(Chegando atrasado a uma discussão muito interessante).
Belo texto, Blues Brother. Achei particularmente interessante o seguinte trecho:
Isso é muito subestimado por quem tenta desconverter um radical. Não é fácil convencer alguém que fez do radicalismo um estilo de vida. O debate racional não basta. É preciso que a pessoa enfrente suas contradições, seus dogmas, abandone a utopia como único modo de vida. Não basta argumentos, precisa ter coragem.
Isso é verdade não só para esquerdistas, como também para fanáticos de todas as estirpes: seguir essas crenças
não é apenas ter um conjunto de opiniões, mas é todo um modo de vida - amigos, projetos, tudo fica condicionado
a essa crença. O interessante também é que alguns crentes (vocês sabem quem

) chegam até a afirmar que
suas ideias são "cientificas", quando na verdade são justamente o contrário: supostas verdades que não resistem
a uma comparação com dados objetivos.
Sobre a discussão subsequente: acho que é preciso fazer uma distinção entre duas situações. Em uma,
a igualdade de oportunidades envolve pessoas que têm a mesma capacidade de aproveitar essas oportunidades.
Em outra, embora possa até existir igualdade de oportunidades, nem todos podem aproveitá-las, talvez devido a alguma
circunstância histórica. Nesse segundo caso, o liberalismo acabaria deixando à sua margem uma parcela da
população [1]. Assim, eu diria que o conceito de liberdade econômica é bem mais complexo do que aparenta.
[1] Existem muitas cidades no interior do meu estado que são inviáveis: a maior parte dos moradores jovens ou
se muda assim que pode para a capital, ou vive de bolsa família, enquanto os mais velhos vivem do Funrural.
Essas pessoas não pagam impostos, não consomem e são em sua maioria analfabetas. Eles não são "excluídos",
estão mais para "ignorados", pois do ponto de vista econômico é como se elas não existissem.