentares para pedir a rejeição do projeto, alegando prejuízo à prática religiosa.

O PL 122, de autoria da ex-deputada Iara Bernardi (PT-SP), atualmente tramita na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado após aprovação na Câmara dos Deputados em 2007. A proposta considera crime o preconceito de gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero. Entre as sanções previstas para a homofobia, está a pena de cinco anos de prisão

A luta contra o projeto de lei, que atualmente aguarda votação na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, vem ocorrendo há semanas, por meio dos obstáculos colocados por senadores evangélicos para impedir sua apreciação e aprovação. Os senadores conseguiram mobilizar caravanas que somaram cerca de mil manifestantes na frente do Congresso, que fizeram orações e gritaram palavras de ordem contra o PL.

Um dos pastores que puxou as orações, Jabes de Alencar, da Assembléia de Deus, apelou: “Senhor, sabemos que há uma maquinação para que este País seja transformado numa Sodoma e Gomorra (cidades que, pela Bíblia, foi arrasada por Deus pela prática da luxúria). Um projeto desses vai abrir as portas do inferno”. Quando começaram a se dirigir para o interior do Congresso, os protestantes gritavam melodias como “Caia, Babilônia, caia, Babilônia”.

Expressão

Parlamentares ajudaram um grupo de pastores e fiéis a entrar no Parlamento, após o empurra-empurra em frente à entrada principal. Depois, eles se dirigiram à sala da Presidência do Senado e aproveitaram o fato de só haver como representante da Presidência um senador evangélico, Magno Malta (PR-ES).

O coordenador do movimento, o pastor da Assembléia de Deus Silas Malafaia, entregou a Malta o documento para ser distribuído aos senadores. “Esse projeto de livre expressão sexual abre as portas para a pedofilia. É uma afronta à Constituição e à família”, discursou Malafaia.

Magno Malta tomou a palavra e elogiou a manifestação. “Sempre falaram que esse era um debate de evangélicos, mas temos aqui um deputado católico (Miguel Martini, do PHS-MG) que sempre representou o segmento católico do Brasil e está apoiando um documento que contradita as inconstitucionalidades do PL 122”, disse.

O deputado católico Miguel Martini foi ainda mais duro. “Querem calar a boca dos cristãos para impedir que falemos a verdade, que está na Bíblia. Nós amamos os homossexuais, porque são nossos irmãos, mas não amamos o homossexualismo. Não aceitamos discriminação de ninguém, mas não aceitamos sermos discriminados em nossas convicções religiosas”, bradou Martini.

O projeto

O PL 122, de autoria da ex-deputada Iara Bernardi (PT-SP), atualmente tramita na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado após aprovação na Câmara dos Deputados em 2007. A proposta considera crime o preconceito de gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero. Entre as sanções previstas para a homofobia, está a pena de cinco anos de prisão.

Segundo a relatora do PL 122 na CAS, senadora Fátima Cleide (PT-RO), "no Brasil não se muda a realidade se não houver punição".

Mas o deputado federal Bispo Rodovalho (DEM-DF), protestou contra possíveis “abusos” decorrentes do PL 122. “O PL 122 dá poderes ditatoriais a uma minoria. Se um funcionário for dispensado de uma empresa, poderá alegar homofobia, e o dono da empresa vai ser preso por crime hediondo, inafiançável”, alegou Rodovalho.

A senadora Fátima Cleide criticou os argumentos e a atuação dos parlamentares evangélicos nesta quarta-feira. “Infelizmente alguns religiosos utilizam discurso político para tentar ludibriar as pessoas crentes e tementes a Deus. Há que se observar aí mais uma postura de intolerância, pois em qualquer religião há diversidade dos seres humanos. Mais uma vez a diversidade não é respeitada, como se todos os religiosos tivessem de ter um pensamento único”, lamentou Cleide.

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2008/06/25/evangelicos_invadem_congresso_e_reivindicam_direito_de_criticar_homossexualismo_1391154.html

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Offline uiliníli

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexualismo
« Resposta #1 Online: 25 de Junho de 2008, 19:07:19 »
Acho que, apesar de os evangélicos estarem levando a questão demais para o lado religioso, eles têm todo o direito de se indignarem com a lei. Aliás, não só eles como todo cidadão. O Estado não tem o direito de dizer às pessoas de quem elas podem ou não podem gostar. Se você não gosta de gordos, feios, baianos, velhos ou evangélicos então tudo bem, você tem todo o direito de ser um idiota. Mas se é de negros ou gays então você não é só um idiota, mas também é considerado um criminoso. Por que?

Offline Dr. Manhattan

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexualismo
« Resposta #2 Online: 25 de Junho de 2008, 19:12:53 »
É mais complicado do que parece.
Não sei aqui no Brasil, mas em alguns países, você pode dizer: "eu acho que X, Y e Z são uns cretinos, safados, etc."
Por outro lado, você não tem o direito de dizer é "X, Y e Z são cretinos, safados, etc."
Nota a diferença?

Pessoalmente, sou contra essa lei, ainda mais porque acho a pena prevista excessiva. O crime deveria ser a incitação à violência
e a discriminação.
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Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexuali
« Resposta #3 Online: 25 de Junho de 2008, 19:15:21 »
Citar
Quando começaram a se dirigir para o interior do Congresso, os protestantes gritavam melodias como “Caia, Babilônia, caia, Babilônia”.

Os ilustres parlamentares devem ter pensado que a coisa era contra eles, Babilônia não é aquele lugar da bíblia que estava cheio de prostitutas? :hihi:

Offline uiliníli

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexuali
« Resposta #4 Online: 25 de Junho de 2008, 19:21:07 »
Não entendi a sutileza entre "poder" difamar alguma minoria, mas "não ter direito" de fazê-lo. Para mim parece uma contradição.

E acho que discriminação é privar alguém de algo merecido ou que é de seu direito com base em um preconceito, por exemplo, proibir a entrada de um negro em um restaurante ou demitir alguém por ser gay, isso sim é um comportamento criminoso. Mas enquanto os preconceitos estiverem somente na esfera das palavras não vejo por que o estado deveria intervir; dizer que gays são "pecadores que vão arder no inferno" é somente uma opinião. Uma opinião cretina, em minha própria opinião, mas uma opinião que os evangélicos têm o direito de ter e expressar.

Offline Dr. Manhattan

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexualismo
« Resposta #5 Online: 25 de Junho de 2008, 19:23:18 »
Eu penso exatamente como você. A sutileza está na cabeça dos legisladores. Acho que é a distinção entre simplesmente expor a sua opinião e tentar impor essa opinião aos outros.
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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexualismo
« Resposta #6 Online: 25 de Junho de 2008, 19:29:50 »
Eu penso exatamente como você. A sutileza está na cabeça dos legisladores. Acho que é a distinção entre simplesmente expor a sua opinião e tentar impor essa opinião aos outros.

O que é uma síndrome que acomete os legisladores... Se outras minorias fossem suficientemente organizadas em pouco tempo até contar piada de loira poderia dar cadeia.

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexuali
« Resposta #7 Online: 25 de Junho de 2008, 19:31:59 »
O Estado não tem o direito de dizer às pessoas de quem elas podem ou não podem gostar.
Não se trata de gostar ou não gostar; trata-se de incitar a discriminação. Por exemplo, eu posso não gostar de... sei lá, ateus. Mas, desde que eu não fale nada sobre eles e meus atos não incitem o preconceito contra eles, não há nenhum problema. O problema ocorre quando eu começo a falar que "...ateus são filhos do demônio e querem transformar a Terra no reino de Satã..." e etc, porque eu estou impingindo uma visão preconceituosa contra eles, o que pode ter reflexos na sociedade e, conseqüentemente, na vida deles.

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexualismo
« Resposta #8 Online: 25 de Junho de 2008, 19:39:31 »
O Estado não tem o direito de dizer às pessoas de quem elas podem ou não podem gostar.
Não se trata de gostar ou não gostar; trata-se de incitar a discriminação. Por exemplo, eu posso não gostar de... sei lá, ateus. Mas, desde que eu não fale nada sobre eles e meus atos não incitem o preconceito contra eles, não há nenhum problema. O problema ocorre quando eu começo a falar que "...ateus são filhos do demônio e querem transformar a Terra no reino de Satã..." e etc, porque eu estou impingindo uma visão preconceituosa contra eles, o que pode ter reflexos na sociedade e, conseqüentemente, na vida deles.

Por que você não pode falar nada sobre eles? Em uma sociedade democrática, em tese, nenhuma idéia deveria ser censurada e elas deveriam ser combatidas no terreno das idéias. Você só impinge essas visões preconceituosas em pessoas que já estão dispostas a aceitar essas visões preconceituosas. Como eu disse, enquanto os evangélicos só falarem mal de mim isso em nada altera a minha vida. Só a partir do momento em que eles fizerem algo que realmente tenha alguma conseqüência direta em minha vida é que, em minha opinião, eu deveria ter direito a recorrer a alguma proteção do estado.

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexuali
« Resposta #9 Online: 25 de Junho de 2008, 19:58:14 »
Por que você não pode falar nada sobre eles? Em uma sociedade democrática, em tese, nenhuma idéia deveria ser censurada e elas deveriam ser combatidas no terreno das idéias. Você só impinge essas visões preconceituosas em pessoas que já estão dispostas a aceitar essas visões preconceituosas.

Nem sempre. Pense numa criança ouvindo esse tipo de coisa. Ou uma pessoa adulta que nunca teve algum contato com o grupo em questão, e só ouve isso todo dia de várias pessoas diferentes. Não dizem que uma mentira contada muitas vezes torna-se verdade?

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Como eu disse, enquanto os evangélicos só falarem mal de mim isso em nada altera a minha vida.

Não se trata apenas de falar mal de uma pessoa em particular, mas de um grupo.

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Só a partir do momento em que eles fizerem algo que realmente tenha alguma conseqüência direta em minha vida é que, em minha opinião, eu deveria ter direito a recorrer a alguma proteção do estado.

Só que ação que teve reflexos na sua vida é mera conseqüência do preconceito propagado anteriormente. Se uma pessoa nunca tivesse sido exposta a essas idéias, provavelmente não lhe faria nada.
E ainda há o risco de você pedir proteção ao Estado e ter um presidente, ou uma Câmara e etc que digam: "nem sei se ateus deveriam ser considerados cidadãos; afinal essa é uma nação sob Deus".

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexualismo
« Resposta #10 Online: 25 de Junho de 2008, 20:20:39 »
Por que você não pode falar nada sobre eles? Em uma sociedade democrática, em tese, nenhuma idéia deveria ser censurada e elas deveriam ser combatidas no terreno das idéias.
Liberdade é diferente de libertinagem. Você não pode falar o que quer. Você não pode me ofender, me caluniar. Isso é crime.

Como se combate na base das idéias argumentos racistas? Como se combate homofobia na base das idéias? Como se combate um pastor religioso que incita os fiéis a discriminarem ateus?

Como eu disse, enquanto os evangélicos só falarem mal de mim isso em nada altera a minha vida.
Isso altera. Isso estigmatiza você na sociedade, com seus amigos, com seus colegas de trabalho. Quando os evangélicos dizerem que você é anti-ético para alguém que pode ser chefe e ele não te contratar por isso, sua vida vai ser alterada.

Só a partir do momento em que eles fizerem algo que realmente tenha alguma conseqüência direta em minha vida é que, em minha opinião, eu deveria ter direito a recorrer a alguma proteção do estado.
Igrejas incitarem a homofobia não causa prejuízo algum para homossexuais? Essa idéia de que não importa a religião, só importa que se acredite em Deus, não te ofende de nenhuma forma? Você não se sente indiretamente ofendido por frases assim? Essa cultura discriminatória (gerada primordialmente pelas idéias repassadas) não tem conseqüência direta?

Se não, por que as pessoas tem medo de se declararem atéias? Por que tem medo de se declararem homossexuais? Medo de apanharem, serem mortas? Não, isso já não acontece tanto. É medo de serem discriminadas: porque já existem muitas pessoas com idéias racistas em mente, pessoas que ensinam seus filhos, pessoas que aprendem na igreja (a "casa da moral") que elas tem razão em serem assim...

Qual é a vantagem em poder se declarar homofóbico? O direito individual da pessoa é maior que a estigmatização que isso cria nas minorias?
« Última modificação: 25 de Junho de 2008, 20:25:56 por Oceanos »

Offline Luis

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexualismo
« Resposta #11 Online: 25 de Junho de 2008, 20:30:37 »
Alguém é contra uma lei que puna homófobicos? Se eu não gosto de X ou Y, que eu fique longe dos mesmos em vez de encurralá-los com o argumento de que eles são contra a família ou a deus.
Claro que a igualdade já existe na constituição, mas o que há de lei indo contra lei e paradoxos criados a partir desse entrave...

O problema grande disso tudo é a efetividade da justiça. Se 90% das pessoas que atropelam as leis fossem punidas, aí não haveria necessidade de se criar uma lei para suprir o óbvio que falta à população.
« Última modificação: 25 de Junho de 2008, 20:32:53 por Luisfca »

Offline uiliníli

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexuali
« Resposta #12 Online: 25 de Junho de 2008, 20:39:09 »
Nem sempre. Pense numa criança ouvindo esse tipo de coisa. Ou uma pessoa adulta que nunca teve algum contato com o grupo em questão, e só ouve isso todo dia de várias pessoas diferentes. Não dizem que uma mentira contada muitas vezes torna-se verdade?

Para isso existe a educação formal nas escolas. E de qualquer forma é impossível o Estado controlar o que os pais ensinam a seus filhos em casa, o melhor que ele pode fazer é tentar remover essas más influências através da educação na escola e por meio de campanhas conscientização - mas definitivamente não com truculência proibindo a livre expressão de crenças e idéias.

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Não se trata apenas de falar mal de uma pessoa em particular, mas de um grupo.

Estava me referindo a mim no sentido de "os ateus". Mas por que xingar um grupo abstrato seria pior que xingar uma pessoa concreta se o quem se sente atingido pelo insulto contra o grupo são justamente os indivíduos que o constituem? Se você escuta que os ateus são imorais quem se sente ofendido não é "os ateus", é você. Não que eu espere que o Estado ponha na cadeia o infeliz que tenha dito essa frase.

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Só que ação que teve reflexos na sua vida é mera conseqüência do preconceito propagado anteriormente. Se uma pessoa nunca tivesse sido exposta a essas idéias, provavelmente não lhe faria nada.

Existe uma grande diferença entre pensamento e ação. Toda pessoa tem o direito de ter pensamentos mesquinhos e perversos. Toda pessoa, porém, tem o dever de pensar duas vezes antes de agir. Acredito que nesse ponto estamos de acordo, a discussão se resume ao meio termo entre pensar e agir, que é falar. E eu acredito que palavras desacompanhadas de ações, por mais que firam a auto-estima de outra pessoa, não são da conta do Estado.

Ouvir coisas de que não gostamos e saber lidar com isso é algo que se espera de qualquer pessoa madura. No limite, se déssemos ao Estado o direito de punir quem ferisse os sentimentos de outra pessoa, em que sociedade distópica de pessoas imaturas e mimadas viveríamos?

Os americanos, os paladinos da liberdade de expressão, têm um provérbio que acredito que traduz bem a minha opinião: stcks ans stones can break my bones, but words can't hurt me.

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E ainda há o risco de você pedir proteção ao Estado e ter um presidente, ou uma Câmara e etc que digam: "nem sei se ateus deveriam ser considerados cidadãos; afinal essa é uma nação sob Deus".

Para isso existe uma Carta Magna. A opinião de um sujeito, por mais alto que se aloje na hierarquia do governo (e nesse caso foi o próprio ex-president George H. Bush o infeliz a dar a declaração acima) é uma mera opinião que em nada altera os direitos constitucionais que temos garantidos.

Offline uiliníli

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexuali
« Resposta #13 Online: 25 de Junho de 2008, 20:57:48 »
Liberdade é diferente de libertinagem. Você não pode falar o que quer. Você não pode me ofender, me caluniar. Isso é crime.

Caluniar é diferente de ofender. É mentir. É inventar e propagar fatos desabonadores sobre a sua biografia que causem danos à sua reputação. Ofender, no sentido de expressar sentimentos negativos que você nutre por outra pessoa é crime? Se for então acho que 100% da população brasielira é culpada  por haver cometido esse crime alguma vez na vida e deve ser julgada e condenada.

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Como se combate na base das idéias argumentos racistas? Como se combate homofobia na base das idéias? Como se combate um pastor religioso que incita os fiéis a discriminarem ateus?

Não sei. Só acredito que isso só deve ser de interesse da lei quando essas idéias se traduzem em ações.

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Isso altera. Isso estigmatiza você na sociedade, com seus amigos, com seus colegas de trabalho. Quando os evangélicos dizerem que você é anti-ético para alguém que pode ser chefe e ele não te contratar por isso, sua vida vai ser alterada.

Meus amigos não me isolariam por eu ser ateu ou não seriam meus amigos de verdade, nesse sentido se declarar ateu assim que possível é uma ótima peneira para saber quem merece sua confiança de verdade. Já rejeitar um emprego a alguém com base em preconceitos é uma ação condenável que merece a atenção da lei. Alguém não simpatizar comigo porque eu sou ateu não. Eu conheci uma menina que me desprezava por eu ser ateu. Ela não me cumprimentava e sempre que podia encontrava alguma maneira de manifestar seu desagrado por ter que conviver comigo (fazíamos inglês juntos, por isso ela não tinha como me evitar). Bom, não se pode agradar todo mundo, mas o fato é que tenho tanto desprezo por essa pessoa (que chamo carinhosamente de "vadia") quanto ela por mim. Se ela merece cadeia por me odiar, eu mereço igualmente por corresponder em igual intensidade e sentido contrário esse sentimento por ela.

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Igrejas incitarem a homofobia não causa prejuízo algum para homossexuais? Essa idéia de que não importa a religião, só importa que se acredite em Deus, não te ofende de nenhuma forma? Você não se sente indiretamente ofendido por frases assim? Essa cultura discriminatória (gerada primordialmente pelas idéias repassadas) não tem conseqüência direta?

Se me sinto ofendido? Sim. Se acho que elas merecem cadeia? Não. Eu sou adulto e não sinto necessidade de chorar no colo de mamãe ou de algum delgado de polícia quando me sintop ofendido.

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Se não, por que as pessoas tem medo de se declararem atéias? Por que tem medo de se declararem homossexuais? Medo de apanharem, serem mortas? Não, isso já não acontece tanto. É medo de serem discriminadas: porque já existem muitas pessoas com idéias racistas em mente, pessoas que ensinam seus filhos, pessoas que aprendem na igreja (a "casa da moral") que elas tem razão em serem assim...

Espancar e matar alguém é um crime horrível independente da razão. Se uma pessoa espanca e mata outra é igualmente condenável se a razão foi preconceito ou se foi outra qualquer. Mas o preconceito em si é apenas um sentimento imbecil que pessoas idiotas sentem. A punição que elas merecem é o nosso desprezo.

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Qual é a vantagem em poder se declarar homofóbico? O direito individual da pessoa é maior que a estigmatização que isso cria nas minorias?

Sim.
« Última modificação: 25 de Junho de 2008, 21:00:53 por uiliníli »

Offline uiliníli

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexuali
« Resposta #14 Online: 25 de Junho de 2008, 21:07:54 »
A propósito, sobre o que a lei tem a dizer quanto a ofender alguém, existe o crime de injúria, que é definido como "atribuir à alguém qualidade negativa , que ofenda sua dignidade ou decoro . Assim , se “A” chama “B” de ladrão , imbecil etc. , constitui crime de injúria ."
http://www.advogado.adv.br/artigos/2000/barroso/caldifaminjuria.htm

Gostaria desde já de me declarar culpado. No post acima eu chamei uma menina de "vadia". Shame on me. Mas isso levanta outra questão: se já existe o crime de injúria, por que então racismo e homofobia deveriam ser considerados crimes? Não bastaria punir aqueles que manifestassem esses sentimentos por injúria assim como àqueles que ofendem a qualquer outro cidadão? Os gays e negros são cidadãos diferentes, eles são mais especiais do que os outros?


Offline Oceanos

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexualismo
« Resposta #15 Online: 25 de Junho de 2008, 21:31:30 »
Caluniar é diferente de ofender. É mentir. É inventar e propagar fatos desabonadores sobre a sua biografia que causem danos à sua reputação. Ofender, no sentido de expressar sentimentos negativos que você nutre por outra pessoa é crime? Se for então acho que 100% da população brasielira é culpada  por haver cometido esse crime alguma vez na vida e deve ser julgada e condenada.
Sim, é crime. Ofensa a dignidade moral. E nem só porque todos cometeram esse crime que todos deveriam ser julgados e condenados: isso ainda assim é subjetivo e, nesse caso em específico, depende da vítima denunciar.

Então você propõe que haja direito das pessoas recitarem seu ódio desde que não mintam?

Não sei. Só acredito que isso só deve ser de interesse da lei quando essas idéias se traduzem em ações.
Mas elas se traduzem. Geram uma cultura que geram conflitos. Ofender gera conflitos. Semear o ódio não gera dialogo e compreensão; semear o ódio gera mais ódio, e uma hora a bolha explode e tudo acaba em violência. Nem todo negro gosta de ouvir ofensas. Nem todo homofóbico gosta de ouvir que é imoral, que tem uma doença.

Diga à um homossexual que ele é doente. Você espera um convite para um chá? Você o culparia se ele te agredisse?

Rejeitar um emprego a alguém com base em preconceitos é uma ação condenável que merece a atenção da lei.
Como saber que isso aconteceu? É impossível saber. Ninguém diz para alguém que não o contratou porque ele é gay.

Alguém não simpatizar comigo porque eu sou ateu não.
Não é e nem deveria. Mas pregar para todos que você e que todos que concordam contigo são imorais, é.

Eu conheci uma menina que me desprezava por eu ser ateu. Ela não me cumprimentava e sempre que podia encontrava alguma maneira de manifestar seu desagrado por ter que conviver comigo (fazíamos inglês juntos, por isso ela não tinha como me evitar). Bom, não se pode agradar todo mundo, mas o fato é que tenho desprezo por essa pessoa, que chamo carinhosamente de "vadia" quanto ela por mim. Se ela merece cadeia por me odiar, eu mereço igualmente por corresponder em igual intensidade e sentido contrário esse sentimento por ela.
Diga em público que ela é uma vadia que você pode ser processado, e com razão. Deixa-a dizer em público que te despreza por você ser ateu que ela pode ser processada pelo mesmo legítimo motivo.

Se me sinto ofendido? Sim. Se acho que elas merecem cadeia? Não. Eu sou adulto e não sinto necessidade de chorar no colo de mamãe ou de algum delgado de polícia quando me sintop ofendido.
Eu sou adulto e sinto. Conheço vários outros adultos que sentem. Conheço gente que tem traumas, pessoas que mentem quanto à suas escolhas sexuais e religiosas porque sentem. Não tente normalizar a sociedade pelo seu critério pessoal.

Enquanto essa idéia está apenas na cabeça de pessoas que não influenciam em nada nossa vida, ótimo. Mas quando ela começar a ser repassada na televisão, nas igrejas, em conversas informais com a conivência do Estado, as coisas pioram.

Qual seu nível de raiva quando as pessoas dizem que baianos tem cabeça chata aqui em São Paulo? Quando dizem que baianos emporcalham a economia do estado? Que vocês são uma praga e deveriam ser deportados?

Espancar e matar alguém é um crime horrível independente da razão. Se uma pessoa espanca e mata outra é igualmente condenável se a razão foi preconceito ou se foi outra qualquer. Mas o preconceito em si é apenas um sentimento imbecil que pessoas idiotas sentem. A punição que elas merecem é o nosso desprezo.
Grande punição o dono daquela empresa vai ter quando eu despreza-lo, sendo que minha família está passando fome porque eu não tenho dinheiro por não ter emprego..

Sim.
Os pilares da ética naturalista são três: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Onde está a Igualdade e Fraternidade?

A partir do momento em que alguém tem o direito de discriminar (no âmbito das idéias, aqui) essa pessoa está dizendo que um grupo tem mais direitos que outro grupo. E isso é MENTIRA. Se ela não pode efetivamente por isso em prática, por que pode dizer? Se atitudes discriminatórias são proibidas, por que as idéias não seriam?

Como eu disse: a legalidade da discriminação gera a idéia de que isso não é imoral, quando é. Embora não se possa efetivamente com as leis proibir conversas em um bar entre amigos, pode proibir a mídia e comícios, por exemplo. A proibição legal deixa clara para a sociedade que isso é imoral, tão imoral que chega a ser crime.

Imagine grupos de pessoas que, como não estão cometendo nenhum crime, possam se organizar e gerar entidades racistas (no âmbito das idéias, é claro). Imagine grupos homofóbicos e religiosos protestando na parada gay... Você viu o fim?

Offline Oceanos

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexualismo
« Resposta #16 Online: 25 de Junho de 2008, 21:33:32 »
Os gays e negros são cidadãos diferentes, eles são mais especiais do que os outros?
Não, mas eles são mais discriminado que outros (não os mais discriminados, certamente. Mas foram eles que conseguiram chamar a atenção para si...).

Para que uma lei proibindo o preconceito contra engenheiros civis?

Racismo não é apenas a injuria, todavia. Racismo é a alegação de que uma raça é superior a outra e, com isso, tem mais direitos que a outra. Agora imagine o que tudo isso pode acarretar...


Ps. Eu respondi o post anterior antes de você postar novamente falando do crime de injúria. Dado isso, ignore todo meu "mais do mesmo" ali em cima. :)
« Última modificação: 25 de Junho de 2008, 21:37:47 por Oceanos »

Offline Luis

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexualismo
« Resposta #17 Online: 25 de Junho de 2008, 21:57:31 »
Liberdade é diferente de libertinagem. Você não pode falar o que quer. Você não pode me ofender, me caluniar. Isso é crime.

Caluniar é diferente de ofender. É mentir. É inventar e propagar fatos desabonadores sobre a sua biografia que causem danos à sua reputação. Ofender, no sentido de expressar sentimentos negativos que você nutre por outra pessoa é crime? Se for então acho que 100% da população brasielira é culpada  por haver cometido esse crime alguma vez na vida e deve ser julgada e condenada.

Realmente, "100%" da população já ofendeu, mentiu, inventou e propagou fatos desabonadores sobre alguma pessoa. Essas pessoas deveriam ser tratadas com o rigor da lei. Não é pq não há efetividade na justiça que deve-se liberar tais atos.
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Como se combate na base das idéias argumentos racistas? Como se combate homofobia na base das idéias? Como se combate um pastor religioso que incita os fiéis a discriminarem ateus?

Não sei. Só acredito que isso só deve ser de interesse da lei quando essas idéias se traduzem em ações.

Tenha certeza que as ações foram muitas. Uma das premissas indiretas para a criação de uma lei são as ações que são feitas anteriormente a criação da mesma.

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Isso altera. Isso estigmatiza você na sociedade, com seus amigos, com seus colegas de trabalho. Quando os evangélicos dizerem que você é anti-ético para alguém que pode ser chefe e ele não te contratar por isso, sua vida vai ser alterada.

Meus amigos não me isolariam por eu ser ateu ou não seriam meus amigos de verdade, nesse sentido se declarar ateu assim que possível é uma ótima peneira para saber quem merece sua confiança de verdade. Já rejeitar um emprego a alguém com base em preconceitos é uma ação condenável que merece a atenção da lei. Alguém não simpatizar comigo porque eu sou ateu não. Eu conheci uma menina que me desprezava por eu ser ateu. Ela não me cumprimentava e sempre que podia encontrava alguma maneira de manifestar seu desagrado por ter que conviver comigo (fazíamos inglês juntos, por isso ela não tinha como me evitar). Bom, não se pode agradar todo mundo, mas o fato é que tenho tanto desprezo por essa pessoa (que chamo carinhosamente de "vadia") quanto ela por mim. Se ela merece cadeia por me odiar, eu mereço igualmente por corresponder em igual intensidade e sentido contrário esse sentimento por ela.

Fale para todos, inclusive a menina e os familiares da mesma, sua opinião.


Em todo o resto, liberdade de expressão está condenável às punições cabíveis em lei. Se há lei, deve haver algum motivo para sua criação.Cabe a sociedade protestar contra em face de motivos banais, tendenciosos ou ilógicos. Agora, rotular alguém como superior ou inferior devido a raça, é atribuir qualidade moral, psicológica, racional, etc a tal aspecto. No caso, a lei contra o racismo difere da injúria.

Offline uiliníli

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexuali
« Resposta #18 Online: 25 de Junho de 2008, 22:21:54 »

Sim, é crime. Ofensa a dignidade moral. E nem só porque todos cometeram esse crime que todos deveriam ser julgados e condenados: isso ainda assim é subjetivo e, nesse caso em específico, depende da vítima denunciar.

Então você propõe que haja direito das pessoas recitarem seu ódio desde que não mintam?

Eu só estava esclarecendo que calúnia não é uma ofensa a outra pessoa, como eu esclareci no outro post que você já leu, o nome disso é injúria. Por algum motivo que eu sou incapaz de compreender isso é considerado crime. Talvez eu seja um psicopata :)

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Mas elas se traduzem. Geram uma cultura que geram conflitos. Ofender gera conflitos. Semear o ódio não gera dialogo e compreensão; semear o ódio gera mais ódio, e uma hora a bolha explode e tudo acaba em violência. Nem todo negro gosta de ouvir ofensas. Nem todo homofóbico gosta de ouvir que é imoral, que tem uma doença.

Cabe às pessoas fazerem o melhor possível para evitar esses conflitos. Se alguém é homossexual e não quer se sentir verbalmente ofendido então eu diria que o melhor programa para ele num sábado à noite não seria um culto religioso em um templo evangélico. Claro que eu acho que é outra história se você está quieto em seu canto e alguém vem insistentemente assediá-lo moralmente, para esse tipo de caso eu reconheço que as pessoas deveriam ter direito a recorrer à lei.

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Diga à um homossexual que ele é doente. Você espera um convite para um chá?

Não.

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Você o culparia se ele te agredisse?

Sim.

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Rejeitar um emprego a alguém com base em preconceitos é uma ação condenável que merece a atenção da lei.
Como saber que isso aconteceu? É impossível saber. Ninguém diz para alguém que não o contratou porque ele é gay.

Mas com ou sem lei contra discriminação ainda seria difícil averigüar esse tipo de coisa. Ou você acha que as leis contra homofobia adiantariam alguma coisa nesse sentido? Claro que eu me referia somente aos casos que pudessem de alguma forma ser provados. O ateu e o homossexual cautelosos podem manter o bico fechado, afinal, suas crenças religiosas e sexualidades geralmente não têm nada a ver com o trabalho que vão desempenhar. Quanto ao negro é mais difícil esconder a cor da pele, mas não se preocupe com isso, daqui a pouco nossos bem-intencionados deputados acabam tendo a idéia de criar cotas para eles nas empresas públicas e privadas.

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Não é e nem deveria. Mas pregar para todos que você e que todos que concordam contigo são imorais, é.

É sinal de estupidez. Mas nos dia em que estupidez virar crime vai faltar terreno para construir presídio... Acho que iam precisar converter as escolas em prisões :P

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Diga em público que ela é uma vadia que você pode ser processado, e com razão. Deixa-a dizer em público que te despreza por você ser ateu que ela pode ser processada pelo mesmo legítimo motivo.

Ora, mas eu me senti ofendido mesmo sem que ela dissesse nada claramente em público ou em privado. Eu sei seus motivos por suas insinuações e suas indiretas, mas não foram essas coisas que me ofenderam, foram as vezes em que a cumprimentei e ela fingiu que não me via. O olhar de aversão que partia dela quando eu abria a boca. Posso processá-la por isso? Difícil. Não que eu achasse necessário, como já disse, minha punição a ela é tratá-la com o mesmo desprezo. Não somos amigos e eu não gostaria de sê-lo nem por ordem judicial.

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Eu sou adulto e sinto. Conheço vários outros adultos que sentem. Conheço gente que tem traumas, pessoas que mentem quanto à suas escolhas sexuais e religiosas porque sentem. Não tente normalizar a sociedade pelo seu critério pessoal.

Essas pessoas deveriam ir atrás de um terapeuta, e não de um advogado.

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Qual seu nível de raiva quando as pessoas dizem que baianos tem cabeça chata aqui em São Paulo? Quando dizem que baianos emporcalham a economia do estado? Que vocês são uma praga e deveriam ser deportados?

Claro que sinto raiva. Mas não vou colocar ninguém na cadeia por causa disso. Prisão é uma punição desproporcional para algo que vai me deixar irritado por apenas cinco minutos.

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Grande punição o dono daquela empresa vai ter quando eu despreza-lo, sendo que minha família está passando fome porque eu não tenho dinheiro por não ter emprego..

Sinto muito por você, mas tem muita gente sem emprego por aí. Se serve de consolo, saiba que com ou sem lei contra racismo e homofobia, eles continuam existindo e um potencial empregador poderia rejeitar um emprego por preconceito alegando qualquer outra desculpa. Se você puder provar que foi vítima de discriminação, ótimo, se não, paciência, o mundo é cruel e injusto assim mesmo.

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Os pilares da ética naturalista são três: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Onde está a Igualdade e Fraternidade?

Liberdade de ter uma opinião e expressá-la sem sofrer censura do Estado.
Igualdade para todos compartilharem das mesmas liberdades.
Fraternidade é uma entrega pessoal que é responsabilidade de cada um, mas o Estado não pode bater na minha porta e dizer que eu não estou sendo suficientemente fraterno hoje.

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A partir do momento em que alguém tem o direito de discriminar (no âmbito das idéias, aqui) essa pessoa está dizendo que um grupo tem mais direitos que outro grupo. E isso é MENTIRA. Se ela não pode efetivamente por isso em prática, por que pode dizer? Se atitudes discriminatórias são proibidas, por que as idéias não seriam?

Não necessariamente. Quando alguém diz que baianos são preguiçosos estão fazendo uma alegação difamatória sobre o caráter de toda uma categoria de indivíduos, mas não estão lhes rejeitando nenhum direito. E na prática há grupos que têm mais direitos do que os outros e com chancela do Estado. Os gays, por exemplo, não podem casar e nem adotar crianças. O Estado deveria estar mais preocupado el garantir-lhes esses direitos do que se preocupar com quem gosta deles ou não.

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Como eu disse: a legalidade da discriminação gera a idéia de que isso não é imoral, quando é. Embora não se possa efetivamente com as leis proibir conversas em um bar entre amigos, pode proibir a mídia e comícios, por exemplo. A proibição legal deixa clara para a sociedade que isso é imoral, tão imoral que chega a ser crime.

Não consigo conciliar a idéia de Democracia com o absurdo de uma idéia, por mais revoltante que seja, ser considerada criminosa.

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Imagine grupos de pessoas que, como não estão cometendo nenhum crime, possam se organizar e gerar entidades racistas (no âmbito das idéias, é claro). Imagine grupos homofóbicos e religiosos protestando na parada gay... Você viu o fim?

Não preciso imaginar. Esses aí são os Estados Unidos da América :)

Offline uiliníli

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexualismo
« Resposta #19 Online: 25 de Junho de 2008, 22:24:27 »
...

Perdão por não responder a você com a atenção que você merece, mas já estou discutindo com o Oceanos e o Unknown. Três contra um já é covardia ;)

Offline Herf

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexuali
« Resposta #20 Online: 25 de Junho de 2008, 23:05:43 »
A propósito, sobre o que a lei tem a dizer quanto a ofender alguém, existe o crime de injúria, que é definido como "atribuir à alguém qualidade negativa , que ofenda sua dignidade ou decoro . Assim , se “A” chama “B” de ladrão , imbecil etc. , constitui crime de injúria ."
http://www.advogado.adv.br/artigos/2000/barroso/caldifaminjuria.htm

Gostaria desde já de me declarar culpado. No post acima eu chamei uma menina de "vadia". Shame on me. Mas isso levanta outra questão: se já existe o crime de injúria, por que então racismo e homofobia deveriam ser considerados crimes? Não bastaria punir aqueles que manifestassem esses sentimentos por injúria assim como àqueles que ofendem a qualquer outro cidadão? Os gays e negros são cidadãos diferentes, eles são mais especiais do que os outros?
Pois é, se as pessoas merecem respeito independente de sua cor, religião, orientação sexual, por que criar uma lei diferente para cada categoria? Leis como essa, bem como aquele "Estatuto da (des)Igualdade Racial", não passam de meios de agradar grupos de pressão que querem obter privilégios às custas de todo o resto da sociedade. Esse país é uma piada.

Offline Hold the Door

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexuali
« Resposta #21 Online: 25 de Junho de 2008, 23:16:22 »
Liberdade é diferente de libertinagem. Você não pode falar o que quer. Você não pode me ofender, me caluniar. Isso é crime.

Caluniar é diferente de ofender. É mentir. É inventar e propagar fatos desabonadores sobre a sua biografia que causem danos à sua reputação.

Esse tipo de declaração não poderia ser considerado calúnia?

Esse projeto de livre expressão sexual abre as portas para a pedofilia. É uma afronta à Constituição e à família”, discursou Malafaia.
Hold the door! Hold the door! Ho the door! Ho d-door! Ho door! Hodoor! Hodor! Hodor! Hodor... Hodor...

Offline uiliníli

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexualismo
« Resposta #22 Online: 25 de Junho de 2008, 23:21:56 »
Não sei se vale como calúnia, pelo que entendi do texto cujo link eu postei só seria calúnia se ele dissesse "Fulano é pedófilo", mas ele não acusou ninguém em particular de ter feito absolutamente nada, só sugeriu que a livre espressão sexual tem alguma coisa a ver com pedofilia. Mas foi o que eu entendi, talvez algum advogado pudesse esclarecer melhor.

Offline ThePlaceboBoy

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexuali
« Resposta #23 Online: 26 de Junho de 2008, 01:13:26 »
Não bastaria punir aqueles que manifestassem esses sentimentos por injúria assim como àqueles que ofendem a qualquer outro cidadão? Os gays e negros são cidadãos diferentes, eles são mais especiais do que os outros?



Meu deus! Você não leu o PLC 122/06? Seu escopo o faz bem diferente dos crimes de injuria/calúnia/difamação. Aliás, como um gay pode se sentir injuriado por ter sido chamado de gay? Tomando-se os termos da lei, não faz sentido que se considere fato ofensivo à reputação ou qualidade negativa para o gay em questão ter sido chamado assim. Evidentemente, não se trata de redundância legislativa.
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Offline ThePlaceboBoy

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexualismo
« Resposta #24 Online: 26 de Junho de 2008, 01:21:51 »
Ou ser negro é agora fato ofensivo à reputação do próprio negro?
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