EduardoCFF “Está iminente um ataque nuclear que destruirá tudo. Doze pessoas estão à entrada do único abrigo nuclear existente onde cabem apenas seis pessoas. Entre todas terão de seleccionar as seis que ficarão abrigadas. Não são
permitidos suicídios ou assassinatos”.
As 12 personagens são:
• Um violinista, com 40 anos, narcótico viciado;
• Um advogado, com 25 anos;
• A mulher do advogado, com 24 anos, que acaba de sair do manicómio. Ambos preferem ou ficar juntos no abrigo ou fora dele;
• Um sacerdote, com a idade de 75 anos;
• Uma prostituta, com 34 anos;
• Um ateu, com 20 anos, autor de vários assassinatos;
• Uma universitária que fez voto de castidade;
• Um físico, com 28 anos, que só aceita entrar no abrigo se levar consigo a sua arma;
• Um declamador fanático, com 21 anos;
• Uma menina, com 12 anos e baixo QI;
• Um homossexual, com 47 anos;
• Um deficiente mental, com 32 anos, que sofre de ataques epilépticos.
Sabia que a dinâmica deveria ter sido tirada de algum lugar e acabei encontrando na internet, na versão lusa. A proposta era discutir preconceito, mas a própria pessoa que criou a dinâmica é preconceituosa: relaciona ateu a assassino (o que também cria um viés na dinâmica) e relaciona deficiência mental a epilepsia (no texto que minha esposa trouxe estava pior, dizia débil mental).
Existe algo de alienante nessa escolha! À partida estão excluídas seis pessoas, que é mais ou menos equivalente, a condená-las à morte deliberadamente para um de nós sobreviver... Porque deixá-las fora do abrigo, efectivamente, é praticamente matá-las por exclusão.
Estão a fazer de nós juízes e executores, sobre a alegação, que o decisor é o mais merecedor de ficar protegido da morte por bombardeio e que o cadastro psicológico, ou criminal de todos os candidatos ao abrigo nuclear, corresponde a um autêntico e honesto registo ético e moral, completamente isento de falácias.
Conclusão: estão a convidar-nos para "assassinar" seis pessoas impunemente.