Então Deus não é onisciente, ele não sabe o futuro? Dizer que "o futuro a Deus pertence" está errado?
Simplesmente é ilógico pensar que Deus conhece de antemão cada ação de uma pessoa e seu destino, assim deve-se admitir que no plano de Deus existem pessoas predestinadas ao inferno.
O sofrimento só é importante no sentido de nos ensinar a evitar mais sofrimento numa ocasião futura.
Então eu ainda preferiria um mundo sem sofrimento.
O sofrimento é importante quando é construtivo, quando resulta em algum bem, somos criaturas tolas porque muitas vezes precisamos de alguma forma de sofrimento para aprender algo de forma definitiva..
Um dos temas mais populares na literatura de ficção científica é o anti-utópico, uma sociedade futurística que aboliu o sofrimento por meio da tecnologia, curou doenças, pôs fim ás guerras e á pobreza, controla acidentes; algumas vezes até vence a morte, por meio da imortalidade artificial, acho que você já deve ter visto algo do tipo.. pois bem, nessas histórias a sociedade é sempre uma tapeação colossal: é aparentemente feliz, mas passa por uma frustração profunda, é aparentemente humana, mas na verdade é inumana. A abolição do sofrimento torna-se a abolição da humanidade.
Um exemplo, é a estória de "Admirável mundo novo" ,"um Éden aerodinâmico e sem alma", onde não existe Beethoven, nem Shakespeare, nem Da Vinci, e nem sofrimento. "Todos são felizes agora", é o argumento fundamental para "Admirável mundo novo". Se você está entediado, existe o fascinante jogo sem fim do zumbido do filhote centrifugado; se você está chateado, existe a maravilhosa droga soma, e é claro, existe amor livre e até sexo livre. Maternidade, nascimento e famílias são tratados como obscemos e ineficientes. As fontes do sofrimento são dissecadas, as personagens em "admirável mundo novo" são felizes porque são parte boneco, parte animal e parte vegetal, a única personagem humana, John, o selvagem de uma reserva indígena, consegue manter sua humanidade e sanidade apenas pelo sofrimento e morte, e, como seu novo mundo não lhe dá oportunidade para ambos, é levado á auto-flagelação e finalmente ao suicídio. A paz é total, toda forma de vida e de passar o tempo se torna tão entediante e tão sem significado que o suicídio se torna a "consumação a ser devotamente desejada".
Num antigo episódio de uma série chamada "Além da imaginação", uma gangue de ladrões de banco é encurralada pela polícia, recusam-se a render-se e tem ínicio a um tiroteio, o protagonista é baleado e morre, levanta-se e encontra-se andando em nuvens macias e brancas, diante do portão dourado de uma cidade celestial. Um velho homem com barbas prestas e manto branco, de aparência amigável, leva-o para dentro e oferece o que desejar, logo ele entedia-se com o ouro que lhe foi dado pois não pode comprar nada (tudo é de graça). Seus parceiros de atividades (os outros ladrões) estão em outro lugar, e até as bonitas mulheres são entendiantes porque só riem quando ele tenta machucá-las (ele possui um gosto sádico), quando ele vê a figura de São Pedro, ele reconhece que algo está errado, e exclama "Deve haver algum erro", SP responde "Não, não cometemos erros aqui", "Você não pode me mandar de volta para a terra?", "É claro que não, você está morto", "Pois então me mande para perto de meus amigos", "Isto é contra as regras, não é possível.", "Mas, afinal, que lugar é esse?", "Este é o lugar que você escolheu por sua ambição, o lugar onde você consegue tudo que quer", "Mas eu achei que eu ia gostar do céu", "Céu? quem é que falou em céu?"
A idéia é que um mundo sem sofrimento se parece mais com o inferno do que com o céu.