Sou da opinião de que estamos a margem de uma virada.
Da mesma forma que os anos 70/80 foram uma virada dos “anos dourados”.
E da mesma forma para pior.
Na esfera do meio ambiente a sustentabilidade entre a humanidade e o planeta está (pelo menos) um ou dois bilhões de pessoas atrasada.
Na esfera do trabalho, os governos correm para poder competir com a China e para isso planejam “reformas” nos direitos trabalhistas (férias, FGTS, 13º, salários, etc).
Na esfera do bem estar, as cidades estão e ficarão mais abarrotadas de pessoas, morando pior, se alimentando pior, vivendo pior.
Na esfera da educação, já estão transformando as escolas em apenas distribuidoras de diplomas (ainda mais agora depois de desnecessidade de conhecimento para quem tiver “a cor certa” poder entrar no ensino superior).
Na saúde cada vez mais antibióticos sendo usados e cada vez mais doenças resistentes assim como cada vez mais velhas epidemias ressurgindo (o ciclo de pandemias é de uns 50 anos... estamos a mais de um século “devendo”).
E quem sofrerá com tudo isso?
Nós?
Talvez um pouco, mas vai atingir principalmente quem está na infância hoje.
Serão eles que terão ensino pior que o nosso, devido aos impactos contra o planeta (do passado e do presente), terão de conviver com mais doenças, comida com mais aditivos, com menos conhecimento e menores direitos em um mundo mais insalubre.
Hoje mesmo nossa juventude não consegue enxergar qualquer expectativa de futuro (a não ser viver de forma mais modesta que os pais), imagem os que nem chegaram nela?!
E por causa de que?
Da idéia de crescimento infinito.
De que sempre haverá matéria prima.
Que sempre haverá mão de obra, cada vez mais especializada e cada vez mais barata.
De que as cidade podem crescer.. tem de crescer sem limites.
De que as fábricas podem crescer... tem de crescer sem limites.
Que pode ser feitos sempre maior número de produtos.. tem de ser feitos, pois sempre haverá mais compradores.
Que se pode ter sempre mais pessoas no mundo... tem de se ter.
Afinal sempre se vai ter mais água, sempre se vai ter mais alimentos, sempre se vai ter mais espaço, que sempre vai ter mais empregos e que tudo e qualquer coisa não tem um limite.
Ou a sociedade, os governos, NÓS não paramos e pensamos em como administrar o que somos, como vivemos e o que fazemos, ou o ponto de virada vai ser duro para os que vem vindo (na minha opinião já o vai ser extremamente duro, mas pode ser pior).
Temos de pensar em estacionar o número da humanidade e remodelar a forma que pensamos nossa sociedade (pois seja capitalista, socialista, nacionalista, anarquista ou qual seja, sempre está pautada no crescimento infinito, no pensamento de “sempre vai ter”), assim como nossa cultura e comércio.
Inclusive a forma de administração da seguridade social (junto do comércio/industria reduto máximo da ideologia de crescimento infinito para solução dos problemas), pois “se tudo der certo” como os idealizadores do “crescimento infinito” pensam, já estará estourada.
Essa espiral de crescimento já deixou de se sustentar a muito tempo, mas continuamos com a visão de “crescer, crescer, crescer e crescer”.
Atualmente a filosofia não deveria ser ter mais, mas assegurar o que temos para não perdemos o que tínhamos.