O relativismo cultural é uma praga que está assolando as universidades brasileiras. Meu professor de antropologia dizia que não existe cultura melhor ou pior, apenas culturas diferentes. Na época concordei com um sorriso, por me parecer muito lógico, mas hoje discordo dele.
Por exemplo. Não posso colocar fatores culturais como desculpa para opressão, porque isso é ir contra a humanidade. É necessário perceber que uma justiça baseada em fatos, evidências é muito superior do ponto de vista humano do que uma justiça baseado em superstição. Um exemplo seria um assassinato: Uma justiça baseado na verdade científica vai procurar provar quem foi o assassino se utilizando de fatos, como no CSI, enquanto isso na África alguém pode acusar uma pobre senhora de bruxaria por ter acontecido uma praga na plantação e a população se juntar para linchar uma velhinha indefesa.
Apareceu uma vez no Jô um cidadão que estava contando sobre uma tribo de Angola que tinha por costume estrupar sistematicamente as meninas de 7, 8, 9 anos, por serem mais "apertadinhas", mais ao gosto dos homens. Aceitar uma fato deste como normal, em nome de um relativismo cultural, é aceitar também como inocente aquele padastro que engravidou a menina de 9 anos. Ele pode alegar que a cultura na casa dele incentivava isto.
Ou então o apedrejamento de mulheres no Islã, acusadas ( muitas vezes de má fé, como adúlteras ). Ou então a extirpação do clitóris, comum no Sudão e Quênia... Isto tudo não se justifica culturalmente, são apenas formas de opressão das mulheres, tirando sua liberdade até de sentir prazer.
Eu aceito que podemos interpretar fatos diferentes, buscar entender situações sob o ponto de vista de uma outra sociedade, como o costume de comer cachorro na China. São costumes, que não afetam as outras pessoas, apenas os animais, o que não é diferente de usar uma ovelha como alimento.
Sob a percepção, existe o exemplo do sapo. Jamais poderemos saber como um sapo percebe a sua lagoa, como é o mundo do sapo, sua relação entre os ambientes, sua visão, o fato de respirar pela pele, etc. Mas com seres humanos, por mais diferentes que se possa ser culturalmente, percebemos o mundo da mesma maneira, então, cientificamente, não podemos falar de mundos diferentes, de visões de mundo diferentes.
O que temos é uma aberração, da aceitação de atitudes desumanas baseadas em superstição, que só se justificam para manter o poder de determinados grupos ou indivíduos sobre uma parcela das outras pessoas. Isso não é relativismo, é ser conivente com crimes.
E Einstein jamais colocou em xeque a ciência com sua teoria da relatividade, porque ela só trata da mudança de percepção do espaço-tempo para pessoas em velocidades diferentes. Achar que isto questiona toda a ciência é de uma deturpação incrível. Mas outros colegas poderão apresentar dados mais aprofundados.