Caro Uilinili.
– Nada – Mas eu recordo – que Descartes, segundo a história da Filosofia, foi um filósofo místico, que estabeleceu como primado de todo o seu edifício filosófico, uma experiência pessoal absolutamente subjectiva: “Penso, logo existo”.
O que há de subjetivo nisso? Essa frase tem valor objetivo, já que qualquer um é capaz de chegar a essa conclusão pela razão. Outra coisa: o fato de Descartes ter sido filósofo e místico não faz do mistiscismo filosofia - ou ele seria apenas filósofo, não filósofo e místico. Newton foi cientista e místico, nem por isso misticismo é ciência.
Descartes foi um formidável sonhador; e ao que parece, foi justamente no confronto com o conteúdo dos seus sonhos, que chegou ao “Penso logo Existo”.
Claro que - “misticismo não é ciência” – mas para muitos filósofos e cientistas, é um estado de espírito a atingir.
Outra pergunta: O Solipsismo, na sua óptica de pensamento, pode constituir uma filosofia?
http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia
Obrigado por me remeter à wikipédia: De facto o conceito de místico, não é necessariamente idêntico a mítico. Porque, grosso modo o conceito de Filosofia, envolve uma certa mística.
Entre outras definições, encontrei as seguintes:“Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber. Assim, o "filósofo" seria aquele que ama e busca a sabedoria, que tem amizade pelo saber, deseja saber…
A tradição atribui ao filósofo Pitágoras de Samos (que viveu no século V antes de Cristo) a criação da palavra em questão.
Filosofia indica um estado de espírito, o da pessoa que ama, isto é, deseja o conhecimento, o estima, o procura e o respeita.
Por exemplo: para Bertrand Russell, a definição de "filosofia" variará segundo a filosofia que for adoptada. A filosofia origina-se de uma tentativa obstinada de atingir o conhecimento real. Aquilo que passa por conhecimento, na vida comum, padece de três defeitos: é convencido, incerto e, em si mesmo, contraditório. ("Dúvidas Filosóficas", p. 1)
Pensamento mítico e pensamento filosófico:
Histórica e tradicionalmente, a filosofia inicia-se com Tales de Mileto. Ele foi o primeiro dos filósofos pré-socráticos a buscarem explicações de todas as coisas através de um princípio ou origem causal (arché) diferentemente do que os mitos antes mostravam.
Ao apresentarem explicações fundamentadas em princípios "naturais", para o comportamento da natureza, os pré-socráticos chegaram ao que pode ser considerado uma importante diferença em relação ao pensamento mítico. Nas explicações míticas, o explicador é tão desconhecido quanto a coisa explicada. Por exemplo, se a causa de uma doença é a ira divina, explicar a doença pela ira divina não nos ajuda muito a entender porque há doença.
Depois dos pré-socráticos, Platão é quem inicia esta nova linguagem; a filosofia como a conhecemos, a busca da essência, a ontologia dos conceitos universais em detrimento do conhecimento vulgar e sensorial.
Por muito tempo a Filosofia constituía tudo o que era considerado conhecimento; basta ver a vasta obra de Aristóteles, que abrange desde a física até a ética.
Ainda hoje é difícil definir o objecto exacto da filosofia.
Seus objectos próprios são:
•Metafísica: Concerne os estudos daquilo que não é físico (physis), do conhecimento do ser (ontologia),
do que transcende o sensorial e também da teologia.
•Epistemologia: Estudo do conhecimento, teoriza sobre a própria ciência e de como seria possível a apreensão deste conhecimento.
•Ética: Para Aristóteles, é parte do conhecimento prático já que nos mostraria como devemos viver e agir.
•Estética: A busca do belo, sua conceituação e questionamento. O entendimento da arte.
•Lógica: A busca da verdade, seu questionamento, a razão.”
ETC:
Um proposição é objectiva se qualquer um for capaz de verificá-la. Isso não é sinónimo de científico, já que há verdades que não são científicas, mas são verificáveis - por exemplo, um teorema matemático. Um testemunho pessoal, por definição, só é verificável pelo autor do testemunho. Você pode estar convencido de que recebeu uma verdade por revelação, mas não pode convencer mais ninguém disso, além de si mesmo. Você pode até estar certo, mas isso não tem valor nenhum objectivamente, não serve para a ciência, nem para a filosofia.
Na sua opinião sonhar é objectivo ou subjectivo?
Eu pessoalmente, conheço uma escola auto-denominada filosófica, que ministra conhecimentos através de sonhos. Essa é uma das características do Pitagorismo e Platonismo. Os alunos dessas escolas consideram que se encontram no “plano Astral”, onde os mestres os ensinam. E afirmam ter absoluta recordação desses ensinamentos. É um consenso comum entre todos os alunos dessas escolas que essas experiências, são verdadeiras e transmissíveis. Portanto, de valor objectivo.
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especulando - paralogismo comparado – Artur.