Não há dificuldade alguma na profissão.
Em qualquer profissão existem dificuldades, quanto mais a de professor...
Não acho. Não há dificuldade na profissão. Há dificuldades no ambiente, nas relações, na politica que envolve o desenvolvimento de projetos diversos... Mas na profissão mesmo, não há. Há apenas trabalho a ser feito.
Quem é interessado, esperto, inteligente, sabe aproveitar as oportunidades e pegar os melhores empregos. E mesmo que por algum fator externo acabe tendo que passar um tempo em algum emprego desagradável, do tipo dar aula em escola de favela para uma turma cheia de traficantes, se for inteligente passa por isso facilmente.
Quem é interessado, esperto, inteligente, sabe aproveitar as oportunidades e não é um sonhador idealista, nunca que vai optar pelo ofício de lecionar. Temos, como desafio, um panorama social muito mais amplo e complexo que o contexto das favelas cariocas, aqui citado por você.
Professor é uma profissão como qualquer outra. Por que alguem com essas características não optaria por isso? Não entendi o preconceito. Se a pessoa gosta, se quer isso para sua vida, iria escolher outra coisa? Então a profissão de professor é só para burros, idiotas e sonhadores tolos?
O professor, a priori, precisa tomar consciência de uma série de fatores - dos de natureza das mais diversas -, como: o contexto cultural e o tônus vital do seu aluno, por exemplo; a determinar o método que lhe possibilite maior probabilidades de êxito, ao enfrentar as diversas demandas de natureza cognitiva.
Nada mais e nada menos que qualquer outra profissão. O engenheiro tem que avaliar o solo onde vai construir o prédio, determinar o método de construção mais eficiente e seguro, etc, etc... Você está romantizando demais os professores. Nada há qualquer coisa na profissão de professor que seja mais difícil de realizar que as atividades de outras profissões.
“A leitura do mundo precede a leitura da palavra", já dizia Paulo Freire. O professor deve de se contextualizar ao seu tipo de aluno para, por conseguinte, contextualizá-lo ao conhecimento formal. Inclusive, esse seria o escopo da Declaração de Hamburgo, quanto para a Educação De Jovens e Adultos (EJA). Um texto bastante romântico, diria até que surreal.
A Declaração de Hamburgo é uma piada. Um documento sem qualquer valor e que ninguem além dos pedagogos dá alguma importância. E mesmo assim nem todos os pedagogos. É um daqueles documentos bobos feitos em grandes conferências, apenas para dizer que o público foi fazer algo lá além de falar, falar e falar. O falatório nunca se torna ação. Continua sempre falatório registrado em declarações vazias, pois está sempre muito fora da realidade.
Por isso parei de frequentar o fórum de EJA do Rio de Janeiro. É uma falação sem fim e nada ali se torna ação real. São infinitos encontros, congressos, conferências que resultam em nada além de manifestos, declarações, moções de repúdio e outras baboseiras que só tem alguma importância para seus criadores.
Para mim essa visão de professor como herói é uma desgraça. Isso é que faz com que péssimos profissionais se achem o máximo. Achem que estão fazendo mais do que a obrigação deles, quando em verdade estão fazendo muito menos. Achem que estão fazendo um favor ao resto do mundo...
Só para esclarecer, quando atribuo o título de herói ao professor, eu já excluo os pseudos professores. Como disse antes, ele tem de ser um herói. Um profissional deve de honrar o seu ofício. Para mim, um sujeito que apenas entra em sala de aula, senta e fica olhando a bagunça, não é um professor. Ele não exerce sua função. Não sou formalista.
Quem apenas senta e fica olhando não está exercendo a função. Se todos os professores apenas exercessem suas funções seria ótimo. É isso que eles tem que fazer. E não ficar tentando mudar o mundo...
Não precisa ser herói, nem sonhador, nem idealista para seguir na profissão de professor, atualmente. Basta ser competente. Ser sonhador e idealista só serve para garantir frustração e depressão.
As frustrações não estão nos sonhos e nos ideais. Primeiro que tudo parte de sonhos e ideias, tudo o que executamos - em sã consciência - é materialização de nossos sonhos e nossas ideias. Segundo que, enquanto houver sonho e ideal, não haverá motivo para se deprimir. É que algumas pessoas corrompem-se e se entregam muito facilmente.
Ser realista está bem longe de ser "corrompido". Professor tem é que fazer seu trabalho direito. Não ficar sonhando e idealizando mundos mágicos...