Primeiramente, obrigado pelo novo tópico, Nina. Fico feliz que tenhamos iniciado uma discussão nova (sempre é bom).
Creio eu que tudo se trata de uma motivação se tornar obsessão, tanto que isso do “cientista com uma visão elegante e harmônica sobre o assunto” já é meio um estereótipo (até um pouco clichê pro meu gosto), notavelmente quando se fala de um físico ou químico; mas puxando o peixe pra área que me compete mencionar, acho que na biologia isso é uma coisa mais difícil (até bizarra) de se ver, uma vez que até na própria matéria você aprende que não existem dogmas perfeitos, não existe regras sem exceções, na verdade eu por varias vezes constato que o dogma da biologia afinal parece ser o de sempre haver uma exceção.
Zen,
Minha familiaridade com a biologia é pessima, por isso não sei exatamente o que comentar. Da minha parca experiência, percebo que há, aparentemente de uma forma mais intensa para jovens pesquisadores, no início da sua carreira, uma certa "necessidade" de estabelecer hipóteses no que acreditar, antes de iniciar um trabalho investigativo. Exemplifico: é normal vermos em alunos de mestrado, qdo começam, uma expectativa de que seu trabalho de mestrado será transformador, etc e tal.... bem, quem convive com alunos percebe que isso nem sempre é bem verdade. Mas, daí, me parece óbvio que essas "hipóteses" iniciais estejam na base da motivação. O ponto central do amadurecimento de um aluno, a meu ver, é quando ele consegue ser crítico com as suas hipóteses, o que infelizmente vejo muito pouco.
Bem, como isso se correlaciona com o que estamos discutindo? Percebo que alguns indivíduos conseguem continuar seus trabalhos com sucesso mesmo que isso não se choque com algumas convicções. Em alguns casos, vejo alunos que tem opiniões estapafúrdias no início do trabalho que, pelo fato de que na prática experimental os resultados levaram a outras areas, outras conclusoes, que não fizeram com que o indivíduo confrontasse as suas hipóteses iniciais, eles continuam mantendo elas como verdadeiras! Talvez, intimamente, valha uma espécie de "auto-argumento", na linha do se "se eu estou certo a respeito disso, devo estar certo a respeito daquilo".
Eu sequer posso tentar responder seu questionamento. Sou da área de exatas e definitivamente não tenho intimidade com estas questões.
Mas acho que concordo com o que a Nina já colocou: "nem sendo etólogos ou psicólogos conseguiríamos chegar perto de entender esta necessidade que alguns tem de validar suas crenças usando ferramentas amplamente usadas na ciência". E, como você mesmo disse, são convicções pessoais, não é mesmo?
Peccatum,
Sim, concordo que parte dessas questões são indecifráveis. Minha maior preocupação é gerar a reflexão não para explicar a atitude de outros, mas para me precaver de tomar as mesmas atitudes. Aliás, sua citação sobre Dawkins é muito oportuna. Como vc é da área de exatas, vc com certeza sabe que vez ou outra aparecem alguns "genios" querendo discutir a "validade" da teoria relativística.... Bem, o que questiono é se a motivação, em algum ponto, não seria a mesma dos que discutem a "validade" do "darwinismo".... Um abraço a todos.