Autor Tópico: Propaganda ateista em Barcelona  (Lida 7075 vezes)

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Offline Andre

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Re: Propaganda ateista em Barcelona
« Resposta #50 Online: 07 de Junho de 2009, 13:24:39 »
O problema é ficar naquela “digo que sou ateu ou não?” pensando que talvez você possa perder o emprego por isso, ou que a mãe da sua namorada não te receba mais em casa, coisas assim.
Se Jesus era judeu, então por que ele tinha um nome porto-riquenho?

Offline Leafar

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Re: Propaganda ateista em Barcelona
« Resposta #51 Online: 07 de Junho de 2009, 14:21:18 »
Fico imaginando as interpretações que poderiam ser dadas à expressão: "É provavel que Deus não exista. Então pare de se preocupar e comece a curtir a vida."

Uma delas poderia ser: "É provável que Deus não exista. Então, faça o que quiser que não haverá punição futura."  ::)

"Ide com a onda que nos arrasta; necessitamos do movimento, que é vida, ao passo que vós nos apresentais a imobilidade, que é a morte.... Queremos lançar-nos à vida, porquanto os séculos vindouros, que divisamos, têm horror à morte." (Obras Póstumas - Allan Kardec).

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Offline Andre

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Re: Propaganda ateista em Barcelona
« Resposta #52 Online: 07 de Junho de 2009, 14:36:40 »
Não haverá punição divina, o que é verdade.
Se Jesus era judeu, então por que ele tinha um nome porto-riquenho?

Offline Fabrício

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Re: Propaganda ateista em Barcelona
« Resposta #53 Online: 07 de Junho de 2009, 15:07:25 »
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Uma delas poderia ser: "É provável que Deus não exista. Então, faça o que quiser que não haverá punição futura."

É verdade, temos que manter as crianças comportadas com medo do castigo do papai do céu :hihi:.

"Deus prefere os ateus"

Offline Tupac

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Re: Propaganda ateista em Barcelona
« Resposta #54 Online: 07 de Junho de 2009, 16:52:46 »
Fico imaginando as interpretações que poderiam ser dadas à expressão: "É provavel que Deus não exista. Então pare de se preocupar e comece a curtir a vida."

Uma delas poderia ser: "É provável que Deus não exista. Então, faça o que quiser que não haverá punição futura."  ::)


Putz, esse argumento é batido já, meu...
Parece que você não evoluiu nada. :lol:
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida."
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"O que é afirmado sem argumentos, pode ser descartado sem argumentos." - Navalha de Hitchens

Offline Leafar

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Re: Propaganda ateista em Barcelona
« Resposta #55 Online: 07 de Junho de 2009, 17:54:52 »
Fico imaginando as interpretações que poderiam ser dadas à expressão: "É provavel que Deus não exista. Então pare de se preocupar e comece a curtir a vida."

Uma delas poderia ser: "É provável que Deus não exista. Então, faça o que quiser que não haverá punição futura."  ::)


Putz, esse argumento é batido já, meu...
Parece que você não evoluiu nada. :lol:
É batido mas não é inválido. Um teísta em tese pode curtir a vida na mesma intensidade de um ateísta, com exceção de praticar o mal, por causa dos castigos futuros, que os teístas normalmente crêem.

Como a frase diz "comece a curtir a vida", então entende-se que seria um "curtir" inacessível a um teísta. Qual seria?

Um abraço.
"Ide com a onda que nos arrasta; necessitamos do movimento, que é vida, ao passo que vós nos apresentais a imobilidade, que é a morte.... Queremos lançar-nos à vida, porquanto os séculos vindouros, que divisamos, têm horror à morte." (Obras Póstumas - Allan Kardec).

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Offline Spitfire

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Re: Propaganda ateista em Barcelona
« Resposta #56 Online: 07 de Junho de 2009, 18:27:51 »
Enquanto impacto junto a sociedade, diretamente, esta propaganda é pura bobeira.... mas existe uma outra questão, velada, que é importante e deve ser levada (bastante) em consideração. Esta propaganda serviu para mostrar, usando psicologia reversa, como as religiões organizadas bombardeiam a sociedade com o seu marketing. Penso que isto acabe formando consciência em algumas pessoas, mesmo que religiosas, como certos meios de mídia são usadas (e abusadas) com o proselitismo religioso. Temos vários exemplos, como por exemplo o cidadão "jurar sobre a bíblia" em um tribunal de justiça... este tipo de propaganda, pode, indiretamente, incentivar um debate sobre até onde o marketing religioso tem alcance e sobre a ética deste marketing.   :ok:

Offline Fabrício

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Re: Propaganda ateista em Barcelona
« Resposta #57 Online: 07 de Junho de 2009, 18:32:25 »
Citar
Como a frase diz "comece a curtir a vida", então entende-se que seria um "curtir" inacessível a um teísta. Qual seria?

Viver livre de culpa por estar eternamente em pecado, como no catolicismo, por exemplo. Ou coisas simples como poder cortar o cabelo e/ou usar calça jeans, o que é proibido em algumas seitas evangélicas. E nem vou falar das restrições que o Islã exige, principalmente para as mulheres. Eu entendo a frase mais no sentido de viver sem culpas, sem esperar castigos ou recompensas divinas, viver o hoje e não ficar balizando sua vida em razão de um julgamento pós-morte inexistente.

Tanto a frase quanto a iniciativa a meu ver são realmente bem fraquinhas, mas se acham que vai dar algum resultado, tá valendo.

Mas Leafar, acho que você concordaria que se as pessoas só não fazem coisas más (cometer crimes, desrespeitar outras pessoas, etc)  por medo de um castigo eterno, a humanidade é bem pior do que imaginamos, não acha? Aqui mesmo no CC temos várias pessoas que não acreditam em nenhum tipo de castigo ou recompensa após a morte e nem por isso são criminosos.

Acredito também que você, mesmo sendo espírita, não pratica atos que prejudiquem outras pessoas apenas pelo medo de um possível "castigo" ou "recompensa". Mesmo que você deixasse de ser espírita e se tornasse um ateu cético :diabo:, nem por isso sairia por aí cometendo roubos ou assassinatos, não é?

Tudo bem, existem pessoas que podem se balizar por um castigo/recompensa eternos, mas para malucos assim qualquer pretexto vai servir para fazerem merda...

"Deus prefere os ateus"

Offline Orbe

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Re: Propaganda ateista em Barcelona
« Resposta #58 Online: 07 de Junho de 2009, 18:42:18 »
É batido mas não é inválido. Um teísta em tese pode curtir a vida na mesma intensidade de um ateísta, com exceção de praticar o mal, por causa dos castigos futuros, que os teístas normalmente crêem.

Como a frase diz "comece a curtir a vida", então entende-se que seria um "curtir" inacessível a um teísta. Qual seria?

Um abraço.

A definição de "mal" para teístas é muito distorcida. Masturbação, homossexualidade, bebida alcoolica, jogatina, sexo antes do casamento... Muita coisa que não é um mal por si mesma, é considerada um mal pelos teístas. Teístas são obrigados a se reprimir, resistindo a desejos que não são realmente maus. E quando não resistem, tem que conviver com a culpa e o medo de passar a eternidade no inferno. Eles definitivamente não "curtem a vida".
Se você se importasse não estaria discutindo e sim agindo...

Offline Leafar

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Re: Propaganda ateista em Barcelona
« Resposta #59 Online: 07 de Junho de 2009, 20:31:04 »
Mas Leafar, acho que você concordaria que se as pessoas só não fazem coisas más (cometer crimes, desrespeitar outras pessoas, etc)  por medo de um castigo eterno, a humanidade é bem pior do que imaginamos, não acha? Aqui mesmo no CC temos várias pessoas que não acreditam em nenhum tipo de castigo ou recompensa após a morte e nem por isso são criminosos.
Eu separo as pessoas em dois grupos: as que são boas e as que são más. E isso independe do que a pessoa acredita ser bom ou mau. Se ela acredita ser mau e faz, ela para mim é má. Por exemplo, um bandido sabe que roubar e matar é errado, e mesmo assim o faz. Então é mau. Por outro lado, um crente fanático crê que sexo antes do casamento é mau. Se ele o fizer, então ele também é mau. Entende? Isso tem relação com aquela conversa sobre a base axiomática de cada um. O que o torna mau é o fato de praticar algo que você mesmo acredita ser mau. Da mesma forma, o que o torna bom é praticar algo você mesmo acredita ser bom e evitar o que você acredita ser mau. Claro que as pessoas podem ser boas em algum momento e más em outros, então vamos analisar sob o ponto de vista de uma ação específica: a ação pode ser boa ou má, dependendo das crenças de quem o pratica.

Os sistemas de crenças religiosas ou morais que poderíamos considerar perfeitos têm, ou deveriam ter, três objetivos fundamentais: fundamentar corretamente o que é bom ou mau; consolar os bons; e ameaçar, ou pôr freio, nos maus. Os bons precisam ser consolados no sentido em que não devam perder a fé de que vale a pena persistir no bem, e os maus devem ser ameaçados no sentido de que não vale a pena persistir no mal.

Nesse contexto, o ateísmo exerce justamente o papel contrário. Os bons ele não consola, e os maus, deixa sem freio. Mas o ateísmo não está sozinho nisso. O Cristianismo (católico, protestante, etc.) também exerce papel contrário, ou seja, não consola os bons e tira o freio dos maus, mas o faz num sentido diferente, e até pior que o ateísmo, e por isso é que é mais comum ver católicos ou protestantes convictos cometendo mais atrocidades do que os ateus - é uma característica da crença, uma brecha na lei que permite que isso aconteça. Por isso as tantas atrocidade cometidas em nome da religião católica. No fundo, ambos os sistemas não têm capacidade para cumprir o papel de consolar os bons e frear os maus, abstração feita se os sistemas são verdadeiros ou não. Ambos os sistemas, mesmo que verdadeiros, são deprimentes para os bons e estimulantes para os maus que neles crêem.

Repare que eu estou separando os crentes em dois grupos e analisando o papel que cada sistema de crenças exerce sobre elas. Eu não estou afirmando que é o sistema de crenças que as tornam boas ou más, coisa que eu não acredito, embora creia que a crença deva exercer a sua influência. Eu, portanto, acredito em ateus bons e maus, assim como acredito em espíritas bons e maus, católicos bons e maus, etc...

Quando a maior parte da população é de tendência malévola, o que ocorre é que elas tendem a adaptar os seus respectivos sistemas de crenças para justificar a sua maldade. Assim fizeram todos, e distorceram também o cristianismo para atender a esse objetivo. O Cristianismo, assim como as outras crenças, foi adaptado para justificar os maus, pois estes eram maioria. E os bons, por conseguinte, não encontravam consolação. Por isso o dilema de Lutero, por exemplo, que se torturava porque não conseguia ver a justiça no Deus pregado pela sua Igreja, o que o levou mais tarde à Reforma. Ele achava que estava pecando por achar que em alguns momentos Deus não era justo. Em outras palavras, ele era um homem bom sob uma crença ruim, que não era capaz de consolá-lo, ao passo que justificava os maiores abusos cometidos pelos ministros da Igreja.

Mas como aqui o assunto é sobre o ateísmo e não sobre a igreja, a frase do anúncio é perigosa pois, implicitamente, diz: vai, faz o que quiser, pois não há mais freio. O problema não são os bons crerem nisso. O problema são os maus.

Um abraço.
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Offline Fabrício

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Re: Propaganda ateista em Barcelona
« Resposta #60 Online: 07 de Junho de 2009, 21:26:33 »
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Eu separo as pessoas em dois grupos: as que são boas e as que são más.

Separação simplista e inviável na prática, mas vamos lá.

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Por exemplo, um bandido sabe que roubar e matar é errado, e mesmo assim o faz. Então é mau. Por outro lado, um crente fanático crê que sexo antes do casamento é mau. Se ele o fizer, então ele também é mau. Entende?

Há um problema aqui. Correndo o risco de ser invocada aquela lei que não me lembro o nome agora :vergonha: e que fala de nazistas, então se eu sou um neonazista e acredito que estou purificando a raça humana ao matar um judeu, pela sua ótica eu seria bom, já que acredito que estou fazendo uma coisa boa. Se sou um pai que acredita que espancando meu filho com um chicote vou educá-lo, também sou bom. Se sou um terrorista islâmico acredito que estou matando em nome da fé, então sou bom também.

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Os sistemas de crenças religiosas ou morais que poderíamos considerar perfeitos têm, ou deveriam ter, três objetivos fundamentais: fundamentar corretamente o que é bom ou mau; consolar os bons; e ameaçar, ou pôr freio, nos maus.

A definição de "bom" ou "mau", sendo quase que pessoal, já torna esta missão praticamente impossível. Você está dizendo isso porque já tem o sistema "ideal" na sua cabeça (qual será? ::)) e está, como sempre, inventando sua lógica pessoal para encaixar a realidade nele.

Citar
Nesse contexto, o ateísmo exerce justamente o papel contrário. Os bons ele não consola, e os maus, deixa sem freio.

O freio deve vir das leis humanas, e não de entidades de faz de conta. Da mesma forma, alguns tem que ser iludidos ou se auto iludir para que se sintam consolados, mas nem todos precisam disto.

Citar
O Cristianismo (católico, protestante, etc.) também exerce papel contrário, ou seja, não consola os bons e tira o freio dos maus, mas o faz num sentido diferente, e até pior que o ateísmo, e por isso é que é mais comum ver católicos ou protestantes convictos cometendo mais atrocidades do que os ateus - é uma característica da crença, uma brecha na lei que permite que isso aconteça. Por isso as tantas atrocidade cometidas em nome da religião católica. No fundo, ambos os sistemas não têm capacidade para cumprir o papel de consolar os bons e frear os maus, abstração feita se os sistemas são verdadeiros ou não. Ambos os sistemas, mesmo que verdadeiros, são deprimentes para os bons e estimulantes para os maus que neles crêem.

Estamos quase chegando no sistema ideal :hihi:... o qual não teve a menor vergonha de se "apropriar" do deus cristão, que ignora fraudes evidentes e prega uma dita "superioridade" de alguns seres humanos e seus espíritos evoluídos.

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Quando a maior parte da população é de tendência malévola, o que ocorre é que elas tendem a adaptar os seus respectivos sistemas de crenças para justificar a sua maldade. Assim fizeram todos, e distorceram também o cristianismo para atender a esse objetivo. O Cristianismo, assim como as outras crenças, foi adaptado para justificar os maus, pois estes eram maioria. E os bons, por conseguinte, não encontravam consolação. Por isso o dilema de Lutero, por exemplo, que se torturava porque não conseguia ver a justiça no Deus pregado pela sua Igreja, o que o levou mais tarde à Reforma. Ele achava que estava pecando por achar que em alguns momentos Deus não era justo. Em outras palavras, ele era um homem bom sob uma crença ruim, que não era capaz de consolá-lo, ao passo que justificava os maiores abusos cometidos pelos ministros da Igreja.

E por que esta mesma "população malévola" - conceito totalmente ridículo, exdrúxulo e sem sentido, diga-se de passagem - que distorceram o cristianismo não fez o mesmo com o espiritismo? Ou só os bons são todos espíritas?

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Mas como aqui o assunto é sobre o ateísmo e não sobre a igreja, a frase do anúncio é perigosa pois, implicitamente, diz: vai, faz o que quiser, pois não há mais freio. O problema não são os bons crerem nisso. O problema são os maus.

OK, e os "maus" não vão cometer seus crimes por medo de serem castigados após a morte? se fosse assim, os presídios não estariam cheios de teístas...





"Deus prefere os ateus"

Offline Luiz Souto

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Re: Propaganda ateista em Barcelona
« Resposta #61 Online: 21 de Abril de 2010, 23:48:40 »
Achei este texto criticando a reação da cúpula católica espanhola à campanha ateísta ,interessante por ser de um teólogo católico.
O original em espanhol está aqui (a tradução é minha , correções são bem-vindas)

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Deus e Ateísmo; um debate aberto

Juan José Tamayo

A hierarquia católica da Espanha sentiu-se agredida pela campanha publicitária de diferentes associações de ateus e livre-pensadores nos ônibus , e expressou sua condenação com especial beligerância , voltando assim a dar mostara de intolerância contra os incréus. A Conferência episcopal espanhola (CEE) qualificou de blasfêmia a tímida insinuação de que “ Deus provavelmente não existe”.Seu vice-presidente , monsenhor Ricardo Blázquez declarou que a campanha encerra uma clara intenção anti-cristã e anti-católica. Seu presidente , o cardeal Rouco Varela , a considera “lamentável”  porque , a seu ver , implica falar mal de Deus , agride direitos fundamentais , fere o sentimento religioso das pessoas crentes que tomam ônibus , pretende “arrancar a fé do coração dos homens (sic)” e constitui um abuso do exercício da liberdade religiosa. Por isto ousou pedir às autoridades uma tutela especial para os direitos e para as igrejas.

Surpreende , para começar , a desproporção emtre o tom respeitoso da campanha e as gravíssimas acusações dos bispos espanhóis. Algumas organizações cristãs inclusive passaram das palavras aos atos. O Centro Cristão de Reunião , comunidade evangélica de Fuenlabrada e o coletivo E-Cristians responderam com uma campanha similar em defesa da existência de Deus. Esta situação me provocou estas reflexões.

1. A campanha dos ateus é uma resposta aos fundamentalismos religiosos instalados com frequência nas cúpulas das religiões , que se mostram agressivos com a incredulidade em suas distintas manifestações: ateísmo , agnosticismo e indiferença religiosa. Os fundamentalistas chegam a afirmar que o homem sem Deus é como um animal que pasta e que Deus é o único fundamento dos direitos humanos. Reclamam o protagonismo das religiões na esfera pública , pretendem impor a moral religiosa – na Espanha , a cristã – a toda cidadania , não respeitam a autonomia das realidades temporais e ocupam os espaços públicos para deslegitimar a democracia. Condenam ainda a teoria científica da evolução e defendem como ciência o mito da criação e a teopia do design inteligente. 

2. Crentes e não-crentes estão no seu direito de expressar livremente suas idéias. Trata-se de um direito humano fundamental e inalienável. A Constituição espanhola garante a liberdade ideológica , religiosa e de culto dos indivíduos e das comunidades semoutra limitação em suas manifestações que a manutenção da ordem pública. E , certamente , estas campanhas em nada afetam a ordem pública. São , na verdade , um exemplo do pluralismo ideológico e religioso , um exercício da liberdade de expressão . uma mostra de respeito para com todas as crenças e ideologias e um sinal da maturidade dos cidadãos espanhóis.

3. Creio , entretanto , que o problema da existência ou inexistência de Deus é demasiado sério para dirimi-lo através de anúncios  a favor ou contra em alguns ônibus. È necessário criar outros cenários de reflexão e debate em torno do tema. Nos anos sessenta do século passado prestigiosos intelectuais cristãos , ateus e agnósticos do porte de Roger Garaudy , Karl rahner , J. Baptist Metz , Gilbert Mury , Lombardo Radice , Giulio Girardi e Milam Machovec participaram dos diálogos cristão-marxistas em torno de Deus , da transcendência , o futuro da religião e sua significação nas sociedades modernas. GonzalezRuiz , participante daqueles diálogos , recordava anos depois o pedido dos intelectuais marxistas aos teólogos cristão: “ Não maltratem o Mistério. Respeitem-no porque é fonte de espiritualidade”.Cristãos e marxistas renunciaram aos seus respectivos dogmatismos e passaram , na feliz expressão do filósofo Garaudy , “do anátema ao diálogo” , sem por isso renunciar às suas respectivcas  cosmovisões. Foi uma iniciativa frutífera que deveria continuar hoje no novo cenário socio-religioso.

4. Me preocupa o tom de confrontação entre crentes e não-crentes que podem tomar a campanha e a contra-campanha , já que corre o perigo de seguir a estratégia do choque de civilizações e religiões desenhada pelo politólogo norte-americano Samuel Huntington , recentemente falecido. Neste caso , já superada as guerras de religião , o século XXI se iniciaria sob o signo do enfrentamento de pessoas religiosas e não-religiosas. As crenças e incredulidades religiosas tornar-se-iam motivo de divisão e conflito quando são , na verdade , expressão do pluriverso ideológico , da diversidade religiosa e da riqueza do humano.
O novo século deve caminhar pelo caminho do encontro entre culturas , o diálogo entre religiões e entre crentese não-crentes , e a aliança contra a pobreza com um objetivo bem definido: a construção de uma sociedade mais justa e fraterna, intercultural , interétnica e interreligiosa. Na tarefa devem colaborar crentese não-crentes a partir do reconhecimento do outro e  do respeito às suas diferenças. Exista ou não Deus  , há que se desfrutar a vida , porém lutando contra as injustiças , sem cair no individualismo egoísta , seja este ateu ou crente

Juan José Tamayo é diretor da Cátedra de Teologia e Ciências da Religião da Universidade Carlos III de Madri

Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

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Offline Feynman

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Re: Propaganda ateista em Barcelona
« Resposta #62 Online: 22 de Abril de 2010, 00:24:19 »
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Exista ou não Deus  , há que se desfrutar a vida , porém lutando contra as injustiças , sem cair no individualismo egoísta , seja este ateu ou crente.

Muito bom isso, hein?
Só não gostei das referências ao marxismo, representando, no caso, os ateístas. Tá certo que ele estava se referindo aos antigos debates, mas pode levar o leitor não iniciado a achar que, assim como o marxismo, o ateísmo é uma ideologia antiga e já sem ecos. Ledo engano. O atual ateísmo acadêmico é bastante distinto do pobre comunista ideólogo.

EDIT: Mas textos como este deveriam ser muito mais propalados.
"Poetas dizem que a Ciência tira toda a beleza das estrelas - meros globos de átomos de gases. Eu também posso ver estrelas em uma noite limpa e sentí-las. Mas eu vejo mais ou menos que eles?" - Richard Feynman

Offline West

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Re: Propaganda ateista em Barcelona
« Resposta #63 Online: 22 de Abril de 2010, 16:06:20 »
Assim como os crentes têm o direito de proclamar a existência de Deus, os ateus têm igualmente o direito de proclamar sua inexistência.
Mas percebam quão absurdamente diferem as reações de ambos os lados quando às manifestações contrárias.

Para os crentes, qualquer manifestação que contrarie as suas crenças é tida como ofensiva.
Como pode existir liberdade de pensamento em um estado de maioria crédula!?

Isso nos faz pensar que conquistas como o laicismo e a liberdade ideológica não poderiam ter sido obtidas de outra forma, senão através do intelecto e da luta de pessoas descomprometidas com qualquer fé religiosa, como de fato ocorreu.
"Houve um tempo em que os anjos perambulavam na terra.
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"Acerca dos deuses não tenho como saber nem se eles existem nem se eles não
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Offline Feynman

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Re: Propaganda ateista em Barcelona
« Resposta #64 Online: 22 de Abril de 2010, 17:37:35 »
"Não importa qual seja sua fé, desde que você acredite em deus" é o mesmo que "não importa sua cor, desde que você seja branco", como bem lembrou Daniel Sottomaior. Algo fede no ar, e calar-se é permitir.
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Offline West

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Re: Propaganda ateista em Barcelona
« Resposta #65 Online: 23 de Abril de 2010, 08:04:19 »
É interessante notar que esse tipo de pensamento enviesado contamina até mesmo muitos ateus e agnósticos que, a semelhança dos crentes, também vêem ofensiva e violenta manifestações em favor do ateísmo, como é o caso dos ônibus de Londres e Madri e da revolta contra escritores ateus como o Dawkins e o Hitchens.
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Offline Feynman

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Re: Propaganda ateista em Barcelona
« Resposta #66 Online: 23 de Abril de 2010, 14:10:42 »
É interessante notar que esse tipo de pensamento enviesado contamina até mesmo muitos ateus e agnósticos que, a semelhança dos crentes, também vêem ofensiva e violenta manifestações em favor do ateísmo, como é o caso dos ônibus de Londres e Madri e da revolta contra escritores ateus como o Dawkins e o Hitchens.

Em geral são ateus por bom senso, como Chaplin era. Quase todos meus colegas são ateus ou agnósticos. Mas apenas uma minoria demonstra se interessar pelas impropriedades do proselitismo infecto-memético e conhecer a história e consequencias dos males da crendice indouta. O que tenho percebido é que, quem acusa os métodos de Dawkins e Hitchens, não conhece os métodos da religião para sequestrar as mentes de crianças e a verborragia hipócrita, esquizofrênica e depauperante dos santos homens da igreja.
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Offline Tupac

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Re: Propaganda ateista em Barcelona
« Resposta #67 Online: 25 de Abril de 2010, 17:53:13 »
Fico imaginando as interpretações que poderiam ser dadas à expressão: "É provavel que Deus não exista. Então pare de se preocupar e comece a curtir a vida."

Uma delas poderia ser: "É provável que Deus não exista. Então, faça o que quiser que não haverá punição futura."  ::)


Putz, esse argumento é batido já, meu...
Parece que você não evoluiu nada. :lol:
É batido mas não é inválido. Um teísta em tese pode curtir a vida na mesma intensidade de um ateísta, com exceção de praticar o mal, por causa dos castigos futuros, que os teístas normalmente crêem.

Como a frase diz "comece a curtir a vida", então entende-se que seria um "curtir" inacessível a um teísta. Qual seria?

Um abraço.

Não é invalido, mas é, e já foi, refutado. Prova do "crime":
Não haverá punição divina, o que é verdade.





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Offline Moro

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Re: Propaganda ateista em Barcelona
« Resposta #68 Online: 25 de Abril de 2010, 19:01:32 »
a lei e a polícia existem para alguma coisa
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

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Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

 

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