O Espiritismo poderia até não ser ciência enquanto produto (mas qual ciência que o é, não é mesmo?), mas o é enquanto método, enquanto experimentação, enquanto investigação. Lembra de Popper, que citei lá no outro tópico?
Para o falseacionista, a ciência é um processo iterativo formado por hipóteses, testes, novas hipóteses. Um aspecto importante deste tipo de visão da ciência é que ele desloca a ênfase do produto da ciência para o processo, já que o produto nunca é totalmente confiável. Segundo os falseacionistas, o cientista aprende com os erros, nunca com os acertos. Por isso o esforço da ciência deve ser no sentido de tentar provar que as hipóteses, feitas numa dada situação, são falsas. Quando uma hipótese rejeitada é substituída por outra melhor, ocorre uma descontinidade no conhecimento. Deste modo, de acordo com os falseacionistas, a ciência progride por meio de saltos.
O caso da medicina com a Ritalina é a mesma coisa. É ciência enquanto método, porque os médicos provavelmente não vão conseguir provar que a Ritalina não faz mal em nenhum caso, ou que ela é eficiente sempre, ou explicar o porquê de todos os casos de sucesso ou insucesso. Sempre haverão teorias mais ou menos consistentes. Nesse caso temos ciência enquanto método, e não enquanto produto, porque o produto nunca será inteiramente confiável.
No caso citado da Dra. Marlene, é ciência enquanto ela colheu experimentalmente a opinião de um espírito sobre o assunto (ou aproveitou-se da comunicação de outros, não sei), o que mostra que o mundo espiritual está sendo investigado e até consultado. Mas não é ciência, eu concordo, quando ela toma a opinião desse espírito como uma verdade o que, aliás, não tem nenhum mal e ela pode perfeitamente tomar a opinião desse espírito como uma verdade, mesmo não sendo científico. A ciência não é o único meio de se chegar à verdade. Há também a Filosofia.
Como eu não sei o que foi tratado no tal do Simpósio da UFRGS eu não posso emitir opinião sobre o quanto ele foi científico ou deixou de ser.
Um abraço.