Minha mãe teve formação luterana e meu pai católica, se casaram na igreja católica (motivo de desgosto pros meus avós maternos...). Fui batizada, fiz primeira comunhão e crisma, mas mais por formalidade do que por decisão espontânea. Na época da crisma morava com minha avó paterna e "eu tinha que fazer crisma, onde já se viu não fazer a crisma...".
Só que desde meus 8 anos estudei a literatura kardecista, pois meus pais se refugiaram nesta religião devido a uma enxurrada de problemas que tiveram quando eu era criança (financeiros, principalmente). Cresci acreditando em reencarnação, limbo, karma, etc. André Luiz era "o cara"!
Quando estava com uns 16 anos conheci uma evangélica e me tornei muito amiga dela. Comecei a frequentar a igreja batista então, onde participei até quase os 18 anos. Para mim era muito forçado acreditar que meus pais iriam pro inferno por serem kardecistas. Mesmo assim cheguei a "aceitar Jesus", acabei sucumbindo à pressão dos amigos.
Na época em que ia na igreja batista meus pais me obrigaram a frequentar também o centro espírita. Só que eu já tinha lido de tudo, então me tiraram do grupo juvenil (eram fraquinhos, fraquinhos) e me largaram na turma dos véios...

Minha avó (a mesma que dizia que eu tinha que fazer crisma) estava na mesma turma de estudos que eu!
O detalhe é que ela sempre foi kardecista (das mais sincretistas que há), mas escondida porque tinha medo de represália, afinal era filha de médium, e na época dela isso era sinônimo de macumbeiro.
Eu gostava de fazer exercícios mentais sobre as incosistências do kardecismo e normalmente coloca os dirigentes e palestrantes em situações embaraçosas. Então pediram que eu saísse do grupo de estudos.

E antes desse rolo todo, os dirigentes do centro espírita me cumprimentaram (na primeira vez que me viram) dizendo "que bom rever-te, estávamos anciosos pelo seu retorno"...

Diziam eles que eu dirigiria o centro em futuro breve...

Ao mesmo tempo, fui morar na casa de um tio evangélico de "denominação livre", tipo as "comunidades evangélicas" que tem por aí e que não tem pastores ou professam uma religião estabelecida. Também tive contato com os Rosa Cruz, algumas religiões orientais, li sobre candomblé e umbanda.
Por incrível que pareça, o contato com a igreja batista me ajudou muito a me tornar cética. Era tanta groselha e eles apontavam tanta groselha das outras religiões, que minha história só podia terminar do jeito que terminou.
Então entrei na faculdade de Ciências Biológicas e todo aquele sentimento de " a coisa tem que ser maior que isso tudo, que essa visão estreita, cheia de falhas lógicas" me tomou. Meu ceticismo foi nascendo dos estudos, das dicussões com meu namorado (hoje marido), das consultas na internet (principalmente os textos da STR). Me descobri cética, depois agnóstica, e por fim, percebi que a hipótese mais provável é a da inexistência de deuses. Então tinha chegado à reta final, era enfim, atéia.
Mas se for escolher um culto para assistir (não gosto de ir em igrejas, exceto para casamentos ou visitando as igrejas históricas de MG...), eu escolho o da igreja luterana dos meus avós, onde o culto é em alemão e o pastor se veste de Lutero.
E hoje deixo claro para todos que sou atéia depois de estudo e contato com diversas religiões, nunca com revolta, mas com ponderação (na minha fase de revolta fui crente!!!

). E muitos religiosos respeitam minha posição, e até dizem que admiram que eu tenha uma posição pessoal, crítica mas sem afrontar ninguém.
Acho que consegui um equilíbrio que ainda não tinha alcançado quando religiosa. Religião não me faz falta, sei que a vida é muito mais bela do que professam as mais diferentes religiões. Apenas lamento que nem todos percebam a gradeza que é o universo e da vida terem surgido e como é especial sermos do jeito que somos, devido à probabilidades que existiam.