Por um momento tive a idéia de usar como tática argumentativa a redução ao absurdo, e levar às últimas conseqüências a lógica por trás de todo esse assistencialismo, e dizer algo como "bem que o governo poderia investir em cartilhas e em profissionais que educassem as pessoas a se drogarem corretamente e com cautela", mas esqueci que isso já é uma realidade.
Diante deste cenário eu me pergunto: onde fica a boa e velha responsabilidade individual?
Quer dizer, não basta o sujeito já receber uma tonelada de informação em todos os meios sobre os perigos que corre ao transar com desconhecidos e sem a proteção devida: a própria camisinha tem que ser provida pelo estado. Mas ainda não basta o estado lhe dar a camisinha: tem que prover ainda o lubrificante. E ainda há os descontentes dizendo que é dever do estado prover também as agulhas e seringas para os drogados evitarem contaminação. Talvez, algum dia, a coisa evolua ainda mais e teremos algum serviço sexual público, com os profissionais estatais do sexo devidamente examinados, saudáveis e praticando sexo da forma correta e segura, para evitar que as pessoas, em suas transadas descompromissadas com desconhecidos, se exponham aos riscos de pegar alguma doença. Para quem acha que isso é exagero, basta imaginar que há algum tempo atrás poderíamos estar discutindo isso e alguém indignado com o assistencialismo estatal ironizasse: "chegará o dia em que o estado bancará até o lubrificante e as seringas para os usuários de injetáveis! Hahaha". E, claro, se depois disso tudo o sujeito ainda se infectar, o estado provê todo o coquetel necessário.