É complicado frasear isso de forma que não soe como uma espécie de "racismo reverso", mas o conservadorismo de fato é associado a racismo. Não significando que sejam todos racistas, apensas que mais comumente terão visões com maior sobreposição dentre todo o espectro "racistóide" de perspectivas.
Como racismo reverso? A extrema direita americana é declaradamente racista, sexista, homofóbica, representada por supremacistas, neonazistas e outras aberrações. Já os moderados, olhando de fora, pelo menos, parecem tolerar bem essa intolerância. E, claro, nada nunca se aplica a todos.
Já o alvo das esquerdas é disperso, simbolicamente representado pela
zelite, herança histórica, mas sem relação com questão econômica atualmente - é mais uma guerra contra tudo que não é esquerda o bastante, indiferente de cor, sexo, credo, condição social. E também tem seus extremistas de estimação, como os ANTIFAS.
Algo um pouco similar do outro lado será não exatamente racismo contra brancos (não que este seja completamente inexistente), mas menor senso de revolta por crimes, seja do estado ou de sociedade, contra alguns indivíduos brancos, se comparado ao padrão maior de racismo contra minorias, e, em algum grau, até maior tolerância ou "compreensão" ao racismo contra brancos, como uma "resposta natural" a uma longa história de injustiças e dos efeitos delas. Em alguns casos isso poderá chegar até em racionalização propriamente dita.
Isso não se justifica, se
ISSO não for apenas mais uma invenção da direita. Não consegui encontrar o tal NCVS, nem fontes, digamos, isentas (por aqui, por exemplo, isso foi noticiado pelo Felipe Moura Brasil), por isso a dúvida. E também porque contrasta com a percepção que eu tenho.
Ainda assim, esse análogo esquerdista não deverá ser na maior parte do tempo proporcional, sendo mesmo um problema mais típico do conservadorismo.
Acho que isso está mais para uma falsa percepção motivada por identificação natural com o inimigo comum - a extrema direita, da qual a esquerda faz uso para se justificar. Por ser vista como reativa, embora muitas vezes não seja o caso, a violência esquerdista é relativizada - falo, inclusive, por experiência própria. Mesmo a extrema violência, algumas vezes, "afinal estão combatendo monstros", embora possam defender outros, em nome da justiça social, que está mais para justiçamento, no caso.
Colocando isso em situações mais concretas, conservadores têm maior tendência a ver como justificado o uso da força, de modo geral. Isso tenderá a ser reforçado se o alvo da força for negro ou outra minoria (mesmo por conservadores dentro desses grupos, mesmo que em menor grau), sem que as pessoas necessariamente sejam conscientes dessa diferença de perspectiva -- há estudos que mostram coisas como que as pessoas tendem a avaliar intuitivamente que um negro é mais forte que um branco do mesmo porte físico, e portanto o uso de força pode teoricamente ser visto como proporcional à força a que se contrapõe. Isso pode ser tanto o caso com os policiais que atuam nisso, ou quem avalia. Ou seja, não é necessariamente o caso de "isso mesmo, esses niggers/wetbacks têm mesmo é que levar porrada", embora também haverá aqueles que tem essa visão das coisas, declaradamente ou não.
Esquerdas e polícias tem uma relação histórica de confronto, e não poderia ser diferente, esses tem por função manter a ordem, aqueles, por princípio, desafiá-la. E isso não fica restrito a manifestações populares, mas reflete no dia a dia, embora de forma nebulosa. O que não justifica a violência policial, mas com frequência "serve para justificar" a violência esquerdista. Estou falando da percepção da violência e é improvável que exista algum estudo sobre isso.
E do outro lado, se violência excessiva é usada contra uma não-minoria, especialmente homem, isso já não é tão chocante a quem já denuncia a violência excessiva mais regular ou que é mais propagada pela mídia, e o aspecto "racial" diverso será minimizado por menos provavelmente ser racista, de modo geral, e por ser até uma bizarra "igualdade", ainda que de uma injustiça.
Eu já tenho a percepção de que quem se importa com a violência excessiva usada contra uma não minoria é só a vítima mesmo. Custo muito a visualizar alguma comoção. Quase sempre esse é o caso em que a polícia recebe apoio geral.
Eu acho que ativistas e "outlets" que se focam em questões de violência policial deveriam até tentar omitir ao máximo o aspecto racial da situação, falando sempre "homem/mulher é brutalmente espancado pela polícia por andar fora da faixa de pedestres", em vez de negro/negra. Deve meio que sappir-wolficamente ajudar a construir maior empatia, não desengatar a resposta de racionalização contra "histeria de quem vê racismo em tudo", que vai procurar coisas como a vítima da ação policial ter cometido qualquer outro deslize, ou mesmo um comportamento mais questionável, que embora ainda não fosse geralmente ser visto como justificativa se a pessoa não está ativamente procurando racionalizar.
Aí vai depender da pauta - se a principal questão é realmente a violência policial ou contra quem. Tenho a impressão que, em geral, é a segunda.