Diz a sociologia que o indivíduo feliz é aquele plenamente adaptado à sua cultura.
Balela deles. Se fosse assim, eu estaria fadado à infelicidade. Até porque "sua cultura" não se trata de algo homogêneo e generalizado. O brasileiro tem, na mesma proporção, traços semelhantes e traços que diferenciam as diferentes regiões, os diferentes estados, as diferentes meso e micro regiões, etc, até chegar nos indivíduos.
Dá para ter orgulho de um povo que vota em Sarney, Mercadante, Aécio Neves, Maluf, Quércia, Delfim Netto, Severino Cavalcante, Marta Suplicy entre tantas notáveis figuras e que sistematicamente as reelege apesar de todas evidências de escândalos e corrupção?
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Dá para ter orgulho de um povo que tem sete anos em média de escolaridade e que elegeu e dá altos índices de popularidade a um presidente da república que se orgulha da sua condição de analfabeto e diz que a leitura lhe dá sono? O Paulo Francis estava errado quando disse que a ignorância é patrimônio nacional no brasil?
Vou tomar esse ponto específico para explicar melhor o que disse acima. Pense bem, Quereu. Você cita a questão do voto como se isso fosse uma marca generalizada de todo brasileiro, mas lembre-se que o voto é
per capita e os candidatos são eleitos pela maioria; e quem é essa maioria que vota neles? O Lula, por exemplo, é eleito principalmente porque uma massa gigantesca da população se beneficia dos projetos sociais; porém, se você pensar nos diversos segmentos sociais e não apenas numa questão numérica, verá que graças à maneira como o Governo Federal vem pensando as políticas universitárias, o Lula não está tão popular assim entre a classe estudantil.
Não estou, com isso, defendendo que o voto não seja per capita. Estou apenas ressaltando que não se deve homogeneizar o brasileiro tomando como fundamento os traços de uma maioria, já que esses traços não contemplam a diversidade que existe neste país. Você não votou no Lula? Nem no Sarney? Nem no Maluf? Assim como você, muitos também não votaram e muitos também se queixam deles, e esses muitos, assim como você, também são brasileiros. Eu, por exemplo, nunca votei nem votaria em ACM, queixo-me de suas políticas, mas nem por isso me envergonho de ser baiano.