Autor Tópico: Palhaçada: Projeto quer proibir modelos muito magras em desfiles  (Lida 8338 vezes)

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Offline Fabi

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Re: Palhaçada: Projeto quer proibir modelos muito magras em desfiles
« Resposta #75 Online: 28 de Novembro de 2008, 01:57:11 »
Não acho que alguém sugira (e se sugere, está errado) que anorexia e magreza excessiva só existem por inspiração da moda. Mas é fato que a anorexia aumenta de acordo com a influência da moda; até há algum tempo haviam localidades sem TV em alguns lugares do mundo, e pesquisadores investigaram a incidência antes e depois da TV chegar nesses locais. Antes disso, praticamente não haviam casos de anorexia (lembrando não contabilizados não significa que nunca tenha existido na história), e a preocupação geral com a aparência/corpo também mudou.
Isso não é culpa da moda, é culpa da TV e seus esteriótipos... é a tv que mostra o esteriótipo de que toda modelo é anoréxica...e não é verdade...
Uma curiosidade. Se você é modelo, como exatamente isso te atrapalharia, se de agora em diante os padrões de magreza exigidos fossem um pouco mais folgados?
Não muda nada.
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

Offline Herf

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Re: Palhaçada: Projeto quer proibir modelos muito magras em desfiles
« Resposta #76 Online: 28 de Novembro de 2008, 02:41:21 »
E qual é a diferença disso com o estado de verdade? Um país é de certa forma como o condomínio gigantesco, os proprietários são também os habitantes, e os políticos, os síndicos.
Hahaha, eu sabia que você diria isso!  :D

Os brasileiros não são exatamente proprietários do país. "Propriedade pública" nem mesmo é propriedade; é um conceito confuso, incoerente.

Uma empresa de capital aberto com muitos acionistas pertence a muitas pessoas também, e podemos dizer exatamente quanto cada acionista possui da empresa e cada um deles também é livre para se desfazer da sua parcela se quiser, vendendo-a e perdendo os direitos sobre aquela empresa. Com aquilo que conhecemos por "propriedades públicas" não ocorre isso. É estranho observar que a "Amazônia é nossa" embora ninguém saiba exatamente qual é a sua parte e embora cada um não tenha o direito de abster-se dela. Eu venderia a minha parte da Amazônia, da Petrobrás, do Banco do Brasil, das universidades federais, etc. Mas não posso.

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Eu não sugeri que toda a ação que não seja guiada pela coerção seja necessariamente boa. Tal ação não guiada por coerção, mas apenas pelo julgamento individual acerca dos custos e benefícios, é a única aceitável, isso sim. Mas pode ser má para o indivíduo, se a decisão se mostrar errada posteriormente, se ele se arrepender dela. Mas a liberdade é inseparável da possibilidade de tomar as decisões erradas. Tente acabar com a possibilidade de um sujeito de tomar as decisões erradas e acabará tolhendo em grande parte a sua liberdade.
Não considero que simplesmente a ausência de coerção já torne os resultados de qualquer negociação os únicos aceitáveis, ou que a condição de não-coerção para um patamar mínimo de propostas seja a única aceitável. Antes um patamar elevado à força para ofertas com um mínimo de qualidade do que as pessoas se sujeitando situações desnecessariamente prejudiciais, mesmo que livremente, movidas apenas pela "força" da demanda e da necessidade.
Elevar forçosamente patamares de oferta gera carência de oferta. É isso que ocorre quando algum governo estabelece um preço máximo para determinada mercadoria, por exemplo. No momento em que os custos de produção sobem, os produtores já não podem aumentar o preço na mesma medida. E eles não continuarão a produzir a mesma quantidade de antes por pura benevolência. A produção cairá e com isso vem a escassez de mercadorias. Da mesma forma, estabelecer pisos salariais para categorias profissionais ou para as pessoas em geral apenas deixa sem trabalho alguns daqueles que se disporiam perfeitamente a trabalhar por menos do que o tal "mínimo necessário para uma sobrevivência digna".

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Palhaçada: Projeto quer proibir modelos muito magras em desfiles
« Resposta #77 Online: 28 de Novembro de 2008, 03:00:17 »
E qual é a diferença disso com o estado de verdade? Um país é de certa forma como o condomínio gigantesco, os proprietários são também os habitantes, e os políticos, os síndicos.
Hahaha, eu sabia que você diria isso!  :D

Os brasileiros não são exatamente proprietários do país. "Propriedade pública" nem mesmo é propriedade; é um conceito confuso, incoerente.

Uma empresa de capital aberto com muitos acionistas pertence a muitas pessoas também, e podemos dizer exatamente quanto cada acionista possui da empresa e cada um deles também é livre para se desfazer da sua parcela se quiser, vendendo-a e perdendo os direitos sobre aquela empresa. Com aquilo que conhecemos por "propriedades públicas" não ocorre isso. É estranho observar que a "Amazônia é nossa" embora ninguém saiba exatamente qual é a sua parte e embora cada um não tenha o direito de abster-se dela. Eu venderia a minha parte da Amazônia, da Petrobrás, do Banco do Brasil, das universidades federais, etc. Mas não posso.

Não é muito diferente com empresas. Você compra ações, não compra uma cadeira, umas canetas, uns metros quadrados de umas instalações, que pode depois vender em avulso. E a menos que seja acionista majoritário ou alguém de dentro, também não apita consideravelmente mais do que o análogo do cidadão/eleitor, nos rumos da empresa, que eu saiba. Você quer sair do Brasil, tem que deixar sua abstrata fração da Amazônia, e se quer fechar uma conta num banco, tem uma taxa que tem que deixar lá também.


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Eu não sugeri que toda a ação que não seja guiada pela coerção seja necessariamente boa. Tal ação não guiada por coerção, mas apenas pelo julgamento individual acerca dos custos e benefícios, é a única aceitável, isso sim. Mas pode ser má para o indivíduo, se a decisão se mostrar errada posteriormente, se ele se arrepender dela. Mas a liberdade é inseparável da possibilidade de tomar as decisões erradas. Tente acabar com a possibilidade de um sujeito de tomar as decisões erradas e acabará tolhendo em grande parte a sua liberdade.
Não considero que simplesmente a ausência de coerção já torne os resultados de qualquer negociação os únicos aceitáveis, ou que a condição de não-coerção para um patamar mínimo de propostas seja a única aceitável. Antes um patamar elevado à força para ofertas com um mínimo de qualidade do que as pessoas se sujeitando situações desnecessariamente prejudiciais, mesmo que livremente, movidas apenas pela "força" da demanda e da necessidade.
Elevar forçosamente patamares de oferta gera carência de oferta. É isso que ocorre quando algum governo estabelece um preço máximo para determinada mercadoria, por exemplo. No momento em que os custos de produção sobem, os produtores já não podem aumentar o preço na mesma medida. E eles não continuarão a produzir a mesma quantidade de antes por pura benevolência. A produção cairá e com isso vem a escassez de mercadorias. Da mesma forma, estabelecer pisos salariais para categorias profissionais ou para as pessoas em geral apenas deixa sem trabalho alguns daqueles que se disporiam perfeitamente a trabalhar por menos do que o tal "mínimo necessário para uma sobrevivência digna".

Eu nem sou exatamente a favor de salário mínimo, ao mesmo tempo. Ainda que a lógica essencial seja a mesma, não é só por isso que não se pode levar em consideração esse impacto que a qualidade de trabalho mínima tem no custo e etc, tendo que descambar num tipo de catástrofe regulatória. Mas até um certo ponto algumas trocas de custo por condições trabalhistas são admissíveis. Acho que mais vale um tênis consideravelmente mais caro do que um monte de crianças (ou mesmo adultos) sofrendo envenenamento gradual com algum material de produção, por exemplo.

Offline Herf

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Re: Palhaçada: Projeto quer proibir modelos muito magras em desfiles
« Resposta #78 Online: 28 de Novembro de 2008, 11:05:48 »
Não é muito diferente com empresas. Você compra ações, não compra uma cadeira, umas canetas, uns metros quadrados de umas instalações, que pode depois vender em avulso. E a menos que seja acionista majoritário ou alguém de dentro, também não apita consideravelmente mais do que o análogo do cidadão/eleitor, nos rumos da empresa, que eu saiba. Você quer sair do Brasil, tem que deixar sua abstrata fração da Amazônia, e se quer fechar uma conta num banco, tem uma taxa que tem que deixar lá também.
Não se faz isso apenas por questões práticas, pois nenhum acionista está interessado nas canetas e cadeiras da empresa, isso para eles é irrelevante. Mas não há nada que impeça de se estabelecer um contrato onde cada um dos donos da empresa saiba exatamente qual cadeira, qual caneta e qual sala do prédio lhe pertence.

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Eu nem sou exatamente a favor de salário mínimo, ao mesmo tempo. Ainda que a lógica essencial seja a mesma, não é só por isso que não se pode levar em consideração esse impacto que a qualidade de trabalho mínima tem no custo e etc, tendo que descambar num tipo de catástrofe regulatória. Mas até um certo ponto algumas trocas de custo por condições trabalhistas são admissíveis. Acho que mais vale um tênis consideravelmente mais caro do que um monte de crianças (ou mesmo adultos) sofrendo envenenamento gradual com algum material de produção, por exemplo.
Bom, realmente, no que se refere a pessoas (principalmente crianças) se submetendo a condições altamente insalubres, é algo a se pensar com cuidado. Pois desde que o dano não se manifeste imediatamente, a pessoa pode assumir um compromisso sem estar ciente de todos os danos que está correndo, os quais a fariam negar o contrato se ela soubesse deles. Por outro lado, é sempre perigoso conceder ao estado o poder de proteger as pessoas delas próprias.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Palhaçada: Projeto quer proibir modelos muito magras em desfiles
« Resposta #79 Online: 28 de Novembro de 2008, 14:06:34 »
Pode-se ver praticamente quase tudo que o estado deve fazer como "proteger as pessoas delas próprias", ou de terceiros, o que é mais justificável. Por exemplo, um anarco-libertarista poderia dizer que a polícia serve para proteger as pessoas de decisões erradas sobre morarem em algum lugar inseguro e não providenciarem segurança privada confiável; a violência que sofrem do crime obviamente não é decisão delas, mas resultado de suas decisões voluntárias sobre como se prevenir desse fenômeno natural. Outra perspectiva, mais comum, é de que a polícia protege as pessoas da ação criminosa, não delas mesmas.

Ainda que a parcela da culpa seja argumentalmente maior numa relação onde não foi apontada uma arma para a cabeça da pessoa que aceita condições propostas, acho que esse tipo de regulação é similar; não protege as pessoas contra violência, ou delas mesmas, mas contra aproveitadores de ética questionável.

É algo que pode ser perigoso se levado aos extremos? Sim. Mas acho que com moderação os moradores de um "condomínio" com essas práticas têm melhor qualidade de vida do que daqueles que não tem, e não acho que o lucro a mais que alguns teriam com a ausência disso compensasse.

Offline Mr. Mustard

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Re: Palhaçada: Projeto quer proibir modelos muito magras em desfiles
« Resposta #80 Online: 10 de Fevereiro de 2009, 23:03:26 »
Coitadinhas das modelos... Se antes sofriam de anorexia, agora vão morrer de fome de verdade por não terem mais trabalho...



 

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