Autor Tópico: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexualismo  (Lida 5617 vezes)

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Offline uiliníli

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexualismo
« Resposta #50 Online: 27 de Junho de 2008, 23:48:01 »
Mas isso não responde minha pergunta.

Não sei. Talvez nesse caso se pudesse considerar crime porque a opinião da pessoa incita a outra a causar danos a sua própria vida. Poderia-se usar esse argumento para criminalizar a apologia de qualquer forma de violência. Repare proém, que apologia de uso de drogas ou de preconceitos não necessariamente estimula a violência.

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author=uiliníli link=topic=16702.25.html#msg335950 date=1214603125]É subjetivo dizer como a "dignidade moral" de alguém pode ser afetada. Uma pessoa pode se sentir extremamente enojada em ver duas pessoas do mesmo sexo se beijando, mas nem por isso homossexuais deveriam ser proibidos de fazer o mesmo que os casais heterossexuais fazem em público. Da mesma forma alguém pode se sentir profundamente ofendido por um par de palavras, mas não acho que essas palavras devessem ser proibidas igualmente.
Faz tanto sentido uma pessoa dizer que teve sua dignidade moral ferida vendo duas pessoas do mesmo sexo se beijando quanto dizer que foi vítima de estupro. Uma coisa não tem ligação com a outra: ver algo NÃO FERE dignidade moral tal como não faz conjunção carnal. Ter sua moral atacada diretamente (seja por calunia, injúria ou qualquer coisa já dita aqui), todavia, fere. Racismo fere, ser humilhado, fere.

Como é que o estupro entrou na história? E por que ver algo não fere a dignidade de alguém mas ouvir fere? Acredito que mesmo que um ou outro estímulo dos sentidos fira os sentimentos de alguém, ter sentimentos feridos é parte da vida. Já estou me repetindo nesse ponto que você insiste em ignorar.

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Você não respondeu minha pergunta: quantas leis inconstitucionais existem em vigor hoje?

Sei lá quantas leis inconstitucionais existem! Você espera que eu te responda isso? Minha resposta é a que eu postei: existem instituições encarregadas de zelar pelo cumprimento da Constituição. O STJ e o STF podem derrubar leis votadas pelos deputados que eles considerem inconstitucionais.


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Há controvérsias. Vou dar um exemplo que o Nightmare me falou esses tempos:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm
Artigo 102. Esse artigo tem uma cláusula que proíbe bancos de terem taxas de juro maiores que 12%, e foi revogada. Veja que a cláusula cita que isso é CRIME, e, como o Nightmare mesmo estava me falando, poucas coisas são citadas diretamente como crime na CF: só assassinato, tortura...

O que define uma cláusula como pétrea? É pura questão interpretativa: se o legislativo achar que deve ignorar isso, ele vai ignorar, e o povo e os outros poderes provavelmente vão deixar passar, como já acontece com leis inconstitucionais e já aconteceu como a própria Constituição de outros países.

Não há margem para interpretação, a CF indica claramente quais são as suas cláusulas pétreas, isso não tem nada a ver com o que ela define como crime ou não.

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Se a maioria das pessoas não querem, de nada vale um pedaço de pape

Acho que você não compreende qual é o significado da Constituição em uma Democracia. Ela não é um pedaçõ de papel, ela a última palavra, nenhum juiz, nenhum deputado, nem o presidente da república pode passar por cima dela impunemente.

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Não só na escola pública.

E por que não apoiariam, oras? Afinal, não seria crime...

Ensinar o criacionismo também não é exatamente crime, por outro lado não está na LDB do ensino.

Offline Oceanos

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexualismo
« Resposta #51 Online: 28 de Junho de 2008, 10:46:21 »
Não sei. Talvez nesse caso se pudesse considerar crime porque a opinião da pessoa incita a outra a causar danos a sua própria vida. Poderia-se usar esse argumento para criminalizar a apologia de qualquer forma de violência. Repare proém, que apologia de uso de drogas ou de preconceitos não necessariamente estimula a violência.
Mas são só idéias, e, como o racismo, também estimulam a violência. Por que um pode e outro não? Você está sendo incoerente.

Você também está deixando de lado que não existe prática sem a idéia.

Como é que o estupro entrou na história? E por que ver algo não fere a dignidade de alguém mas ouvir fere? Acredito que mesmo que um ou outro estímulo dos sentidos fira os sentimentos de alguém, ter sentimentos feridos é parte da vida. Já estou me repetindo nesse ponto que você insiste em ignorar.
Não é questão de ver ou ouvir: dois gays se beijando de NADA tem a ver com a beata, por mais que ela reclame, e, para fins práticos, ela reclamar que está tendo sua dignidade moral atacada por isso faz tanto sentido quanto reclamar que está sendo estuprada por isso; já racismo tem: é um ataque impessoal baseado em coisa alguma que se configura num ódio irracional de uma coletividade.

Sei lá quantas leis inconstitucionais existem! Você espera que eu te responda isso? Minha resposta é a que eu postei: existem instituições encarregadas de zelar pelo cumprimento da Constituição. O STJ e o STF podem derrubar leis votadas pelos deputados que eles considerem inconstitucionais.
Mas ainda assim existem, com órgãos responsáveis e tudo. O que, na prática, demonstra: a existência da Constituição não significa tudo o que você sonha.

Não há margem para interpretação, a CF indica claramente quais são as suas cláusulas pétreas, isso não tem nada a ver com o que ela define como crime ou não.
Se não há margem para interpretação; o que foi isso que mostrei?

E sim, há margem para interpretação: não há enumeração das cláusulas pétreas, só citação de quais principios não podem ser discutidos. O que, certamente, necessita de interpretação.

Acho que você não compreende qual é o significado da Constituição em uma Democracia. Ela não é um pedaçõ de papel, ela a última palavra, nenhum juiz, nenhum deputado, nem o presidente da república pode passar por cima dela impunemente.
Você que está super-estimando o valor dela no Brasil. Ela não é uma entidade metafísica que rege as Leis do Estado. Ela é um pedaço de papel onde estão os principios básicos da sociedade. E, como tudo feito pelo homem: é regido POR ELE; o que, como a história e o senso-comum mostram, podem ser alteráveis.

Ensinar o criacionismo também não é exatamente crime, por outro lado não está na LDB do ensino.
Sempre pensei que fosse proibido porque o Estado era laico...

Offline Herf

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexuali
« Resposta #52 Online: 28 de Junho de 2008, 14:15:39 »
Uma analogia a essa lei anti-homofobia seria uma lei que previsse penas maiores para quem matasse um homossexual ou um pertencente de uma outra minoria/grupo de pressão qualquer pelo simples fato dea vítima ser parte de uma minoria/integrante de grupo de pressão. Ou então colocar na lei uns vinte mil artigos cada um dos quais proibindo matar pessoas de um determinado grupo (é proibido matar negros, é proibido matar brancos, é proibido matar evangélicos, é proibido matar homossexuais, é proibido matar ateus, é proibido matar judeus, etc).

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexualismo
« Resposta #53 Online: 28 de Junho de 2008, 14:53:33 »
Será que pensam em fazer uma lei para críticas ao heterossexualismo também? Aí não poderão mais falar mal de "machões", "garanhões", "cachorros; de "peruas", "galinhas", etc - todo tipo de comportamento heterossexual imaginável terá que ser plenamente aceito como normal e saudável, sem ressalvas preconceituosas condenando de qualquer maneira.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexualismo
« Resposta #54 Online: 28 de Junho de 2008, 14:59:28 »
Uma analogia a essa lei anti-homofobia seria uma lei que previsse penas maiores para quem matasse um homossexual ou um pertencente de uma outra minoria/grupo de pressão qualquer pelo simples fato dea vítima ser parte de uma minoria/integrante de grupo de pressão. Ou então colocar na lei uns vinte mil artigos cada um dos quais proibindo matar pessoas de um determinado grupo (é proibido matar negros, é proibido matar brancos, é proibido matar evangélicos, é proibido matar homossexuais, é proibido matar ateus, é proibido matar judeus, etc).

Meio relacionado a isso, mas beirando ao OT, acho que a lei faz distinção de parentesco genealógico em crimes como assassinato. Considera pior matar um fillho ou parente próximo, do que uma pessoa qualquer, sem parentesco... não sei se há alguma "funcionalidade" nisso; acho que é só reflexo, irracional, de ser algo mais chocante.

Offline Fernando Silva

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexualismo
« Resposta #55 Online: 29 de Junho de 2008, 11:20:56 »





Offline uiliníli

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Re: Evangélicos invadem Congresso e reivindicam direito de criticar homossexualismo
« Resposta #56 Online: 30 de Junho de 2008, 21:14:03 »
Vamos resumir essa conversa? Se tem uma coisa em que eu não acredito mais é em dialética.

Mas são só idéias, e, como o racismo, também estimulam a violência. Por que um pode e outro não? Você está sendo incoerente.

Estou dizendo que se a violência for incentivada explicitamente, algo como por exemplo "vamos espancar gays e enforcar negros", então essa opinião poderia ser submetida a processo judicial, mas enquanto alguém só disser "não gosto de gays e nem de negros e não quero me misturar com eles" acho que o Estado não deveria se preocupar com isso.

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Não é questão de ver ou ouvir: dois gays se beijando de NADA tem a ver com a beata, por mais que ela reclame, e, para fins práticos, ela reclamar que está tendo sua dignidade moral atacada por isso faz tanto sentido quanto reclamar que está sendo estuprada por isso;

Ainda não entendi essa sua analogia com o estupro. O que estou dizendo é que o sentimento de desgosto da beata é real, por mais que o que está acontecendo não tenha nada a ver com ela. Acontece também que o Estado não pode pautar suas decisões baseado no desgosto que certas pessoas sentem com relação ao comportamento de outras - tanto no que elas vêem quanto no que elas escutam de outros.

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Você que está super-estimando o valor dela no Brasil. Ela não é uma entidade metafísica que rege as Leis do Estado. Ela é um pedaço de papel onde estão os principios básicos da sociedade. E, como tudo feito pelo homem: é regido POR ELE; o que, como a história e o senso-comum mostram, podem ser alteráveis.

Em uma democracia nada pode ser feito contrariando a Constituição. Cabe ao judiciário zelar pelo seu cumprimento. Claro que o judiciário é falível, mas não se podia esperar outra coisa dele. E não seria essa lei contra a discriminação que mudaria isso, não é verdade?

 

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