Autor Tópico: Seria o fascismo realmente “de direita” ?  (Lida 2138 vezes)

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Offline 4 Ton Mantis

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Seria o fascismo realmente “de direita” ?
« Online: 03 de Setembro de 2008, 17:44:19 »
http://www.duvido.com/2008/09/01/seria-o-fascismo-realmente-de-direita/


Um dos mais repetidos mantras esquerdistas é que o fascismo, ou os estados fascistas, foram as mais cruéis manifestações da “direita” no século XX. Comparada a estes estados, a União Soviética socialista de Joseph “Homem de Aço” Stalin parecia, como dizem alguns, um parque de diversões.

Óbvio, a um autômato cheguevariano, forjado no fogo juvenil dos Fóruns Sociais Mundiais, esta afirmativa não parece assim tão ofensiva. Ainda mais se o professor de sociologia da sua faculdade - a qual ele freqüenta, extraordinariamente, nos exíguos horários que sobram da agitada vida de cervejadas e sinuca no Centro Acadêmico - chancela esta visão de mundo com a sua insofismável, inatingível, gigantesca autoridade.

Tanto este bizarro meme é repassado adiante que, em um curioso fenômeno de apropriação linguística, “de direita” virou xingamento na América Latina. Bem como o termo “liberal” ou, pior, “neoliberal”. “De direita” virou, espantosamente, sinônimo de autoritarismo. Sinônimo de anti-democrático (só legítimas manifestações socialistas seriam democráticas, o resto é “gritaria reacionária das elites”). Identificaram, de forma atordoante a qualquer um com a mínima noção de história, a idéia de socialismo com a idéia de democracia.

Para aqueles um pouco mais chegados na história e na filosofia política moderna, principalmente na longa tradição iluminista, ouvir uma afirmação destas dói nos ouvidos. Pois bem, o fascismo é realmente um fenômeno “de direita”?


Antes de prosseguir, talvez seja conveniente explicar de onde surgiram estas categorias, “de direita” e “de esquerda”. Na Assembléia dos Estados Gerais franceses, lá na Era das Revoluções, os monarquistas (apoiadores do ancien régime) sentavam-se à direita do rei. Os revolucionários, por sua vez, passaram a se denominar “de esquerda”, em oposição aos monarquistas. O termo “direita” passou, nos anos que se seguiram, a designar de forma geral os “apoiadores do status quo“, enquanto “a esquerda” passou a significar “os revolucionários”, “os que estão contra o status quo“.

Dito assim, não é necessária muita genialidade para concluir que a esquerda não sobreviveria a uma revolução bem-sucedida sem que, ela mesma, se tornasse direita, pois passaria então a apoiar o estado das coisas. Foi o que aconteceu, por exemplo, com os girondinos, antes revolucionários “de esquerda”, depois acusados de ser “de direita” pelos seus adversários jacobinos. Mas, utilizando esta lógica gramática, como explicar o que aconteceu na União Soviética, que implantou e manteve com mão de ferro, por um bom tempo, um regime socialista, e nem por isso se tornou “de direita”?

Apoiar ou não o estado das coisas não serviria para definir, absolutamente, um movimento como “de direita” ou “de esquerda”, pois se trata de uma verificação meramente circunstancial. Pelo menos, não serve para dar à designação alguma utilidade prática (tanto é que esta divisão já foi abandonada por muitos estudiosos).

No entanto, tendo em vista o recorrente (e malicioso) uso do exemplo dos estados fascistas como “típicos exemplos de direita”, para desqualificar aqueles que não seguem o que se convencionou chamar de “pensamento de esquerda” (ou seja, de inspiração marxista), é urgente que se busque uma forma de convencionar o que é uma e o que é outra.

E o andar da história acabou o fazendo.

Para que existisse sentido em dividir visões políticas entre “direita” e “esquerda”, seria preciso um pouco de platonismo, ou seja, seria necessário identificar critérios absolutos que pudessem classificar, independente da situação, uma dada posição como “de direita” ou “de esquerda”. A consolidação do liberalismo econômico, após a Revolução Francesa, forneceu esta base.

Com o passar do tempo, ficou claro que uma das características que definiria o sentido de “direita” na Era do Capital seria a defesa da autonomia burguesa (os grandes beneficiados com a queda do antigo regime) no que tange à economia, em oposição ao poder dirigista, intervencionista, obviamente exercido pelo Estado. Uma nova burguesia industrial, que facilmente acumulava fortunas em cima da exploração do trabalho proletário, dava corpo e rosto (um rosto, diga-se de passagem, não muito bonito) a esta “direita”.

A respectiva “esquerda” nasceu, efetivamente, com as idéias socialistas das quais Marx foi o maior expoente, surgidas da constatação, um tanto quanto óbvia, de que a teoria liberal clássica, devido ao avanço surpreendente da chamada “tecnologia de acumulação de capital”, não era tão perfeita como se pensava, e que o laissez-faire absoluto podia gerar situações de extremo desequilíbrio. Como se fosse uma reação alérgica à situação, esta “esquerda” tinha como bandeira a implantação do exato oposto: um Estado forte, controlador, intervencionista, onipotente, capaz de impedir a acumulação de capital nas mãos da “burguesia”, não meramente implementando marcos regulatórios ou fazendo ajustes, mas radicalmente eliminando o modelo social vigente e construindo outro, completamente novo.

Ou seja, até hoje podemos ter como parâmetros, de maneira razoavelmente útil e segura, estes dois conceitos: pela direita, liberalismo econômico capitalista; pela esquerda, estatismo socialista. Mas, voltando ao assunto, como isso ajuda ao enquadrar o fascismo?

Quem pode nos ajudar a responder esta questão é o duce em pessoa, Benito Mussolini, que em seu La Dottrina del Fascismo nos brinda com esta explanação:

Anti-individualista, a concepção fascista é pelo Estado; e é pelo indivíduo enquanto este coincide com o Estado, consciência e vontade universal do homem em sua existência histórica. É contra o liberalismo clássico, que surge da necessidade de reagir contra o absolutismo e exauriu sua função histórica quando o Estado se transformou nessa mesma personificação da consciência e da vontade popular. O liberalismo negava o Estado em nome do indivíduo particular. O fascismo reafirma o Estado como a realidade verdadeira do indivíduo. E se a liberdade deve ser o atributo do homem real e não desse fantoche abstrato pensado pelo liberalismo individualista, então o fascismo é pela liberdade. Pela única liberdade que tem um valor sério: a liberdade do Estado e do indivíduo dentro do Estado.

Mais “de esquerda”, impossível. Ou melhor, possível, pois na URSS já havia um regime parecido, que pregava exatamente as mesmas coisas: controle absoluto dos meios de produção pelo Estado, negação da doutrina humanista/iluminista das liberdades individuais, sujeição do indivíduo à coletividade (sendo lícita e plenamente aceitável, inclusive, a utilização da eliminação sumária, pelas mãos do Estado, daqueles que não estivessem em conformidade com o coletivo, pois só há sentido em falar de direito à vida quando falamos de direito individual à vida).

Aliás, indício maior de que a ideologia autoritária dos Estados Policiais da primeira metade do século XX segue o caminho do socialismo vem da maior cabeça do Partido Nacional-Socialista Alemão, que infelizmente já é bem conhecido de todos nós, Adolph Hitler:

Que significa ainda a propriedade e que significam as rendas? Para que precisamos nós socializar os bancos e as fábricas? Nós socializamos os homens.

Ora, não restam dúvidas de que o sonho da implantação da hive mind socialista é uma das marcas do fascismo. Mas como seria possível alinhar estes movimentos totalitários - ou QUALQUER outro movimento totalitário existente ou que venha a ser criado - com o individualismo capitalista (dois termos, para variar, demonizados pela propaganda socialista) que é a assinatura mais fundamental da “direita”, na sua concepção contemporânea da palavra?

É necessária uma alta dose de ignorância e abstração, para não dizer de pura má-fé, para fazê-lo.

Devemos ter em mente que esta medonha classificação, hoje infelizmente bastante famosa, surgiu do coração da esquerda mundial daquela época, o comunismo soviético, que, circunstancialmente, aós um período de muito boas relações, se encontrava na posição de inimigo dos fascistas. Embora fossem praticamente irmãos gêmeos, o socialismo de Hitler e Stálin, por razões geopolíticas, chocaram-se frontalmente após o primeiro ter ignorado, de forma bastante infantil, o tratado Molotov-Ribbentrop, firmado em 1939, em Moscou, entre os dois companheiros de totalitarismo.

Ora, com o exército alemão em seu terrirório, os comunistas não tardaram a consolidar a imagem dos nacional-socialistas como “capitalistas exatamente como os outros”. Apontavam, óbvio, as elites industriais da Alemanha como prova máxima de que os nazistas, por exclusão, não eram suficientemente socialistas. Eram brandos demais. Não levaram o socialismo às últimas consequências. Mantinham elites. Ao fazê-lo, claro, fechavam os olhos para as próprias elites burocráticas e administrativas, mas isto é outra história.

O Exército Vermelho eventualmente deu o golpe de misericórdia nos alemães, e os socialistas, como bons vitoriosos, tiveram a oportunidade de escrever a sua própria visão da história para as gerações seguintes: uma vitória gloriosa do socialismo soviético contra o CAPITALISMO BURGUÊS, que era, pura e simplesmente, tudo que não fosse o socialismo soviético.

Assim, o fascismo e o nazismo, regimes que pregavam o contrário de tudo o que representa a direita, foram martelados pela repetição do termo até virar… extrema-direita! Afinal de contas, voluntariamente é que os comunistas que não iriam se identificar com o nacional-socialismo e o fascismo, tão totalitarismos quanto o socialismo soviético, mas irrecuperavelmente manchado pela derrota na Segunda Guerra. Era preciso empurrar os cadáveres destes dois totalitarismos para o outro lado do muro, para cima dos países liberais do ocidente - por mais improvável, absurdo e incoerente que isto possa parecer.

Resumindo, é perfeitamente lícito enquadrar o conservadorismo moral como “extrema-direita”. Os EUA, por exemplo, foram fundados pelo puritanismo protestante. Historicamente, o termo “extrema-direita” até faz sentido neste caso, pois esta mantém ainda, de um ponto de vista puramente material, ainda intocados certos valores antigos da direita do século XIX e primeira metade do século XX. Mas, repito, não há como enquadrar no conceito de direita QUALQUER forma de coletivismo, senão com uma dose brutal de má-fé.

E o pior: sem saber, a juventude - sempre embalada pelas promessas do agito revolucionário, da contestação, da luta, da iconografia, do culto à personalidade - e que, o que até entende-se, considera muito mais atraente aquela política que passa longe das bibliotecas, a política do panelaço, dos apitos, das cores vibrantes e dos gritos de torcida, a cada dia que passa se deixa levar mais pelo discurso do coletivismo, da destruição do homem individual, do desprezo à liberdade, dando suporte, sem sequer imaginar o que está fazendo, aos piores fantasmas totalitários do século passado - fascismo incluso.
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Offline Orbe

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Re: Seria o fascismo realmente “de direita” ?
« Resposta #1 Online: 03 de Setembro de 2008, 19:56:04 »
Faz realmente alguma diferença? Não basta saber que é algo indesejável?

Acho tão tola essa briguinha esquerda vs. direita... O tempo todo um lado empurrando a responsabilidade por todos os males do mundo sobre o outro (e vice-versa). No fim ambos são a mesma porcaria...
Se você se importasse não estaria discutindo e sim agindo...

Offline Luiz Souto

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Re: Seria o fascismo realmente “de direita” ?
« Resposta #2 Online: 03 de Setembro de 2008, 20:57:39 »
O texto é sofístico , já que parte de definições erradas dos termos para construir seus argumentos:

1) Identifica Socialismo com controle estatal sobre a sociedade ( o estatismo). A proposta clássica do socialismo , como formulada ao longo do séc.XIX  , é a do fim do Estado e sua substituição pela livre associação dos membros da sociedade. O que dividia marxistas e anarquistas não era a idéia de que o Estado deveria desaparecer mas a proposição dos primeiros que deveria haver um período de transição em que o Estado progressivamente desapareceria ( a ditadura do proletariado) , concepção esta rejeitada pelos anarquistas.

2) Identifica capitalismo à ausência ou mínima interferência estatal na economia e socialismo a qualquer regulação estatal da mesma. Por este critério os estados que adotaram políticas econômicas intervencionistas , como as políticas keynesianas , seriam socialistas ou semi-socialistas.

3) Elude soberanamente o fato de que a propiedade dos meios de produção permaneceu nas mãos de seus propietários sob o fascismo , tendo tanto o fascismo italiano quanto o nazismo alemão recebido grande apoio (político e financeiro) dos seus respectivos grupos econômicos.

4) Não fala que o termo Socialista no nome do Partidi Nazi já existia antes da entrada de Hitler neste e que traduzia um misto de anti-semitismo e anti-capitalismo de seus fundadores , que identificavam  judaísmo e  grande capital , e a eles atribuíam a crise alemã. Hitler ganhou influência e preponderância no NSAPD investindo no anti-semitismo e sendo vago quanto às propostas anti-capitalistas , conseguindo colocar em segundo plano o grupo fundador do partido. Após a subida à Chancelaria , grupos do NSAPD que ainda acreditavam nas propostas anti-capitalistas ( basicamente agrupados nas SA sob o comando de Ernst Röhm) começaram a agitar-se exigindo uma "segunda revolução" : a Noite dos Longos Punhais foi a resposta de Hitler , com a eliminação física dos líderes e o fim das veleidades anti-capitalistas dos sobreviventes.

5) Que tanto o fascismo quanto o estalinismo sejam doutrinas totalitárias e assassinas não há dúvidas. Mas os sofismas do texto ao desconsiderar as diferenças históricas e sociais entre ambos não se dá por erro ou falha de raciocínio ou insuficiência de conhecimento histórico. É apenas a tentativa de identificar qualquer alternativa , seja de esquerda  ou não , que se contraponha a um capitalismo sem regulação e ao "Estado mínimo" como sendo um proto-totalitarismo. Para isso usa os conceitos de " liberdade" , " capitalismo" ,"socialismo" com definições que atendam a seu objetivo ideológico.
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

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Offline DDV

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Re: Seria o fascismo realmente “de direita” ?
« Resposta #3 Online: 05 de Setembro de 2008, 17:59:12 »
Respondendo à pergunta do tópico: claro!

Se o fascismo for algo "de esquerda", então foi uma esquerda completamente diferente de tudo o que nós entendemos e subentendemos como esquerda.

No caso, seria a única esquerda que conseguiu ser apoiada pelos empresários, industriais, banqueiros e pela Igreja Católica. Seria a única esquerda que sofreu forte oposição e perseguiu entidades sindicais e trabalhistas, que perseguiu "esquerdistas" (no sentido que a maioria aqui usa e entende o termo). Foi a única esquerda que foi combatida por partidos "de esquerda" e apoiada por partidos conservadores, a única esquerda contra a qual vários comunas voluntários de várias partes do mundo foram enfrentá-la (na Espanha), a única esquerda que pregava a desigualdade ao invés da igualdade, enfim...

Eu detesto tanto a esquerda quanto a direita (sou um "não-alinhado" nessa disputa), mas dizer que fascismo, nazismo, salazarismo, franquismo, integralismo, etc foram regimes "de esquerda"... é muito novo e bizarro dentro do pouco que eu conheço de história e política. Teria que revirar todos os meus conceitos.


 
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Offline Luiz Souto

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Re: Seria o fascismo realmente “de direita” ?
« Resposta #4 Online: 05 de Setembro de 2008, 22:15:09 »
Eu detesto tanto a esquerda quanto a direita (sou um "não-alinhado" nessa disputa), mas dizer que fascismo, nazismo, salazarismo, franquismo, integralismo, etc foram regimes "de esquerda"... é muito novo e bizarro dentro do pouco que eu conheço de história e política. Teria que revirar todos os meus conceitos.

Sendo que por revirar os conceitos entenda-se colocá-los pelo avesso e de cabeça para baixo , é a única forma de fazer fascismo caber no campo da esquerda...
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

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Offline Eremita

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Re: Seria o fascismo realmente “de direita” ?
« Resposta #5 Online: 06 de Setembro de 2008, 22:59:19 »
Ó, vocês da direita: não reclamem. A gente (da esquerda) já tem que aturar o fantasma do georgiano bigodudo, ao menos sejam decentes e aturem o do emo austríaco! :biglol:

Tá, isso não foi sério... :razz:
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Offline FZapp

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Re: Seria o fascismo realmente “de direita” ?
« Resposta #6 Online: 06 de Setembro de 2008, 23:19:53 »

Isso incluindo o fato de que os fascistas italianos prenderam comunistas em campos de concentração durante a guerra (e quem não se lembra da cena de Novecento do fascista falando 'é isto que vou fazer com os comunas', pegando o gato e esmagando-o contra a parede ?').

Será que o cara não teve como eu a familia italiana dividida em comunistas e fascistas ? Será que se esqueceu tudo ?

Sendo que por revirar os conceitos entenda-se colocá-los pelo avesso e de cabeça para baixo , é a única forma de fazer fascismo caber no campo da esquerda...
--
Si hemos de salvar o no,
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Offline Barata Tenno

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Re: Seria o fascismo realmente “de direita” ?
« Resposta #7 Online: 07 de Setembro de 2008, 01:24:34 »
Respondendo à pergunta do tópico: claro!

Se o fascismo for algo "de esquerda", então foi uma esquerda completamente diferente de tudo o que nós entendemos e subentendemos como esquerda.

No caso, seria a única esquerda que conseguiu ser apoiada pelos empresários, industriais, banqueiros e pela Igreja Católica. Seria a única esquerda que sofreu forte oposição e perseguiu entidades sindicais e trabalhistas, que perseguiu "esquerdistas" (no sentido que a maioria aqui usa e entende o termo). Foi a única esquerda que foi combatida por partidos "de esquerda" e apoiada por partidos conservadores, a única esquerda contra a qual vários comunas voluntários de várias partes do mundo foram enfrentá-la (na Espanha), a única esquerda que pregava a desigualdade ao invés da igualdade, enfim...

Eu detesto tanto a esquerda quanto a direita (sou um "não-alinhado" nessa disputa), mas dizer que fascismo, nazismo, salazarismo, franquismo, integralismo, etc foram regimes "de esquerda"... é muito novo e bizarro dentro do pouco que eu conheço de história e política. Teria que revirar todos os meus conceitos.


 

Caramba.........parece o governo do PT.........
He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Seria o fascismo realmente “de direita” ?
« Resposta #8 Online: 14 de Maio de 2013, 20:42:02 »
terça, 28 de outubro de 2008 às 18:13
Sobre Stálin

Respondo aos amigos navegantes que perguntam a respeito da minha visão de Stálin. De saída, esclareço: se de uma revolução gerada por propósitos igualitários nasce uma ditadura duradoura, esta acaba por negar as intenções iniciais. Automaticamente. Nega igualdade e liberdade. Torna-se, por tanto, de extrema direita. Stálin é pior que Ivan, o Terrível. E foi um campeão em matéria de crimes contra a humanidade.

http://blogdomino.com.br/blog/sobre-stalin-104

 :inri:




Citação de: weekypedia
[...] The British Marxist historian Timothy Mason, who was a leading expert on the economic history of Nazi Germany argued that after the 1936 economic crisis, a "primacy of politics" prevailed with business interests being subordinated to the Nazi regime. In a 1966 essay, Mason wrote "that both the domestic and foreign policy of the National Socialist government became, from 1936 onward, increasing independent of the influence of the economic ruling classes, and even in some essential aspects ran contrary to their collective interests" and that "it became possible for the National Socialist state to assume a fully independent role, for the "primacy of politics" to assert itself"[35] Mason used the following to support his thesis:

  • that after the 1936 economic crisis, German industrialists were increasingly excluded from the decision-making process[36]
  • that after 1936, the German state came to play an increasing dominant role in the German economy both through state-owned companies and by placing increasing larger orders[36]
  • that the expansion of armament-related production supported by a highly economically interventionist state led to those capitalist enterprises not related to armaments to go into decline[36]
  • the decline in effectiveness in economic lobbying groups in the Third Reich[36]
  • that though every major German industrialist called for a reduction of working class living standards from 1933 onwards, before 1942 the Nazi regime always ignored such calls, and sought instead to raise working class living standards[36]


Mason's "primacy of politics" approach against the traditional Marxist "primacy of economics" approach involved him in the 1960s with a vigorous debate with the East German historians' Eberhard Czichon, Dietrich Eichholtz and Kurt Gossweiler[36] The latter two historians wrote if Mason was correct, then this would amount to "a complete refutation of Marxist social analysis".[36] [...]

http://en.wikipedia.org/wiki/Economy_of_Nazi_Germany

Offline Price

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Re:Seria o fascismo realmente “de direita” ?
« Resposta #9 Online: 14 de Maio de 2013, 22:42:40 »
2) Identifica capitalismo à ausência ou mínima interferência estatal na economia e socialismo a qualquer regulação estatal da mesma.
Em teoria o capitalismo só ocorre de fato em um cenário de livre concorrência ou de interferência estatal mínima.

Por este critério os estados que adotaram políticas econômicas intervencionistas , como as políticas keynesianas , seriam socialistas ou semi-socialistas.
Não exatamente por este critério. Intervir na economia é prática comum em todos os países, isto não faz com que todos os governos sejam socialistas, nenhum teórico ou cientista [que adota o ponto de vista mais rígido acerca da liberdade de marcado] afirma isso com fundamentos sólidos. O que ocorre é que geralmente o intervencionismo é causado por desorganizações internas da economia nacional que são naturalmente causadas pelo próprio "encarregado" de regular o sistema, estas desorganizações muitas vezes não somente ferem as liberdades fundamentais como também têm caráter "socialista" como políticas de auxílio a desamparados, mero populismo ou simplesmente interesses do governo em determinados setores, motivado por clamor público ou privado.
Em resumo, afirmações desse tipo vêm muito mais da ignorância em considerar todas as políticas voltadas para a população de "socialistas" do que de fundamento teórico, o que as faz basicamente imbecis, afinal todo governo, por mais cretino que seja, é baseado em políticas para o povo.
Se você aceitar algumas colocações minhas...
A única e verdadeira razão de eu fazer este comentário em resposta é deixar absolutamente claro que NÃO ACEITO "colocações" suas nem de quem quer que seja.

Offline ReVo

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Re:Seria o fascismo realmente “de direita” ?
« Resposta #10 Online: 14 de Maio de 2013, 23:05:32 »
terça, 28 de outubro de 2008 às 18:13
Sobre Stálin

Respondo aos amigos navegantes que perguntam a respeito da minha visão de Stálin. De saída, esclareço: se de uma revolução gerada por propósitos igualitários nasce uma ditadura duradoura, esta acaba por negar as intenções iniciais. Automaticamente. Nega igualdade e liberdade. Torna-se, por tanto, de extrema direita. Stálin é pior que Ivan, o Terrível. E foi um campeão em matéria de crimes contra a humanidade.

http://blogdomino.com.br/blog/sobre-stalin-104

 :inri:


* O tópico ressuscitou como o Pai mesmo. Vamos ver até onde o tópico respeitará a "Ordem e Progresso". :lol:

"De saída, esclareço: se de uma revolução gerada por propósitos igualitários nasce uma ditadura duradoura, esta acaba por negar as intenções iniciais. Automaticamente. Nega igualdade e liberdade. Torna-se, por tanto, de extrema direita."

Discordo. Para ser bem rápido e tentar fugir o máximo da subjetividade, se mais informado, saberia que historicamente no próprio seio do movimento socialista/comunista, existe o debate entre correntes consideradas do "Socialismo Libertário" e do "Socialismo Autoritário" desde o século XIX.

"E foi um campeão em matéria de crimes contra a humanidade."
Concordo. Como muitos outros regimes de "direita" ou de "esquerda".

[]'s
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"Plus ça change, plus c´est la même chose." Giuseppe Tomasi di Lampedusa

Offline Pagão

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Re:Seria o fascismo realmente “de direita” ?
« Resposta #11 Online: 15 de Maio de 2013, 06:35:29 »
Os fascistas sempre se assumiram como estando além das esquerdas e das direitas, repudiando qualquer confusão com as antigas extremas direitas reacionárias ultraconservadoras ligadas às igrejas e antigas monarquias..., Assim como sempre recusaram qualquer proximidade com o liberalismo económico e o puro individualismo que, hoje, alguns consideram de direita radical...

Embora estando abertos a formas de organização política e económica próximas de aspetos do socialismo, os fascistas poderão ser considerados de direita no sentido em que defendem um modelo hierarquizado de Estado e de sociedade desigual... A igualdade e a liberdade associada a cada indivíduo enquanto ser único detentor de direitos são estranhas ao fascismo que apenas valoriza o coletivo estatal transpersonalista... Na prática, certas esquerdas também funcionam deste modo, mas, ao contrário do fascismo, não o assumem frontalmente alegando que se trata somente de uma fase ditatorial transitória em que vigora um Estado totalitário... Para o fascismo, o Estado totalitário encarna a própria liberdade, pois esta resulta do poder do todo nacional e não de direitos individuais...
O fascismo é uma direita especial e única que atua com métodos revolucionários de esquerda.... 

Nenhuma argumentação racional exerce efeitos racionais sobre um indivíduo que não deseje adotar uma atitude racional. - K.Popper

Offline Santista

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Re:Seria o fascismo realmente “de direita” ?
« Resposta #12 Online: 15 de Maio de 2013, 07:19:59 »
Pra mim, direita=posição, esquerda=oposição. Até agora não vi nada que me fizesse reconsiderar essa definição. Até porque, no poder todos ficam parecidos. Esta aí o PT...
Uma parte de mim pesa, pondera...
Outra parte delira.

Se é proibido espinafrar, nenhum elogio é válido.

O baguio é luoco!

Offline Pagão

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Re:Seria o fascismo realmente “de direita” ?
« Resposta #13 Online: 15 de Maio de 2013, 09:43:48 »
Pra mim, direita=posição, esquerda=oposição. Até agora não vi nada que me fizesse reconsiderar essa definição. Até porque, no poder todos ficam parecidos. Esta aí o PT...

Já ouvi essa posição da boca de um professor universitário e antigo ministro..., torna a questão bem clara e parece adequado aos tempos que correm..., enquanto a posição direita/esquerda tradicional ficaria reservada aos tempos da Revolução Francesa direita/conservador esquerda/liberal e mais tarde esquerda/liberal/socialista... com o liberal a ser cada vez mais centro...
Nenhuma argumentação racional exerce efeitos racionais sobre um indivíduo que não deseje adotar uma atitude racional. - K.Popper

Offline Santista

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Re:Seria o fascismo realmente “de direita” ?
« Resposta #14 Online: 15 de Maio de 2013, 10:22:53 »
Quando o PT era a esquerda/oposição eu os ouvia gritar: Fora FMI.
Agora o PT é direita/posição, e ja ta tão amigo do FMI que até empresta grana ( a nossa, é claro)!
E, nem me perguntaram nada...
Uma parte de mim pesa, pondera...
Outra parte delira.

Se é proibido espinafrar, nenhum elogio é válido.

O baguio é luoco!

Offline Mahul

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Re:Seria o fascismo realmente “de direita” ?
« Resposta #15 Online: 15 de Maio de 2013, 16:45:46 »
Quando o PT era a esquerda/oposição eu os ouvia gritar: Fora FMI.
Agora o PT é direita/posição, e ja ta tão amigo do FMI que até empresta grana ( a nossa, é claro)!
E, nem me perguntaram nada...
Pra mim, direita=posição, esquerda=oposição. Até agora não vi nada que me fizesse reconsiderar essa definição. Até porque, no poder todos ficam parecidos. Esta aí o PT...
No poder todos, sem exceção, ficam obcecados em se manter...no poder! Por essas e muitas outras acho que, salvo os extremistas de sempre, não faz o menor sentido continuar nessa polarização. O que intere$$a à esmagadora maioria dos politico$ profi$$ionai$ é manter $eu$ privilégio$. Pragmati$mo é a verdadeira ideologia de 90%, no mínimo! :nojo: :olheira:

Se até o coroné Ribamar Sarney é neocompanheiro (Collor e Maluf idem), esperar mais o que? Se bem que o Brasil esculhamba com tudo mesmo desde o Pedro das Cabras. :umm:
Não gosto da direita porque ela é de direita e não gosto da esquerda porque ela também é de direita - Mestre Millôr

Deus seria reprovado em qualquer escola de engenharia - Paulo Francis

Só vou acreditar em socialismo no dia em que todo mundo puder morar em Ipanema - Grande Tom Jobim

 

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