Não poderia falar sobre isso sem falar no que eu vivi empiricamente. E com minha vivência, seria quase impossível eu não enxergar uma relação de ateísmo e ceticismo com escolaridade e construção do conhecimento. Mas não uma relação necessária.
Entre meus amigos, sempre percebi que os mais dados a estudar, saber, a ter pensamento crítico, político e filosófico tendiam a rejeitar a Bíblia como fonte de verdade. Há alguns anos atrás, ouvi meu professor de história, de orientação cristã protestante, dizer que "as estatística mostram que quanto mais estudada é uma pessoa, mais ela se afasta de Deus". Hoje em dia, dentro da universidade, vejo uma infinidade de pessoas sem religião e o fundamentalismo religioso é escasso; cansei de me surpreender ao descobrir que Fulano ou Cicrano, com todas as suas opiniões flexíveis, pudesse ser adventista ou TJ; isso é uma particularidade que percebo quase que exclusivamente dentro dos muros da universidade. Um outro caso é o de uma amiga minha que perdeu sua fé quando começou a estudar história; ela me disse que começou a sentir que foi feita de besta, que viu que o povo hebreu era "um povo miserável como outro qualquer, que só queria território, que invadia, matava todo mundo...", nas palavras dela.
Porém, já conheci pessoas sem nível avançado de educação formal e sem muitos recursos para aumentar seu nível de informação com pensamentos agnosticistas; são pessoas que só precisam de um empurrãozinho para aderirem ao ateísmo. Também o contrário eu conheço; por exemplo: uma das minhas primeiras professoras aqui na UFBA, que na época estava concluindo seu doutorado, atribui a um orixá suas conquistas acadêmicas.
É como eu disse. Vejo uma relação, mas ela não é necessária.